domingo, 27 de abril de 2014

Balanço da 2ª Rodada do Brasileirão

A segunda rodada do Brasileirão aumentou a média de gols para 2,2, um número mais aceitável, mas que ainda permanece baixo tratando-se da tradição do campeonato. Coritiba 0 x 0 Santos foi o único placar zerado da Rodada.

Dos 20 jogos que tivemos até agora entre a primeira e a segunda rodadas, 8 terminaram empatados, o que promete um campeonato equilibrado. Apenas o Fluminense manteve os 100% de aproveitamento e lidera isolado o campeonato, com quatro gols marcados e nenhum sofrido. É a grande surpresa deste início do Brasileiro, já que na temporada anterior o time tricolor foi rebaixado em campo e salvo nos tribunais, além de fazer um péssimo estadual carioca, que por si só é tecnicamente fraco, tanto que os demais times (Flamengo e Botafogo) conquistaram apenas um ponto e estão no Z4.

O Internacional era um time que poderia estar com 100%, pois vencia o Botafogo por 2x0 e comandava o jogo até o final do primeiro tempo, porém sofreu um apagão na volta para a segunda etapa e permitiu a reação do Botafogo. O Colorado é um dos times fortes, porém precisa corrigir alguns problemas que surgiram após a conquista do Gauchão, como lesões e algumas opções do treinador como a escalação de Juan e a não escalação de Ernando na zaga.

Tenho o Internacional juntamente com os trio que disputa a Libertadores (Grêmio, Cruzeiro e Atlético-MG) como os mais fortes para este campeonato, porém o Galo assumiu estar em crise ao demitir Autuori e contratar o incerto Levir Culpi, além de não estar conciliando a disputa simultânea das competições. Grêmio e Cruzeiro estão pontuando e isso fará diferença após os times decidirem seus futuros na competição sul-americana caso mantenham suas regularidades.  O Cruzeiro poderia também estar com 100%, porém um erro da arbitragem no final da partida ao assinalar uma falta na intermediária para o São Paulo, quando quem sofreu foi um jogador do time mineiro, permitiu ao time paulista empatar com o zagueiro Antônio Carlos. 

Dos paulistas, São Paulo e Corinthians arrancam bem, cada um com quatro pontos, enquanto que o Palmeiras foi derrotado pelo Fluminense em casa e o Santos empatou seus dois jogos.  O alvinegro e o tricolor são os únicos paulistas que podem ambicionar alguma coisa em virtude do potencial de seus elencos, porém ainda precisam crescer muito, e hoje não estariam entre os favoritos.

Chama negativamente a atenção trio de Santa Catarina, pois, até agora, a Chapecoense foi o único time do estado a pontuar, no jogo de estreia contra o Coritiba. Figueirense e Criciúma somam duas derrotas, e não possuem um time nem capacidade de investimento que me faça pensar em reação. O trio lutará contra o rebaixamento  ou até para não morrerem os três abraçados, já que pontuar neste início de campeonato dotado de interesses difusos dos clubes conta como diferencial, o que o Atlético Paranaense está conseguindo, já que tenho a dupla de Curitiba como fraca e concorrente ao descenso e não acredito que um clube do eixo RJ/SP/MG/RS caia. 




Empate com sensação de dois pontos perdidos

Antes de a bola rolar, um empate do Internacional com o Botafogo no Maracanã seria considerado um bom resultado. Mas e porque não foi? A resposta é circunstâncias. É inconcebível que um time que pense em título, que vencia com autoridade por 2x0 e com controle total do jogo cair tanto de produção a ponto de permitir que um adversário batido pudesse reagir.

Na primeira etapa, o Internacional até não começou bem, ou melhor, não mostrou tudo que sabemos que poderia mostrar e que foi visto em alguns jogos. O time conseguia marcar sob pressão na intermediária ofensiva, além de conseguir controlar a posse de bola no campo de ataque e oferecer poucas possibilidades ao adversário. De jogadas agudas apenas duas, que resultaram em dois gols de Rafael Moura. No primeiro, um grande lançamento para Aránguiz, que em jogada individual se livrou do marcador e cruzou para o He-Man marcar. No segundo, foi a vez de um lançamento para Valdívia, que se encontrava dentro da área e teve a tranquilidade para servir Moura para marcar o segundo.

Até o segundo gol, não podíamos considerar que o Inter dominava o jogo, porém soube ser efetivo e aproveitou suas chances ofensivas, enquanto que atrás a marcação funcionava, no campo do adversário, compacta, como um time deve se portar.  Os últimos minutos do primeiro tempo foram dominantes, pois o Botafogo criticado pelo seu torcedor caiu na lona, entregue, e era apenas uma questão de oportunidade para que o Inter marcasse o terceiro e matasse o jogo.

Porém não matou, e no segundo tempo, veio com uma postura totalmente diferente, mais recuada e procurando explorar os contra-ataques. Até vinha dando certo nos primeiros minutos, enquanto que o Botafogo já com duas alterações provenientes do intervalo tentava em vão reagir. Até que apareceram falhas defensivas e que permitiram a reação do Botafogo. Primeiro, Dida saiu mal, ou melhor, errou ao não sair do gol e Emerson Sheik cabeceou para descontar. Minutos depois, Sheik serviu Zeballos, que livre em meio a vários defensores Colorados pôde desviar de carrinho para as redes. O adversário cresceu e com toda a sua limitação conseguiu opôr forças em busca de uma virada. 

A apatia do Inter era tamanha que Abel mexeu no time, promovendo as entradas de Otávio, Gladestony e Wellington Paulista, que pouco acrescentaram. Apesar de o Botafogo seguir, desta vez apoiado pela sua torcida, tentando a vitória, o Inter tinha a possibilidade do contra-ataque contra uma defesa escancarada, e cujos espaços chegavam a ser risíveis tamanha a ineficiência defensiva. Porém em dois das três grandes oportunidades que o Inter teve com vantagem numérica, Gladestony e Paulão armaram, e, como previsível, não deu em nada, em virtude desta não ser a característica de ambos. Otávio, que poderia acrescentar, entrou mal, pouco produziu e ainda arrumou uma expulsão ao revidar uma entrada de Lucas, que seria expulso de qualquer maneira por chegar forte no jogador Colorado.

Jogo de dois pontos perdidos para o Inter e de um ganho pelo Botafogo. São pontos perdidos como estes que faltam no fim do campeonato na busca de objetivos como título e Libertadores. As lesões constantes e a queda do segundo tempo precisa ser reavaliada, pois o time ficou totalmente desorganizado e desmontado, com jogadores saindo de suas posições e atrapalhando a evolução do time.  A defesa também precisa ser revista, pois nos melhores momentos do setor na temporada, a zaga era formada por Paulão e Ernando. A predileção por Juan não faz sentido. 

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Entenda porque o nível da Libertadores está mais baixo

Há anos, na era das redes sociais, tenho acompanhado um processo de desmerecimento aos clubes que disputam a Copa Libertadores, principalmente em relação a crítica partida dos torcedores de clubes que não participam da competição. Algo natural, já que no Brasil o torcedor é extremamente passional, a ponto de perder a noção da realidade e da moralidade para defender os interesses de seu time.

Depois de anos ouvindo as mesmas exclamações, procurei pensar melhor sobre o tema e cheguei à conclusão que há sim um processo de enfraquecimento da competição como um todo, pois há muita distância técnica e financeira entre os times brasileiros comparados com os latinos (exceção aos mexicanos), onde nem a aplicação tática e a conhecida garra latina estão sendo capazes de competir. 

Olhando para a tabela dos últimos 10 campeões, notamos que em apenas uma final não houve a participação de Brasileiros (2004), quando fora realizada por Boca Juniors x Once Caldas (COL), sendo que o time colombiano eliminou o São Paulo nas semifinais. Nos demais 9 anos com participações brasileiras em finais, os representantes do país sagraram-se campeões em 6 oportunidades, chegando a disputar duas finais consecutivas entre brasileiros. Nas últimas quatro edições do torneio, quatro times brasileiros sagraram-se campeões, sendo que o Atlético-MG e o Corinthians faturaram pela primeira vez a competição, o que mostra o domínio brasileiro e que acaba tornando um argumento de desmerecimento por parte do torcedor rival. 

