sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Era do imperialismo predador deveria preocupar UEFA

Os jogos de ida pelas oitavas-de-finais da UEFA Champions League mostraram que já há um desiquilíbrio significativo no futebol do continente, o que poderá por em risco o atual formato da competição e até a sua reputação de melhor dos melhores campeonatos interclubes. 

Depois de três temporadas polarizadas entre Real Madrid e Barcelona, o Bayern de Munique juntou-se a dupla espanhola na temporada passada e formou um trio, que poderá futuramente ampliar-se para um quarteto conforme a evolução do Paris Saint-Germain. Em comum, estes times dominam de forma predadora os campeonatos nacionais e estão conseguindo impor-se também nas competições europeias, apesar de cada um chegar a esta condição por diferentes motivos.

A tão badalada e ascendente Bundesliga (Campeonato Alemão) colocou quatro clubes entre os 16 melhores da Europa, porém Bayer Leverkussen e Schalke 04 tiveram o azar de enfrentar logo de cara o PSG e o Real Madrid e já saíram virtualmente eliminados no primeiro jogo, diante de seus torcedores. O Bayer, atual segundo colocado do seu respectivo nacional, não foi capaz de segurar os franceses comandados pelo goleador Ibrahimovic e levou 4x0 dos franceses em plena BayArena, enquanto que o time de Gelsenkirchen levou 6x1 dos Merengues, em uma jornada antológica dos espanhóis comandados pelo trio de atacantes Bale, Cristiano Ronaldo e Benzema. 

Os ingleses Arsenal e Manchester City, que duelam ponto a ponto com o Chelsea pelo titulo da Premier League, também estão virtualmente eliminados ao serem derrotados em suas casas pelo Barcelona e o Bayern por 2x0, o que mostra a total disparidade, tendo em vista que o nacional inglês é há muitos anos o mais rico, porém suas equipes não conseguem mais se impor no território europeu, apesar de todos os esforços os bilionários que comandam o City e o Chelsea, embora este último ainda tenha grandes chances de se classificar para as quartas-de-final, mas para conquistar a taça é tão azarão quanto foi há duas temporadas quando conquistou a Europa. 

Como comparação, nas temporadas 2006-07 e 2007-08 os ingleses colocaram 3 dos 4 finalistas, embora em um deles o intruso Milan tenha conquistado o titulo. Usei o campeonato Inglês como exemplo em virtude da riqueza do nacional, porém a Football Association (FA) busca um sistema mais paritário na divisão das receitas além de ter um controle financeiro mais rígido, o que faz com que não haja um predador, apesar da supremacia do United nos últimos anos, mas que nem é de longe comparada a atual de Real Madrid e Barcelona no espanhol, por exemplo.

Com um Real Madrid encaixado por Ancelotti , um Bayern quase imbatível treinador por Guardiola, o vai e vem do Barcelona de Messi e a ascensão do PSG, a Champions League entra na era das goleadas, contra times de mercados mais representativos. É bom a UEFA ficar de olho, pois times de mercados de tradição, mas que não conseguem mais competir economicamente, estão ficando no segundo escalão, dominados por times de “brinquedo” de bilionários e os grandes Bayern, Barcelona e Real Madrid, que descobriram a roda do futebol capitalista e largaram na frente. 

A competição já teve outros momentos de hegemonia, como os 5 títulos do Real Madrid entre as décadas de 50 e 60, porém era uma outra época do futebol, que ainda buscava o seu profissionalismo e era formada por esquadrões que marcavam época mas que chegavam ao fim, pois transferências não eram tão comuns e o dinheiro era bastante limitado. Hoje o dinheiro está comandando o futebol e quem paga mais leva mais. Real Madrid, Barcelona, Bayern e os times patrocinados pelos bilionários têm poder de compra para renovar sistematicamente seus elencos e mantê-los em um nível de competitividade maior do que a maioria dos outros times.

A Champions League era inicialmente formada pelos campeões de seus países, mas que em 1997 concedeu o direito de mais agremiações dos melhores centros poderem disputa-la, aumentando o nível da competição. Foi criado o coeficiente da UEFA que classifica os campeonatos de acordo com a pontuação dos clubes nas competições europeias, o que faz com que Espanha, Inglaterra e Alemanha tenham dinheiro a 4 clubes na Champions League. 

