sexta-feira, 18 de abril de 2014

Brasileirão inicia descentralizado e sem um grande time

Desde que comecei a acompanhar futebol pelo Blog (meados de 2009), já presenciei quatro edições do Campeonato Brasileiro desde a primeira rodada, e em nenhuma consegui acertar o campeão através da análise antes da competição começar, em virtude das características de sazonalidade do futebol brasileiro.

Entre 2010 e 2013, alguns times despontavam como favoritos e jogavam o melhor futebol do país no momento em que o Brasileirão iniciava, mas por estarem focados em outras competições (Libertadores) ou com desmanches (da janela de agosto) acabaram se esfacelando/patinando e não confirmando o favoritismo. Neste ano, sequer um time poderá ser elencado como favorito, pois não há um grande time que esteja jogando um futebol consistente, capaz de coloca-lo como favorito para a conquista da Libertadores ou até mesmo do Brasileirão, em virtude do fraco futebol que está sendo apresentado no país ao longo deste 1º semestre de 2014.

 O que temos hoje são times que podem arrancar na frente e que podem adquirir consistência para manter a vantagem inicial e caminhar rumo ao título.  Neste caso, relaciono os times que disputam a Libertadores (Cruzeiro, Atlético-MG e Grêmio), além de Internacional e Santos. São estes cinco times que me chamaram a atenção neste início de temporada, ou mostram potencial pela temporada passada para deslanchar, como é o caso do Galo. Grêmio e Santos eu coloco um asterisco, pois não sei até que ponto a perda do título estadual impactará na evolução dos times, já que ambos vinham bem até o momento decisivo, quando começaram a apresentar dificuldades. O Cruzeiro começou mal, porém aos poucos retoma o bom futebol de 2013, enquanto o Internacional apresentou um crescimento surpreendente nos últimos jogos, batendo com facilidade o Grêmio na final do Gaúchão.

O fato surpreendente é que, hoje, não há um grande time no eixo Rio-São Paulo, apesar de todo o alcance midiático dado aos clubes e a receita a mais que recebem da televisão. Nem o milionário Corinthians tem um time montado, e dependerá muito mais da entrada de Elias no time para conseguir crescimento, que não foi visto ao longo do Paulistão, onde o time foi eliminado na primeira fase. O Flamengo mostrou um planejamento ruim para esta temporada, que não foi capaz de driblar as dificuldades financeiras para montagem de um bom elenco, enquanto Palmeiras, São Paulo, Fluminense e Botafogo são verdadeiras incógnitas. Do eixo, apenas o Santos mostrou ao longo do Paulistão um futebol de qualidade, porém caiu muito de produção nas finais do paulista, e a derrota contra o Ituano deverá promover mudanças no time.

Se tivesse que apostar em dois times, estes seriam Cruzeiro e Internacional. Porém como não sou uma pessoa de arriscar perder meu dinheiro com apostas, além de ver uma grande parada para a Copa do Mundo sucedida pela janela de transferências, não descarto nenhum clube de São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul, pois poderão aproveitar muito bem a parada e janela de transferências para rumar ao título ou G4. Sinceramente não acredito em boa campanha vinda do Rio de Janeiro, em virtude dos graves problemas técnicos e financeiros que os clubes do estado estão convivendo.

Há um bom tempo, venho manifestando a preocupação com o nível técnico desta edição do Brasileirão, já que o futebol apresentado até agora nos Estaduais e Libertadores foi deprimente, além do fato de os brasileiros virem da pior campanha da história recente do país na principal competição sul-americana, com três eliminações na primeira fase, algo inédito. Por outro lado, escrevi ontem a preocupação com o extracampo, com um regulamento complexo que permite julgamentos dúbios e incita os clubes a irem à Justiça Comum em busca de seus direitos, além de arbitragens péssimas e falta de atualização tática dos treinadores.  

Vários clubes convivem com salários atrasados, em virtude do mau planejamento oriundo de temporadas anteriores, onde houve um incremento significativo de receita, e que fora pessimamente administrado pelos clubes. Muitos clubes aumentaram exponencialmente a folha de pagamento para a alegria dos empresários, e hoje, quando o dinheiro a mais acabou, convivem com elencos caros, ruins e inviáveis financeiramente. Com isso, a maioria dos clubes está literalmente quebrada, necessitando de novas receitas através de empréstimos ou adiantamentos da cota da TV, e deixando o futuro do futebol no país incerto, pois o número de transferências para o exterior deverá crescer a partir da próxima janela.

Para complicar, o calendário do campeonato foi muito mal formulado para agradar a grade da TV, e várias rodadas deverão ficar em segundo plano, devido à proximidade da Copa do Mundo. Muitos clubes não terão nem onde treinar a partir da 5ª rodada (Até a 9ª, quando para o campeonato), enquanto outros terão que mandar seus jogos em outros estádios, pois muitos destes servirão como campos de treinamentos, além das respectivas sedes, e também deverão ser entregues a FIFA com antecedência.

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