Se continuarmos desmembrando a cada década, veremos que entre 1994 e 2003 o futebol brasileiro conquistou 4 títulos contra 5 da Argentina, enquanto que de 1984 a 1993 apenas o São Paulo com seu bicampeonato conquistou títulos para o país.  São vários os motivos que explicam esta tendência de abrasileiramento da competição, que vão desde financeiros, bem como um maior foco do país na Libertadores, já que anteriormente o futebol local valorizava mais seus estaduais e os nacionais.  
  • O Aumento do Número de Participantes
Até a edição de 1999, a competição era formada por 21 representantes, sendo um deles o Campeão do ano anterior que entrava nas oitavas-de-finais. Havia uma disputa de países, pois os dois representantes de cada país na primeira fase ficavam no mesmo grupo, e disputavam contra a dupla de representantes de um outro país. Assim, com um grupo tão seleto de equipes, havia menor espaço para a mediocridade.

A partir de 2000, o número de participantes subiu para 32 (8 grupos de 4), com o aumento para 4 Brasileiros e Argentinos e 3 dos demais países, com exceção da Venezuela e do México (efetivado na fase de grupos), estes com 2. Em 2004, novo aumento de participantes, agora para 36, com 9 grupos de 4, e a partir de 2005, o formato atual com 44 times, sendo 12 em uma repescagem que se junta aos 26 restantes em uma fase de grupos com 32 times (8 grupos de 4). 

Com o dobro de participantes da era clássica, a Conmebol optou pela democracia na política da boa vizinhança ao invés de privilegiar os melhores.
  • A era dos pontos corridos e o fortalecimento econômico no Brasil
Com a adoção dos pontos corridos no Campeonato Brasileiro em 2003, o calendário brasileiro passou a ficar mais previsível, o que facilitou um maior planejamento e alcance para obtenção de novas receitas. A televisão passou a pagar mais, as vendas de  pay-per-view difundiram-se, enquanto os clubes obtiveram maiores receitas de ingressos e do programa sócio torcedor, já que virou vantajoso associar-se ao clube para assistir a um número maior de jogos. 

Houve, também, o crescimento da economia brasileira, que impulsionou em valores mais vantajosos de patrocínios na camisa, além do fator Copa do Mundo que atraiu muitos investidores desde 2007, quando o país soube que sediaria a Copa. No fim das contas, um clube brasileiro tem um poder de investimento exponencialmente maior que o de um latino. 
  • Lei Bosman, Cota de Estrangeiros e Interesse Europeu nos jogadores sul-americanos
Até meados da década de 1990, um clube europeu poderia ter um limite máximo de estrangeiros, restrição que ainda persiste, só que de forma menos exigente, permitindo mais estrangeiros. A diferença é que até a Lei Bosman, um jogador de outro país da Europa era considerado estrangeiro, o que dificultava as transferências de jogadores de outros continentes, como o sul-americano. Com isso, apenas os principais jogadores do continente tinham mercado na Europa. Após a Lei de Bosman, que tirou as restrições entre países comunitários, ficou mais fácil um jogador sul-americano ser negociado, o que aumentou o interesse europeu nestes jogadores. Hoje vemos muitos equatorianos, chilenos, paraguaios e uruguaios jogando em clubes europeus. 

Sem conseguir competir economicamente, todos os times perderam os grandes e bons jogadores, porém como o Brasil tem maior poderio econômico no continente, consegue ainda segurar suas revelações por mais tempo, além de desfalcar seus adversários com contratações de destaques que jogam em equipes latinas, como uma ponte para a Europa. Para piorar para os clubes latinos, em 2014 a CBF aumentou o limite de estrangeiros de 3 para 5 jogadores, que um clube brasileiro poderá escalar nas competições nacionais. Na Libertadores não existia esta restrição, porém os clubes que detinham numero maior que o limite (Inter, Grêmio), sempre tiveram problemas em administrar o elenco ao longo da temporada.
  • Crescimento do futebol na Ásia e América do Norte
Além do maior interesse europeu, o futebol cresceu economicamente na Ásia, surgindo novos mercados para os jogadores sul-americanos sem mercado na Europa, como o Japão, China, Coréia e Oriente Médio, que podem pagar salários maiores que os clubes sul-americanos. Ainda há o futebol norte-americano, com muitas transferências para o México e para os Estados Unidos na MLS (Major League Soccer), tornando-se outro ponto atraente de refugio para o jogador sul-americano e desfalcando ainda mais os clubes do continente, principalmente os latinos.
  • Enfraquecimento dos Grandes clubes Latinos
Outro argumento que também pesa para a queda do nível da competição é o enfraquecimento de grandes potências na competição, como Peñarol e Nacional do Uruguai, Boca Juniors, River Plate e Independiente da Argentina, Barcelona e América da Colômbia, Universidad Católica e Colo-Colo do Chile, dentre outros. 

Eventualmente algumas destas equipes têm representado seus países na competição, porém sem a mesma força de antes, em virtude da maioria estar em situação falimentar e não conseguir fazer a transição natural das transferências, que é de clubes pequenos para médios, de médios para grandes do continente, e assim para exterior. 

Clubes pequenos e sem tradição, com o apoio de empresários, conseguiram organizar-se a ponto de conquistar a vaga para a competição, e todo ano, presenciamos “novidades” na competição, com seus estádios acanhados, que contrastam com os campos brasileiros. 
  • Mudança de Pensamento dos Dirigentes Brasileiros e Fim do Clima de Guerra
Por muito tempo, a Libertadores conviveu com clima bélico dentro de campo, com várias batalhas campais protagonizadas pelos times latinos, principalmente os argentinos. Não é atoa que o país ainda detém o maior numero de títulos na competição, criando uma invejosa hegemonia nos anos 60 e 70. Esse clima de violência e insegurança afugentava os clubes brasileiros. Aos poucos, com um maior televisionamento e um maior cuidado das autoridades, este clima diminuiu até praticamente inexistir, resignando-se a pressão do torcedor nas arquibancadas em forma de apoio ao time e aumentando a sua profissionalização. 

Até a década de 90, o Brasil ainda dava pouca importância a Libertadores. Os títulos eram comemorados e venerados, porém havia um maior enfoque ao futebol local, com as competições estaduais e nacionais. Com os títulos de Flamengo e Grêmio na Década de 80 e os do São Paulo e novamente do Grêmio na década de 90 mudaram a visão dos dirigentes, que passaram a valorizar a competição, tratando-a como prioritária.  

A competição também ganhou visibilidade e viabilidade econômica com a entrada da FoxSports, tornando-a atrativa financeiramente para os times participantes. No Brasil, passou-se a valorizar a classificação para a Libertadores, com um planejamento voltado à conquista da taça, o que proporcionava melhores contratações e melhores equipes, já que um time que disputa a competição acaba levando vantagem na hora de se reforçar. 

Enfim são vários fatores que fazem com que a competição pareça mais fraca a cada ano, cabendo aos times brasileiros o diferencial. Quando isso não acontece, aí a competição fica totalmente nivelada para baixo. 

terça-feira, 22 de abril de 2014

Moyes não aguentou nem a primeira temporada no United

Nesta terça-feira, o Manchester United oficializou a saída de David Moyes do comando técnico dos Reds. A derrota para Everton por 2x0, ex-clube do treinador, foi a gota d’agua em uma temporada marcada por fracassos, sem que o time conseguisse renovar o plantel e disputar títulos, apesar de ter conquistado a Supercopa da Inglaterra no início da temporada. O lendário jogador Ryan Giggs assumirá interinamente o comando técnico, já que acumulava a função de assistente técnico nesta temporada.

A diretoria do Manchester levou 51 jogos para constatar que errou ao contratar Moyes, que vinha de 12 temporadas no Everton e foi considerado o treinador ideal para assumir Ferguson, apesar de não ter um grande currículo como treinador.  No Everton, Moyes não conquistou nenhum troféu, e tinha apenas a conquista da Fotball League One no comando do Preston North End na temporada 1999/00, que é considerada a terceira divisão. Porém pesava a favor do treinador bons trabalhos, que lhe rendeu três prêmios de melhor manager do ano (2003, 2005 e 2009). 