Se essa tendência de predadores se acentuar, não haverá outra solução da UEFA a reduzir o formato da competição, como forma de mantê-la competitiva. Nos últimos anos, a fase de grupos já não trazia grandes emoções, a não ser quando surge um clube patrocinado que não tem muita representação no continente europeu e, que por isso, fica em um pote inferior criando um grupo mais complicado. Fora isso, há apenas o duelo entre dois clubes tradicionais por grupo em busca do primeiro lugar, algo que não tem mais acontecido com frequência, em virtude da diferença de qualidade entre os clubes.

Daqui a 2 semanas, teremos os jogos de volta das oitavas-de-final, onde apenas dois ou três jogos dos 8 não serão efetivamente amistosos. Isso não é bom para a competição, que é o sonho de todo jogador e treinador. 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A conta chegou, exigindo criatividade do Grêmio

O Grêmio alterou a sua estratégia de montagem do elenco para 2014, abrindo mão dos chamados “medalhões” e seus altos salários para abrir espaço para jovens revelações da base ou contratações de jogadores promissores, com alto potencial de revenda. 

Até agora, o time treinado por Enderson Moreira anima, pois proporciona um jogo intenso e ofensivo com jovens e velozes jogadores, além de recuperar o futebol dos poucos “medalhões” remanescentes como o caso de Barcos, que voltou a marcar gols e ser importante.  O treinador conseguiu montar uma base formada por jogadores experientes como Rodolpho, Edinho, Zé Roberto e Barcos, além da afirmação de jovens jogadores. Como destaques, temos o lateral esquerdo Wendell, que herdou a posição do negociado Alex Telles, além de Ramiro no meio e Luan no ataque, além das entradas de Dudu e Alan Ruíz, que têm se mostrado úteis. 

É um time mais barato que o de 2013 porém mais promissor, pois este encaixou e não se assustou com os adversários do Grupo 6 da Libertadores, tido com o grupo da morte. Até agora, o Grêmio venceu seus dois jogos e lidera o grupo, encaminhando uma classificação como primeiro e com uma ótima pontuação, já que na competição os times que mais pontuam tem vantagem de decidir em casa nos jogos mata-mata. 

Se dentro de campo o Grêmio anima o torcedor em busca de um grande titulo que não vem há praticamente 13 anos, fora dele preocupa, pois a direção está quebrando a cabeça para honrar seus compromissos financeiros e por isso está negociando parte ou a totalidade dos direitos econômicos de alguns de seus jogadores, como forma de conseguir fazer caixa, porém mantendo-os até o final da disputa na Libertadores pelo menos. Neste ano, o presidente Fábio Koff negociou parte dos direitos econômicos do zagueiro Bressan e de Ramiro, além de anunciar a venda do lateral esquerdo Wendell. 

Os valores obtidos deverão cobrir o déficit que ainda persegue o clube, garantindo o pagamento dos salários até o final da disputa da Libertadores, porém de certa forma preocupam, pois logo adiante o clube precisará negociar outros jogadores para continuar mantendo a sua saúde financeira, o que dá a ideia de um novo desmanche. Porém merece ser saudada a equipe de olheiros, que buscou jogadores de grande potencial e que poderão ser futuramente negociados, além de tornarem-se úteis ao time enquanto estiverem no clube.

Essa estratégia/necessidade de vender jogadores é em função do rombo provado pela montagem do time de 2013, baseado em renomados e, por consequência, caros jogadores, que oneraram a folha de pagamento e não deram a resposta esperada. Além do grupo de jogadores, o contrato com a OAS onde o clube não recebe nada da arrecadação dos jogos, além de ter que pagar um valor anual à construtora mostrou-se danoso ao clube, que terminou 2013 com um déficit próximo aos R$ 90 milhões, e que foi amenizado com a venda imediata de Alex Telles. 

Eu até escrevi em uma publicação que não acreditava na perversidade deste contrato, pois o clube estava tendo gastos excêntricos e não imaginava que o maior presidente da história do clube pudesse ser irresponsável a ponto de inviabilizá-lo financeiramente. Porém errei e tenho que reconhecer isso, mas também tenho que reconhecer a capacidade do presidente gremista em montar uma equipe de profissionais competentes em busca de superar estas dificuldades, que poderiam exterminar com o clube. 

Resta saber como estas notícias de negociações irão impactar na campanha do time na Libertadores. O torcedor fica desmotivado e os jogadores podem perder o foco, tendo em vista que começam a pensar sobre o futuro e perder rendimento. 

Inter mostra deficiências, apesar da pouca amostragem

Nesta quarta-feira, o Internacional bateu o Brasil de Pelotas por 1x0, gol de Wellington Paulista, no segundo evento-teste do Beira-Rio válido pelo Gauchão.  Vitória que valeu pelos três pontos mas que não pode ser efetivamente comemorada, pois o time não jogou bem e mostrou deficiências que preocupam na projeção contra adversários mais qualificados.

