terça-feira, 29 de julho de 2014

E o escolhido foi Felipão

E o Grêmio não surpreendeu na escolha do novo treinador. Felipão foi o nome escolhido para assumir a comissão técnica do tricolor gaúcho, retornando dezoito anos depois a um reduto onde foi multicampeão, para reproduzir uma dobradinha de sucesso com Koff.

O passado vitorioso com títulos da Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro, Libertadores e Recopa Sul-Americana entre 1993-96 garante o respeito da torcida, que aprovou a sua contratação, já que o treinador ficou manchado pelo fim desastroso na sua passagem recente pelo Palmeiras, além de comandar a Seleção Brasileira no maior vexame da sua história, nos 7x1 contra a Alemanha.

Ainda não há detalhes sobre o contrato, que deverá ser até o final do ano, porém o casamento é bom para ambos os lados, já que dos nomes especulados, apenas Tite poderia dar melhor resposta levando em conta seus recentes trabalhos. Felipão é ídolo gremista, o que garantirá respaldo do torcedor, que terá paciência caso os resultados não apareçam imediatamente.

Felipão precisava retomar suas origens, para que possa dar prosseguimento a sua carreira, e nada melhor no clube onde foi feliz. Pelo lado do clube, o treinador ainda poderá ser útil nas eleições, já que a sua contratação e posterior continuidade dará vantagem à tentativa de manutenção da situação, que poderá ser encabeçada por uma reeleição de Fábio Koff. 

Já nas quatro linhas ainda olho com restrição a sua contratação, tendo em vista que o treinador mostrou estar desatualizado e enfrentou problemas até no futebol brasileiro com o Palmeiras, embora tenha conquistado com a equipe alviverde o título da Copa do Brasil. Para ter sucesso no Grêmio, Felipão terá que ir além de fatores motivacionais e emocionais, pois terá em mãos um grupo razoavelmente qualificado, que precisa de organização tática e um estilo de jogo bem definido, que possa tirar o máximo de cada peça. 

O retorno do treinador será no clássico Gre-Nal dia 10/08 no Beira-Rio. Um insucesso seria minimizado pelo fator estreia, porém um sucesso já consagraria o treinador. 

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Grêmio rasgou planejamento ao demitir Enderson

A derrota em casa por 3x2 diante do Coritiba sacramentou a queda de Enderson Moreira. O treinador não aguentou a pressão pela série de atuações ruins e resultados decepcionantes e pediu demissão, logo no terceiro jogo após a volta da Copa do Mundo. 

A saída de Enderson significa que mais uma vez o planejamento do Grêmio falhou. A falha não foi na saída propriamente dita do treinador, mas sim em um momento imediatamente após uma parada de 45 dias para a Copa do Mundo que permitia mudanças mais consistentes no planejamento, como uma revisão da Comissão Técnica. 

Enderson teve um bom momento no início da temporada, mas não conseguiu confirmar nas decisões da Libertadores e do Gauchão, além de ter iniciado o Brasileirão com uma campanha regular. As derrotas para San Lorenzo e Internacional deixou-lhe sem respaldo para continuar o trabalho, sendo mantido apenas pela convicção da direção gremista e pelos 55% de aproveitamento nos nove primeiros jogos do Brasileirão, o que deixava o time perto do G4 e com possibilidades de se consolidar na faixa dos melhores. 

Enderson ganhou os reforços de Fernandinho e Giuliano para o meio-campo, além de Matías Rodríguez para a lateral direita, porém não soube usufruir do tempo extra de preparação paar entrosá-los ao time, além de propor soluções e inovações táticas que fizessem o Grêmio jogar mais, já que os resultados do time até então no Brasileirão eram bem melhores que as atuações.

Sem soluções e tendo a implicância do torcedor, a permanência do treinador ficou inviável, terminando até com a convicção da direção, que pôde demiti-lo na parada da Copa do Mundo, mas que por oportunidade e conveniência preferiu superestimar as contratações, que ainda levarão algum tempo para chegar à plenitude física e técnica.  

Os nomes de Tite, Sabella e Felipão são os mais especulados como substitutos. Tite é o preferido da torcida, porém tem pretensões de treinar no exterior e praticamente descartou a possibilidade, enquanto os outros nomes são caros e precisariam aceitar um contrato até o fim da temporada, já que ao final do ano haverá novas eleições presidenciais no clube, o que inviabilizaria um contrato mais longo. 

Já é certo que o novo treinador entrará para apagar incêndio e quiçá levar o time para uma conquista da Copa do Brasil ou um G4 no Brasileirão. Não haverá um planejamento de médio-longo prazo, o que já pesará na escolha do treinador e fará o seu trabalho tender ao insucesso. 

Sem ganhar um título relevante desde a Copa do Brasil de 2001, o Grêmio sucumbe na queda de braço entre uma tentativa de planejamento e os resultados de curto prazo. O clube perdeu o “timing” da mudança de treinador, o que faz com que convicções não existam na prática, e o clube fique em um círculo vicioso de mudança consecutiva de treinadores, onde desde Mano Menezes em 2007, nenhum conseguiu treinar o clube por uma temporada inteira. 

O Grêmio está conseguindo montar um grupo com opções qualificadas, embora alguns setores ainda estejam carentes. O problema será acertar um planejamento que englobe um técnico que consiga tirar o máximo deste grupo. Pelo jeito, ficará para o próximo ano. 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Inter decepciona na volta do Brasileirão

O Internacional mostrou pouco futebol e decepcionou na retomada do Brasileirão ao ser derrotado pelo Corinthians por 2x1 na Arena Corinthians, em São Paulo.  O desapontamento não foi nem tanto pelo placar, já que o Corinthians preferiu administrar o escore favorável desde o primeiro tempo e pouco se arriscou ao ataque, porém o Internacional jogou muito pouco e sequer apresentou oportunidades para ambicionar algo melhor no jogo.

Sem Aránguiz, Abel Braga preferiu colocar João Afonso como volante, enquanto Jorge Henrique seguiu prestigiado no meio-campo e a lateral direita contou com a estreia de Wellington Silva, vindo do Fluminense a pedido do treinador. O lateral direito mostrou muitas limitações e começou muito mal o jogo, tanto que os dois gols do Corinthians surgiram ou se desenrolaram no seu lado.