Moyes tinha a ingrata tarefa de substituir Ferguson, que levou o United a um novo patamar, com várias conquistas seguidas que deixaram o torcedor acostumado em dominar o futebol inglês, além de várias conquistas continentais a ponto de ser considerado o maior treinador da história do clube, com mais de 1500 comandados. Antes de Ferguson, o United tinha apenas oito conquistas inglesas, e o treinador assumiu o clube em 1986 na segunda divisão, levando seis temporadas para levar o time ao primeiro título do Campeonato Inglês sob o seu comando, já na era Premier League (1992/93). Desde então, foram 13 conquistas que tornaram o clube o maior vencedor inglês, superando o Liverpool, que na época detinha uma vantagem invejável.

Sua trajetória já iniciou errada ao não promover a renovação do plantel que o clube tanto precisava, já que na época de Ferguson o elenco já dava sinais de fadiga, apesar de ter conquistado a edição passada da Premier League. Com problemas crônicos no sistema defensivo, o treinador não se preocupou em trazer defensores. Ferdinand e Vidic formaram uma grande zaga, porém as constantes lesões e o envelhecimento dos jogadores deixou o setor cada vez mais frágil, sendo responsável por vários tropeços, já que as opções também não se mostraram confiáveis. 

Além disso, outros setores também precisavam de reforços, como a lateral direita onde o brasileiro Rafael não convenceu, o meio, já que o time teve problemas com a saída de bola e de cobertura qualificada, além de um winger com mais regularidade e um atacante, já que Van Persie se lesionou ao longo da temporada e Welbeck não se mostrou um substituto a altura, além de Chicharito não passar de uma eterna promessa. O único alento foi a contratação de Mata, renegado no Chelsea de Mourinho e que se mostrou um grande reforço. Enfim, o grupo precisava de uma oxigenação, que Moyes não conseguiu.

Em campo, apesar da conquista da Recopa da Inglaterra, o treinador acumulou 27 vitórias, 9 empates e 15 derrotas. Na Premier League, foram 17 vitórias, 6 empates e 11 derrotas (34 jogos), das quais seis foram em casa, algo que nunca aconteceu na era Premier League. Algumas das derrotas foram para os modestos Swansea, West Bromwich, Sunderland e Stoke City, adversários de longa hegemonia do United. O time desta temporada ostentará a pior campanha da história recente do torneio, já que desde 1992/93 o clube alternava o título, segundo ou terceiro lugar. Na melhor das hipóteses, poderá chegar ao quinto lugar, porém, ao que tudo indica, ficará em sétimo.

Imaginei que Moyes iria pelo menos até o fim da temporada, e achei prematura a sua saída, que deve ter servido mais como satisfação para com o torcedor do que uma convicção, já que era ingrata a tarefa de substituir Alex Ferguson. A sua nacionalidade e faixa etária trouxeram uma falsa impressão que Moyes poderia ser o “novo” Ferguson. Porém a escolha mostra ter sido uma falta de convicção, senão a direção manteria o treinador por mais tempo

Para o seu lugar, são especulados nomes como Jürgen Klopp (Borussia), Simeone (Atlético de Madrid) e Guardiola (Bayern Munique). A alternativa mais viável é Simeone, apesar deste ter se valorizado e que tornaria uma briga difícil, pois o treinador é especulado até para ser o substituto de Tata Martino no Barcelona.

Imagino que o próximo treinador tenha maior tranquilidade para trabalhar, pois já não terá a presença tão forte do fantasma de Ferguson, além de já estar escancarada a necessidade de reformular o plantel. Se tiver êxito, com todo o poderio econômico do United, o time voltará a brigar pelos títulos. 

segunda-feira, 21 de abril de 2014

F1 mudou regras, mas continua previsível

Passadas quatro etapas da “Nova F1”, já é possível projetar como será o restante da temporada, já que não há muito espaço para aperfeiçoamento em virtude dos treinos serem restritos em meio ao campeonato.

Desde que passei a acompanhar a categoria, meados da década de 90, jamais vi tantas mudanças de regulamento em uma temporada, visando deixar a categoria mais ecologicamente sustentável e também para tirar o domínio da Red Bull, que faturou os últimos quatro campeonatos nas mãos de Vettel, e que deixava a categoria sem graça. 

Com as novas regras, a Mercedes “inventou a roda” e construiu uma vantagem de equipamento que inviabilizará qualquer disputa pelo campeonato, a não ser entre a dupla Hamilton e Rosberg. A equipe foi presenteada com o melhor motor da categoria, tanto em rapidez quanto em confiabilidade e eficiência de consumo de combustível. Das quatro primeiras etapas, foram quatro vitórias da equipe, sendo três de Hamilton e uma de Rosberg. O alemão lidera o campeonato em virtude de ter conquistado o segundo lugar nas três etapas restantes, além de ver seu companheiro inglês ter abandonado na etapa da Austrália. 

Porém a fome de Hamilton faz parecer que não chegaremos a ter uma disputa pelo campeonato, já que o inglês deverá ultrapassar seu companheiro na pontuação e disparar rumo ao seu segundo título. O inglês não dá chances para Rosberg no duelo interno e consegue tirar mais do carro que seu companheiro, mostrando o talento escondido na decadente McLaren, por onde chegou a ganhar o título de 2008 mas cujas chances de vitórias foram se reduzindo com as péssimas temporadas do time prateado, o que o levou a trocar para a Mercedes em 2013, e conquistou apenas uma vitória, em virtude da supremacia da RBR.

A disputa pelo terceiro lugar no campeonato de pilotos e pela segunda equipe promete ser competitiva, já que Red Bull, Force India, Ferrari, McLaren e Williams estão separadas por poucos pontos, em uma disputa dos demais times com motor Mercedes com as endinheiradas Ferrari e Red Bull, que devem encontrar soluções e garantir o 2º e 3º lugares nos construtores. A supremacia destes times é tão grande comparado às demais cinco, que apenas a Toro Rosso conseguiu marcar pontos (7). As demais (Lotus-Renault, Sauber, Marussia e Caterham) estão zeradas, sem grandes perspectivas de melhorias, já que não contam com um grande orçamento.

A disputa escrita no paragrafo anterior é em relação ao equilíbrio entre os cinco times na busca pelas oito posições restantes da zona de pontuação (as duas da Mercedes nem são computadas), já que na pista, há poucos momentos de emoção, já que a categoria continua sendo decidida nas estratégias e telemetrias. Os pilotos viraram apenas uma peça no jogo, e parecem meros condutores de um carro controlável pela equipe via telemetria, já que esta pode definir o tipo de mistura do combustível, acerto, e até ordenar a ultrapassagem do companheiro que venha em melhor momento. Para complicar, o regulamento de combustível faz com que as equipes tenham que economizar ao longo da prova, o que diminui as chances de grandes disputas, além de desestimular o próprio piloto.

De quatro etapas que tivemos, três foram no horário da madrugada, o que está me fazendo repensar em abrir mão de uma noite mal dormida para assistir a GPs sem graças, caracterizados por um domínio absoluto da Mercedes e os pilotos e equipes mais preocupados em economizar combustível do que traçar estratégias agressivas em busca da vitória. 

O único ponto fora da curva foi o GP do Bahrein, que foi sensacional e com muitas ultrapassagens. Foi uma corrida bom bastantes alternativas, mas que não retirou o domínio da Mercedes, pelo contrário, até mostrando a força do time com as longas retas, onde em alguns momentos da prova os bólidos alemães chegaram a ser mais de dois segundos mais rápidos que os concorrentes. Houve até uma teoria da conspiração que credita esse grande GP à pressão sofrida pelas equipes, após duas corridas sofríveis no início de temporada que geraram muitas reclamações e até críticas públicas por parte de Bernie Ecclestone.  Porém, depois do GP da China, credito a mera coincidência.

O panorama dos próximos GPs deverá ter o domínio normal da Mercedes, com todos os pilotos sendo orientados a economizar combustível. É um ponto que a FIA terá que rever para a próxima temporada, aumentando o fluxo ou até a quantidade de combustível, senão dificilmente teremos os pilotos mostrando todo o potencial, como víamos na era gloriosa da categoria. A questão de necessidade de economia do equipamento também influi negativamente, já que os times mostram-se preocupados em como irão chegar até o fim da temporada sem levar punições, já que o motor é novo e ainda carece de maior confiabilidade e eficiência de consumo, o que deixa os times receosos em liberar uma rotação maior, deixando os carros excessivamente lentos. 