O gol da vitória saiu nos minutos finais da partida, quando D'Alessandro fez um lançamento sensacional para Fabrício na esquerda, que levou vantagem e cruzou para o centroavante, que recém havia entrado na partida. É possível afirmar que foi um gol achado, tendo em vista que o time apresentou baixa produção ao longo do jogo, sendo pressionado pelo Brasil de Pelotas ao longo da segunda etapa.

O treinador do time Xavante Rogério Zimermann anulou o time do Inter ao conseguir marcar os gringos D’Alessandro e Aránguiz, que eram responsáveis pelas principais jogadas de movimentação do time nos jogos anteriores. Com a dupla neutralizada, os laterais tiveram dificuldades para apoiar, o que exigiu mais do meio, que mostrou-se lento e previsível na transição ofensiva. Jorge Henrique e Alex são jogadores mais experientes, assim como D’Alessandro, e tendem a cadenciar mais a bola ao invés de movimentar-se com mais intensidade. Com isso, Rafael Moura ficou isolado e pouco produziu na partida, além do time concluir pouco ao gol. 

O Brasil de Pelotas conseguia controlar os avanços do Inter, que tinha o controle do jogo por ter maior qualidade técnica, porém era uma posse de bola improdutiva, na intermediária. Na segunda etapa, o Xavante conseguiu avançar a sua marcação e passou a ameaçar o Inter, perdendo algumas chances de gols e exigindo providencias de Abel Braga, que sacou Jorge Henrique e Alex para as entradas de Otávio e Alan Patrick, e mais tarde, Wellington Paulista no lugar do lateral Gilberto.

A nova dupla de meias trouxe uma maior dinâmica ao setor, permitindo que o time pudesse atacar com maior intensidade, porém em nenhum momento da partida o Internacional conseguiu exercer pressão sobre o adversário. No fim das contas, o gol do centroavante Colorado acabou servindo como um castigo para o Brasil, que fez uma boa partida.

Wellington Paulista teve uma partida não muito diferente das anteriores, mas salvou-se pelo gol, típico de centroavante, o que lhe dará um crédito pra continuar atuando. Porém continuo com a ideia de que o jogador é insuficiente para o Inter. Impressiona-me o fato do atacante não conseguir se impor contra os fracos times do interior gaúcho e mal conseguir tocar na bola, apesar de entrar em praticamente todos os jogos da equipe titular e jogar o tempo todo nos jogos do time reserva.  

A equipe principal do Internacional atuou pouco na temporada, o que me impede de transformar impressões em convicções. O time terá que atuar mais vezes, de forma que seja possível analisar eventuais deficiências técnicas/táticas e a necessidade de reforços, porém a pouca amostra apresentada mostrou que o time continua com um dos seus grandes problemas de 2013, que foi a lentidão na transição ofensiva. Defensivamente o time até não foi muito exigido, porém o zagueiro Paulão falhou em alguns lances que poderiam gerar situação clara de gol para o adversário. 

O Inter 2014 de Abel Braga mostra, até agora, dependência nas figuras de D’Alessandro e Aránguiz. Quando ambos não puderem atuar ou não estiver em boa partida, o time mostrou-se previsível e sem soluções, pois grande parte de suas virtudes, como o jogo pelas pontas, desaparece. Falta uma maior noção de jogo coletivo, que somente poderá ser avaliada quando o time atuar de forma frequente com o time principal.

O Gauchão não é parâmetro para avaliar a qualidade de um time em função da baixa qualidade das equipes adversárias do interior gaúcho, porém todas as dificuldades necessitam de um estudo mais aprofundado, pois contra adversários mais fortes, os problemas serão acentuados.    

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Gre-Nal 399 termina empatado em 1x1

Finalmente hoje, 09 de fevereiro, Grêmio e Inter mostraram a que vieram para a temporada 2014 no primeiro grande jogo de cada um, logo em um clássico Gre-nal. Em termos gerais, a primeira impressão de cada time não é boa, tendo em vista que o clássico foi um jogo fraco, com poucas chances de gols e centrado no meio campo.

Na primeira etapa, o Grêmio tomou a iniciativa e chegou a criar uma blitz contra a defesa Colorada nos primeiros minutos de jogo. Com marcação adiantada, facilitando a retomada no campo de ataque e com intensidade de movimentação, o tricolor teve duas chances claras de gol, uma com Barcos e outra com Edinho. Muriel foi bem em ambos os lances. O Inter praticamente só se defendia, pois tinha dificuldades na saída de bola e a transição ofensiva era muito lenta.  

