segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Grêmio principal vence com naturalidade na estreia

Neste domingo, pela terceira rodada do Campeonato Gaúcho, o Grêmio estreou oficialmente em 2014 e goleou por 4x0 o Aimoré na Arena. Os gols foram marcados por Barcos, Bressan, Edinho e Kléber.

Jogando em casa contra um dos mais fracos times do Gauchão, que tem como melhor campanha o Time B do Internacional com 100% de aproveitamento, Grêmio mostrou a sua cara de time para 2014, agora sob o comando de Enderson Moreira. E a primeira impressão foi positiva, com características bem diferentes da equipe treinada por Renato Gaúcho em 2013, apesar do time-base continuar o mesmo. 

O time titular não foi o definitivo, pois o zagueiro Geromel e o meia Alan Ruíz ainda não tinham condições de jogo, enquanto que Zé Roberto e Souza ainda resolvem suas permanências no tricolor. Mas foi possível visualizar que Enderson escalará o time em um 4-2-3-1, com Maxi Rodríguez e Kléber como wingers na direita e esquerda respectivamente, enquanto um camisa 10 ficará centralizado na articulação, algo que excepcionalmente não foi possível neste confronto, devido aos desfalques de Zé Roberto e Alan Ruíz, e o fato de Riveros não ter esta característica, o que deixou o time com praticamente 3 volantes e parecido com o 4-3-3 utilizado em boa parte da temporada anterior, já que Kléber e Maxi tiveram vocações mais ofensivas, em uma variação que poderá ser utilizada.

Quanto ao comportamento em campo, o Grêmio de Enderson visou trabalhar com a posse de bola, trocando muitos passes. O time apresentou principalmente na primeira etapa muita movimentação, intensidade e aproximação, que somado com a velocidade permitiu que o tricolor fizesse o escore com facilidade. Outra característica foi o fato de o Grêmio fazer várias inversões, que tiravam a previsibilidade do time na evolução das jogadas. 

O Aimoré foi ofensivamente inofensivo, o que não permitiu melhores observações em relação ao sistema defensivo tricolor. Quando chegou, Marcelo Grohe mostrou-se bem posicionado, efetuando pelo menos duas defesas difíceis. A fragilidade do adversário também não permitiu maiores observações a respeito da transição do meio-campo para o ataque, já que sem um meia típico de articulação, a tendência é de dificuldades de articulação contra uma equipe mais forte.

Diante do jogo, pode-se concluir, em uma primeira impressão, que a equipe do Grêmio é promissora e foca o jogo coletivo. Porém foi um teste que mais serviu para ver o comportamento do time do que a sua força para a temporada, já que apenas no GreNal será possível uma melhor observação do potencial tricolor para a temporada e suas principais competições.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Dupla Grenal paga o preço pelos excêntricos e irresponsáveis gastos

Ao que tudo indica na movimentação do mercado gaúcho, tanto Internacional quanto Grêmio iniciarão 2014 com um grupo menos qualificado em relação ao do ano anterior. Ambos terminaram seus anos com altos déficits, que exigiram a saída de jogadores para tapar o buraco financeiro, seja com o dinheiro da venda de promissores atletas ou até menos deixando de pagar altos salários de seus medalhões.

A renovação de grupos do Internacional foi mais expressiva, com diversas saídas como Gabriel, Kleber, Airton, Ronaldo Alves, Leandro Damião e, provavelmente, Scocco e Forlán. Chegaram Dida, Gilberto, Paulão, Ernando, Alan, Aranguíz e Wellington Paulista, aumentando o nível de incertezas em relação ao potencial que estes jogadores poderão efetivamente contribuir ao clube. Como já havia escrito, considero apenas Dida, Ernando e Aranguíz como jogadores que já entram em condições de titularidade, sem serem considerados apostas.

Já no Grêmio o caso é mais emblemático, já que, até agora, praticamente só ocorreram saídas. Dida, Alex Telles, Elano e Vargas já deixaram o clube, enquanto vieram Alan Ruíz, Geromel e Edinho. Com um déficit de quase 90 milhões na última temporada, o tricolor gaúcho utiliza a criatividade para manter a competitividade do seu grupo de jogadores, trazendo jogadores alternativos e teoricamente mais baratos, além de se esforçar para manter o maior número possível de jogadores titulares da temporada passada para a disputa da Libertadores de 2014.