Como há um congelamento no desenvolvimento dos motores, prevejo um domínio da equipe também ao longo das próximas temporadas, a não ser que Newey tire coelhos da cartola, e que tanto Ferrari quanto Renault possam mexer no motor, para melhorá-lo e deixa-lo ao nível do Mercedes. A Honda que entrará na próxima temporada nos carros da McLaren levará vantagem, pois já é público um dos segredos que faz com que o motor Mercedes seja mais eficiente que os demais. A solução é relativamente simples, porém teria que alterar a estrutura do motor, o que não sabemos se será permitido a Renault e a Ferrari faze-lo. 

Se a categoria continuar assim, elitista e conivente com as grandes montadoras, a Formula 1 tende a ficar insustentável e morrer, já que teríamos apenas quatro ou cinco equipes/montadoras dispostas a torrar fortunas em busca de vitórias e títulos. É discutido há tempos a proposta de teto orçamentário, mas que já foi rechaçada, ao mesmo tempo em que os times menores sofrem para pagar em dia o salário dos pilotos, que até chegaram a ensaiar uma greve.  A categoria tomou estes rumos há algum tempo, e que parecem estar em um caminho sem volta, enquanto que o número de fãs assíduos vem diminuindo progressivamente a cada ano. 

Para esse ano no que se refere a titulo, nada pode ser feito, a não ser acompanhar a briga interna da Mercedes, onde Hamilton pinta como favorito. Disputa mesmo teremos pelo terceiro lugar no mundial de pilotos, onde Alonso surge como favorito, mostrando todo o seu talento no atraso (para o espanhol) que está sendo a Ferrari. 

domingo, 20 de abril de 2014

Balanço da primeira rodada do Brasileirão

Em um final de semana triste, em função do falecimento do mítico narrador Luciano do Valle, o Brasileirão começou sob o temor de insegurança jurídica e do pouco futebol. Além disso, tivemos pouco público, em função do alto valor dos ingressos, cujo valor precisa ser reconsiderado para chegar a patamares aceitáveis para o salário médio do trabalhador brasileiro, já que a maioria conta com espaços VIP/Camarotes para pessoas de maior renda. 

Não pude assistir a todos os jogos, e nem pretendo fazer isso ao longo desta edição por ter outros compromissos, porém pude constatar erros de arbitragem que influenciaram ou que poderiam influenciar no resultado dos jogos. 1) Mão na bola do Corinthians dentro da área após cobrança de falta de Ronaldinho. 2) Pênalti não assinalado para o Criciúma quando o jogo estava 1x0 para os catarinenses e 3) Impedimento no gol de empate do Santos, contra o Sport.

Foram 16 gols nos 10 jogos, o que dá uma média de 1,6 gols por partida, considerada baixa para o Brasileirão. As vitórias de 3x0 de São Paulo e Fluminense contra respectivamente Botafogo e Figueirense foram os diferenciais da rodada, e que permitiram que a média pudesse superar 1 gol por partida. Também tivemos três 0x0, um recorde na primeira rodada desde o início da fase de pontos corridos. 

O grande ganhador da rodada foi o Cruzeiro, atual campeão, e que trouxe da Bahia uma vitória com um time misto, já que o clube se prepara para as oitavas-de-finais da Libertadores. O seu rival, o Galo, ficou apenas no empate contra o Corinthians e larga atrás. Já os outros destaques tidos pelo Blog para o campeonato, o Internacional confirmou a vitória em casa contra o Vitória, enquanto o Grêmio foi derrotado para o Atlético-PR, mostrando que o Gre-Nal ainda não foi digerido e os resultados estão esgoelando Enderson Moreira. 

Como todo ano acontecem surpresas, é bom ficar de olho em São Paulo e Fluminense, já que conseguiram as vitórias mais expressivas da rodada. Ambos possuem material humano para fazerem um bom Campeonato Brasileiro, principalmente em uma época de indefinição de alguns times em função da Libertadores. Apesar de virem de más campanhas nos seus respectivos estaduais,  que lhes tiraram do roll de favoritos, a dupla conta com os ótimos treinadores Muricy Ramalho e Cristóvão Borges, que poderão aproveitar estes nove primeiros jogos para pontuar, e depois, com reforços e tempo de preparação com a parada da Copa do Mundo, poderão embalar.

Manifesto a preocupação com o Botafogo, que foi goleado pelo São Paulo e está com dificuldades para o pagamento dos salários, e que está enfraquecido em relação a temporada passada. O time deverá enfrentar muitas dificuldades no Campeonato, bem como outros times que estão na mesma situação, e que não deverão passar intactos pela janela de transferência, já que será necessário gerar receita.

A primeira rodada não pode ser conclusiva em relação aos rumos que o Campeonato tomará, e fiz estes destaques pontuais para servir de referência futura, já que a primeira rodada é tão importante quanto a última. Porém preocupa-me o nível técnico do Campeonato, já que a tendência de bons jogos será considerada uma exceção.

Resultados deixam Enderson entre a cruz e a espada

Neste domingo, o Grêmio estreou no Campeonato Brasileiro com derrota frente ao Atlético-PR no Orlando Scarpelli, em Florianópolis, já que a equipe paranaense cumpre punição em função da batalha de torcidas no jogo contra o Vasco, na Arena Joinville, e que manchou a edição 2013 do nacional.

Em um jogo ruim, e cujo clímax foi aos 15 minutos da primeira etapa com o gol do Furacão, o Grêmio mostrou que ainda não se recuperou do golpe sofrido na final do Gauchão, quando perdeu as duas partidas para o Internacional, chegando a sofrer goleada de 4x1 no jogo decisivo.  Sem jogar desde então, Enderson sacou Werley, que comprometeu a defesa nos clássicos, para promover um vestibular com as entradas de Geromel e Bressan, para decidir quem faria dupla com Rodolpho na titularidade, sendo que este foi poupado na estreia do time no Brasileirão.  

Para complicar a vida de Enderson Moreira, o goleiro Grohe sentiu um desconforto minutos antes da partida e foi substituído por Busatto. Com um trio defensivo totalmente reserva, o vestibular proposto pelo treinador do Grêmio falhou, pois mostrou muita indecisão, além de inversões de jogo totalmente perigosas e que poderiam servir de arma para o adversário. O gol saiu em um vacilo defensivo, quando Marcos Guilherme cobrou uma falta à meia-altura que encontrou o zagueiro Dráusio entre a defesa e o goleiro, que indecisos não sabiam o que fazer no lance, facilitando a vida do Atlético, que até então não fazia nada para merecer a vitória. 

Pressionado pelos resultados e por fazer uma partida contra um adversário totalmente remontado em função dos vários afastamentos de jogadores que disputaram a Libertadores, e que em campo pouco fazia para justificar a vitória, Enderson Moreira usou as três modificações na segunda etapa, sacando os laterais Pará e Breno, além do zagueiro Brassan para as entradas de Éverton, Léo Gago e Rodriguinho. O time, como esperado, tentou pressionar na segunda etapa, porém a desorganização gerada pelas mudanças efetuadas mais prejudicaram o time na busca pelo resultado do que ajudaram, deixando a tentativa de reação do time restrito aos lances de bolas paradas e jogadas aéreas, onde também houve pouca vantagem do time gremista.

O resultado de hoje não é isoladamente decisivo, pois o Grêmio não esconde a sua preferência pela Libertadores da América. Porém se quarta-feira o time não obter um bom resultado contra o San Lorenzo no jogo de ida pelas oitavas-de-final, haverá um somatório dos resultados e atuações ruins recentes e que podem dar fim à trajetória de Enderson Moreira no comando técnico do Grêmio.  

O treinador vinha fazendo um bom trabalho neste início de temporada, com campanha irretocável na Libertadores em um grupo tido como o mais difícil, além de boa campanha no Gauchão que o levou à final. Porém o comandante errou em suas escolhas nos dois clássicos, que culminaram com derrotas e perda do título, e um Gre-Nal tem o poder de destruir a casa de quem perde bem como arrumar a casa de quem ganha. Para complicar, o Grêmio enfrenta uma seca de títulos que tira a paciência do torcedor, e Enderson não tem um curriculun que lhe de tranquilidade para enfrentar um período de grande turbulência, como este que esta ocorrendo.

Apostei no Grêmio para a Libertadores por ser o Brasileiro mais consistente (o que não é necessariamente um favoritismo) além de considera-lo uma das potenciais forças para o Brasileirão, porém acho cedo reconsiderar a minha opinião, como alguns leitores sugerem. O Grêmio vive em um período de crise técnica e desmobilização em função dos desfalques e de perder para o rival, porém tenderá a crescer ao longo dos próximos jogos. Só não sei se será com Enderson Moreira, já que os 4x1 do Gre-Nal sempre pesarão contra o treinador. 