Aos sete minutos, Guerrero receberia um passe açucarado de Jadson para abrir o placar, enquanto que dois minutos depois, o Timão faria o segundo com Fágner entrando livre pela direita depois de jogada de Luciano na esquerda, nas costas de Wellington Silva, que naquele momento tinha uma atuação constrangedora. O lateral até conseguiu superar o trágico início de jornada e contribuiu para que o time descontasse no segundo tempo, porém deixou muitos no seu setor, por onde o Corinthians teve as melhores chances da partida, apesar do time paulista ter chegado pouco ao ataque.

O Corinthians praticamente desistiu do jogo após os gols, e basicamente administrou a partida por 80 minutos. Levando em conta as duas conclusões certas dos gols antes dos dez minutos, o time concluiu apenas mais quatro vezes ao longo do restante da partida, onde somente um foi em direção ao gol, mostrando inoperância ofensiva que fez com que a vitória não tenha sido brilhante.

Foto: AI Inter
Abel Braga percebeu ainda na primeira etapa que errou ao colocar João Afonso, que não vinha contribuindo no meio-campo além de já estar amarelado e perigando ser expulso, e colocou Claudio Winck na função. O time passou a ter mais posse de bola, porém mostrou-se burocrático e previsível, criando poucas chances. 

O Inter só viria a melhorar com a entrada de Valdívia no lugar de Jorge Henrique em meio a segunda etapa, quando efetivamente conseguiu criar chances de gols, onde a primeira foi com o próprio jovem meia, que recebeu um cruzamento e de cabeça obrigou o goleiro Cássio a fazer grande defesa. O time ainda encontrou forças para descontar já nos acréscimos, com Winck marcando de cabeça e confirmando a sua boa entrada, além de injustificar a opção de Abel em ter começado com João Afonso. Um dos motivos para o equivoco do treinador foi ter realizado apenas dois coletivos ao longo de toda a intertemporada.

O saldo da derrota foi que o Inter não aproveitou o período da parada da Copa do Mundo para reforçar o seu grupo, bem como entrosar mais o time com opções de jogadas e movimentações. O time colorado foi muito dependente do jogo direto e de cruzamentos, não conseguindo uma única vantagem ofensiva em lance de aproximação e tabelamento. Para complicar, a defesa mostrou-se deficiente principalmente no início da partida, onde o Corinthians teve todos os espaços do mundo. A análise defensiva do restante da partida ficou prejudicada em virtude do Corinthians ter atacado pouco. 

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Grêmio fica no 0x0 em reestreia do Brasileirão

E na volta do Campeonato Brasileiro depois da pausa para a Copa do Mundo, o Grêmio não saiu do 0x0 contra o Goiás na Arena, marcando passo na tabela e desanimando seus torcedores que esperavam uma vitória com boa atuação.

Sem ainda contar com todos os reforços, como o lateral Matías Rodríguez e o meia Fernandinho, mas contando com o grande reforço para o restante da temporada, o meia Giuliano, o Grêmio continuou apresentando deficiências ofensivas, que lhe fizeram perder dois pontos importantes na luta pela parte de cima da tabela. 

Enderson escalou o time no 4-2-3-1, com o zagueiro Saimon atuando na lateral esquerda, Riveros e Ramiro como volantes e um Giuliano comandando o trio de meias formado juntamente com Alan Ruíz e Luan, que tinham a função de abastecer Barcos. O time mostrou muito desentrosamento e problemas na transição e aproximação dos meias, que detinham a exclusividade de movimentação, já que não havia a chegada dos laterais e a presença dos volantes para o tabelamento ou infiltração era rara. Porém houve pouca profundidade, o que reduziu as chances de vantagem ofensiva contra a bem postada defesa do Goiás. 

Mesmo assim, o Grêmio conseguiu criar algumas chances, basicamente em lances individuais, com Barcos tendo pelo menos três chances para marcar, enquanto que Luan teve a outra grande chance do time na primeira etapa. Giuliano foi participativo principalmente na primeira etapa, conseguindo criar jogadas, enquanto que Luan foi o único jogador que mostrou movimentação e velocidade na frente. Ambos cairiam de produção na segunda etapa em virtude do cansaço.

Foto: Gremio.NET
Na segunda etapa, o Grêmio até teve momentos de pressão no início do jogo, conseguindo duas conclusões com Alan Ruíz, uma em tabelamento com Giuliano, porém o time caiu de desempenho principalmente após as alterações de Enderson Moreira, que retirou Ramiro para entrada de Dudu, Barcos para a entrada de Lucas Coelho e Ruíz para a entrada de Zé Roberto. O time perde ainda mais qualidade na transição, o que fez com que a bola chegasse quadrada no setor ofensivo, facilitando a marcação do Goiás.  Com isso, o time dependeu exclusivamente das individualidades e de chutes de fora da área, onde Lucas Coelho acabou acertando a trave aos 35 minutos, na melhor chance do Grêmio na partida.

 O Goiás foi conservador ao longo do jogo, e praticamente apenas se defendeu. O time passou a se arriscar mais ao ataque na parte final da segunda etapa, aproveitando-se da desorganização gremista para incomodar o adversário, porém o time parecia satisfeito com o empate em Porto Alegre e preferiu não se esforçar para buscar a vitória. Mesmo assim, a equipe esmeraldina mostrou deficiências defensivas do Grêmio, que mesmo tendo um zagueiro na lateral esquerda e Riveros jogando praticamente como um zagueiro quando o time se defendia, o tricolor gaúcho correu riscos, e Marcelo Grohe teve que efetuar algumas intervenções importantes ao longo do jogo. 

O placar de 0x0 trará muitos questionamentos ao Grêmio, em virtude de o time não apresentar uma atuação satisfatória, além de continuar com alguns problemas ofensivos que eram vistos antes da Copa, como por exemplo, a pouca contribuição de Barcos. O pirata foi substituído nos segundo tempo diante de muitas vaias, e o seu período de titularidade poderá estar chegando ao fim. Uma solução seria Enderson abrir mão do tradicional centroavante de referência para colocar mais um meia, que pode ser Dudu ou Rodriguinho, criando a alternativa do “falso 9”. 