O problema de ambos os clubes é o mesmo: Dinheiro, ou melhor, a falta dele. E a razão é pelo fato de ambas as gestões serem amadoras, incapazes de racionalizar os gastos que são maiores a cada ano. 

Na década passada, a dupla descobriu a “roda” ao investir na fidelidade de seus fanáticos torcedores através do programa sócio torcedor. Junto com a paixão e o apoio, entraram milhões de reais nas contas da dupla, que não souberam utilizar corretamente estes recursos. Tanto Inter quanto Grêmio passaram a contratar vários jogadores caros, muitas vezes sem critérios, onerando suas folhas de pagamento e perdendo este diferencial de arrecadação em jogadores que, muitas vezes, acabaram treinando em separado por não servirem mais aos clubes.

Nos últimos anos, os demais grandes clubes notaram que este promissor programa era a saída para um acréscimo de arrecadação, e aos poucos chegam aos patamares de valores arrecadados pela dupla, enquanto que em receitas de televisionamento ou de patrocínios ganham no mínimo valor igual ao de Inter e Grêmio.

Apesar de a dupla estar enfrentando problemas com seus estádios que acabam respingando nas finanças, os problemas financeiros são explicados pela defasagem administrativa, cuja gestão é ainda tratada com amadorismo, o que fez com que os clubes contratassem jogadores por salários cada vez maiores, levando-os ao caos financeiro.

A defasagem também chega ao patrimônio da dupla, visto que, com exceção de seus belíssimos estádios, ambos possuem uma estrutura insuficiente. Inter e Grêmio não têm um centro de treinamentos condizente com a realidade do futebol brasileiro, enquanto que outros clubes como Atlético-PR, São Paulo, Cruzeiro e Atlético-MG possuem CTs destacados internacionalmente pela estrutura oferecida, e que acomodarão Seleções para a Copa do Mundo. Uma prova desta discrepância é o fato de nenhuma seleção sequer especular Porto Alegre como sede para seus treinamentos para a Copa.

Para complicar, a Base dos clubes enfrenta problemas que acabam respingando no Profissional. O Grêmio possui uma estrutura física insuficiente, alvo de criticas por parte da imprensa e dos próprios gremistas, que a consideram sucateada e que revela poucos jogadores à categoria profissional. Uma prova foi o pacotão feito com o Juventude no início de 2013, que trouxe jogadores como Alex Telles, Paulinho, Bressan, Ramiro, Deretti e Follmann.

Já o Internacional possui uma melhor categoria de base no quesito estrutura, porém a gestão não é a mais adequada. Há uma lacuna entre o Profissional e a Base chamada de Time B, que é atualmente denominada Sub23. O clube tem uma política de insistir em jogadores que já saíram da idade júnior para tentar aproveitá-los no grupo principal, fazendo com que jogadores com 21, 22 e até 23 anos fiquem à frente da fila em relação a promessas, o que dificulta a ascensão de promessas para o profissional. Isso acaba também onerando a folha de pagamento do clube, tendo em vista que a quase totalidade destes jogadores acaba não vingando, deixando o clube amarrado em contratos longos.

A dupla Grenal está sucumbindo em função de suas gestões ineficientes e de suas estruturas obsoletas. Sem dinheiro, ambos perderão qualidade neste primeiro momento e só voltarão a ser competitivos se valorizarem as suas categorias de base, além de racionalizarem suas contratações e controlar gastos.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Inter começa 2014 de forma preocupante

O ano de 2014 já começou para o Internacional, que treina em Gramado para a disputa das competições da temporada. Sem Libertadores e apenas com o Gauchão neste primeiro trimestre, o clube resolveu privilegiar a preparação e disputará os primeiros jogos da temporada com o seu time Sub23, comandado por Clemer.

No entanto, as atenções estão voltadas ao grupo principal, comandado por Abel Braga, que busca se redimir da péssima temporada anterior, onde o clube correu até a última rodada risco de Rebaixamento para a Série B. O grupo sofreu uma pequena reformulação, com as saídas de Gabriel, Kléber, Airton, Bolatti, Leandro Damião e possivelmente de Scocco, que pediu para ser negociado. Até o momento, foram contratados o goleiro Dida, os laterais Gilberto e Alan, os zagueiros Ernando e Paulão, o volante Aranguíz e o atacante Wellington Paulista.