Atualização 21/04 - 13h
Nesta segunda-feira, o Grêmio comunicou que os jogadores Rodolpho e Wendell, lesionados em treinamentos, nem viajarão para a Argentina, o que aumenta ainda mais o dilema do treinador para o jogo de ida da Libertadores pelas oitavas-de-final. 

Enderson terá que optar por jogadores que não foram bem ontem contra o Atlético-PR. O goleiro Grohe e o atacante Luan ainda são dúvidas, em virtude de estarem se recuperando de suas respectivas lesões, mas acredito que deverão jogar.

Azar para o Grêmio, que tanto quis adiar em uma semana o primeiro jogo das oitavas em virtude do Gre-Nal, conseguindo por enfrentar uma equipe argentina (teve rodada no seu nacional no meio da semana passada), porém jogará com desfalques um jogo importantíssimo. 

Inter estreia com vitória no Brasileirão 2014

Vi neste domingo o VT do jogo do Internacional x Vitória, que marcou a estreia com vitória do time gaúcho na edição 2014 do Campeonato Brasileiro, por 1x0. O gol foi marcado pelo chileno Aránguiz aos 5 minutos da etapa inicial, e que, por coincidência, foi o primeiro do Campeonato.

O Colorado fez valer a tão comemorada volta ao Beira-Rio, que recebeu cerca de 25mil Colorados, com muitas reclamações em relação ao alto valor dos ingressos, que pode ter afastado um número expressivo de torcedores, além do jogo ser disputado em meio a um feriadão de Pascoa/Tiradentes.

Em campo, o Internacional mostrou intensidade na primeira etapa, dominando a posse de bola e criando chances. Além do gol do Chileno, marcado após uma grande jogada com D’Alessandro, que colocou o chileno em velocidade para concluir na direita, o time Colorado poderia ter definido a partida no primeiro tempo, com pelo menos outras três chances claras de gol, com destaque para o chute na trave de Alex. 

Na segunda etapa, o Inter diminuiu o ritmo, deu uma relaxada e possibilitou o crescimento do Vitória, que adiantou a marcação e conseguiu chegar em contra-ataques rápidos, tendo grandes chances de empatar entre os 15 e 25 minutos da segunda etapa, e forçando Abel a mudar o time, principalmente com a lesão de Alex bem como a necessidade de criar um fato novo para ter um final de partida tranquilo. Entraram Valdívia, Jorge Henrique e Ygor, que cumpriram o objetivo proposto.

Enfim, o Inter conseguiu o que queria na estreia: A vitória. Para aqueles que ficaram com a imagem do passeio de 4x1 na final do Gauchão e projetaram mais um passeio, o time jogou menos e apresentou dificuldades, principalmente na segunda etapa. Pode ter ocorrido desmobilização, o chamado “salto alto” em função da conquista recente, além do fator estreia que sempre enerva os jogadores, ainda mais em um clube que não conquista o campeonato desde 1979.  

Alguns jogadores mantiveram o seu nível, como Aránguiz e D’Alessandro. Dida e Paulão mais uma vez fizeram uma partida segura, Fabrício jogou bem, enquanto Alex vem crescendo a cada partida e mais uma vez fez um bom jogo. Já outros jogadores como Alan Patrick e  Rafael Moura não tiveram uma boa atuação, porém têm crédito para seguirem atuando. 
Abel precisa manter o time e terá uma semana cheia de trabalho para aperfeiçoa-lo, visando o confronto contra o Botafogo pela segunda rodada no Rio de Janeiro. 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Atlético de Madrid está próximo de entrar para a história

Nesta sexta-feira, o Atlético de Madrid venceu o Elche por 2x0, gols de Miranda e Diego Costa. Os madrilenses chegaram aos 85 pontos com incríveis 27 vitórias, contra 79 pontos do Real Madrid e 78 do Barcelona, sendo que estes ainda jogarão na rodada. 

Restando quatro rodadas para o fim e tendo a vantagem nos critérios de desempate contra o Real, o Atlético está, na prática, a três vitórias de conquistar um histórico Campeonato Espanhol, marcado pela desigualdade de divisão de receitas de TV, e que valorizam ainda mais a conquista dos comandados por Simeone. Salvo se um desastre ocorrer, o Atlético de Madrid também quebrará uma sequencia de Campeão e Vice alternados de Real Madrid e Barcelona, que já perdura 5 temporadas consecutivas. E se levar apenas em conta o título, a hegemonia já chega a 9 temporadas, desde o título do Valência na temporada 2003/04.

O período de supremacia regula com a mudança na forma de distribuição dos direitos de TV, que passaram a ser negociados individualmente entre os clubes e que favoreceram a dupla mais popular da Espanha. O Real Madrid sempre foi o clube mais rico do país, enquanto o Barcelona ganhou um novo status a partir da era Cruyf e da revolução proporcionada no seu futebol, fazendo com que ambos tenham uma grandeza maior que os demais, mas sempre seguida de perto por outros times do país, como o La Coruña, Valência, Atlético de Madrid, Bétis e Sevilla. Se antes, estes clubes conseguiam rivalizar e até conquistar campeonatos, hoje disputam o troféu do 3º lugar, o que acaba canonizando a campanha que o Atlético está fazendo este ano.

No último dado que obtive pela internet, e que por ser de 2009/10 está desatualizado, Barcelona e Real Madrid faturavam 140 milhões de Euros anuais da TV enquanto Valencia 44, Atlético de Madrid 42, e assim por diante, sempre em valores menores, ao ponto que os times recém promovidos da segunda divisão chegavam a faturar 20 vezes menos que a dupla suprema. Levando em conta que a grandeza de Barcelona e Real Madrid faz com que os clubes ganhem outras receitas robustas, a desigualdade fica ainda maior, a ponto de o Estado espanhol agir, obrigando que os clubes a partir de 2015 voltem a negociar conjuntamente, o que trará benefícios para os clubes que hoje faturam menos.  

Só o fato de o Atlético de Madrid disputar até o fim o titulo espanhol, trouxe uma nova visibilidade à Liga, que estava enfraquecida e restrita aos dérbis entre Real Madrid e Barcelona. Um título do time de Simeone colocará o time na história, como um símbolo da resistência da competitividade (origem) do futebol, que o tornou tão popular como é hoje. É evidente que a globalização atinge o esporte, porém o espírito de competição precisa ser preservado.

O Atlético ainda tem a chance de ampliar o seu feito conquistando a Europa, pois o time duelará com o Chelsea pelas semifinais da Champions League. Não é o favorito para o confronto, porém tem um time com condições de bater os ingleses, e aí a final é apenas um jogo, o que facilita contra um Bayern ou Real Madrid. Dois títulos seria algo sensacional, para deixar o time nos livros de história para sempre ser lembrado, com um bom time montado e otimizado por Simeone, com inovações táticas e um espírito de competição diferente dos demais times europeus, mais próximo ao que vemos na Libertadores.

Ao final da temporada, veremos a dura realidade de um provável desmanche no Atlético de Madrid, que não tem condições de competir com os endinheirados clubes. Por isso, torço para que faça história e signifique um marco em busca da manutenção do espirito competitivo do esporte. 

Brasileirão inicia descentralizado e sem um grande time

Desde que comecei a acompanhar futebol pelo Blog (meados de 2009), já presenciei quatro edições do Campeonato Brasileiro desde a primeira rodada, e em nenhuma consegui acertar o campeão através da análise antes da competição começar, em virtude das características de sazonalidade do futebol brasileiro.

Entre 2010 e 2013, alguns times despontavam como favoritos e jogavam o melhor futebol do país no momento em que o Brasileirão iniciava, mas por estarem focados em outras competições (Libertadores) ou com desmanches (da janela de agosto) acabaram se esfacelando/patinando e não confirmando o favoritismo. Neste ano, sequer um time poderá ser elencado como favorito, pois não há um grande time que esteja jogando um futebol consistente, capaz de coloca-lo como favorito para a conquista da Libertadores ou até mesmo do Brasileirão, em virtude do fraco futebol que está sendo apresentado no país ao longo deste 1º semestre de 2014.