Volta à realidade: Brasileirão recomeça hoje

Depois de 32 dias desfrutando a “Copa das Copas” no seu território, a partir de hoje o brasileiro admirador do futebol terá que voltar à dura realidade do Brasileirão com seus jogos ruins, de precariedade técnica e de pouco tempo de bola rolando, apesar do ingresso cobrado na maioria dos palcos ser maior do que o que o valor pago para assistir aos maiores jogadores do mundo em um evento singular realizado a cada quatro anos.

O Brasileirão deveria recomeçar em clima de desconfiança, depois do povo brasileiro presenciar uma intensa competição de qualidade contrastante ao que estava acostumado a assistir, porém o fanatismo pela sua equipe driblará problemas como ingressos caros, desperdícios de recursos por parte do seu amado clube, falta de qualidade e métodos e táticas obsoletas dos treinadores. O assunto mudança no Futebol Brasileiro será esquecido em detrimento ao famoso “bamu apoiar”, que não se importa com jogos ruins, péssima arbitragem e pouca qualidade de suas equipes.

Alguns clubes aproveitaram a parada da Copa do Mundo para reformular seus plantéis,  trocando peças que não obtiveram rendimento esperado para promissores reforços, dentro das limitações técnicas que o futebol brasileiro oferece.  São os casos de Cruzeiro, Fluminense, Corinthians e Grêmio, que melhoraram seus elencos em relação à primeira parte do Campeonato. 

O Cruzeiro, atual líder do Brasileirão trouxe o zagueiro Manoel, destaque do Atlético-PR, o atacante Neílton, tido como revelação do Santos e Marquinhos, outra revelação do Vitória. O time acabou perdendo o volante Souza (Santos) e o atacante Luan (Al Sharjah-EAU), mas o elenco ganhou qualidade e o time seguirá como favorito para o bicampeonato. O Corinthians foi o segundo que melhor se reforçou, com as chegadas de Elias (que finalmente poderá ser escalado) e Lodeiro para o meio-campo, além do zagueiro Anderson Martins e de Ángel Romero para o ataque. Mano Menezes terá um elenco forte a disposição, e o Corinthians surge como o grande adversário do Cruzeiro para a conquista do título.

Outro que se reforçou muito bem foi o Grêmio, que trouxe duas grandes opções para o meio-campo: Giuliano (ex-jogador do Internacional) e Fernandinho, que estava no Galo. Ambos deverão acrescentar no sistema ofensivo tricolor, enquanto que as contratações de Felipe Bastos e Matías Rodríguez ainda são incógnitas. Eu não conheço o futebol do lateral direito argentino, porém não precisará de muita qualidade para desbancar Pará na lateral direita.

O Fluminense também se reforçou bem, trazendo o zagueiro Henrique (Bordeaux-FRA) e o meio-campista Cícero (Santos). O tricolor ainda conta com o retorno de  Martinuccio (Cruzeiro), e foi outro time que acrescentou qualidade em relação à primeira parte do campeonato. O grande problema do tricolor é o sistema defensivo, ainda carente e que dependerá do bom entrosamento do zagueiro Henrique para evoluir e torna-lo competitivo, já que o time carioca sofreu muitos gols em virtude de falhas defensivas.

O São Paulo trouxe Kaká para jogar o restante do Campeonato Brasileiro. Muricy terá uma dor de cabeça, já que terá que escalar um quarteto: Kaká, Ganso, Pato e Luís Fabiano. Imagino que o quarteto se escalará no carteiraço, deixando o problema de transição lenta e recomposição adequada para o treinador, que terá que descascar abacaxi para contorná-lo, qualificando o meio e deixando o sistema defensivo seguro. O time paulista terminou no G4 e, na minha ótica, disputará duas vagas para a Libertadores com Fluminense, Grêmio e Internacional, já que considero Corinthians e Cruzeiro equipes superiores que tenderão a abrir vantagem na classificação e deverão assegurar as duas primeiras vagas.

Dos times da ponta, o que se reforçou de forma mais modesta foi o Internacional, que trouxe apenas o lateral Wellington Silva e o atacante Luque, sendo o lateral direito uma aposta enquanto que o atacante argentino é uma promessa. No mais, seguirá o mesmo grupo que alternou altos e baixos no Brasileirão, e não ofereceu grandes expectativas para o seu torcedor.  Como o tempo de preparação na pausa para a Copa foi marcado por problemas de relacionamento entre jogadores e por atuações e resultados fracos nos amistosos, o time deverá apresentar muita dificuldade para manter-se na disputa pelo G4. 

Pelo que o Brasileirão mostrou nas primeiras rodadas, grande parte dos times estará envolvida na parte de baixo da tabela, lutando contra a ameaça da Zona do Rebaixamento, o que mostra a falta de qualidade do futebol brasileiro.  

Apesar de não acreditar em melhorias no esporte praticado no Brasil, eu ainda sonho em ver o futebol brasileiro melhorando, com gestores mais comprometidos na qualidade e no espetáculo, com dirigentes se responsabilizando e a redução do poder dos empresários, além de melhores métodos de trabalho e atualização tática dos treinadores. Só assim para que possamos ver um Brasileirão melhor, o que acabará interferindo e melhorando a Seleção Brasileira futuramente.  

domingo, 13 de julho de 2014

Planejamento venceu: Alemanha é tetracampeã


A final da Copa do Mundo do Brasil coroou o planejamento da Alemanha, que começou a se preparar em 2000 e depois de bons resultados nas duas últimas Copas chegou a gloria com o gol de Gotze aos sete minutos da segunda etapa da prorrogação.

Como toda grande final, o jogo não foi emocionante do ponto de vista técnico, já que a história da Copa do Mundo promoveu, em sua grande parte, com finais equilibradas e caracterizada por muita marcação, estudo e decisão no detalhe. 

A Argentina começou um pouco melhor o jogo, já que a marcação em linhas compactadas de Sabella funcionava, enquanto que o time argentino havia encontrado uma deficiência defensiva do time alemão no setor esquerdo de defesa, nas costas de Höwedes, que a Argentina conseguiu criar duas grandes chances de gols, onde em uma delas Higuaín acabou desperdiçando uma chance incrível.

A Alemanha só viria a reagir na parte final da primeira etapa, após a primeira substituição de Löw, que teve que substituir o lesionado Kramer por Schürrle. Kramer não iria jogar inicialmente, porém foi escalado após o titular Khedira sentir lesão no aquecimento, porém o jogador não teve sorte, e levou uma pancada no rosto de Garay, que o deixou grogue e sem condições de jogo. A entrada do camisa 9 trouxe maior mobilidade ao time alemão, que conseguiu criar chances nos minutos finais, chegando a acertar a trave com  Höwedes na bola parada. 

