segunda-feira, 30 de junho de 2014

Alemanha bate Argélia com sofrimento na prorrogação


Na despedida do Estádio Beira-Rio da Copa, a Alemanha sofreu, mas conseguiu se classificar para as quartas-de-finais para pegar a França ao vencer a Argélia por 2x1 na prorrogação, após um complicado 0x0 no tempo normal.  

O primeiro tempo foi difícil para a Alemanha, já que o esquema 4-3-3 de Low (que defendia no 4-1-4-1) não apresentava soluções contra a forte marcação argelina, que compactava suas linhas e ocupava os espaços na intermediária alemã, além de possibilitar o contra-ataque contra o vulnerável sistema defensivo do time alemão, composto por Mustafi, Mertesacker, Boateng e Howedes.

Slimani era muito acionado nas costas da zaga alemã, exigindo muito de Neuer, que jogou como um terceiro zagueiro, fazendo saindo da área para fazer várias intercepções. Foi a Argélia que teve as melhores chances, embora tenha ficado pouco tempo com a bola, já que a Alemanha chegou a ficar com 70% da posse de bola boa parte da primeira etapa.

Foto: ‏@fifaworldcup_pt 
No segundo tempo, a Alemanha melhorou, principalmente em virtude da alteração de Löw, que colocou Schurrle no lugar de Gotze, melhorando a movimentação ofensiva e criando alternativas com a velocidade e profundidade do substituto. O time alemão ainda teve dificuldades no início, porém na medida em que o time africano cansava e não conseguia mais impor a sua forte marcação, a Alemanha começou a empilhar chances de gols, consagrando o goleiro Mbolhi, que fez pelo menos umas 5 grandes defesas, cuja principal foi em uma cabeceada à queima-roupa de Müller.

A Argélia também encaixou alguns contra-ataques no segundo tempo, porém nenhum com grande perigo, e como a Alemanha não conseguiu resolver nos 90 minutos, foi obrigada a disputar mais 30 de prorrogação. Faltou repertório ao time alemão, que exagerou em chutes de longa distância e na bola aérea, que seria mais bem aproveitada por Klose, se o treinador alemão tivesse apostado no centroavante.

Logo no primeiro minuto do tempo-extra, a Alemanha abriria o placar com Schurrle, que se infiltrou como um centroavante para finalizar de letra um cruzamento de Müller, mostrando a eficiência de movimentação alemã após a substituição de Löw.  

Foto: ‏@fifaworldcup_pt 
O time africano não se entregou e mesmo com limitações físicas e técnicas, acabou tendo uma grande chance aos 11 minutos, quando Khedira falhou e a bola sobrou para Mostefa livre errar o gol. O castigo veio ao fim do segundo tempo, quando Özil pegou um rebote da defesa argelina, que havia salvado um chute de Schurrle em cima da linha para marcar o segundo gol e a irremediável classificação alemã, embora a Argélia ainda tenha tido forças para descontar nos acréscimos, com gol de Djabou, premiando a luta e insistência do time africano.

A Argélia surpreendeu a Alemanha e por pouco não eliminou o adversário. O time já fez história ao passar pela primeira vez para a segunda fase, e será reconhecido pela sua torcida por ter complicado a vida da Alemanha e não desistido. 

Foto: ZH
Para a Alemanha ficou o aprendizado que os 11 ideais de Löw não são suficientes quando a seleção alemã enfrenta um time que marque com intensidade, compactando suas linhas e consiga contra-atacar. A Alemanha mostrou um repertório limitado, fruto da incapacidade dos seus laterais contribuírem ofensivamente, além do fato de Schweinsteiger não estar 100% e Gotze e Ozil fazerem más partidas. O sistema defensivo também mostrou-se vulnerável, principalmente o lado direito defensivo, onde a lesão de Mustafi e a entrada de Khedira no meio, deslocando Lahm para a lateral direita acabou melhorando o setor, enquanto que a defesa levou muitas bolas nas costas.

Para o duelo contra a França, o time alemão levará o peso da camisa tricampeã para tentar desiquilibrar, já que a França mostrou mais futebol nesta edição da Copa. Será um duelo interessante, que colocará um duelo Europeu x Sul-Americano nas semifinais, já que quem passar pelo confronto pegará o vencedor de Brasil x Colômbia. 

França se classifica para as quartas com bom 2º Tempo


A França venceu a Nigéria por 2x0 no Estádio Mané Garrincha e se classificou para as quartas-de-finais, onde aguardará pelo vencedor do confronto entre Alemanha x Argélia. O jogo não foi fácil para os Les Blues, porém a entrada de Griezmann e o gol de Pogba aos 34 do segundo tempo mudaram a história da partida.

Ao contrário do que a maioria imaginava, a Nigéria surpreendeu a França, principalmente no primeiro tempo, onde o time foi superior a maior parte do tempo. O time Nigeriano até não teve mais finalizações que a França (5x6), porém teve as melhores oportunidades e chegou até a ter um gol de Emenike corretamente anulado por impedimento e um pênalti de Odemwingie não assinalado pelo árbitro. 

A França demorou a se achar na partida, e conseguiu equilibrar o confronto nos minutos finais da primeira etapa. A melhor chance francesa foi em chute de Pogba, em um momento ainda de superioridade nigeriana, que exigiu grande defesa do goleiro Enyeama.

Na segunda etapa, a Nigéria continuou melhor nos primeiros minutos, mostrando maior volume ofensivo, o que obrigou Deschamps a alterar o time ofensivamente, com a entrada de Griezmann no lugar de Giroud, centralizando definitivamente Benzema. Nos primeiros minutos, a substituição não parecia ter surtido efeito, porém, aos poucos, a França melhorou a contribuição ofensiva, e começou a pressionar, com Moses tirando em cima da linha aos 24 e o travessão evitando um gol de Cabaye em chute da entrada da área.

Foto: ‏@fifaworldcup_pt
Aos 34 minutos, Pogba marcou o gol francês, após uma cobrança de escanteio que foi mal afastada pelo goleiro Enyeama. De certo ponto, pecado para o goleiro, que vinha fazendo uma boa partida evitando vários gols com as suas defesas, e continuou mostrando a sua importância ao evitar um chute à queima-roupa de Griezmann, porém não conseguiu evitar o fogo amigo de Yobo, após cruzamento de Valbuena já aos 46, quando a classificação francesa estava sacramentada.

