domingo, 24 de novembro de 2013

Inter não vence o Coritiba, mas escapa virtualmente do Z4

Pela 36ª rodada do Campeonato Brasileiro, o Internacional empatou com Coritiba em um duelo tido como de 6 pontos, pois se tratava de um adversário direto na luta pelo não rebaixamento para a Série B. O Colorado só não podia perder a partida para não se complicar, e o empate tornou improvável o descenso, já que além do time perder os jogos contra Corinthians e Ponte Preta, uma remota combinação de resultados teria que ocorrer para ocorrer o pior. 

No jogo, o Inter apresentou dois tempos distintos, onde no primeiro dominou o adversário, criando várias chances de gols, porém acumulando desperdícios. O Coritiba praticamente não atacou na etapa inicial, vindo a tentar timidamente sair para o jogo na segunda, quando o Inter parecia cansado e afobado, permitindo que os paranaenses conseguissem algumas vantagens ofensivas. No fim, faltou qualidade para ambos os times, que fizeram jus às suas colocações no campeonato.

O rebaixamento já pode ser considerado improvável para o Inter, já que nunca um time caiu com 46 pontos (em 38 jogos). Porém é necessário refletir sobre a campanha do time e chegar à conclusão que o motivo do não descenso é a sequencia de 4 vitórias na volta do Campeonato após a disputa da Copa das Confederações, quando o time bateu Vasco (5x3), Fluminense (3x2), Flamengo (1x0) e São Paulo (1x0). Não fosse essa arrancada, e o clube estaria virtualmente rebaixado. Vou provar isso na tabela abaixo.


Os 12 pontos preciosos foram um desnível da curva referente a campanha do time no Campeonato. Apesar de ter nomes consagrados, o Inter foi um dos piores times do Brasileirão e necessitará de uma grande reformulação para que não comece 2014 ameaçado pelo rebaixamento. Quem dera se isso fosse meramente pessimismo meu, mas os números da campanha de 2013 provam que detalhes impediram (ou impedirão) o rebaixamento do time. 

No post anterior (Volta ao status quo) expliquei motivos extracampo que fazem com que exista a derrocada do clube, que poderá culminar em uma grande mancha para a instituição. O clube não tem novas lideranças políticas, enquanto as antigas estão presas às suas vaidades, que em muitos casos é maior do que o amor ao próprio clube. 

Crédito: AI Inter
Não há mais cuidado com a qualidade no departamento de futebol, e hoje são contratados jogadores que não foram bem avaliados e, ou não tem condições de vestir a camisa do time por deficiência técnica, ou não estão em um bom momento na carreira, seja descendente pela idade ou em virtude de problemas externos.  Ainda vejo uma falta de comando da direção, que chega ao vestiário e deixam os jogadores em uma eterna zona de conforto, tornando o clube o melhor lugar para trabalhar,  já que há salários altos para pouca cobrança no quesito produção.

Infelizmente não há mais nada de novo a destacar sobre a temporada do Inter, senão os posts serão exageradamente repetitivos. A temporada de 2013 foi vexatória e o resultado dos últimos jogos apenas servirá para agravar ou atenuar o vexame.

Aos poucos, todos estão se acordando para a drástica queda vivida pelo clube após sua era de vitórias (2006-2010/11).

domingo, 17 de novembro de 2013

Volta ao status quo

Neste domingo, o Inter foi derrotado pelo Goiás no Serra Dourada por 3x1. O revés, combinado com os resultados paralelos deixaram o time apenas quatro pontos à frente da Zona de Rebaixamento, faltando nove pontos em disputa. 

Apesar de considerar remota a chance do clube cair, na próxima rodada o Internacional terá um duelo direto contra o Coritiba no Centenário, e uma vitória tirará matematicamente qualquer chance de queda. Porém uma derrota poderá deixa-lo apenas um ponto à frente do Z4.  Hoje, o Coxa é o 17º colocado, e virá com mudanças após a queda de Péricles Chamusca após a derrota contra o Criciúma por 2x1 no Couto Pereira.

Como trato a possibilidade como remota, é sinal que não acredito no rebaixamento do clube nesta temporada, apesar de todo o esforço que parece estar sendo feito para esta tragédia. A atual gestão do clube já vinha cometendo muitos erros nos últimos anos, e neste, combinado com a ausência do Beira-Rio, fez com que o clube pela primeira vez desde 2002 esteja efetivamente na luta contra o rebaixamento. 