Fotos: @fifaworldcup_pt
Na segunda etapa, o jogo caiu drasticamente em função do desgaste físico dos times. Sabella voltou com Agüero no lugar de Lavezzi, que havia feito um bom primeiro tempo, e acabou reduzindo a mobilidade ofensiva do time, que praticamente não incomodou a Alemanha. A Argentina se restringiu a apenas uma chance com Messi logo no primeiro minuto, onde o craque recebeu livre e não conseguiu acertar o gol. A Alemanha fazia partida discreta, com problemas na transição e na criação, e só conseguiu vantagem ofensiva na parte final do tempo regulamentar, onde a Argentina já não conseguia competir fisicamente.

O jogo foi para a prorrogação, onde a vantagem física era uma aliada da Alemanha. O time alemão continuou controlando o jogo, porém foi a Argentina que teve mais uma grande chance de marcar, com Palacio aos seis da primeira etapa, quando o atacante que substituiu Higuaín na segunda etapa tentou encobrir o goleiro Neuer, porém errou o alvo. Na segunda etapa, o time alemão finalmente conseguiria o gol que lhe daria o tetracampeonato aos sete minutos, quando Schürrle levou vantagem na esquerda e cruzou para Gotze ter a tranquilidade e liberdade para dominar no peito e finalizar para as redes. Gol merecido não só pela campanha alemã, mas por toda a preparação que o país enfrentou nestes últimos 14 anos para voltar a ter competividade no futebol sem fazer planos mirabolantes.

O crescimento alemão foi sustentável, através de uma forte política de valorização das categorias de base, garimpando jovens jogadores e treinadores e procurando dar toda a infraestrutura para crescimento e evolução destes jovens, para formar jogadores mais fortes, fortalecer a Bundesliga e a Seleção Alemã. Na Copa de 2006, realizada na Alemanha, tivemos a primeira leva de jogadores deste projeto, porém ainda era necessário um maior tempo de desenvolvimento para que houvesse efetivamente um crescimento sustentável. Em 2010 a Seleção continuou evoluindo, apesar de terminar novamente em terceiro lugar, porém desta vez foi coroada campeã, mostrando o sucesso do projeto que ajudou a transformar a Bundesliga na segunda liga nacional mais rentável da Europa. Como ideia de projeto em longo prazo, o atual treinador e tetracampeão Joachim Löw fazia parte da comissão técnica do grupo de 2006, e assumiu o comando técnico após a saída de Klinsmann em 2006, permanecendo até hoje. 

A Argentina não se entregou e fez uma boa partida, tendo momentos de superioridade ao longo da partida. Sabella sabia que não conseguiria jogar de igual para igual com a Alemanha, e bolou um time mais consistente defensivamente, que complicou o adversário, além de quase conseguir surpreender o adversário com chances reais. Se tivesse ganhado o torneio, seria a premiação de Messi, que nesta final não fez uma grande partida, e ganhou até de forma injusta o prêmio de melhor jogador da Copa, que na minha visão deveria ter ido para Robben.

E tivemos o fim da “Copa das Copas”, que deixará muitas saudades pelo bom futebol mostrado e alegria de ver o país recebendo um torneio importante, com milhares de turistas e uma espécie de workshop local para que o futebol brasileiro possa evoluir. Foram 32 dias bem vividos de bom futebol, que 

sábado, 12 de julho de 2014

Brasil encerra sua participação de forma melancólica


O Brasil terminou de forma melancólica a participação na tão esperada Copa do Mundo no país. Depois dos 7x1 contra a Alemanha pelas semifinais, o Brasil foi derrotado na decisão do terceiro lugar para a Holanda por 3x0 e encerrou a sua participação com dez gols sofridos em dois jogos, batendo o recorde de gols sofridos (14) em sua história de disputa de Copas.

No fim das contas, o quarto lugar ainda foi lucro para a Seleção Brasileira, que mostrou fraco futebol ao longo da sua campanha na Copa, não conseguindo sequer reproduzir a esquemática de jogo que lhe deu o título na Copa das Confederações que, diga-se de passagem, é tratada com desdém pelos times que participam por ser um teste para a Copa do mundo.  A Holanda sequer forçou e mesmo assim conseguiu uma vitória tranquila contra um desorganizado Brasil, que teve o domínio da posse de bola, porém não conseguiu oferecer perigo ao goleiro Cillessen, que foi um expectador de luxo da partida.

Quanto ao jogo, o Brasil teve o chamado “apagão” nos primeiros minutos, caindo em um veneno holandês que se aproveitou da marcação adiantada da Seleção e se aproveitou dos espaços da defesa para conseguir um pênalti logo no primeiro minuto, em um lance onde o árbitro Djamel Haimoudi errou duas vezes, pois foi falta fora da área de Thiago Silva em Robben, e o zagueiro brasileiro deveria ter sido expulso (levou apenas o amarelo) em virtude de ter parado o adversário em um lance de chance clara de gol. Van Persie cobrou e abriu o placar. 

Fotos: @fifaworldcup_pt 
A Holanda não parecia disposta a se arriscar, até em função do time não ter esta característica, porém aproveitou o momento de colapso emocional, tático e técnico da Seleção para abrir o segundo, em uma boa jogada na direita com Robben que gerou um cruzamento de De Guzmán, uma falha de David Luiz e uma sobra com total liberdade para Blind fuzilar na altura da marca do pênalti. 

2x0 com 15 minutos, que poderiam virar goleada se o time holandês mostrasse pelo menos um espirito competitivo que não pôde ser detectado na partida e nem nas declarações de Van Gaal, que questionou a necessidade de se disputar o terceiro lugar. O ritmo holandês foi de um treino coletivo, porém suficiente para deter a Seleção Brasileira, que teve a oportunidade de ficar com a bola para propor o jogo, porém não teve criatividade nem organização para levar perigo para o gol holandês.

O Brasil terminou a partida com 58% de posse de bola e 11 finalizações, sendo apenas duas em direção ao gol, porém apenas duas na partida inteira são dignas de registros. Ambas em finalizações de Oscar, que deram trabalho para Cillessen. No mais, um festival de chutes afobados que eram facilmente bloqueados pela defesa holandesa ou que iam longe do gol, mostrando que sequer houve pressão do Brasil em busca de reação.