Dos nomes contratados, apenas as contratações de Dida, Ernando e Aranguíz mostram um acréscimo em relação ao elenco da temporada anterior. Os demais entram no chamado rol de apostas, política deste grupo que dirige o Inter desde 2002 e que tem fracassado nos últimos anos. Além de contratar poucos jogadores para a titularidade, o clube erra no tempo de duração dos contratos de pelo menos dois deles. O goleiro Dida assinou um contrato de dois anos. Isso representa que no final de 2015 o goleiro estará com 42 anos. Já o chileno Aranguíz veio com contrato até Agosto, momento na qual o ritmo das principais competições da temporada (Brasileirão e Copa do Brasil) se acentua.

O time-base será basicamente o mesmo de 2013, projetado no 4-2-3-1 com Dida, Gilberto, Ernando, Juan, Fabrício, Williams, Aranguiz, Alex (Jorge Henrique), Forlán (Otávinho), D’Alessandro e Rafael Moura (Wellington Paulista/ Forlán). A aposta mesmo será em Abel Braga, que buscará repetir seu vitorioso ano de 2006.

Fora de campo, o clube também está efetuando mudanças. Tão logo a temporada de 2013 terminou, Luís César Souto de Moura saiu do departamento de futebol, deixando Marcelo Medeiros como ficha 1 do futebol Colorado na vice-presidência. Medeiros ganhou o apoio dos diretores Roberto Melo e Eduardo Lacher e nesta semana anunciou os desligamentos do assessor de imprensa Nobrinho e do diretor executivo Newton Drummond, o Chumbinho, cuja atuação era questionada por grande parte da torcida.

Chumbinho estava com o grupo de jogadores em Gramado, quando recebeu a notificação de Medeiros para ir a Porto Alegre, onde recebeu a noticia do desligamento sob a alegação de necessidade de restruturação do futebol do clube. O vice-presidente anunciou Jorge Macedo, então coordenador geral das categorias de base, para o carco de Gerente de Futebol, que na prática poderá representar um retrocesso do clube em prol da profissionalização, já que o Diretor Executivo era um cargo remunerado e em muitos clubes é utilizado como a principal função do futebol, responsável por gerenciar o grupo de jogadores, negociações e logística do futebol do clube.

O que me espanta é que esta atitude tenha sido tomada em vias de iniciar os jogos da temporada, o que mostra uma total falta de planejamento. Mesmo que no Internacional as principais funções do departamento recaiam sobre o vice-presidente, uma mudança de estrutura depois de um período de mais 30 dias de recesso não é um bom sinal, e mostra que o clube não está aprendendo com seus erros recentes.

Imagino que o clube ainda conte com a contratação de reforços, principalmente depois que o potencial do grupo for colocado à prova nos jogos oficiais. Abel Braga é capaz de melhorar o fraco futebol de 2013, porém a esperada revolução do plantel que poderia trazer uma nova perspectiva ao Inter em 2014 ainda não veio e, pelo jeito, não virá.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Nível do futebol brasileiro preocupa para 2014

Se nada de relevante ocorrer nos próximos dias, esse deve ser o último post de 2013. O tema em questão é a projeção do futebol brasileiro para 2014, já que os clubes prometem uma nova realidade de salários mais baixos e as contratações tenderão ser modestas. 

Com altos e milionários salários, os campeonatos em 2013 mostraram um baixíssimo nível técnico, que comprovam o atraso do futebol brasileiro em relação a outros mercados, e até servindo de explicação para o fracasso do Atlético-MG no mundial de clubes contra o Raja Casablanca. Chegou-se a conclusão que nem com aporte financeiro o futebol brasileiro evoluiu.

Já é de domínio público que os melhores jogadores atuam na Europa, porém nestes últimos anos o fator Copa de 2014 trouxe significativos investimentos da televisão e investidores em busca de fortalecer o futebol no país, com transferências em nível europeu como a de Alexandre Pato, além de postergar a saída de Neymar para o exterior, algo que fatalmente ocorreu no meio desta temporada.

