Depois de 32 dias desfrutando a “Copa das Copas” no seu território, a partir de hoje o brasileiro admirador do futebol terá que voltar à dura realidade do Brasileirão com seus jogos ruins, de precariedade técnica e de pouco tempo de bola rolando, apesar do ingresso cobrado na maioria dos palcos ser maior do que o que o valor pago para assistir aos maiores jogadores do mundo em um evento singular realizado a cada quatro anos.
O Brasileirão deveria recomeçar em clima de desconfiança, depois do povo brasileiro presenciar uma intensa competição de qualidade contrastante ao que estava acostumado a assistir, porém o fanatismo pela sua equipe driblará problemas como ingressos caros, desperdícios de recursos por parte do seu amado clube, falta de qualidade e métodos e táticas obsoletas dos treinadores. O assunto mudança no Futebol Brasileiro será esquecido em detrimento ao famoso “bamu apoiar”, que não se importa com jogos ruins, péssima arbitragem e pouca qualidade de suas equipes.
Alguns clubes aproveitaram a parada da Copa do Mundo para reformular seus plantéis, trocando peças que não obtiveram rendimento esperado para promissores reforços, dentro das limitações técnicas que o futebol brasileiro oferece. São os casos de Cruzeiro, Fluminense, Corinthians e Grêmio, que melhoraram seus elencos em relação à primeira parte do Campeonato.
O Cruzeiro, atual líder do Brasileirão trouxe o zagueiro Manoel, destaque do Atlético-PR, o atacante Neílton, tido como revelação do Santos e Marquinhos, outra revelação do Vitória. O time acabou perdendo o volante Souza (Santos) e o atacante Luan (Al Sharjah-EAU), mas o elenco ganhou qualidade e o time seguirá como favorito para o bicampeonato. O Corinthians foi o segundo que melhor se reforçou, com as chegadas de Elias (que finalmente poderá ser escalado) e Lodeiro para o meio-campo, além do zagueiro Anderson Martins e de Ángel Romero para o ataque. Mano Menezes terá um elenco forte a disposição, e o Corinthians surge como o grande adversário do Cruzeiro para a conquista do título.
Outro que se reforçou muito bem foi o Grêmio, que trouxe duas grandes opções para o meio-campo: Giuliano (ex-jogador do Internacional) e Fernandinho, que estava no Galo. Ambos deverão acrescentar no sistema ofensivo tricolor, enquanto que as contratações de Felipe Bastos e Matías Rodríguez ainda são incógnitas. Eu não conheço o futebol do lateral direito argentino, porém não precisará de muita qualidade para desbancar Pará na lateral direita.
O Fluminense também se reforçou bem, trazendo o zagueiro Henrique (Bordeaux-FRA) e o meio-campista Cícero (Santos). O tricolor ainda conta com o retorno de Martinuccio (Cruzeiro), e foi outro time que acrescentou qualidade em relação à primeira parte do campeonato. O grande problema do tricolor é o sistema defensivo, ainda carente e que dependerá do bom entrosamento do zagueiro Henrique para evoluir e torna-lo competitivo, já que o time carioca sofreu muitos gols em virtude de falhas defensivas.
O São Paulo trouxe Kaká para jogar o restante do Campeonato Brasileiro. Muricy terá uma dor de cabeça, já que terá que escalar um quarteto: Kaká, Ganso, Pato e Luís Fabiano. Imagino que o quarteto se escalará no carteiraço, deixando o problema de transição lenta e recomposição adequada para o treinador, que terá que descascar abacaxi para contorná-lo, qualificando o meio e deixando o sistema defensivo seguro. O time paulista terminou no G4 e, na minha ótica, disputará duas vagas para a Libertadores com Fluminense, Grêmio e Internacional, já que considero Corinthians e Cruzeiro equipes superiores que tenderão a abrir vantagem na classificação e deverão assegurar as duas primeiras vagas.
Dos times da ponta, o que se reforçou de forma mais modesta foi o Internacional, que trouxe apenas o lateral Wellington Silva e o atacante Luque, sendo o lateral direito uma aposta enquanto que o atacante argentino é uma promessa. No mais, seguirá o mesmo grupo que alternou altos e baixos no Brasileirão, e não ofereceu grandes expectativas para o seu torcedor. Como o tempo de preparação na pausa para a Copa foi marcado por problemas de relacionamento entre jogadores e por atuações e resultados fracos nos amistosos, o time deverá apresentar muita dificuldade para manter-se na disputa pelo G4.
Pelo que o Brasileirão mostrou nas primeiras rodadas, grande parte dos times estará envolvida na parte de baixo da tabela, lutando contra a ameaça da Zona do Rebaixamento, o que mostra a falta de qualidade do futebol brasileiro.
Apesar de não acreditar em melhorias no esporte praticado no Brasil, eu ainda sonho em ver o futebol brasileiro melhorando, com gestores mais comprometidos na qualidade e no espetáculo, com dirigentes se responsabilizando e a redução do poder dos empresários, além de melhores métodos de trabalho e atualização tática dos treinadores. Só assim para que possamos ver um Brasileirão melhor, o que acabará interferindo e melhorando a Seleção Brasileira futuramente.
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