No final da partida, em uma boa jogada pela direita entre Janmaat e Robben, a bola sobrou para Wijnaldum aumentar ainda mais a melancolia das 68.034 pessoas que se dispuseram a assistir “in loco” a partida, além dos milhões de telespectadores.

A Seleção holandesa terminou de forma invicta a sua participação na Copa do Mundo. Van Gaal chegou em 2012 para realizar uma reformação no elenco e para montar um time minimamente competitivo para 2014, atingindo o objetivo e deixando um, já que o treinador consolidou De Vrij e Blind na defesa, além de revelar jovens como Depay, Clasie e Veltman.

O Brasil termina a Copa com muitas incertezas e com pouco legado, já que hoje poucos jogadores são inquestionáveis. Colocaria apenas Thiago Silva e Neymar nesta condição, enquanto outros jogadores como Oscar, Willian, Paulinho e Marcelo deverão ter continuidade no próximo ciclo. Porém a forma como o futebol é tratado no país precisa ser revista, já que há um decréscimo de qualidade técnica nas últimas gerações, que chegou há algum tempo no Campeonato Brasileiro e que hoje respinga na Seleção. Por outro lado, não há evolução tática dos treinadores, que utilizam metodologias e esquemas obsoletos, não acompanhando a tendência coletiva de compactação e intensa ocupação dos espaços, que deixam o país do futebol longe de ter uma Seleção que possa ser considerada a melhor do mundo.

A Alemanha mostra um horizonte, com um programa de capacitação e aperfeiçoamento de jogadores nas Categorias de Base, baseado em disciplina e métodos que começam desde a garimpagem de jovens jogadores e treinadores, dispostos desde cedo a aperfeiçoar seus fundamentos técnicos e a aplicação tática, para que o futebol local evoluísse, e como consequência, o nível da Seleção melhorasse. A federação alemã começou praticamente do zero depois do vexame na Europa de 2000 e não se enganou com o vice-campeonato da Copa de 2002 para implantar o projeto, que já trouxe resultado na Copa de 2006 com um terceiro lugar, um novo terceiro em 2010 e que agora poderá lhe dar um título mundial, que não vem desde a Copa de 1990.

No Brasil, não há padrão nem métodos nas categorias de base, largada às moscas para que empresários possam enriquecer à custa dos clubes. Desde cedo, os jogadores já são tratados como mercadorias e são blindados com altos salários e mordomias, que barram a sua evolução natural. Não há mais um programa que favoreça o amadurecimento dos jogadores, enquanto que os clubes também sofrem com a política das federações estaduais e da CBF, que obriga-os   a disputar os Campeonatos Estaduais e não dá tempo no calendário para treinamento/capacitação com amistosos contra equipes europeias, que favorecem o distanciamento do futebol brasileiro para com o europeu.

O Brasil precisa mudar, encontrar soluções pois a classificação para a Copa de 2018 é uma incógnita, já que com este grupo e geração, a promessa será de uma eliminatória difícil.  

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Argentina x Alemanha pela terceira vez em Copas


O Adversário da Alemanha na grande final de domingo no Maracanã será a Argentina, que eliminou a Holanda nos pênaltis, após um 0x0 no tempo regulamentar e na prorrogação. Romero foi o herói, defendendo as penalidades de Vlaar e de Snejder, além do time argentino ter acertado todas as cobranças.

O jogo foi plasticamente ruim, já que os sete gols sofridos pelo Brasil ontem e a proximidade de chegar a final minou com ousadia dos times, que preferiram privilegiar seus sistemas defensivos e o encaixe da marcação, deixando o jogo muito truncado, travado e tático. Robben e Messi, a referência de ambos os times, foram muito bem marcados, o que dificultou que o jogo fluísse. De Jong e seu substituto Clasie grudaram no argentino, enquanto Mascherano foi soberano no meio-campo sul-americano, conseguindo neutralizar as jogadas de ataque, já que o time holandês tinha deficiência em criação e dependia da jogada direta para Robben ou Van Persie. 

No primeiro tempo, a Argentina foi um pouco superior, por conseguir explorar o lado direito, que era a grande deficiência do time holandês, tanto que obrigou Van Gaal a modificar o time no intervalo, com a saída de Martins Indi para a entrada de Janmaat, que foi jogar na lateral direita, deslocando Kuyt para a esquerda e Blind para a zaga, mantendo o tradicional esquema 5-3-2, que podia ser desmembrado em um 3-3-2-2 quando o time tinha a bola e procurava propor o jogo, o que aconteceu principalmente no segundo tempo.

Fotos: BBC Sport
A Argentina não teve no primeiro tempo nenhuma conclusão que pudesse ser registrada como perigosa, enquanto que a Holanda teve apenas uma finalização, que foi para fora, não dando trabalho algum para Romero. O time holandês esteve mais presente no ataque na segunda etapa, recuperando a posse de bola que era de 53% para a Argentina no final da primeira etapa, e teve a sua grande chance somente aos 45 minutos da segunda etapa, quando Robben tabelou com Snejder que devolveu para o atacante perigoso entrar com certa liberdade, porém Mascherano impressionantemente conseguiu a recuperação na jogada. 

A prorrogação também não animou os times, que alternavam pequenos momentos de leve superioridade, porém não tendo capacidade para definir a partida. A Holanda dominou o jogo na prorrogação enquanto teve gás, porém foi a Argentina já no final, quando a Holanda havia “pregado” em campo que teve as principais chances no jogo, uma com Palácio, que recebeu livre e errou o tempo da bola na cabeçada, praticamente atrasando para o goleiro Cillessen, enquanto que Messi encontrou Maxi Rodríguez (que havia entrado na segunda etapa) com liberdade, mas o veterano meia pegou mal na bola.

E o jogo foi para os pênaltis, e talvez tenha sido o destino desejado por ambos. A Holanda não pode colocar o goleiro herói Krul, já que havia efetuado todas as substituições ao longo do confronto (Janmaat, Clasie e Huntelaar), enquanto que a Argentina utilizou dois substitutos para cobrar, já que Agüero e Maxi foram cobradores e converteram, assim como Messi e Garay. Van Gaal deve ter se arrependido de ter queimado todas as substituições, já que Cillessen acertou o canto apenas na cobrança de Agüero, enquanto Krul havia acertado todos os cantos contra a Costa Rica. O goleiro Romero foi brilhante e definiu a classificação argentina, que nem precisou cobrar a sua quinta cobrança.