A Nigéria teve 75% da partida superior, porém pecou no acabamento das jogadas e nas conclusões. A França só foi a França da Copa de 2014 a partir da entrada de Griezmann, que foi determinante para dar maior volume ofensivo. Porém o grande fator determinante para o escore francês foi o gol de Pogba em falha de Enyeama, que destruiu psicologicamente o time nigeriano. 

domingo, 29 de junho de 2014

Costa Rica vence Grécia nos pênaltis e se classifica


Na Arena Pernambuco, a Costa Rica venceu nos pênaltis a Grécia e se classificou para as quartas-de-finais, onde pegará a Holanda no próximo sábado. O time não fez uma grande partida, conseguiu vantagem no placar no início do segundo tempo, porém teve um jogador expulso e permitiu a reação da Grécia no tempo normal, levando o jogo para a prorrogação e depois para os pênaltis, onde teve 100% de aproveitamento e contou com o brilho do goleiro Navas, que já havia se destacado ao longo do jogo. 

O primeiro tempo foi tecnicamente fraco, já que a Costa Rica tinha dificuldades para trabalhar a bola no campo de ataque, enquanto que a Grécia, que nunca teve um histórico de ser um primor ofensivo, conseguiu encaixar a sua tática de cozinhar o jogo, a espera da “bola boba”, oferecendo a posse de bola para o adversário, procurando retomá-la para arriscar um lançamento para Samaras ou trabalhar sem pressa a jogada.

Foram poucas chances, basicamente uma para cada lado, com Bolaños para a Costa Rica, enquanto que Salpingidis teve a melhor oportunidade do jogo, ao obrigar grande defesa de Navas. As vaias ao final da primeira etapa foram justas, já que o primeiro tempo não empolgou, sendo comparável ao do pior jogo da Copa entre Irã x Nigéria. 

No segundo tempo, a Costa Rica mostrou melhor movimentação do trio Bryan Ruiz, Bolaños e Campbell, que passaram a encontrar espaços e criar jogadas. Aos 6 minutos, saiu o gol costarriquenho, que contou com a participação do trio, com Campbell trabalhando a bola com Bolaños na esquerda e cruzou para Ruíz aparecer livre na meia lua para concluir para as redes de forma colocada, meio desajeitada.   

Fotos: @fifaworldcup_pt 
O treinador da Grécia, o português Fernando Santos, acabou abrindo o seu time para tentar a reação, com as entradas de Mitroglou e Gekas nos lugares de Salpingidis e Samaris. Por outro lado, a Costa Rica foi recuando, o que possibilitou a pressão grega, que resultou na expulsão do zagueiro Duarte aos 21, por chegar atrasado em Cholevas. O jogo acabou se tornando um ataque x defesa, com a Grécia abusando na jogada direta e bola aérea, já que não possuía criatividade para criar uma jogada consistente. O tempo foi passando e nada, até que aos 45 minutos o zagueiro Sokratis se juntou aos outros atacantes e pegou uma sobra do goleiro Navas para marcar o gol grego, que levaria o jogo para a prorrogação.

O cenário da Costa Rica era desolador, pois estava numericamente inferiorizada, enquanto que o adversário possuía uma formação mais ofensiva. Mas faltou pernas para a Grécia, que mostrou estar mais desgastada que a Costa Rica, que conseguiu se organizar e não correr riscos no primeiro tempo, enquanto que no segundo tempo, o desgaste de ter um a menos pesou, e os gregos até tentaram uma pressão nos últimos minutos, chegando a desperdiçar um contra-ataque de 5 atacantes contra dois defensores adversários, além de uma conclusão de Mitroglou no último minuto, que Navas conseguiu fechar o gol.

E o jogo foi para os pênaltis: Nas cobranças, a Costa Rica teve 100% de aproveitamento, venceu por 5x3, e conquistou a histórica vaga para as quartas-de-finais nos pés de Borges, Ruiz, Gonzalez, Campbell e Umaña. O goleiro Navas brilhou e acabou pegando a quarta cobrança da Grécia, de Gekas, enquanto Mitroglou, Lazaros e Cholevas assinalaram.

A classificação da Costa Rica é merecida mais pelo seu histórico de futebol ao longo da Copa do que pela partida de hoje, já que o time não foi bem na maior parte do tempo, devido a não encontrar soluções ofensivas no primeiro tempo e de jogar inferiorizado numericamente no segundo e na prorrogação, onde até teve um bom período no início, que foi superado em função das dificuldades físicas das peças ofensivas.

Holanda vira no fim e elimina o México


A Holanda garantiu classificação para as quartas-de-finais neste domingo, no Castelão, ao bater de virada o México por 2x1. Sneijder e Huntelaar comandaram a reação holandesa após os 40 minutos do segundo tempo superando a barreira Ochoa, que mais uma vez se destacou e foi escolhido como o melhor do jogo. Ao México, coube lamentar a sexta eliminação seguida em copas nas oitavas-de-final, onde o time já havia sido superado pela Bulgária (94), Alemanha (98), Estados Unidos (2002) e Argentina (2006 e 2010).

Tanto Holanda quanto México jogaram no 5-3-2, com Herrera mantendo o seu time-base utilizado na Copa, enquanto que o holandês van Gaal repetiu algumas soluções usadas contra o Chile e que foram bem aceitas, como a entrada de Kuyt como um ala esquerdo, enquanto que Wijnaldum começou jogando no meio-campo. No setor ofensivo, Robben jogou mais avançado ao lado de Van Persie, deixando claro que o antidoto holandês era copiar o pouco que tinha de diferente em relação ao México, já que ambos os times usam o esquema de três zagueiros desde o início da Copa.

O calor de Fortaleza foi determinante para que os times realizassem um jogo lento na primeira etapa, que contou com leve superioridade mexicana, onde o time de Miguel Herrera tomou a iniciativa e ousou um pouco mais, tendo as melhores chances, através de conclusões oriundas de jogadas de aproximação que originaram triangulações e de chutes de longa distância.

A Holanda teve uma leve superioridade na posse de bola (53 a 47%), mas visivelmente segurava o jogo em virtude do calor. Chegou apenas duas vezes, uma em um lançamento para Van Persie, que perdeu a chance, e outro em uma saída errada do time mexicano, onde Robben acabou sendo derrubado por Rafa Márquez e Moreno, em um pênalti não assinalado pelo árbitro Pedro Proença .  