 O que temos hoje são times que podem arrancar na frente e que podem adquirir consistência para manter a vantagem inicial e caminhar rumo ao título.  Neste caso, relaciono os times que disputam a Libertadores (Cruzeiro, Atlético-MG e Grêmio), além de Internacional e Santos. São estes cinco times que me chamaram a atenção neste início de temporada, ou mostram potencial pela temporada passada para deslanchar, como é o caso do Galo. Grêmio e Santos eu coloco um asterisco, pois não sei até que ponto a perda do título estadual impactará na evolução dos times, já que ambos vinham bem até o momento decisivo, quando começaram a apresentar dificuldades. O Cruzeiro começou mal, porém aos poucos retoma o bom futebol de 2013, enquanto o Internacional apresentou um crescimento surpreendente nos últimos jogos, batendo com facilidade o Grêmio na final do Gaúchão.

O fato surpreendente é que, hoje, não há um grande time no eixo Rio-São Paulo, apesar de todo o alcance midiático dado aos clubes e a receita a mais que recebem da televisão. Nem o milionário Corinthians tem um time montado, e dependerá muito mais da entrada de Elias no time para conseguir crescimento, que não foi visto ao longo do Paulistão, onde o time foi eliminado na primeira fase. O Flamengo mostrou um planejamento ruim para esta temporada, que não foi capaz de driblar as dificuldades financeiras para montagem de um bom elenco, enquanto Palmeiras, São Paulo, Fluminense e Botafogo são verdadeiras incógnitas. Do eixo, apenas o Santos mostrou ao longo do Paulistão um futebol de qualidade, porém caiu muito de produção nas finais do paulista, e a derrota contra o Ituano deverá promover mudanças no time.

Se tivesse que apostar em dois times, estes seriam Cruzeiro e Internacional. Porém como não sou uma pessoa de arriscar perder meu dinheiro com apostas, além de ver uma grande parada para a Copa do Mundo sucedida pela janela de transferências, não descarto nenhum clube de São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul, pois poderão aproveitar muito bem a parada e janela de transferências para rumar ao título ou G4. Sinceramente não acredito em boa campanha vinda do Rio de Janeiro, em virtude dos graves problemas técnicos e financeiros que os clubes do estado estão convivendo.

Há um bom tempo, venho manifestando a preocupação com o nível técnico desta edição do Brasileirão, já que o futebol apresentado até agora nos Estaduais e Libertadores foi deprimente, além do fato de os brasileiros virem da pior campanha da história recente do país na principal competição sul-americana, com três eliminações na primeira fase, algo inédito. Por outro lado, escrevi ontem a preocupação com o extracampo, com um regulamento complexo que permite julgamentos dúbios e incita os clubes a irem à Justiça Comum em busca de seus direitos, além de arbitragens péssimas e falta de atualização tática dos treinadores.  

Vários clubes convivem com salários atrasados, em virtude do mau planejamento oriundo de temporadas anteriores, onde houve um incremento significativo de receita, e que fora pessimamente administrado pelos clubes. Muitos clubes aumentaram exponencialmente a folha de pagamento para a alegria dos empresários, e hoje, quando o dinheiro a mais acabou, convivem com elencos caros, ruins e inviáveis financeiramente. Com isso, a maioria dos clubes está literalmente quebrada, necessitando de novas receitas através de empréstimos ou adiantamentos da cota da TV, e deixando o futuro do futebol no país incerto, pois o número de transferências para o exterior deverá crescer a partir da próxima janela.

Para complicar, o calendário do campeonato foi muito mal formulado para agradar a grade da TV, e várias rodadas deverão ficar em segundo plano, devido à proximidade da Copa do Mundo. Muitos clubes não terão nem onde treinar a partir da 5ª rodada (Até a 9ª, quando para o campeonato), enquanto outros terão que mandar seus jogos em outros estádios, pois muitos destes servirão como campos de treinamentos, além das respectivas sedes, e também deverão ser entregues a FIFA com antecedência.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

De caso em caso, Futebol Brasileiro vai perdendo sua credibilidade

Nesta quinta-feira, a CBF conseguiu cassar a liminar que garantia a colocação do Icasa na Série A do Brasileirão, em virtude de um erro cometido pelo Figueirense pela escalação do jogador Luan em condições irregulares, e que fora ratificado pela própria CBF, mas não a tempo de o time cearense conseguir ingressar na esfera esportiva para exigir o seu direito. Com isso, o Icasa entrou na Justiça Comum e havia garantido a sua participação por meio de liminar, porém a CBF utilizou-se de sua força política para derrubar este direito, já que o caso é, em tese, oposto ao da Portuguesa, que foi punida com o rebaixamento por ter escalado um jogador irregular. 

Embora a decisão tenha uma fundamentação, ficou a impressão que a Confederação Brasileira de Futebol decide quem ela quer punir ou não, pois se baseia em regulamentos dúbios e complexos para mostrar a sua vontade. Isso ficou evidente nos casos Fluminense x Portuguesa e Figueirense x Icasa, teoricamente com decisões opostas. No primeiro, prevaleceu a lei do mais forte, enquanto que no segundo, com clubes que não têm grande clamor popular, ficou a ideia de deixar as coisas como estão e não bagunçar regulamento, tabelas do campeonato, logística e transmissões de TV. 

Os dois casos esbarram no mesmo problema. Não há um controle efetivo que dê (ou não dê) condições legais para um jogador atuar em uma partida, transformando a escalação de cada clube em um desafio para os seus respectivos departamentos jurídicos, além de se tornar uma casca de banana para prejudicar os desavisados. Com isso, há uma grande possibilidade de campeonatos serem resolvidos fora de campo, onde prevalece a política e a lei do mais forte.  

Esta triste constatação é apenas mais um agravante em um futebol marcado por erros de arbitragem, de planejamento dos clubes cuja maioria não consegue manter os salários em dia, além de baixa qualidade técnica e falta de inovação tática, que deixam os “milionários” clubes brasileiros na alça de mira de fracos, mas organizados times do continente na Libertadores.

As poucas ideias que surgem para tentar melhorar o futebol brasileiro são prontamente rechaçadas, como no caso do Bom Senso FC, enquanto os dirigentes dos clubes acabam legitimando uma estrutura arcaica, mas que atentem seus anseios quando necessário, sendo que estes, nem sempre são benéficos para os seus clubes pensando em um longo prazo. Há medo de represálias, perda de privilégios e que faz com que nada mude, e que a conta fique cada vez mais cara para o torcedor, que é efetivamente o único apaixonado e que mantém o esporte viável no país. 

Assim como aconteceu com o Governo Brasileiro, o Futebol teve um período econômico favorável, que se bem aproveitado com mudanças pontuais na estrutura, poderia recoloca-lo no caminho dos grandes campeonatos com visibilidade mundial. Porém não houve a preocupação com o legado, e agora, passado o período de visibilidade da Copa do Mundo, ficarão vultosas dívidas e constantes atrasos de salários para serem administrados, que farão com que o futebol brasileiro perca jogadores para outros mercados emergentes, já que a Europa está muito mais cautelosa para contratar jogadores brasileiros em virtude da crise econômica que ainda assola o continente e da queda do nível técnico do nosso futebol.

O Campeonato Brasileiro começará no próximo sábado e pouco se fala em favoritos e no próprio campeonato, a não ser nas chamadas das emissoras que transmitirão o torneio. Não há um mínimo de empolgação, que é retratado pela baixa audiência e ocupação dos estádios neste início de temporada, salvo raríssimas exceções como jogos pontuais da Libertadores e algumas decisões dos Estaduais. Hoje eu não apontaria nenhum favorito para o principal torneio nacional, apenas times que largam na frente (que escreverei em um próximo post).

Enquanto os torcedores se aventuram a ir aos jogos aqui no Brasil em busca da sorte em ver um bom jogo, algo raro e que depende muito mais das falhas defensivas do que do mérito dos atacantes, temos seguidamente grandes partidas pelos nacionais europeus, além das ligas do continente. Hoje, um jogo da Champions League possui audiência expressiva na TV Aberta, enquanto que alguns confrontos de campeonatos nacionais europeus batem audiência de canais abertos, mesmo sendo restritos (TV Paga).  Se as direções das emissoras concorrentes tivessem a visão de investir nos campeonatos europeus, que contém os melhores jogadores, conquistaria um nicho cada vez maior de público que está insatisfeito com o futebol nacional.