Argentina x Alemanha protagonizarão pela terceira vez a final da Copa do Mundo, já que houve enfrentamento em 1986 com vitória Argentina e o troco em 1990. Será um tira-teima, que poderá coroar Messi definitivamente, ou dará resultado a todo o planejamento feito pela Alemanha nestes últimos anos que recuperou o futebol local e montou uma seleção forte. 

Coloco a Alemanha como favorita, por ser mais bem organizada e ter um time coletivamente mais forte, sem nenhum craque, mas com vários jogadores de alto nível. A Argentina terá que recuperar Di Maria e Agüero se quiser competir. Promessa de grande jogo. 

Pilulas do dia seguinte...

Neste momento em que escrevo o post, faz pouco mais de 12h que o árbitro Marco Rodríguez apitou o final do trágico Brasil 1 x 7 Alemanha, que desmoralizou o futebol brasileiro com o maior vexame da história da seleção local e acendeu a luz vermelha, já que os sucessivos anos de luz amarela não foram suficientes.

Talvez apenas na segunda, quando termina efetivamente a Copa para o Brasil, tenhamos pronunciamentos oficiais mais condizentes com a realidade, já que ainda há a decisão do terceiro lugar no sábado, e um novo vexame poderá acirrar ainda mais as emoções.  Até agora, as declarações não expressam o tamanho do vexame, que não foi apenas uma derrota por 1x0 no tempo normal ou nos pênaltis. 

Uma tragédia como esta não pode ser analisada apenas por um ou dois fatores. Ao longo de todo o planejamento para a Copa em casa, ocorreu uma série de problemas, que se somados em um dia em que sequer uma solução criativa surgisse, culminariam em uma grande decepção, que jamais será esquecida.

Entre os minutos 20 e 30 da partida, quando a Alemanha saiu de um ainda reversível 1x0 para um irreversível 5x0, via uma seleção bem organizada enfrentando um emaranhado de juvenis, que sequer conseguiam tocar na bola, parecendo dois esportes completamente diferentes. E a Alemanha ficou no sétimo gol por pena, já que mesmo com o freio puxado, o time de Joachim Löw poderia ter chegado a uma dezena de gols. 

E agora? Os problemas já foram explanados ontem no post que fiz da partida (leia aqui). Qualidade técnica dos jogadores não é mais a mesma, há um atraso tático e em uma era de informação, há a desinformação sobre o adversário. Muitos destes problemas são em razão do Brasil ainda se considerar o melhor futebol do mundo, algo que não é há muito tempo, e que respinga na formação de jogadores, treinadores, etc. O futebol brasileiro é tomado pela política de pessoas ultrapassadas, que apenas olham para o seu umbigo e se mantém no poder através de uma estrutura obsoleta e que é respaldada pela paixão do público-alvo, a torcida, incapaz de tomar atitudes para mudar alguma coisa, em razão disso respingar no seu clube, onde há amor incondicional. 

Twitter do presidente do Atlético-MG Alexandre Kalil escrevendo verdades

Alguém poderia me questionar: “Ah Radamés, então quer dizer que a culpa é minha?”. Infelizmente responderia que sim, pois a estrutura atual do futebol brasileiro favorece todos que estão no processo, menos o torcedor, que paga caro por um serviço na qual é marginalizado.  É um singelo aceite, já que não importa a vitória jogando o pior futebol do mundo ou em função de uma força externa, como da política, ajuda financeira ou da arbitragem. O que importa é ganhar, mesmo que isso inviabilize eternamente o clube financeiramente. 

Enquanto isso, o futebol perde, pois não há um grande elemento capaz de mudar os rumos, que a cada ano tornam-se mais nebulosos. Com tanto respaldo, há uma desvirtualização do real sentido do esporte, que serve de base para a entrada de pessoas cada vez mais capitalistas, algumas corruptas, que se interessam apenas nos ganhos em função do alto poder de geração de renda que a modalidade possui no país, devido aos amantes condicionais do esporte. Se a estrutura é lucrativa para todos que estão no processo, porque haveria o interesse em mudar alguma coisa?

Capa do Jornal Extra
O único que poderia mudar este rumo seria o contribuinte de fato, isto é, o torcedor, nem que isso implique em dificuldades iniciais para o seu amado clube. Atualmente, cada torcedor, sócio ou não, paga caro por algo que se for mais bem analisado, não lhe dá retorno. Qual foi a última grande atuação do seu time, excetuando os famigerados estaduais? 

Cada um precisa ter em mente que o futebol é tratado para você como uma religião, porém é um negócio lucrativo para todas estas estruturas. Os jogadores não são guerreiros, são empregados que ganham fortunas em função deste mecanismo. E cabe apenas a você mudar isso, cobrando.

Enquanto não houver uma cobrança mais efetiva, os dirigentes terão carta branca para fazer o que quiserem, como contratar irresponsavelmente jogadores de notável incapacidade técnica, treinadores obsoletos que não acompanham a evolução tática do futebol, e que mais adiante respinga na Seleção Brasileira, já que o futebol praticado no país fica com mercado cada vez mais restrito na Europa, que efetivamente trabalha e desenvolve o jogador.

Na próxima semana, teremos a volta do Campeonato Brasileiro, sinônimo de tortura psicológica ao telespectador em virtude da sua baixa qualidade técnica. O admirador do esporte, cuja grande parte é torcedor de algum clube irá esquecer o vexame sofrido pela Seleção Brasileira? Também irá esquecer a qualidade técnica dos jogos da Copa do Mundo, protagonizados até por Seleções de segunda ou terceira linha do futebol mundial? A Seleção Brasileira não é um caso a parte, já que é formada por jogadores que um dia atuaram no seu clube, e que provavelmente não receberam o desenvolvimento adequado. 