Fotos: @fifaworldcup_pt
Na segunda etapa, o México fez valer a sua ousadia e abriu o placar logo aos 2 minutos, em um chute de Giovani dos Santos da intermediária. A desvantagem fez com que Van Gaal abrisse o time, transformando-o para o 4-3-3 com a entrada de Depay, enquanto que o México recuava e chegava cada vez menos. No segundo tempo, o México teve apenas cinco finalizações, sendo a maior parte após a reação holandesa, já que a preocupação era segurar o resultado através da muralha Ochoa, que já havia salvado uma cabeçada a queima-roupa de De Vrij e de um chute de Robben. 

O México recuou demais até em função das alterações de Miguel Herrera, e aceitou a pressão holandesa que estava se tornando insustentável. Ochoa defendia todos os lances que iam em direção ao gol, porém não conseguiu evitar um chute forte de Sneijder aos 42, após rebote de uma cobrança de escanteio, que deixou o jogo empatado.  

Com mais defensores e contra um time totalmente ofensivo, restava ao México segurar o empate e levar o jogo aos pênaltis, porém a Holanda tratou de matar o jogo no tempo normal, quando Robben levou vantagem pela direita e foi derrubado por Rafa Márquez. Pênalti aos 48, que Huntelaar, que havia entrado no lugar de Van Persie, cobrou com categoria para virar, transformando o que seria em uma histórica classificação mexicana em uma dramática sexta eliminação seguida na fase de oitavas-de-finais. 

Se levarmos em conta a totalidade da partida, o México merecia a classificação, pois jogou melhor ao longo de 75% da partida, porém recuou demais nos minutos finais e aceitou a pressão de uma equipe que não se desesperou com a desvantagem, graças à experiência de Sneijder, Kuyt e Robben, que souberam aproveitar todo o tempo que tinham para reagir e evitaram afobação na Holanda. Os mexicanos reclamaram muito no lance do pênalti, porém fiquei com a convicção que houve a infração, assim como também houvera no lance com Robben no primeiro tempo. Já no gol que deu o empate a Holanda, faltou algum mexicano para pegar a segunda bola na entrada da área e evitar o espaço livre para Sneijder concluir.

O México sai do Mundial de 2014 de cabeça erguida, já que por muito pouco não se classificou para a Copa. Os mexicanos dependeram da bondade dos Estados Unidos, que viraram o jogo contra o Panamá e evitaram que o adversário se classificasse, já que os mexicanos não haviam feito a lição de casa nas eliminatórias. Miguel Herrera assumiu, fez uma boa repescagem e conseguiu montar um time, formado basicamente por jogadores que atuam no México, somado com alguns jogadores que aturam na Alemanha, Espanha, Inglaterra, França e Portugal. 

Em relação a Holanda, o que me preocupa é a condição física dos jogadores. Apesar da reação no fim, era nítido que o time se preservou ao longo da maior parte do jogo, e mesmo assim, Van Persie saiu morto de cansado ao longo da segunda etapa, enquanto que outros mostraram grande desgaste físico. Já escrevi em posts anteriores que o clima está sendo determinante para a derrocada europeia nesta Copa, o que deverá fazer com que a FIFA reveja a Copa de 2022 no Catar.

sábado, 28 de junho de 2014

Maracanazo: Colômbia manda embora “El Fantasma del 50”


A Colômbia confirmou a superioridade na fase de grupos e bateu o Uruguai por 2x0, com direito a show de James Rodríguez, que virou o artilheiro isolado da Copa do Mundo com 5 gols. Os colombianos jogaram melhor e protagonizaram um Maracanazo para os Uruguaios, mandando embora o Fantasma de 50, uma figura publicitária criada pela fornecedora de material esportivo da equipe uruguaia.

A Colômbia controlou grande parte da partida, mostrando um futebol objetivo e consistente.O treinador José Pékerman escalou Jackson Martínez como titular, mantendo o esquema 4-2-3-1 com o meia revezando com Cuadrado nas pontas, enquanto que James Rodríguez ficava centralizado. A equipe mostrou movimentação e soluções ofensivas contra a retranca uruguaia, que foi escalado em um 5-3-2 pelo treinador Oscar Tabárez, deslocando Cáceres para a zaga e colocando Álvaro Pereira na esquerda, algo que já havia ocorrido no jogo anterior contra a Itália.  

No primeiro tempo, a Colômbia chegou a ter 72% de posse de bola, porém tinha dificuldades para entrar na área uruguaia em virtude do acúmulo de defensores do adversário. A solução foi chutar de média-longa distância, e o time chegou ao gol aos 27 minutos, em uma pintura de James Rodríguez, que recebeu um lançamento, dominou no peito e chutou de “sem pulo” no ângulo de Muslera. O gol concorrerá com o de Van Persie como o mais bonito da Copa até agora. 

Foto: @BBCSport
O gol obrigava o Uruguai a sair, porém o time preferiu ser mais conservador, principalmente no primeiro tempo, e restringiu-se a cruzamentos explorando o jogo aéreo ou jogada de bola parada. Quando a equipe ousava mais, dava espaços para a Colômbia explorar contra-ataques.

O segundo tempo com mais uma ducha de água fria para os uruguaios, já que logo aos 4 minutos a Colômbia marcaria o segundo, fruto de uma grande jogada coletiva que passou pelo pé de vários jogadores, com inversão de jogo, cruzamento de Armero para Cuadrado escorar para James Rodríguez infiltrar e marcar o gol que lhe daria a artilharia isolada da Copa. Além dos cinco gols marcados, James Rodríguez já possui duas assistências, o que o consolida para ser o craque do torneio, caso a Colômbia consiga ir longe na competição.

Tabárez alterou a equipe uruguaia com as entradas de Stuani, Gastón Ramírez e, depois, com Abel Hernández. Parecia (e seria) tarde demais, porém o time ficou mais ofensivo e passou a ficar com a bola. Enquanto a Colômbia teve 65% de posse de bola ao longo da primeira etapa, o percentual reduziu para 54% na segunda etapa, devido a tentativa de reação uruguaia e a queda de intensidade colombiana, cujo treinador preferiu preservar seus principais jogadores e conservar o resultado, tendo no goleiro Ospina outro destaque, já que o arqueiro fez intervenções importantes na tentativa de pressão uruguaia para tentar reduzir o prejuízo.

