Nesta sexta-feira, o Atlético de Madrid venceu o Elche por 2x0, gols de Miranda e Diego Costa. Os madrilenses chegaram aos 85 pontos com incríveis 27 vitórias, contra 79 pontos do Real Madrid e 78 do Barcelona, sendo que estes ainda jogarão na rodada.
Restando quatro rodadas para o fim e tendo a vantagem nos critérios de desempate contra o Real, o Atlético está, na prática, a três vitórias de conquistar um histórico Campeonato Espanhol, marcado pela desigualdade de divisão de receitas de TV, e que valorizam ainda mais a conquista dos comandados por Simeone. Salvo se um desastre ocorrer, o Atlético de Madrid também quebrará uma sequencia de Campeão e Vice alternados de Real Madrid e Barcelona, que já perdura 5 temporadas consecutivas. E se levar apenas em conta o título, a hegemonia já chega a 9 temporadas, desde o título do Valência na temporada 2003/04.
O período de supremacia regula com a mudança na forma de distribuição dos direitos de TV, que passaram a ser negociados individualmente entre os clubes e que favoreceram a dupla mais popular da Espanha. O Real Madrid sempre foi o clube mais rico do país, enquanto o Barcelona ganhou um novo status a partir da era Cruyf e da revolução proporcionada no seu futebol, fazendo com que ambos tenham uma grandeza maior que os demais, mas sempre seguida de perto por outros times do país, como o La Coruña, Valência, Atlético de Madrid, Bétis e Sevilla. Se antes, estes clubes conseguiam rivalizar e até conquistar campeonatos, hoje disputam o troféu do 3º lugar, o que acaba canonizando a campanha que o Atlético está fazendo este ano.
No último dado que obtive pela internet, e que por ser de 2009/10 está desatualizado, Barcelona e Real Madrid faturavam 140 milhões de Euros anuais da TV enquanto Valencia 44, Atlético de Madrid 42, e assim por diante, sempre em valores menores, ao ponto que os times recém promovidos da segunda divisão chegavam a faturar 20 vezes menos que a dupla suprema. Levando em conta que a grandeza de Barcelona e Real Madrid faz com que os clubes ganhem outras receitas robustas, a desigualdade fica ainda maior, a ponto de o Estado espanhol agir, obrigando que os clubes a partir de 2015 voltem a negociar conjuntamente, o que trará benefícios para os clubes que hoje faturam menos.
Só o fato de o Atlético de Madrid disputar até o fim o titulo espanhol, trouxe uma nova visibilidade à Liga, que estava enfraquecida e restrita aos dérbis entre Real Madrid e Barcelona. Um título do time de Simeone colocará o time na história, como um símbolo da resistência da competitividade (origem) do futebol, que o tornou tão popular como é hoje. É evidente que a globalização atinge o esporte, porém o espírito de competição precisa ser preservado.
O Atlético ainda tem a chance de ampliar o seu feito conquistando a Europa, pois o time duelará com o Chelsea pelas semifinais da Champions League. Não é o favorito para o confronto, porém tem um time com condições de bater os ingleses, e aí a final é apenas um jogo, o que facilita contra um Bayern ou Real Madrid. Dois títulos seria algo sensacional, para deixar o time nos livros de história para sempre ser lembrado, com um bom time montado e otimizado por Simeone, com inovações táticas e um espírito de competição diferente dos demais times europeus, mais próximo ao que vemos na Libertadores.
Ao final da temporada, veremos a dura realidade de um provável desmanche no Atlético de Madrid, que não tem condições de competir com os endinheirados clubes. Por isso, torço para que faça história e signifique um marco em busca da manutenção do espirito competitivo do esporte.
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