É hora de uma profunda reflexão no Internacional . O período das grandes conquistas já se encerrou (2006-2010/11), e agora o que parece também ter saturado é o modelo de gestão, que desde 2002 revolucionou o clube e o levou as maiores conquistas de sua história. Fernando Carvalho, Vitório Piffero e Giovanni Luigi formaram a uma gestão que, se hoje não é tão homogênea politicamente, tem ideias semelhantes de administrar o clube. 

Já é certo que Luigi comandará o clube no próximo ano, porém é necessário que o dirigente reinvente a forma de administrar o clube, pois hoje o Internacional tem uma das folhas de pagamento mais caras do futebol brasileiro, porém nunca teve um grupo com tão pouca qualidade e comprometimento. O comandante não conseguiu formar uma equipe de dirigentes capaz de assessorá-lo na montagem do plantel, e hoje o clube conta com atletas caríssimos que possuem deficiência técnica em virtude da idade avançada ou por erro de avaliação, bem como atletas com falta de comprometimento que dificultam a evolução da montagem do time. 

Aos que acham que é apenas dispensar jogadores no final deste ano e contratar um técnico, tenho que dar a triste notícia que dificilmente o Internacional terá uma significativa alteração no grupo de jogadores. O motivo é simples: O grupo é formado por vários atletas caros, que possuem contratos longos e cuja rescisão seria milionária. Para completar, a maioria destes atletas recebe um salário acima da média nacional, e somado com os seus desempenhos, dificilmente possibilitariam que o clube pudesse coloca-los em outros clubes sem se desonerar financeiramente. Apenas os contratos de Gabriel, Índio e Kléber se encerram ao final desta temporada e não tenho a convicção que todos irão embora. 

Para completar, a saúde financeira não está tão bem, e o clube projeta terminar 2013 com um déficit significativo, o que exigirá a obtenção de receitas extraordinárias, leia-se negociar atletas. Se vier uma proposta tentadora por alguns de seus (poucos) jogadores negociáveis, o clube dificilmente os segurariam. Até neste ponto o Internacional está mal, pois hoje teria basicamente Otávio e Leandro Damião como jogadores negociáveis, sendo que o centroavante está em má fase e vem sistematicamente se desvalorizando no mercado.

Erros constantes de gestão e dificuldades financeiras simbolizam um fim de ciclo no clube. A atual gestão (leia-se Carvalho e seus sucessores) foi capaz de tirar o clube da posição de coadjuvante e alça-lo a de protagonista, porém o sucesso, de certa forma repentino, fez com que a forma de administrar o clube e o seu departamento de futebol fosse alterada. Se no início a utilização de pratas da casa e a contratação de apostas e alguns jogadores de maior renome funcionavam, hoje a contratação de apostas e medalhões sem o critério necessário, está levando o clube ao seu status quo, que foi o ano de 2002. 

Hoje, a gestão parece ter desmontado a estrutura iniciada por Medina em 2000, quando este chegou a afirmar que em alguns anos o clube voltaria ao caminho das grandes conquistas. Muitas ações planejadas foram realizadas e o clube realmente colheu frutos depois. Porém hoje o Internacional não tem mais formado jogadores com tanta qualidade e tem gastado muito para obter pouco resultado. Todos os clubes acabam passando por isso, porém nem todos deram uma volta por cima sem ter sofrido grandes vexames, como um rebaixamento. 

O que preocupa é que o Inter continua sem uma oposição forte, que seja capaz de conquistar os votos necessários para assumir o clube e revolucioná-lo. Na dúvida, os colorados sempre darão crédito a quem melhorou o clube, mesmo que hoje estes não consigam fazer o melhor para o Colorado. 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Brasileirão 2013 – R33

O Campeonato Brasileiro está chegando à reta final e ainda promete algumas disputas quanto ao G4 (que poderá ser G3 ou G5) para a Libertadores e o Z4, a temida zona de descenso.

O titulo já tem dono desde o início do segundo turno, com a arrancada do Cruzeiro sem que houvesse outro time capaz de acompanha-lo, e provavelmente será confirmado matematicamente nas próximas 2 rodadas, já que não descartaria um insucesso do time contra o bom Vitória para fazer festa em casa diante da Ponte Preta.