Foto: Folha
No fim, a Colômbia jogou melhor e mereceu passar para as quartas-de-final. Será um adversário duríssimo para o Brasil, pois tem um sistema ofensivo muito bem consolidado com a entrada de Jackson Martínez, formando um trio com Cuadrado e James Rodríguez. Fico imaginando se Falcao García tivesse condições de atuar no comando de ataque. O sistema defensivo é mais confiável que o chileno, o que exigirá criatividade do Brasil, para que a seleção brasileira não tenha o setor de meio-campo dominado novamente. 

A única coisa que me preocupou na Colômbia foi a queda drástica de intensidade no segundo tempo, onde em boa parte da segunda etapa, o Uruguai mandou na partida. Contra o Brasil isso poderá ser mortal, já que a Seleção Brasileira é muito mais bem qualificada que a uruguaia.

Já o Uruguai caiu de pé na Copa do Mundo. Fez uma boa fase de grupos, onde eliminou Inglaterra e Itália, duas potências europeias. Foi prejudicado no extracampo com o caso Suárez, perdendo força e foco para a fase de mata-mata. Além disso, mostrou um desgaste de grupo, que não foi renovado por Tabárez, mas fez um bom papel e foi até onde deu, já que não possuía tantas opções que pudessem acrescentar ao time, ainda mais sem a presença de Luisito. 

Aqui vai o vídeo do Fantasma de 50 para quem não viu.

Classificação na sorte e nas mãos de Júlio César


O Brasil se classificou para as quartas-de-finais na base da sorte e do brilho de Júlio César, depois de empatar em 1x1 no tempo normal e na prorrogação, dependendo do brilho do seu goleiro para se classificar e pegar o vencedor de Uruguai x Colômbia.

O “sofrido” confronto deu mostras, nos primeiros minutos, que seria de fácil vitória para o Brasil, já que o adversário parecia intimidado e o Brasil mostrava volume ofensivo, encaixava a marcação sob pressão no tempo de ataque e abriria o placar aos 18 minutos, com o zagueiro chileno Jara marcando contra, após cobrança de escanteio desviada por Thiago Silva. 

O Chile, que mostrava organização e opções no esquema 3-4-1-2 de Jorge Sampaoli, aos poucos, começava a sair para o jogo e ganhou um presente aos 31 minutos, quando Hulk saiu errado de bola após cobrança de lateral, e Vargas trabalhou a bola pela direita e cruzou para Sánchez empatar. 

O gol e a recuperação chilena trouxe ansiedade para o Brasil, que começou a errar na saída de bola e se movimentava pouco no ataque, o que ajudou o Chile a controlar o meio-campo.  O adversário brasileiro teve uma grande chance para marcar no final da primeira etapa, quando Luíz Gustavo saiu errado e permitiu um lançamento de Sánchez para Aránguiz com liberdade, que foi bem bloqueado por Júlio César, evitando a conclusão. 

Fotos: ‏@fifaworldcup_pt
A superioridade chilena continuou na segunda etapa, mesmo com as alterações de Felipão, que trocou seis por meia-dúzia, pois investiu em Ramires e Jô nos lugares de Fernandinho e Fred. As alterações mostraram-se inúteis, pois não trouxe nenhuma opção nova ao time, que era dependente das individualidades, do jogo aéreo contra a baixa defesa chilena ou dos erros de saída de bola do adversário, que não foram poucos, mas pouco aproveitados pela Seleção Brasileira. Neymar foi se apagando ao longo da partida, e contribuiu muito pouco a partir da segunda etapa, diminuindo ainda mais a capacidade do time em criar.  

O Chile teve a chance de matar o jogo na segunda etapa em um tabelamento chileno, que sobrou para uma conclusão de Aránguiz que exigiu grande defesa de Júlio César. O Brasil na base do “vamo que dá!” conseguiu pressionar nos minutos finais da segunda etapa, porém não evitou a prorrogação, onde o time brasileiro mostrou mais disposição e iniciativa, principalmente na primeira etapa, porém não criou nenhuma chance real de jogo.

Porém foi mais uma vez o Chile que teve a grande chance para matar a partida, em uma escapada no penúltimo minuto da prorrogação, onde Pinilla, que havia entrado ao longo da segunda etapa, levou vantagem na intermediária e livre concluiu no travessão de Júlio César. O Brasil não havia criado nada neste segundo tempo de prorrogação, e para não dizer que não concluiu, só teve uma conclusão de Ramires no último minuto da prorrogação.

E Foi para os pênaltis, onde Willian (que entrou na prorrogação no lugar de Oscar) e Hulk desperdiçaram, enquanto David Luiz, Marcelo e Neymar marcaram. O Chile começou em desvantagem, com duas defesas de Júlio César nas conclusões de Pinilla e Sánchez, e chegou a empatar graças aos desperdícios do Brasil e aos gols de Aránguiz e Díaz, porém perdeu a última cobrança com Jara, que acertou a trave, definindo o 3x2 nas cobranças.

A classificação brasileira foi até certo ponto impiedosa para o Chile, que jogou melhor ao longo da partida, e criou as melhores chances para vencer. O time de Jorge Sampaoli não fez um brilhante jogo do ponto de vista ofensivo, porém mostrou muita organização e aproximação dos quatro jogadores que formavam a linha defensiva do meio-campo: Isla, Aránguiz, Díaz e Mena.  O quarteto criava opções de tabelamento e conclusões, porém não explorou a segunda qualidade, já que foram apenas três finalizações certas na partida. 

O Brasil mostrou desorganização e falta de controle emocional. Dependeu de individualidades e dos passes longos, que mais uma vez não funcionaram. Teve até um bom início de jogo, quando conseguiu marcar sob pressão e criar dificuldades para o Chile, porém não conseguiu controlar a partida quando o time chileno conseguiu encaixar o seu jogo de meio-campo. Felipão mais uma vez foi previsível nas alterações, não criando um fato novo que pudesse acrescentar ao time.

 Se Fred foi mal, a solução foi o seu reserva, Jo, que também foi mal e mostrou que o Brasil não possui centroavantes de primeiro nível, que possa ser titular em uma Copa do Mundo. Se não há essa solução, que mude a estrutura, com o aparecimento de um falso nove, capaz de se movimentar e abrir a marcação para outras infiltrações. Neymar e Hulk poderiam ser noves “fakes”, possibilitando a entrada de mais um jogador com característica de movimentação para criar. 