Não vejo grande possibilidade de mudança se não vier uma forte cobrança por parte do torcedor/telespectador, que poderia prejudicar financeiramente a famigerada estrutura. Haveria apenas o governo, preocupado com uma eventual eleição, mas que logo adiante abriria mão do futebol. Então, o futuro do futebol brasileiro depende muito mais de mim e você, do que do fulano ou do ciclano. 

terça-feira, 8 de julho de 2014

Era melhor ter ido ver o filme do Pelé...


Pela semifinal da Copa em Belo Horizonte, a Seleção Brasileira acabou sofrendo uma surra da Alemanha, com direito a quatro gols em seis minutos, entre os minutos 23 e 29, que transformaram em vexame, já que a desvantagem e inferioridade eram tão grandes, que não havia sequer uma chance de mudar a história que estava sacramentada. Os brasileiros ainda puderam ver o centroavante alemão Klose marcar e ultrapassar Ronaldo como o maior artilheiro da história das Copas, com 16 gols

Poderia escrever o post do mesmo padrão dos demais desta Copa, com um resumo da partida e observações, porém desta vez farei diferente, já que os gols todos viram ou virão em algum telejornal, quase todos originados da mesma forma, com um toque de bola frio e sereno, fruto de um esquema tático bem definido e organizado, aguardando o melhor momento para definir a jogada. Somente o primeiro gol foi originado em bola parada, um fundamento que a Seleção Alemanha possui e que já definiu classificação contra a França.

A Alemanha não virou um “mega-time” da noite para o dia, já que o Selecionado de Joachim Löw enfrentou muitas dificuldades ao longo da sua trajetória, tendo uma trégua apenas na estreia contra Portugal, onde o time marcou 4x0, mas teve superioridade numérica por mais de 45 minutos e ainda teve um pênalti questionável que originou o primeiro gol. Imagino que nem os alemães esperavam tanta facilidade ofensiva para marcar, já que a Alemanha finalizou 14 vezes na partida, sendo 10 em direção ao gol. E só não finalizou mais porque não era mais conveniente forçar, já que o resultado estava consumado e havia a possibilidade de poupar forças para a final.

Fotos: @fifaworldcup_pt
O problema foi o próprio Brasil, que mostrou não ter soluções para amenizar a perda de Neymar, além da suspensão de Thiago Silva ter feito falta. Ocorreu uma má condução de fora para dentro, já que toda a comoção em função da lesão do Camisa 10 acabou entrando para o vestiário, retirando o foco do grupo, além de criar um peso emocional extra que não foi suportado após o gol sofrido, quando aconteceu um verdadeiro “apagão”.  Já no caso de Thiago Silva, a tentativa de anular o cartão desmoralizou o reserva, Dante, que é bom zagueiro, mas que em nenhum momento foi publicamente incentivado. 

Mesmo que tivesse a disposição o seu 11 ideal, projetaria um favoritismo alemão, que possui um time e grupo superior. O Brasil mostrou na Copa e nos amistosos preparatórios que possuía uma equipe de nível intermediário, e que com muita sorte poderia chegar até uma semifinal ou até uma final. E deu sorte, tanto no seu grupo, onde a classificação contra México, Croácia e Camarões foi tranquila graças à interferência da arbitragem em pelo menos três jogos, enquanto que nas oitavas o time foi inferior ao Chile e conseguiu eliminar o adversário, além de eliminar no sufoco a Colômbia. Nas semifinais, o Brasil era o candidato mais fraco, e passou a impressão que foi além das suas reais possibilidades, algo que fica de certo ponto mascarado em função de ser o país sede. 

A preparação toda foi mal conduzida. Começou em 2010 com Mano Menezes, que não conseguiu criar uma base muito menos um time. Felipão assumiu em 2012 e só conseguiu mostrar resultados na Copa das Confederações em 2013, um torneio onde as seleções não dão tanta importância, o que superestimou a força do Brasil para a Copa do Mundo. Já na Granja Comary, ocorreram muitos holofotes, com treinos sendo seguidamente interrompidos em função de entrevistas para televisão, com ações sociais e outras coisas que serviram apenas para atrapalhar. 

Neste ano de intervalo, equivalente a uma temporada europeia, ocorreram transferências de jogadores do grupo campeão para o exterior, que resultaram na perda de seus ritmos de jogo, casos de Bernard e Paulinho. Marcelo, Neymar, Oscar e Fred sofreram lesões e ficaram um bom tempo parados, enquanto que Júlio César enfrentou problemas para conseguir um clube, tendo que ir para a Major League Soccer. Felipão se escorou em seus homens de confiança e procurou mantê-los no time até as últimas circunstâncias, por mais que as atuações mostrassem a necessidade de mudança. Fred, por exemplo, fez o Brasil parecer que jogava com um a menos todos os jogos. 

O Brasil de Felipão resumiu-se a tentar (porque, na realidade, sequer conseguiu) reproduzir a formação da Copa das Confederações, que acabou manjada pelos adversários, além de não conseguir repetir a marcação intensa e sob pressão do ano passado, o que aumentou ainda mais as dificuldades e reduziu as chances de sucesso. O planejamento seguia ao estilo “vida loka”, sem estudar o adversário e saber de suas principais virtudes. 

Além disso, não houve um plano de contingência para o caso de algo dar errado, deixando o Brasil a mercê que tudo de positivo na Copa das Confederações desse certo, além de Neymar brilhar cada vez mais. A Seleção Brasileira mostrou ao desavisado torcedor que o atraso técnico e tático chegou a sua equipe, e que a diferença em relação a Alemanha foi abissal. Até então, os culpados dos fracassos do Brasil nas últimas duas Copas eram facilmente elencados e eliminados, porém ainda havia um time e jogadores com capacidade para desequilibrar, o que dava esperanças para que um novo técnico assumisse e levasse a Seleção para o caminho certo. 

Porém veio uma geração perdida, a partir de 2006, e que nunca se firmou, havendo a necessidade de uma reformulação total a partir da Copa de 2010, que não foi planejada e que na realidade não aconteceu. Quantos jogadores da seleção atual jogariam em 2002, por exemplo? Imagino que muitos responderão Thiago Silva, David Luiz e Neymar. Os demais são bons jogadores, porém questionáveis, sem haver qualquer opção inquestionável que tenha ficado de fora.

Por outro lado, há uma restrição a treinadores estrangeiros no país, onde poucos clubes se aventuraram a importar um nome do mercado latino ou europeu, enquanto que aqueles que estão na elite do futebol brasileiro acabam se acomodando, em virtude do troca-troca assoberbado de clubes. Não há inovações táticas nem uma tentativa eficiente de adaptar algum modelo de sucesso no país, sem que se tenha que voltar a mesmice. 

