Neste momento em que escrevo o post, faz pouco mais de 12h que o árbitro Marco Rodríguez apitou o final do trágico Brasil 1 x 7 Alemanha, que desmoralizou o futebol brasileiro com o maior vexame da história da seleção local e acendeu a luz vermelha, já que os sucessivos anos de luz amarela não foram suficientes.
Talvez apenas na segunda, quando termina efetivamente a Copa para o Brasil, tenhamos pronunciamentos oficiais mais condizentes com a realidade, já que ainda há a decisão do terceiro lugar no sábado, e um novo vexame poderá acirrar ainda mais as emoções. Até agora, as declarações não expressam o tamanho do vexame, que não foi apenas uma derrota por 1x0 no tempo normal ou nos pênaltis.
Uma tragédia como esta não pode ser analisada apenas por um ou dois fatores. Ao longo de todo o planejamento para a Copa em casa, ocorreu uma série de problemas, que se somados em um dia em que sequer uma solução criativa surgisse, culminariam em uma grande decepção, que jamais será esquecida.
Entre os minutos 20 e 30 da partida, quando a Alemanha saiu de um ainda reversível 1x0 para um irreversível 5x0, via uma seleção bem organizada enfrentando um emaranhado de juvenis, que sequer conseguiam tocar na bola, parecendo dois esportes completamente diferentes. E a Alemanha ficou no sétimo gol por pena, já que mesmo com o freio puxado, o time de Joachim Löw poderia ter chegado a uma dezena de gols.
E agora? Os problemas já foram explanados ontem no post que fiz da partida (leia aqui). Qualidade técnica dos jogadores não é mais a mesma, há um atraso tático e em uma era de informação, há a desinformação sobre o adversário. Muitos destes problemas são em razão do Brasil ainda se considerar o melhor futebol do mundo, algo que não é há muito tempo, e que respinga na formação de jogadores, treinadores, etc. O futebol brasileiro é tomado pela política de pessoas ultrapassadas, que apenas olham para o seu umbigo e se mantém no poder através de uma estrutura obsoleta e que é respaldada pela paixão do público-alvo, a torcida, incapaz de tomar atitudes para mudar alguma coisa, em razão disso respingar no seu clube, onde há amor incondicional.
Twitter do presidente do Atlético-MG Alexandre Kalil escrevendo verdades |
Alguém poderia me questionar: “Ah Radamés, então quer dizer que a culpa é minha?”. Infelizmente responderia que sim, pois a estrutura atual do futebol brasileiro favorece todos que estão no processo, menos o torcedor, que paga caro por um serviço na qual é marginalizado. É um singelo aceite, já que não importa a vitória jogando o pior futebol do mundo ou em função de uma força externa, como da política, ajuda financeira ou da arbitragem. O que importa é ganhar, mesmo que isso inviabilize eternamente o clube financeiramente.
Enquanto isso, o futebol perde, pois não há um grande elemento capaz de mudar os rumos, que a cada ano tornam-se mais nebulosos. Com tanto respaldo, há uma desvirtualização do real sentido do esporte, que serve de base para a entrada de pessoas cada vez mais capitalistas, algumas corruptas, que se interessam apenas nos ganhos em função do alto poder de geração de renda que a modalidade possui no país, devido aos amantes condicionais do esporte. Se a estrutura é lucrativa para todos que estão no processo, porque haveria o interesse em mudar alguma coisa?
Capa do Jornal Extra |
Cada um precisa ter em mente que o futebol é tratado para você como uma religião, porém é um negócio lucrativo para todas estas estruturas. Os jogadores não são guerreiros, são empregados que ganham fortunas em função deste mecanismo. E cabe apenas a você mudar isso, cobrando.
Enquanto não houver uma cobrança mais efetiva, os dirigentes terão carta branca para fazer o que quiserem, como contratar irresponsavelmente jogadores de notável incapacidade técnica, treinadores obsoletos que não acompanham a evolução tática do futebol, e que mais adiante respinga na Seleção Brasileira, já que o futebol praticado no país fica com mercado cada vez mais restrito na Europa, que efetivamente trabalha e desenvolve o jogador.
Na próxima semana, teremos a volta do Campeonato Brasileiro, sinônimo de tortura psicológica ao telespectador em virtude da sua baixa qualidade técnica. O admirador do esporte, cuja grande parte é torcedor de algum clube irá esquecer o vexame sofrido pela Seleção Brasileira? Também irá esquecer a qualidade técnica dos jogos da Copa do Mundo, protagonizados até por Seleções de segunda ou terceira linha do futebol mundial? A Seleção Brasileira não é um caso a parte, já que é formada por jogadores que um dia atuaram no seu clube, e que provavelmente não receberam o desenvolvimento adequado.
Não vejo grande possibilidade de mudança se não vier uma forte cobrança por parte do torcedor/telespectador, que poderia prejudicar financeiramente a famigerada estrutura. Haveria apenas o governo, preocupado com uma eventual eleição, mas que logo adiante abriria mão do futebol. Então, o futuro do futebol brasileiro depende muito mais de mim e você, do que do fulano ou do ciclano.
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