Outra alteração equivocada foi a entrada de Ramires em lugar de Fernandinho, que desta vez não fez boa partida. Ramires não acrescentou, além de Felipão ter mantido o outro volante Luíz Gustavo que estava amarelado e poderia ser expulso. Por que não Hernanes? Com duas substituições sobrou apenas uma, que foi a previsível entrada de Willian no lugar de Oscar, que mais uma vez não foi bem. Oscar contribuiu apenas no jogo contra a Croácia, indo mal nos amistosos preparatórios para a Copa (Panamá e Sérvia) e contra o México e Camarões. Para o jogo das quartas-de-final, Luíz Gustavo estará fora por ter levado o segundo cartão amarelo, o que obrigará o treinador a alterar.

A impressão do jogo foi que o Brasil ganhou sobrevida, apesar de não ter merecido. Não acredito em eliminação nas quartas-de-finais, porém o Brasil hoje mostrou não ter time para enfrentar uma França ou Alemanha nas semifinais. 

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Balanço da Primeira Fase da Copa

E a primeira fase da Copa terminou, restando 16 Seleções das 32 que iniciaram para a fase de mata-mata.

Tivemos 136 gols nos 48 jogos, o que deixou a média em 2,83, a maior desde a Copa de 1970. Todas as seleções marcaram pelo menos um gol, algo que não acontecia há 4 edições. Outro dado interessante foi o baixo número de cartões, a menor média desde a Copa de 1986 com 2,9, contra os 4,2 da última Copa, mostrando que os times procuraram desburocratizar o futebol e pensar no espetáculo.

A grande decepção ficou por conta dos representantes europeus, já que dos 13 iniciantes, apenas seis (Holanda, Grécia, França, Suíça, Alemanha e Bélgica) continuam, enquanto que três campeões (Espanha, Itália e Inglaterra) já caíram fora na primeira fase.  Posso relacionar também a saída prematura da Seleção Portuguesa de Cristiano Ronaldo, melhor do mundo.

A Copa também marcou a ascensão do futebol africano, que conta pela primeira vez com dois representantes e da CONCACAF, que classificou México, Estados Unidos e Costa Rica para a segunda fase. A Confederação da América do Norte/Caribe está se definindo como a terceira força do futebol, enquanto que a África fica como a quarta.  A Ásia ficou para trás, apesar de notar melhoria no futebol, com equipes mais organizadas e com alguma qualidade técnica, porém acho excessiva a quantidade de quatro vagas para o continente. 


Assisti praticamente a todos os jogos das duas primeiras rodadas, enquanto que tive que escalonar o da terceira, em função de compromissos profissionais (não sou um profissional do jornalismo). Como destaques, poderia relacionar Neymar do Brasil; Bradley e Johnson dos Estados Unidos; Slimani e Fegouhli da Argélia; Blind, Robben e Depay da Holanda; Kross e Müller da Alemanha; Benzema, Matuidi e Valbuena da França; Bryan Ruiz e Campbell da Costa Rica; Aránguiz do Chile; Cuadrado  e James Rodríguez da Colômbia; Karnezis da Grécia; Ochoa do México; Musa da Nigéria; Messi da Argentina;  dentre outros...

A Copa tem um nível técnico surpreendente, tendo em vista o grande número de desfalques das Seleções em virtude de lesões. Muitos jogadores, dentre eles o craque Cristiano Ronaldo,  estavam descontados fisicamente em função da exigência cada vez maior das temporadas europeias de clubes, o que pode servir como atenuante para as seleções espanhola, inglesa e italiana. Outro fator é o calor no horário dos jogos, o que desgasta e dificulta a recuperação física, porém o fato de haver apenas 6 representantes europeus é decepcionante, que por pouco não se tornou um recorde negativo em virtude da classificação inesperada da Grécia.

Foto: @fifaworldcup_pt
Agora chegou a hora da verdade na Copa, e poderemos ver 16 bons jogos, com a grande possibilidade de surpresas. 

Alemanha joga pra valer e derrota os EUA


No jogo que faltou eu fazer post, em virtude de não conseguir ver ao vivo por motivos profissionais, a Alemanha venceu os Estados Unidos por 1x0 e garantiu o primeiro lugar no Grupo G, enquanto que os americanos contaram com a vitória de Portugal contra Gana para garantirem a classificação como segundo.

E o jogo não foi de compadres, pelo menos do lado alemão, como a pontuação e até a relação entre os técnicos poderia supor. Jürgen Klinsmann teve em Joachim Löw, atual treinador da Alemanha, como auxiliar na Copa de 2006. A Alemanha jogou sério e buscou a vitória, apesar de Löw ter poupado alguns jogadores, como Gotze e Khedira, e promovido a entrada de Schweinsteiger e Schürrle como titulares. 

O primeiro tempo foi muito disputado, com superioridade alemã nos primeiros minutos, com bastante volume ofensivo, apesar de o time ter concluído poucas vezes. Os Estados Unidos se arriscavam pouco, basicamente em contra-ataques, e conseguiram equilibrar a partida no momento que ajustaram a marcação, principalmente pela esquerda, onde a Alemanha levava vantagem.

O treinador alemão voltou com Klose para a segunda etapa, que está a procura de mais um gol para se tornar o maior artilheiro da história das Copas, porém foi Thomas Müller que iria marcar o gol alemão aos 9 minutos, após rebote de cobrança de escanteio, na qual o atacante, que passou a jogar mais pelas pontas, estava esperando a sobra e chutou colocado no canto do goleiro Howard. 

Foto: Terra / Reuters
Nem a desvantagem no placar entusiasmou os Estados Unidos, que pareciam estar preservando o saldo de gols e contanto com o resultado entre Portugal x Gana para avançar, já que o time se arriscou pouco e aceitou o jogo alemão, que podiam trocar passes com tranquilidade, mantendo confortáveis 63% de posse de bola (total da partida), porém sem objetividade e agressão ao adversário. No mais, houve muitas entradas ríspidas e choques, favorecidos pela chuva que caiu em Pernambuco, que fizeram com que o jogo tivesse 24 faltas (15 x 9 para os americanos), o que é um numero razoavelmente alto para uma Copa do Mundo.