O futebol brasileiro precisa se modernizar tanto dentro de campo quanto fora. É inegável que o maior acesso à TV Paga e à Internet fará com que os brasileiros passem a preferir um produto mais atrativo, vindo a reduzir ainda mais a importância do futebol brasileiro em um médio/longo prazo. 

domingo, 13 de abril de 2014

Inter é tetracampeão Gaúcho com sobras

Neste domingo no Estádio Centenário em Caxias, já que o Beira-Rio não foi liberado, o Internacional goleou o Grêmio por 4x1 e conquistou seu 43º titulo gaúcho, sendo o quarto consecutivo. Foi um título incontestável, já que o Internacional foi superior em ambos os jogos cuja soma dos jogos ficou em 6x2 para o Inter. 

Abel procurou manter o time do segundo tempo do primeiro Gre-Nal da decisão, que trouxe outra dinâmica ao time e reverteu a derrota parcial na primeira partida. Méritos do treinador, que teve tempo para aperfeiçoar a escalação na sua formação desejada, e colocou um time bem postado defensivamente e técnico para, capaz de entrar na área do adversário trocando passes. 

O Inter esperou o Grêmio no início do clássico, já que a equipe estava com vantagem confortável e o rival precisava tomara a iniciativa. O tricolor tentava pressionar, porém não conseguiu um lance sequer de perigo, e ainda facilitou a vida do Inter, com um erro defensivo de Werley, que permitiu que Rafael Moura protegesse a bola até encontrar D’Alessandro para concluir no canto de Grohe: 1x0. 

O gol destruiu o pouco de mobilização que o Grêmio tinha para tentar reverter o placar. O Inter passou a controlar o jogo e teve chance para ampliar ainda no primeiro tempo, porém foi na segunda etapa que o Colorado transformaria em goleada. 

Tudo começou com a alteração de Enderson Moreira no intervalo para dar maior ofensividade ao time, com a entrada de Maxi Rodriguez no lugar de Edinho. A modificação foi um total desastre, pois na prática não aumentou o poderio ofensivo do time, além de escancará-lo para que o Inter trabalhasse a bola e matasse a partida. Aos 4, Alex aproveitou uma finalização desviada de Alan Patrick e marcou o segundo. Aos 11, Alan Patrick marcou de pênalti, que fora sofrida por D’Alessandro e aos 13, Alex marcou seu segundo e o quarto do Inter após linda jogada coletiva envolvendo Alan Patrick e Rafael Moura na Esquerda. O Grêmio ainda descontou com gol contra de Ernando, depois de jogada de Dudu na direita, em um momento que o tricolor havia melhorado na partida em virtude do remédio de Enderson, que escalou Léo Gago no lugar de Alan Ruíz.

AI Inter
Mas já era tarde, a derrota e a perda do titulo já estava consumada. Restou o Inter administrar o restante da partida, e levantar a taça após o apito final do árbitro Márcio Chagas, que não fez uma má arbitragem, e procurou controlar o jogo disciplinarmente ao expulsar Pará e Williams que se envolveram em confusão. No lance, se tivesse expulsado apenas o jogador gremista, o arbitro não teria errado, pois não vi nada que o volante colorado pudesse ter feito para também ser expulso, a não ser o critério de tranquilizar o clássico com uma expulsão para cada lado.

O clássico mostrou que o Inter achou seu caminho e está crescendo, a ponto de ser uma das forças do Campeonato Brasileiro. Abel conseguiu dar segurança à defesa, que é mais dinâmica com Ernando ao lado de Paulão. No meio-campo, Alan Patrick ganhou a titularidade e participou da maioria dos lances de perigo do time, além de ser uma opção para o tabelamento com Aránguiz, Alex e D’Alessandro, algo que Jorge Henrique não conseguia fazer. Alex foi outro que cresceu nos últimos jogos, principalmente com a entrada de Alan Patrick, e foi um dos destaques dos dois jogos da final, marcando dois gols na decisão. Rafael Moura não marcou, mas participou das jogadas do primeiro e do quarto gols.

Após o jogo, a direção colorada sinalizou com a contratação de reforços. Pelo clima na coletiva do treinador Abel, pelo menos um já está acertado, o que é bom para qualificar o elenco, principalmente porque Aránguiz está com contrato por se encerrar, além do chileno ter que abandonar o grupo colorado para servir à seleção chilena na preparação para a Copa do Mundo.  Serão necessárias peças de reposição para que o time brigue pelo tão esperado tetracampeonato brasileiro.

Já pelo lado gremista, surgem indefinições e questionamentos quanto ao treinador Enderson Moreira, de bom trabalho neste início de temporada, mas que foi muito mal na disputa do Gauchão. O treinador montou um Grêmio promissor com peças jovens, que virou um dos destaques da Libertadores ao passar por cima de um grupo teoricamente difícil, com Nacional do Uruguai, Newell’s Old Boys da Argentina e Atlético Nacional da Colômbia. Não me atrevo a chamar de grupo da morte, em função de os times adversários não terem jogadores tão qualificados e que honrem com a história de suas camisas, porém é inegável dizer que o treinador fazia um trabalho irreparável até medir forças com o Internacional.

UOL
Tenho minhas restrições quanto aos times da Libertadores, em função do abismo financeiro existente entre os times latinos e os brasileiros (com exceção dos mexicanos), e que fazem com que os times brasileiros sejam obrigados a fazerem boas campanhas tamanho o investimento e mobilização para o torneio. Porém o Inter foi, até agora, a equipe mais forte que o Grêmio enfrentou na temporada, e em uma decisão, mostrou que o time tricolor ainda não está preparado para decidir, e nem o técnico Enderson Moreira, já que o comandante gremista errou nos dois clássicos, no primeiro por omissão, ao demorar para detectar os problemas do time, enquanto no segundo foi por ação equivocada, que abriu o time para sofrer uma goleada para o Internacional.

O treinador teve mérito de remediar o grande problema que causou antes de transformar o clássico em uma vitória histórica do Inter, que provavelmente lhe derrubaria do cargo, porém a má atuação do treinador nos clássicos ficará guardada para ser somada a uma eventual desclassificação da Libertadores, o que lhe derrubaria do cargo, por mais promissor que Enderson Moreira seja. Além da inexperiência do grupo e do treinador, ficou evidente a falta de opções do grupo gremista, que depende basicamente de Jean Deretti, Alan Ruíz e Maxi Rodríguez para mudar a história dos confrontos. Se Barcos se machucar ou ficar impedido de jogar, não teria reposição, enquanto que Werley e Pará estão tendo atuações em nível crítico, porém Bressan foi preterido e sumiu, enquanto não há um lateral direito capaz de desbancar Pará. 

Muitas questões e outras afirmações ocorreram com a final do Gauchão. Porém sigo dizendo que a dupla Gre-Nal entrará forte no Brasileiro, tendo como adversário o Santos e os times mineiros, principalmente o Cruzeiro, que voltou a mostrar um bom futebol.  E que venha o Brasileiro... 

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Duelos Equilibrados pelas Semifinais da Champions League

Nesta sexta-feira, a UEFA sorteou os confrontos semifinais da Champions League. O Real Madrid pegará o Bayern de Munique, enquanto o Atlético de Madrid receberá o Chelsea. Os jogos serão dia 22, 23, 29 e 30 de abril.

O sorteio foi bom para o Atlético de Madrid, já que o time enfrenta um adversário levemente superior, porém sem a mesma qualidade de Bayern e Real. O time de Mourinho vinha de boa campanha e liderança tranquila na Premier League, até vacilar na reta final com derrotas contra o Aston Villa e o Crystal Palace, que deixaram os blues em desvantagem na liga inglesa e mostraram a irregularidade do time. Já na Champions League, a equipe inglesa enfrentou muitas dificuldades para bater o bom time do PSG nas quartas, só conseguindo em virtude o gol qualificado fora de casa e da tática ousada de Mourinho no jogo da volta no Stamford Bridge, empilhando atacantes e conseguindo o tento que faltava nos pés de Demba Ba. 

Como tem um grupo reduzido e disputa simultaneamente o titulo do Campeonato Espanhol e da Champions, o Atlético de Madrid já está no limite físico, o que dá ao Chelsea um certo favoritismo no confronto, apesar deste também enfrentar uma maratona neste fim de temporada com o acúmulo de jogos do Campeonato Inglês. Resta saber se Diego Costa e Arda Turan conseguirão recuperar-se plenamente, além de confirmar a presença do goleiro Courtois, que pertence ao Chelsea, e há um contrato que o impede de jogar sob pena de uma recompensação financeira elevada para os padrões do Atlético. A UEFA já se pronunciou sobre o caso, liberando a escalação do jogador por tornar nula proibições deste tipo, porém como os espanhóis possuem boa relação comercial com os ingleses, resta saber se irão se acertar neste sentido.