Além do Cruzeiro, o Náutico também destoou, só que de forma negativa, já decretando com muita antecedência o seu descenso. No mais, apenas destacaria o Atlético Paranaense. A campanha do time é diferenciada e se não fosse uma má jornada no início do campeonato, provavelmente já teria assegurado o vice-campeonato com uma vantagem mais folgada do que está hoje, mas sem conseguir acompanhar o Cruzeiro por ser tecnicamente inferior ao time mineiro.

No mais, o campeonato reserva muito perde e ganha, o que lhe faz nivelado por baixo. Uma prova é o terceiro colocado (Grêmio) ter apenas 54,5% de aproveitamento enquanto que o 16º (Vasco) tem 37%.

Grêmio e Botafogo ainda estão na zona da Libertadores, isto se contabilizarmo-la  como G4, já que o Brasil colocará uma equipe na final da Copa Sul-Americana, cujo campeão ganhará uma vaga para a Libertadores e tirará uma vaga do Brasileirão. Por outro lado, o Atlético-PR está na final da Copa do Brasil, e caso seja campeão, abrirá uma vaga via Campeonato Brasileiro para a Libertadores.  

A dupla só ainda está em 3º e 4º respectivamente devido a gordura acumulada ao longo do primeiro turno, que fez com que outros clubes tenham chegado, mas ainda sem conseguir ultrapassá-los. Enquanto Botafogo e Grêmio fizeram 36 e 34 pontos no primeiro turno em 2º e 3º lugares respectivamente, ambos fazem apenas campanhas modestas neste segundo turno, onde o Grêmio é o 9º com 20 pontos e o Botafogo é o 11º com 17 pontos. Para efeito de comparação, Vitória e Goiás marcaram 27 e 28 pontos nestes últimos 14 jogos, reduzindo a distancia que parecia definida entre os times que formavam o G4.
  
Vários são os motivos para explicar a queda drástica dos times. No Botafogo posso elencar como o acúmulo de jogos, que fez o elenco pouco numeroso do time carioca sentir com as lesões, suspensões e saídas, além do desgaste dos seus principais jogadores. O Grêmio teve uma impressionante ascensão com o esquema de três zagueiros de Renato Portaluppi, porém o esquema-surpresa tinha validade, e ao invés de aperfeiçoá-lo, o treinador acabou modificando constantemente o seu esquema de jogo para acomodar Vargas, e hoje vê o seu time em crise técnica e sem um esquema definido que possa convencer nesta reta final de campeonato. O time perdeu a consistência defensiva e não marca gols, e se não conseguir um fato novo, acabará apenas esquentando a vaga para outra equipe.

Vitória e Goiás me surpreenderam com as campanhas deste segundo turno, pois não botava fé nos seus times. O time baiano até começou surpreendendo, porém caiu drasticamente de produção e chegou e ficar perto da zona de descenso. Porém faz um grande segundo turno e está na luta para a vaga na Libertadores, apesar de considerar mínimas as suas chances. Já o Goiás eu tenho uma maior convicção que possa conquistar o feito. O time conseguiu desenvolver-se tendo o gorducho Walter como referência. O jogador se machucou, e a sua ausência impactou negativamente ao time nas semifinais da Copa do Brasil, onde o clube foi eliminado pelo Flamengo com duas derrotas. Não sei sobre as condições físicas do atacante, mas o seu retorno é imprescindível para que o time possa ultrapassar Grêmio e Botafogo.

Na luta contra o rebaixamento, temos sete equipes tentando fugir das três vagas para a série B. Coritiba, Portuguesa, Bahia, Vasco, Criciúma, Fluminense e Ponte Preta deverão lutar até o final para escapar da queda. O time de campinas parece estar condenado, sobrando duas vagas onde Fluminense e Vasco tentam evitar o maior fiasco da história do futebol carioca, com dois clubes grandes rebaixados no mesmo campeonato. A tarefa é dura para ambos, porém Criciúma, Bahia e Portuguesa poderão facilitar a permanência dos cariocas. Eu sinceramente não acredito em uma queda do Coritiba, apesar do time paranaense estar próximo ao olho do furacão.