E a Alemanha terminou com sete pontos, em virtude do empate contra Gana. Enfrentou problemas na primeira fase, principalmente na transição do meio-campo e na objetividade ofensiva, que pode melhorar com a entrada em definitivo de Schweinsteiger no time. O time funcionou, porém tem potencial para jogar mais, e até a vitória por 4x0 contra Portugal teve ressalvas, já que enquanto o jogo estava no 0x0 e no 11x11, o time alemão tinha dificuldades. 

Como escrevi o post após os jogos das 17h, e sei que o adversário alemão é a Argélia, projeto um jogo difícil para os alemães, já que vejo a Argélia como um fio desencapado. O time africano tem qualidade e é muito ofensivo, o que poderá complicar o jogo alemão. Já os Estados Unidos pegarão a Bélgica, em um jogo que tende a ser muito equilibrado. 

Argélia empata e consegue classificação histórica


A primeira fase da Copa teve fim hoje com os duelos do Grupo H, onde a Argélia garantiu histórica classificação para as oitavas-de-finais com o empate em 1x1 contra a Rússia. Pela primeira vez o time africano conseguiu se classificar para a segunda fase do Mundial na história.

O jogo começou difícil para a equipe argelina, já que a Rússia abriria o placar logo aos 5 minutos, com Kokorin de cabeça, após cruzamento de Kombarov. O lance foi ainda mais emblemático em virtude de Feghouli, meia direita, e quem deveria marcar os avanços do lateral russo, estar fora de campo em virtude de um sangramento. O gol dava a classificação para a Rússia, que precisava da vitória, enquanto o empate dava a classificação para a Argélia, a menos que a Coréia do Sul vencesse a Bélgica por um bom saldo de gols.

A Argélia teve muitas dificuldades para atacar na primeira etapa, pois não tinha poder de criação. Os lances mais perigosos foram na bola aérea com Slimani, que ganhava praticamente todas as disputas e exigiu pelo menos duas boas defesas do goleiro Akinfeev. O time argelino ainda teve um pênalti não assinalado, um agarrão sofrido dentro da área pelo seu jogador mais perigoso. 

A Rússia estava bem posicionada defensivamente, e jogava com a marcação adiantada, o que facilitava os contra-ataques. Porém o time europeu conseguiu encaixar poucos na partida, sendo um em chute de Shatov na primeira etapa, que passou perto, e outro com Samedov que entrou tabelando com Kokorin e exigiu boa defesa do goleiro Mbolhi. 

Foto: @fifaworldcup_pt
A Argélia possui um time ofensivo, e começou a insistir ofensivamente com maior intensidade, e chegou ao gol aos 14, após cobrança de falta de Brahimi e que Slimani contou com uma saída errada de Akinfeev para marcar o gol que daria a classificação: 1x1. Esta foi a segunda falha grave do goleiro russo na Copa, que ficou como o grande responsável pela eliminação russa, já que o time perdeu quatro pontos em virtude da sua infelicidade.

A Argélia adotou uma postura mais defensiva nos minutos finais, procurando segurar o resultado, enquanto a Rússia tentou em vão uma pressão. No fim, história para os africanos, que tiveram em Feghouli e Slimani alicerces para a inédita classificação. Ambos já têm mercado em clubes dos maiores centros europeus (Espanha e Portugal) e confirmam uma boa geração surgida no país africano, que ainda conta com outros nomes que jogam nas principais ligas europeias.

Classificação merecida, principalmente pela grande atuação diante da Coréia do Sul (4x2) e pela dificuldade imposta contra a Bélgica. O time africano jogou mais que a Rússia e mereceu a vaga, e agora voltará a Porto Alegre para pegar a Alemanha, na próxima segunda-feira pelas oitavas. A Bélgica, outro representante do Grupo H, venceu a Coréia do Sul e ficou no 1º lugar, pegando os Estados Unidos.  

quarta-feira, 25 de junho de 2014

0x0 garante primeiro da França e elimina Equador


França e Equador ficaram no 0x0 no Maracanã pelo Grupo E, resultado que garantiu o primeiro lugar da França e eliminou os sul-americanos, já que a Suíça venceu Honduras e terminou com 6 pontos, contra 4 dos equatorianos.

O jogo foi tecnicamente fraco, principalmente no primeiro tempo, onde houve muito contato físico e pouco futebol. A França não repetiu as boas atuações das duas primeiras rodadas, muito em função do treinador Deschamps poupar titulares, como Evra, Debuchy, Valbuena e Cabaye.  A classificação já estava garantida em função do alto saldo de gols, o que possibilitou ao treinador francês privilegiar a recuperação física, mas que afetou o desempenho da Seleção. Até em função desta opção, que não considerei decepcionante a partida francesa.

No segundo tempo, o Equador perdeu Antônio Valência logo no início, em função de uma entrada dura no lateral esquerdo Digne, onde o árbitro Noumandiez Doue acabou expulsando-o, após uma aparente interferência externa, já que esperou todo o longo atendimento do defensor francês para tomar uma atitude, após consultar seus assistentes. Achei exagerada a expulsão, ainda mais em função de a partida reservar outros lances ríspidos que não foram punidos, como a cotovelada de Sakho no início da partida. 

O Equador melhorou com dez jogadores, porém era tecnicamente inferior a França. O time não tinha qualidade para criar jogadas, dependendo praticamente das vantagens de Enner Valência. Já a França conseguiu encaixar vários contra-ataques no final do jogo, quando o time equatoriano não conseguia se recompor, mas esbarrou nas defesas do goleiro Dominguez, que foi a melhor figura da partida. 

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O Equador tinha uma missão muito complicada, pois precisava inicialmente vencer a França, porém como a Suíça descontou o saldo negativo que tinha em relação aos sul-americanos, a necessidade ficou maior, fazer saldo, o que inviabilizou a classificação. O time não jogou bem nenhuma partida, e foi o mais fraco representante sul-americano, colocando dúvidas sobre a real capacidade desta geração, que dependeu da campanha em casa, na altitude de Quito para se classificar para a Copa. Dos 25 pontos que deram o quarto lugar, 22 foram conquistados em casa.

O segundo lugar do grupo ficou com a Suíça, que venceu por 3x0 Honduras, no hat-trick de Shaqiri, que se tornou o 50º atleta a marcar três gols em uma mesma partida na Copa do Mundo.  O time suíço faz uma Copa mais ousada que a sua história recente, remetida a retrancas. 

