Nesta quinta-feira, a CBF conseguiu cassar a liminar que garantia a colocação do Icasa na Série A do Brasileirão, em virtude de um erro cometido pelo Figueirense pela escalação do jogador Luan em condições irregulares, e que fora ratificado pela própria CBF, mas não a tempo de o time cearense conseguir ingressar na esfera esportiva para exigir o seu direito. Com isso, o Icasa entrou na Justiça Comum e havia garantido a sua participação por meio de liminar, porém a CBF utilizou-se de sua força política para derrubar este direito, já que o caso é, em tese, oposto ao da Portuguesa, que foi punida com o rebaixamento por ter escalado um jogador irregular.
Embora a decisão tenha uma fundamentação, ficou a impressão que a Confederação Brasileira de Futebol decide quem ela quer punir ou não, pois se baseia em regulamentos dúbios e complexos para mostrar a sua vontade. Isso ficou evidente nos casos Fluminense x Portuguesa e Figueirense x Icasa, teoricamente com decisões opostas. No primeiro, prevaleceu a lei do mais forte, enquanto que no segundo, com clubes que não têm grande clamor popular, ficou a ideia de deixar as coisas como estão e não bagunçar regulamento, tabelas do campeonato, logística e transmissões de TV.
Os dois casos esbarram no mesmo problema. Não há um controle efetivo que dê (ou não dê) condições legais para um jogador atuar em uma partida, transformando a escalação de cada clube em um desafio para os seus respectivos departamentos jurídicos, além de se tornar uma casca de banana para prejudicar os desavisados. Com isso, há uma grande possibilidade de campeonatos serem resolvidos fora de campo, onde prevalece a política e a lei do mais forte.
Esta triste constatação é apenas mais um agravante em um futebol marcado por erros de arbitragem, de planejamento dos clubes cuja maioria não consegue manter os salários em dia, além de baixa qualidade técnica e falta de inovação tática, que deixam os “milionários” clubes brasileiros na alça de mira de fracos, mas organizados times do continente na Libertadores.
As poucas ideias que surgem para tentar melhorar o futebol brasileiro são prontamente rechaçadas, como no caso do Bom Senso FC, enquanto os dirigentes dos clubes acabam legitimando uma estrutura arcaica, mas que atentem seus anseios quando necessário, sendo que estes, nem sempre são benéficos para os seus clubes pensando em um longo prazo. Há medo de represálias, perda de privilégios e que faz com que nada mude, e que a conta fique cada vez mais cara para o torcedor, que é efetivamente o único apaixonado e que mantém o esporte viável no país.
Assim como aconteceu com o Governo Brasileiro, o Futebol teve um período econômico favorável, que se bem aproveitado com mudanças pontuais na estrutura, poderia recoloca-lo no caminho dos grandes campeonatos com visibilidade mundial. Porém não houve a preocupação com o legado, e agora, passado o período de visibilidade da Copa do Mundo, ficarão vultosas dívidas e constantes atrasos de salários para serem administrados, que farão com que o futebol brasileiro perca jogadores para outros mercados emergentes, já que a Europa está muito mais cautelosa para contratar jogadores brasileiros em virtude da crise econômica que ainda assola o continente e da queda do nível técnico do nosso futebol.
O Campeonato Brasileiro começará no próximo sábado e pouco se fala em favoritos e no próprio campeonato, a não ser nas chamadas das emissoras que transmitirão o torneio. Não há um mínimo de empolgação, que é retratado pela baixa audiência e ocupação dos estádios neste início de temporada, salvo raríssimas exceções como jogos pontuais da Libertadores e algumas decisões dos Estaduais. Hoje eu não apontaria nenhum favorito para o principal torneio nacional, apenas times que largam na frente (que escreverei em um próximo post).
Enquanto os torcedores se aventuram a ir aos jogos aqui no Brasil em busca da sorte em ver um bom jogo, algo raro e que depende muito mais das falhas defensivas do que do mérito dos atacantes, temos seguidamente grandes partidas pelos nacionais europeus, além das ligas do continente. Hoje, um jogo da Champions League possui audiência expressiva na TV Aberta, enquanto que alguns confrontos de campeonatos nacionais europeus batem audiência de canais abertos, mesmo sendo restritos (TV Paga). Se as direções das emissoras concorrentes tivessem a visão de investir nos campeonatos europeus, que contém os melhores jogadores, conquistaria um nicho cada vez maior de público que está insatisfeito com o futebol nacional.
O futebol brasileiro precisa se modernizar tanto dentro de campo quanto fora. É inegável que o maior acesso à TV Paga e à Internet fará com que os brasileiros passem a preferir um produto mais atrativo, vindo a reduzir ainda mais a importância do futebol brasileiro em um médio/longo prazo.
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