A Alemanha chegou ao fundo do poço entre as Eurocopas de 2000 e 2004, tendo um vice-campeonato enganoso em 2002 que não mudou a ideia de reformular tudo no futebol, aproveitando ser a sede da Copa de 2006. Houve uma mudança drástica nas categorias de base, com profissionais qualificados garimpando jogadores e treinadores, que eram devidamente treinados para desempenhar seus papéis e evoluir, utilizando sistemas táticos mais simples e sem a preocupação de buscar o resultado em competições de base, e sim em formar jogadores capazes de jogar profissionalmente em seus clubes e na Seleção principal.  

Em 2006 a seleção deu mostras do que estava por vir, e ser semifinalista já foi um grande resultado, com o trabalho sendo mantido e ganhando consistência até que chega ao auge em 2014, quando é grande a possibilidade de conquistar o tetracampeonato no Brasil. Holanda e Suíça viram o sucesso e seguiram o caminho, surgindo a famosa geração Belga, que terá mais experiência na Copa de 2018, enquanto que a Suíça saiu do seu clichê defensivista, complicando a Argentina. Itália e Inglaterra também rumarão a este caminho, enquanto que o Brasil faz vistas grossas. 

O Futebol Brasileiro está atrasado e já faz pelo menos uns 4 anos que escrevo de forma insistente e preocupada em relação ao futuro. Já é um caso de extrema urgência, pois vários países já estão seguindo o caminho da evolução, enquanto que o Brasil cisma em apostar apenas na técnica de seus boleiros peladeiros, onde muitos não seriam considerados jogadores em vários centros. Os jogos do Brasileirão são fracos, com muitas faltas, quedas forçadas e pouca emoção, e que refletem indiretamente na Seleção, já que poucos jogadores conseguem se destacar a ponto de se consolidar nos grandes centros europeus. 

Que as manchetes de “pior resultado da Seleção Brasileira na história das Copas” ou “pior resultado em semifinais” ou ainda “pior eliminação de um país sede” sirvam para aumentar a discussão visando reformular o futebol brasileiro. Não foi apenas uma derrota. Foi um vexame para não ser mais esquecido, pois poderia ter sido a pior goleada da história das Copas se a Alemanha não tivesse piedade e jogasse sério ao longo dos 90 minutos.

Tanto Alemanha quanto Holanda e Argentina seguem na disputa pelo titulo. Projeto uma final entre Alemanha e Holanda, as duas grandes equipes desta Copa e cujo vencedor será merecidamente o campeão. Ao Brasileiro, resta aguardar 10 dias para o retorno do glorioso Campeonato Brasileiro....

sábado, 5 de julho de 2014

Holanda bate Costa Rica nos pênaltis


A Holanda foi a última classificada para as semifinais ao bater a Costa Rica nos pênaltis em Salvador. Não foi um jogo fácil, já que os holandeses enfrentaram a até então melhor defesa da Copa e que havia eliminado Itália e Inglaterra, e o time comandado por Van Gaal contou com o oportunismo do goleiro Krul, que entrou apenas para a disputa de pênaltis e foi decisivo com duas defesas. 

Van Gaal surpreendeu e escalou a Holanda em um 5-2-3, com Kuyt na ala direita e Blind na esquerda, que faziam linha com Sneijder e Wijnaldum no meio (3-4-3) quando o time estava com a bola. Como adversário, tinha o tradicional 5-4-1 costarriquenho, que apenas mudou o posicionamento entre Campbell e Bryan Ruíz, onde o primeiro jogou na ponta direita e o segundo mais centralizado, em função da velocidade de Campbell para recomposição.

Porém o jogo deixou a desejar em emoções, já que a Holanda tinha dificuldades para superar a retranca adversária, enquanto a Costa Rica ousava pouco, saindo poucas vezes para o ataque. O time holandês teve a posse de bola no meio-campo, porém só conseguiu levar perigo quando o time costarriquenho se animava e atacava com mais jogadores, e o time holandês conseguia recuperar a bola e sair com velocidade.

No segundo tempo, o jogo caiu ainda mais de ritmo, já que a Holanda não conseguia vantagem ofensiva e a Costa Rica não ousava, o que deixou o jogo medonho até a parte final da partida, após os 30 minutos, quando a Holanda tentou impor um gás para definir o jogo nos 90 minutos. Nesse período, o time europeu colocou uma bola na trave com Sneijder e contou com a muralha do goleiro Navas, que fez duas defesas importantes, e do volante Tejeda em cima da linha, em uma conclusão de Van Persie, que ainda acabou batendo no travessão.  

Prorrogação à vista, onde o time holandês nunca conseguiu avançar em Copas do Mundo. Foram quatro oportunidades, onde em três o time ficou no extra-tempo e em uma nos pênaltis. A Holanda estava melhor fisicamente, seguiu pressionando em busca do gol, criando chances e dando trabalho para Navas. Porém a Costa Rica também resolveu povoar mais o seu campo de ataque e teve suas primeiras chances na partida, já que até então não havia acertado nenhuma vez o gol de Cillessen.  

Van Gaal chegou a colocar o segundo centroavante, Huntelaar, deixando o time praticamente em um 4-2-4, e o time conseguiu acertar a trave mais uma vez com Sneijder, mas também viu a Costa Rica ter a melhor chance na partida com Ureña, obrigando Cillessen a fazer grande defesa.

Chegou os pênaltis, e a Costa Rica começou batendo, e perdeu a sua segunda cobrança com Bryan Ruiz e a quarta com Umaña, ambas defendidas por Krul, que entrou no último minuto da prorrogação apenas para participar da disputa de pênaltis. A Holanda teve 100% de aproveitamento com seus batedores mais experientes: Van Persie, Robben, Sneijder e Kuyt, garantindo a classificação para as semifinais, onde pegará a Argentina.

A Holanda é favorita para o confronto, pois conta com experiência e parece saber administrar melhor as condições físicas, além de ter um sistema defensivo com 5 jogadores que funciona muito bem. Por outro lado, a Argentina perdeu Di Maria, um de seus principais jogadores, e dependerá da individualidade de Messi para desiquilibrar.