Em 2006, a Suíça foi eliminada da Copa nas oitavas-de-finais sem levar nenhum gol. Este ano, sofreu seis, mas marcou sete. O treinador Ottmar Hitzfeld montou um time ofensivo, com laterais de verdade e três meias (4-2-3-1), o que trouxe volume ofensivo, mas também problemas, como no confronto contra a França (2x5). O time suíço tem mais condições de oferecer dificuldades para a Argentina do que o Equador, e formou no Grupo E o único (até agora) com duas equipes europeias classificadas.  Há a possibilidade de os Grupos G e H também conseguirem, porém a tendência é que seja o único.

Messi dá show, Argentina bate Nigéria e mantém 100%


A Argentina manteve os 100% de aproveitamento e garantiu o primeiro lugar do Grupo F ao vencer a Nigéria no Beira-Rio por 3x2, com direito a grande atuação de Messi.

Mais uma vez o jogo não foi fácil para a Argentina, que viu o adversário buscar o resultado duas vezes, precisando da individualidade de Messi para garantir a vitória e os 100%. O time argentino abriu o placar logo aos 2 minutos, após rebote de chute de Di Maria que foi na trave, porém viu a Nigéria reagir e empatar logo no minuto seguinte, após um chute cruzado de Musa, depois de jogada com Babatunde.

Com o jogo retornando ao status quo, vimos uma Argentina não muito diferente dos últimos jogos, onde teve dificuldades na transição do meio para o ataque em virtude de alguns jogadores estarem abaixo do que poderiam render, casos de Gago e Aguero. Para complicar, a defesa também dava espaços para a Nigéria, proporcionando um primeiro tempo disputado e que foi resolvido em mais um lance de habilidade de Messi, um golaço de falta no canto esquerdo do goleiro Enyeama já nos acréscimos. 

O treinador Alejandro Sabella, que preferiu utilizar o time titular para dar melhor entrosamento no sistema 4-3-3, com Messi atuando como um “falso” nove, perdeu Agüero ainda no primeiro tempo, com problemas físicos, colocando Lavezzi. Agüero não vinha fazendo boa Copa, muito em função de não ter tido sequencia no Manchester City na última temporada em virtude de lesão, porém era uma das peças na qual se depositava mais esperanças para servir Messi. 

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Na volta do segundo tempo, a Nigéria logo conseguiria o empate novamente com Musa, após tabela com Emenike. Porém a Argentina logo conseguiu o gol da vitória, mais uma vez com participação de Messi, que cobrou escanteio que Garay desviou e que bateu no joelho de Rojo e entrou. Sabella decidiu preservar Messi, mas o time argentino teve a possibilidade de matar o jogo com contra-ataques, já que a Nigéria foi com tudo para o ataque.

No final da partida, ambos os times saíram contentes. A Argentina pela vitória e a Nigéria pela classificação. A Argentina mostrou que precisa evoluir em muitos aspectos, principalmente coletivos para trazer credibilidade que poderá ser campeã. Apesar de ter evoluído coletivamente, o time segue muito dependente de Messi para conseguir vantagem nas partidas.

Já a Nigéria se tornou até então a única africana a passar para a segunda fase. Mostrou um bom futebol contra a Argentina, apesar de não ter ido bem contra o Irã e ter ido razoavelmente contra a Bósnia. 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Brasil encontra soluções no 2º Tempo e se classifica em 1º


A Seleção Brasileira teve um primeiro tempo difícil contra Camarões, porém Felipão mudou o time, encontrou Seleções e o Brasil venceu bem por 4x1, garantindo a classificação como 1º lugar do Grupo A, e enfrentará o Chile nas oitavas-de-final.

A Seleção Brasileira mostrou muitos problemas no primeiro tempo, apostando no ataque direto e apresentando deficiências defensivas, por onde Camarões conseguia liberdade para trabalhar a bola. O Brasil até começou pressionando, porém a seleção africana conseguiu se soltar na partida e ficou boa parte do primeiro tempo sem correr riscos, além de escancarar problemas no time brasileiro, desde o espaçamento no sistema defensivo, até a lentidão da transição da defesa para o ataque.

O esquema foi o mesmo dos últimos jogos, com Neymar tendo mais liberdade para centralizar, deslocando Oscar para a esquerda. O craque foi mais uma vez o nome da partida, e decidiu a primeira etapa na base da individualidade. Aos 16, se infiltrou na área como um centroavante e aparou o cruzamento de Luiz Gustavo para marcar o primeiro, fruto de uma roubada de bola pela esquerda. O segundo foi aos 34, em jogada individual, envolvendo a defesa camaronesa e chutando no canto direito do goleiro. Antes disso, aos 25, o zagueiro Matip, que no minuto anterior já havia acertado a trave, descontou, após Nyom passar com facilidade por Daniel Alves e efetuar o cruzamento.

E essa foi a história do primeiro tempo. De bom, a qualidade inquestionável de Neymar, enquanto que coletivamente a equipe brasileira preocupava, já que Camarões, que havia perdido os dois primeiros jogos e já estava eliminado, conseguiu o mesmo número de conclusões. O meio não funcionava, com Paulinho tendo mais uma atuação ruim, enquanto Oscar e Hulk foram pouco participativos. Na frente, Fred praticamente não foi acionado, o que o tornou figura nula.

Percebendo o péssimo futebol e a necessidade de mudanças, Felipão voltou com Fernandinho no lugar de Paulinho no segundo tempo. Se Paulinho foi decisivo na Copa das Confederações, e depois cometeu um erro ao se transferir para o Tottenham e não conseguir se firmar, Fernandinho teve uma boa temporada no Manchester City, que lhe credenciou à Seleção Brasileira e agora ao time titular, visto que na sua primeira jogada na segunda etapa já serviu David Luiz na esquerda, que fez o cruzamento para Fred marcar o 3x1.

Foto: @fifaworldcup_pt
O jogo ficou morno, pois o Brasil tinha uma vantagem confortável e não corria riscos, porém na outra partida o México começou a marcar gols contra a Croácia. Depois de um pênalti escandaloso cometido por Srna não ter sido assinalado, o time mexicano marcou 1x0 com Rafa Márquez de Cabeça aos 27, 2x0 com Guardado aos 30 e 3x0 com Chicharito Hernández aos 37. Naquela altura, o Brasil levava o primeiro lugar apenas no critério dos gols marcados, e mais um tento mexicano alteraria a colocação dos times. O Brasil apertou novamente e surgiu uma grande jogada de triangulação de Fernandinho com Oscar e Fred, com o meia substituto marcando 4x1, que deu tranquilidade para a Seleção Brasileira definir o primeiro lugar, somado com o gol croata de Perisic.