UEFA
Já o outro confronto entre Real Madrid e Bayern de Munique tem ares de final antecipada, já que reúne os dois melhores elencos da Europa atualmente. O Bayern dispensa comentários, já que é o atual campeão da competição e nesta temporada, sob o comando de Guardiola, estabeleceu-se como um predador no Campeonato Alemão, ganhando o titulo com várias rodadas de antecedência e hoje possui uma diferença de 20 pontos para o segundo, faltando cinco rodadas para o final. O treinador conseguiu implementar seu modelo de movimentação e domínio de posse de bola visto do Barcelona há algumas temporadas, aperfeiçoando ainda mais a equipe que é a favorita para o bicampeonato, algo que não acontece desde o Milan de 1988/89 e 1989/90.

O Real Madrid ainda é muito dependente de Cristiano Ronaldo, atual melhor jogador do mundo, e que tem convivido com problemas físicos. O time liderou boa parte da Liga Espanhola, porém perdeu os dois clássicos para o Barcelona e um para o Atlético de Madrid, o que lhe coloca em desvantagem na luta pelo título. O treinador Ancelotti sofre com as irregularidades de Di Maria, que caiu de produção nos últimos jogos, e de Isco, que começou bem a temporada, mas também caiu de rendimento. Para complicar, o lateral Marcelo também enfrenta problemas físicos o que diminuiu o poder de força do time nos últimos jogos, e que por pouco não se complicou no duelo contra o Borussia Dortmund pelas quartas-de-final. Para as semifinais, tudo dependerá da recuperação dos jogadores para que o time possa duelar de igual para igual com o Bayern, que hoje é favorito para o confronto.

Teremos dois grandes jogos pelas semifinais da Champions League, e apostaria em uma final entre Bayern e Atlético de Madrid no dia 23 de maio no Estádio da Luz em Lisboa. O retrospecto recente conta a favor do Atlético de Madrid, já que desde 2008, o time que eliminou o Barcelona na fase de mata-mata sagrou-se campeão (Manchester United, Internazionale, Chelsea e Bayern de Munique).

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Futebol Brasileiro tem a pior campanha da história recente da Libertadores

Na última rodada da fase de grupos da Libertadores, os representantes brasileiros confirmaram a minha desconfiança sobre o futuro dos times brasileiros na competição e na temporada (aqui e aqui). Pela primeira vez desde quando o país teve direito a mais representantes no torneio, o Brasil teve 3 times eliminados na primeira fase, ultrapassando a marca de 2002, quando dois times foram eliminados.

E por pouco não foram quatro times, já que o Cruzeiro deu um Sprint final nos seus dois últimos jogos, vencendo com facilidade e mostrando o bom futebol que o levou ao titulo Brasileiro em 2013. Se confirmar a boa fase, o time mineiro entrará como um dos favoritos para a conquista do título, já que potencialmente a Raposa é o melhor time brasileiro, apesar de ainda estar irregular na campanha como um todo e perder na prática para o Grêmio, que foi o melhor representante do país nesta primeira fase.  

Nesta noite Grêmio e Atlético Mineiro, já classificados, entrarão em campo para confirmar as duas melhores campanhas do país, onde provavelmente o Grêmio ficará com a 2ª ou 3ª melhor campanha no geral, enquanto o Galo deverá garantir a 4ª melhor campanha. O Grêmio, como já havia escrito, é o time brasileiro que mostrou melhor futebol até agora, enquanto que o Galo ainda precisa provar que as mudanças para esta temporada deram certo, principalmente com a contratação de Paulo Autuori como treinador. O time ainda está bastante instável e é o único brasileiro que não deposito confiança para o mata-mata, pois precisa evoluir para chegar mais longe.

 Eu já projetava a eliminação do Atlético-PR, já que o time enfraqueceu sensivelmente em relação a 2013, tanto no elenco, quanto no comando técnico, já que Vágner Mancini deixou o cargo. O time já entrou com duas derrotas contabilizadas para Vélez e Strongest fora de casa em razão das circunstâncias (pressão na Argentina e altitude na Bolívia), porém o que definiu a sua eliminação foi a derrota diante dos argentinos em casa, onde escancarou a diferença técnica entre ambos os times. 

AI Cruzeiro
Já o caso dos cariocas era uma tragédia anunciada, em virtude de ambos os times apresentarem um futebol pobre e desorganizado, sem inovações táticas e com poucos valores individuais. Apesar de todas estas dificuldades, os times ainda perderam em casa suas classificações, quando o Botafogo perdeu para o Unión Española, enquanto o Flamengo perdeu para o León e tropeçou contra o Bolivar no Maracanã. O futebol do RJ está muito pobre, pelo que pude constatar nos jogos do Estadual e dos representantes da Libertadores. O rebaixamento do Vasco em 2013, o quase de Fluminense (salvo fora de campo) e Flamengo não foi por acaso. Já o Botafogo enfraqueceu em relação a 2013, além de ter problemas com o pagamento dos salários.

Os jogos de ontem serviram apenas para confirmar a incompetência destes times em contratar um treinador experiente e montar um grupo forte com o aporte financeiro. Flamengo perdeu Elias, motorzinho do time, e achou que Elano seria uma reposição a altura. Ontem, o meia ex-gremista foi escalado sem condições físicas para tal, enquanto o time rubro-negro dependia excessivamente da velocidade e movimentação de Éverton e Paulinho. A defesa falhou e o bom time do León venceu em um Maracanã lotado. O caso do Botafogo foi mais emblemático, pois o time sequer lutou. O Fogão foi preparado apenas para segurar o empate, e levou pressão o jogo inteiro do San Lorenzo. Em um chute desviado, o time argentino abriu o placar, e nem a desvantagem que eliminava o time carioca o fez mudar de postura. No fim, o time argentino conseguiu marcar os três gols de diferença que precisava para se classificar. 

Prevejo muitas dificuldades para os times brasileiros remanescentes na competição. O futebol brasileiro está à beira do caos técnico e tático, permitindo que equipes com orçamento infinitamente inferior consigam competir em igualdade de condições. O salário de um jogador titular de qualquer uma das equipes brasileiras (com exceção, talvez, do Atlético-PR por não ser do eixo RJ/SP/MG/RS) paga todo o elenco da maioria dos times latinos, com exceção de times argentinos e mexicanos, o que mostra a desigualdade econômica que fez com que desde 2005 o Brasil tenha pelo menos um representante na final da Competição. Isso ajuda a explicar o motivo que a Libertadores tem um nível técnico inferior. 

Não há como não encarar estes tropeços como fiasco. O Futebol Brasileiro é muito mais rico que o resto do continente e quando esta superioridade econômica não é correspondida em campo, é muito mais em virtude de deméritos dos nossos times do que méritos dos adversários, que muitas vezes montam bons times, mas mesmo assim, inferiores tecnicamente aos brasileiros. Acho que chegou a hora do país encarar a Libertadores como uma competição secundária, privilegiando a disputa do Brasileirão e com os times buscando medir forças, para quem sabe melhorar o nível do nosso futebol. 

Também projeto esta dificuldade para o Campeonato Brasileiro, onde provavelmente veremos a pior edição dos últimos anos no que se refere a qualidade técnica e tática. No ano passado, com exceção da maioria dos jogos do Cruzeiro, já foi difícil de assistir. Os times classificados mostram que o nível fraco do ano passado não foi apenas uma critica de corneta. A impressão é que a maioria das equipes piorou em relação ao ano passado, o que deixa o Brasileirão aberto para equipes mais organizadas e com alguns valores técnicos, como Grêmio, Santos, Internacional e agora o Cruzeiro estão mostrando.

O que dificulta um pouco as previsões para o restante da temporada é a parada para a Copa do Mundo a partir da 9ª rodada do Brasileirão, o que poderá fazer com que um time mude totalmente e possa disputar o titulo ou deixar a disputa. Imagino que os times de São Paulo irão crescer e disputar títulos, mas agora não há como negar que os times de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, além do Santos, estão em um melhor momento.