O panorama do jogo mudou após a parada técnica para reidratação dos jogadores. Abel Braga consertou o time e o Inter começou a preencher mais o campo ofensivo, valorizando a posse de bola e ficando mais próximo do gol. O time até não chegou a criar chances claras, salvo o gol de Fabrício, oriundo de um passe de Williams que teve um corta-luz desajeitado de Jorge Henrique e que sobrou para o lateral esquerdo livre de marcação nas costas de Pará para desviar de Grohe.

O Inter voltou melhor na segunda etapa, controlando o jogo nos primeiros minutos. Rafael Moura teve a chances de ampliar de cabeça, obrigando uma grande defesa de Marcelo Grohe. Com o Inter superior e o Grêmio em desvantagem no placar, Enderson sacou Luan e Ramiro para as entradas de Maxi Rodríguez e Jean Deretti. O Grêmio chegou mais ao ataque, porém só conseguiria empatar em um lance confuso envolvendo o zagueiro colorado Paulão, com a bola batendo em sua mão. O árbitro Leandro Vuaden assinalou a penalidade e Barcos empatou.  Empate justo, já que em cada tempo um foi melhor e no fim das contas nenhuma equipe fez jus a um destino melhor. 

Como destaques no clássico, o Grêmio teve o goleiro Marcelo Grohe, o zagueiro Rodolfo, o lateral esquerdo Wendel e o atacante Barcos, enquanto que o Inter teve o goleiro Muriel, o volante Aranguíz e o meia Jorge Henrique. 

O Grêmio teve o atacante Kleber como desfalque, e promoveu a entrada do jovem Luan, que até chegou a se destacar no início da partida, porém caiu de produção e foi substituído no segundo tempo. No meio, Riveros ganhou a vaga de Maxi por motivos técnicos e táticos, já que o uruguaio não vinha bem e o paraguaio poderia dar maior poder de marcação, deixando o time com praticamente três volantes. O time foi melhor no primeiro tempo, mostrando a intensidade na transição e marcação sob pressão que lhe deram o bom escore contra o Aimoré, porém acabou sucumbindo após o gol do Inter e não mostrou muita organização para reagir, sendo premiado com o pênalti.

Já o Inter começou mal, porém conseguiu se impor na partida, mostrando o característico toque de bola desejado por Abel. O time teve maior posse de bola na partida (53%) e trocou mais passes, tendo 93% de eficácia, o que é um número interessante. No entanto, foram apenas 13 arremates na partida, o que mostra que o time tem problemas ofensivos, já que Rafael Moura praticamente não tocou na bola e a transição ofensiva é lenta, já que D’Alessandro, Jorge Henrique e Alex não tem muita velocidade. O time melhorou, pois a presença dos laterais Gilberto e Fabrício e de Aranguíz se tornou mais frequente no campo ofensivo, oferecendo possibilidades no desenvolvimento do time. Ainda acho necessária a entrada de Otávio como titular, para melhorar esta transição, já que sem o apoio dos laterais, o Inter mostrou-se ofensivamente previsível e lento.  

Para finalizar o clássico, não achei pênalti no lance da primeira etapa envolvendo Fabrício e Pará, porém respaldado pelas novas recomendações da FIFA para a marcação de mão na bola (ver link com vídeo do ex-árbitro Sálvio Espindola explicando), considerei pênalti de Paulão, pois o zagueiro, embora não tendo a intensão de colocar a mão na bola, estava com o braço estendido e deliberou para que a trajetória da bola fosse alterada, o que é caracterizado como um lance não natural e que deve ser assinalada a infração, no caso a penalidade. De acordo com Sálvio, o fato de ter ou não ter intenção é irrelevante, já que é considerado se a movimentação dos braços é ou não necessária para que o atleta consiga disputar a bola, sem que aumente a projeção do seu corpo. 

Na próxima semana, o Grêmio iniciará sua campanha na Libertadores, enquanto o Inter ainda esperará pelo início da Copa do Brasil. O Grêmio terá a possibilidade de testar seu nível e evoluir contra adversários mais fortes, enquanto que o Inter terá que esperar as finais do Estadual em um eventual novo clássico ou até a fase quente da Copa do Brasil e início do Brasileirão para mostrar suas forças. 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Primeiras impressões do Inter 2014 de Abel

Deixei para escrever nesta segunda-feira sobre a estreia da equipe principal do Internacional, que foi ontem no Estádio do Vale contra o Cruzeiro de Porto Alegre. O time comandado por Abel Braga venceu o Cruzeiro por 4x1 e mostrou suas principais características de time para a temporada.