Fernandinho mudou a história do jogo e foi o melhor da partida, apesar da FIFA ter dado o titulo para Neymar. Imagino que a atuação da segunda etapa deu a titularidade para Fernandinho, que já merecia uma chance, pois Paulinho não atua bem desde os amistosos preparatórios para Copa do Mundo. Na frente, Willian entrou bem, voltando novamente a discussão da possível saída de Oscar, enquanto que Fred ganhou sobrevida com o gol.

 Eu gosto de centroavantes, porém se não for um excepcional, é melhor utilizar um outro jogador de movimentação, montando a estratégia do “falso” nove.  Neymar poderia ser esse nove fake, jogando centralizado e próximo ao gol, porém Felipão não deverá desistir do centroavante tão facilmente, até em função de ter Jô na reserva. Porém já penso no modelo alemão, onde Muller não é um nove de referência, porém ocupa a condição centralizada, podendo movimentar-se com os outros atacantes (Gotze e Ozil), oferecendo alternativas de jogadas.

O Brasil jogou um bom futebol no segundo tempo, talvez a melhor fase da Seleção na Copa, porém precisará evoluir para poder superar equipes mais fortes na fase de mata-mata. 

domingo, 22 de junho de 2014

Portugal se salva no fim e adia classificação dos EUA


No último jogo do domingo, em Manaus, que também marcou o último dia com três horários de jogos (começa a tensão pela proximidade do fim da Copa!), os Estados Unidos venciam Portugal até os 50 minutos do segundo tempo, quando levaram o empate, que garantiu vida para a seleção lusa até a terceira rodada, enquanto os americanos perderam a chance de classificação antecipada. 

O primeiro tempo teve leve superioridade dos Estados Unidos, que mostrou intensidade na marcação e chegou um maior número de vezes ao ataque, encerrando com um maior número de conclusões (9x8). O time saiu perdendo logo aos 5 minutos, em um cruzamento do time português, onde o defensor Cameron furou, e a bola sobrou para Nani, livre de marcação, marcar. No mais, foram várias tentativas ao longo da primeira etapa, principalmente originadas pela direita, onde o lateral Johnson levava vantagem, obrigando Paulo Bento a mudar a formação do time com a bola, para o 4-4-2, com Raul Meireles deslocado para a esquerda.

O ajuste tático não trouxe grandes melhoras defensivas para Portugal, já que os americanos seguiam explorando esse setor, e para piorar, o time perdeu André Almeida lesionado e teve que improvisar Miguel Veloso, volante, que saiu do seu setor para a esquerda com Willian entrando no time no intervalo. Portugal ainda ameaçaria no final do primeiro tempo, tendo duas grandes chances, uma com Nani, que foi na trave, após vacilo do goleiro Howard, que na sequencia fez grande defesa na conclusão de Éder, que havia entrado ao decorrer da primeira etapa, em virtude de lesão muscular de Postiga, que já substituía Hugo Almeida que também havia sofrido lesão muscular no duelo contra a Alemanha.

Foto: @goleada_info
Os Estados Unidos seguiam melhores na segunda etapa, sempre criando pela direita, onde Portugal não conseguia fechar uma avenida criada no seu sistema defensivo, por onde Johnson trabalhava. Aos 18, finalmente chegaram ao empate, em um lindo chute colocado de Jermaine Jones na entrada da área, após rebote da zaga portuguesa.  

O gol estabeleceu justiça ao placar, já que os americanos nunca foram inferiores, e obrigou Paulo Bento a alterar Portugal, com a entrada de Varela, deixando o time mais ofensivo. Klinsmann respondeu com a entrada do defensor Yedlin no lugar do meia Bedoya. Imaginei que a mudança iria dar maior liberdade para Johnson, mas isso não se confirmou, e o lateral acabou ficando mais posicionado, em virtude de já estar desgastado, além da necessidade de se defender. Porém foi em um contra-ataque, aos 36, que os Estados Unidos viraram a partida. Após mais uma jogada pela direita, a bola sobrou para Zusi que chutou e Dempsey desviou com a barriga para fazer o 2x1.

Foto: @fifaworldcup_pt
O jogo encaminhava para a classificação dos Estados Unidos e eliminação de Portugal quando aos 49 minutos, Cristiano Ronaldo acertou um cruzamento na cabeça de Varela para empatar a partida, dando lifetime para Portugal, já que a situação é muito complicada, tendo em vista o saldo de gols. Foi o primeiro grande lance de Cristiano Ronaldo na Copa, que pelo menos serviu para salvar o time. O melhor do mundo está jogando visivelmente descontado, e se não fosse uma Copa do Mundo, provavelmente nem estaria em campo, pois praticamente se arrasta em campo. 

Porém a reação portuguesa deverá ser em vão, já que um empate entre Estados Unidos e Alemanha na última rodada classifica ambos os times, o que poderá gerar um jogo de compadres. Para Portugal se classificar, além de vencer e torcer para que a seleção alemã vença os americanos, será necessário descontar o saldo que hoje é +1 para os EUA e -4 para Portugal.

Foto: @fifaworldcup_pt
Lamento a má distribuição dos grupos, em virtude do sorteio. Qualquer equipe do Grupo G, seja Alemanha, Estados Unidos, Gana ou Portugal, se classificaria pelo menos como segunda força dos grupos F (Argentina) ou H (Bélgica), e acrescentaria na fase de mata-mata. Vejo virtude em todos, e para mim é o grupo mais equilibrado da Copa, aliando qualidade, técnica e condição física. 

Faço menção aos Estados Unidos de Klinsmann. A seleção americana ainda não tem a técnica refinada das principais seleções mundiais, porém compensa com muita organização e obediência tática, além do vigor e resistência física. Possui alguns destaques, como o meia Jones e o lateral Johnson, que barbarizou nos dois jogos. Ainda possui a experiência de Bradley e Dempsey, tornando-se um fio desencapado para a fase de mata-mata, já que será muito difícil superá-lo. Porém o grupo é tão equilibrado, que não sei se a seleção conseguirá se classificar, já que um duelo contra a Alemanha será muito difícil, porém será revelador quanto ao seu potencial.