Em função do esvaziamento da Copa Sul-Americana e tendo a Libertadores e Copa do Brasil como concorrentes nas etapas inicial e final respectivamente, somado com a paralisação em virtude da Copa das Confederações, o Campeonato Brasileiro não gerou a mesma empolgação pelos admiradores do futebol e ficou relegado a um segundo plano, fato que pode ser comprovado pelas baixas audiências, apesar da emissora detentora dos direitos de transmissão focá-lo em Corinthians e Flamengo como os protagonistas.


Vejo a fórmula dos pontos corridos como consolidada, não sendo o real motivo pelo desinteresse. O que está acontecendo é que quem comanda o futebol brasileiro (CBF e emissoras de TV) ainda não conseguiram transformá-lo em produto que traga retorno financeiro a todos, maximizando a arrecadação potencial, audiência e presença de público nos estádios.  O Brasileirão sofre por estar em meio a outros campeonatos, sem ter um ritmo de evolução definido. Se começasse em Fevereiro ou Março, com uma melhor distribuição dos outros campeonatos, não haveria a polarização em outros campeonatos, o que acabaria valorizando o nacional brasileiro.  

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Dupla Gre-Nal precisa urgentemente rever suas gestões

Com a eliminação do Grêmio na Copa do Brasil diante do Atlético-PR nesta última quarta-feira, a dupla Gre-Nal fracassou em 2013, ficando sem nenhum titulo relevante para celebrar. No entanto, os clubes gaúchos jamais gastaram tanto e terminarão a temporada com um déficit gigantesco, que comprometerá as finanças dos clubes em um curto e médio prazo.
  
Com políticas de administração semelhantes, baseadas na contratação de medalhões que geram um alto custo mensal, além de supervalorizar jogadores comuns, Grêmio e Inter marcaram passo mais uma vez, pois não tiveram competência para montar times competitivos e vencer clubes com orçamentos mais modestos, que conseguiram se organizar com as suas limitações e terminarão o ano em melhor situação. 

Se o resultado de todo investimento feito é um titulo (Gauchão pelo Inter) e a possibilidade de uma vaga na Libertadores (pelo Grêmio, que começa a ficar complicada), é sinal que o modelo de gestão do futebol de 2013 fracassou.

Vão-se as oportunidades de conquistar títulos relevantes e ficam-se os déficits, já que tanto Grêmio quanto o Internacional, terão que administrar pendências milionárias para o(s) próximo(s) ano(s), e provavelmente perderão muita competitividade caso não consigam organizar-se com elencos mais modestos. Segundo informações divulgadas pela imprensa gaúcha, o Internacional deverá terminar o ano com déficit entre R$ 35 a 40 milhões, enquanto que o do Grêmio terminará entre R$ 90 a 100 milhões de reais.

É bem verdade que ambos estão lidando com problemas em seus estádios. O Grêmio tenta renegociar o seu contrato com a OAS, que promete reduzir este déficit, enquanto o Internacional não teve a sua casa em 2013 e acusa perda de receitas, porém já é fato que a dupla acabou gastando muito mais do que deveria no futebol, principalmente em contratações com valores irresponsáveis e que não deram o resultado esperado.

Agora ambas as direções lidam com dilemas, tendo em vista que a maior parte dos contratos dos medalhões são longos, necessitando uma negociação/acordo para que possam desonerar suas folhas de pagamento e promover renovação de seus planteis. O pior é que a dupla se notabilizou por pagar salários em valores acima dos praticados pela média dos outros clubes, o que dificulta ainda mais eventuais negociações sem que o clube aumente o seu passivo. 

Tanto o Internacional quanto o Grêmio terão que reduzir os gastos com futebol, não somente em virtude do déficit, mas sim em função do custo x benefício que o alto investimento trouxe, passando a investir mais nas categorias de base e na contratação de jovens jogadores.

O futebol brasileiro necessita de uma gestão de clubes mais responsável e que limite os gastos ao valor orçado no início da temporada. Além disso, é necessário um dinamismo para obter receitas ordinárias e isso só ocorrerá com a profissionalização da gestão dos clubes, visando minimizar os erros e maximizar os acertos, de forma que o clube possa disputar títulos sem comprometer-se financeiramente. Hoje, no Brasil, poucos clubes possuem gestões racionais e, apesar do incremento de receitas devido às renegociações de contrato com a TV, grande parte encerrará o ano com déficit.