O treinador Colorado conseguiu por em campo praticamente todo o seu time considerado ideal. Apenas Dida não pôde atuar em virtude de lesão, dando lugar a Muriel. O time foi composto por Muriel, Gilberto, Paulão, Juan, Fabrício, Williams, Aranguíz, Alex, Jorge Henrique, D’Alessandro e Rafael Moura. 

Na formação, um 4-3-2-1, uma tentativa de reeditar o esquema utilizado em 2006 (4-3-3) com as características do elenco atual, com Alex se posicionando mais atrás pelo lado esquerdo. Contra o Cruzeirinho o time jogou bastante pelas pontas, tanto que três gols foram oriundos de cruzamentos na linha de fundo.  No primeiro tempo, o time teve maiores dificuldades e mostrou um meio-campo apático, porém o jogo fluiu na segunda etapa e o time esteve mais equilibrado. Surgiram jogadas de aproximação, triangulações, possibilitando a chegada à linha de fundo.  O calor de quase 40 graus impediu-me de analisar a intensidade do time, pois o jogo foi mais lento em função das paradas técnicas. Porém acho necessária a entrada de Otávio no time titular, para dar maior velocidade ao time. 

Os destaques da goleada ficaram por conta do lateral direito Gilberto, que mostrou-se uma boa opção ofensiva e capaz de ir até a linha de fundo e terminar a sua estreia em jogos oficiais no Internacional com um gol e um cruzamento que terminou em gol. O volante Aranguíz mostrou muita movimentação e tornou-se opção para as jogadas ofensivas, pois tem facilidade para ir à frente. O meia D’Alessandro mais uma vez comandou o time, marcando seu 60º gol com a camisa Colorada, o que não é pouca coisa. 

Até os contestados Fabrício e Rafael Moura também se destacaram no confronto, com cada jogador terminando com um gol e uma assistência. O lateral esteve mal na primeira etapa, porém se soltou na segunda, criando opções para a ponta esquerda juntamente com Alex, já que o time trabalhava basicamente pela ponta direita na primeira etapa. Já o “He-man” participou do primeiro gol, desviando como um pivô o cruzamento de Gilberto para o gol de D’Alessandro, porém sucessivos erros de passe na segunda etapa tiraram a paciência do torcedor que começou a vaiar o atacante. Rafael Moura acabou marcando o segundo gol do Inter na partida, mas ao invés de tentar uma aproximação com o torcedor acabou fazendo um gesto de silêncio, o que irritou cada vez mais a torcida. Foi preciso uma intervenção de D’Alessandro e depois de Abel Braga para que os Colorados dessem trégua ao atacante e ao time do Inter. 

Será preciso muita paciência por parte do jogador para aguentar as criticas, já que estas se dão em função do custo de sua contratação e de sua pouca resposta em campo ao longo da sua trajetória de um ano e meio no clube. He-man é homem de confiança de Abel Braga, porém está errado ao confrontar-se com o torcedor, já que toda a relação de atrito tende a ser maléfica ao clube. Wellington Paulista é a opção para a reserva, porém fora de forma e sem ritmo de jogo ainda não conseguiu aproveitar a sua chance. Neste esquema de Abel, a função do centroavante é de grande importância, o que fará com que o treinador aposte na dupla até quando for possível. 

Eu particularmente não gosto do futebol da dupla e já projeto a necessidade de uma contratação de maior peso para a função, ou Abel tendo que alterar o seu esquema de jogo, abdicando da figura do centroavante e colocando um outro meia. Contra os fracos times do interior gaúcho R. Moura e W. Paulista funcionarão, porém não prevejo muitas vantagens contra adversários mais fortes da Série A do Campeonato Brasileiro.

Seguindo a mesma linha de raciocínio da estreia do Grêmio, o jogo de ontem não pode servir como parâmetro para se ter noção do grau de qualidade e competitividade do time Colorado. É possível apenas analisar o que Abel quis do time e como ele se comporta. Porém eventuais problemas devem ser anotados, pois estes deverão ser intensificados nos confrontos contra equipes mais qualificadas.

O clássico Gre-nal do próximo domingo irá encaminhar uma análise mais profunda das equipes de Grêmio e Internacional para 2014. Até agora, a primeira impressão de ambos os times é boa, porém falhas e problemas já foram detectados e devem ser corrigidos. Outros problemas aparecerão com a maior exigência, e assim teremos noção do que a dupla reservará para esta  temporada.