Os clubes não souberam gerir o recurso a mais que receberam, e acabaram gastando fortunas em jogadores medianos e que acabaram valorizando-se expressivamente e inflacionando o mercado, algo que foi irresponsavelmente aceito pelos dirigentes. O fato é que a conta não fechou e a maioria dos clubes terminou 2013 altamente endividados, o que exigiu uma política imediata de retração para a próxima temporada.

Para 2014 a média de salários deverá cair, bem como os valores das transferências. A primeira reação já está acontecendo nestes últimos dias de 2013, com os clubes negociando contratações modestas, enquanto que aqueles jogadores com mercado no exterior estão sendo negociados para cobrir os rombos.  A única exceção é o Santos, que está amparado pelo obscuro fundo de investimentos chamado Doyen Sports.

Para a sorte do telespectador e o azar dos clubes, a janela de Janeiro é modesta no futebol europeu, já que são efetuadas apenas contratações pontuais, pois os campeonatos do velho continente estão na sua metade. A tendência mesmo é a de transferências internas com jogadores que não vingaram em seus clubes indo para outros por valores menores, ou aqueles com baixo custo x benefício e cujos clubes não desejaram suas permanências.

Nesta tarde, assisti na ESPN Brasil o confronto entre Alemanha 3 x 4 Itália pelas semifinais da Copa de 1970. Foi um grande confronto, com 5 gols nos 30 minutos da prorrogação, onde os jogadores estavam extenuados e havia muitos espaços. No entanto, o que me chamou a atenção foi a lentidão da partida desde o início, algo que já pude constatar em jogos de outras copas (58, 62, 66 e 70) que havia assistido previamente. Era outro futebol e torna impossível uma comparação entre jogadores daquela época com os da atualidade. Só em simulações de computadores, seria possível estimar como seriam confrontos de seleções atuais com as de tempos passados. 

Porém o que me chamou a atenção nestes jogos era a lentidão da partida, comparado aos tempos atuais, apesar de ser algo que ainda vemos no futebol brasileiro. Há mudanças táticas e diferenças, como maior vigor físico e menor qualidade técnica, mas a intensidade é basicamente a mesma. Se olharmos atualmente um jogo de Champions League ou confrontos entre grandes seleções, podemos notar a diferença de intensidade, que dá a impressão de estar se jogando uma versão 2.0 do futebol.

Para piorar, além da abissal diferença em campo, há uma profunda desorganização do futebol tupiniquim, com o Campeonato acabando no tribunal, além de brigas entre torcidas que acabam sendo noticiadas no mundo todo. O campeonato nunca conseguiu chamar a atenção de expectadores estrangeiros, e talvez esta tenha sido a última grande oportunidade para mudar este cenário.  Eu sinceramente acreditei que a Copa iria deixar um bom legado no nosso futebol, porém o tempo tratou de minimizar qualquer possibilidade de melhoria, pois não há conscientização dos comandantes que um campeonato forte se faz com clubes e uma marca forte. 

Para que o Brasileirão 2014 não seja tão inferior ao dos últimos anos, os clubes na figura de seus dirigentes terão que se reinventar e assumir as dificuldades que o esporte está passando no país. A Seleção Brasileira é favorita ao Mundial, porém é basicamente um time europeu, enquanto que o futebol no Brasil continua precário essa dificuldade precisa ser assumida para haver uma assimilação que vise melhorá-lo. 

O Campeonato Brasileiro está perdendo até o rótulo de mais disputado, que fora forçadamente utilizado para a publicidade em detrimento do melhor campeonato do mundo, algo que há muito tempo fugia da realidade. Porém é só olhar a tabela de classificação da Premier League, e se vê Liverpool e Arsenal com 36 pontos, Manchester City com 35 e Chelsea e Everton com 34. Qual foi a última vez que o Brasileirão mostrou tanto equilíbrio, sem ser nivelado por baixo?

O futebol brasileiro ainda tem uma reserva de mercado (nacional) em virtude das emissoras de TVs abertas pouco explorarem o futebol europeu, salvo a Champions League.  Ainda há a possibilidade de fomentar o fanatismo que muitas vezes cega os torcedores, e talvez essa seja a salvação do futebol brasileiro, pois se houvesse um livre mercado de transmissões do futebol europeu, sobretudo a Premier League, Bundesliga e os grandes clubes da Itália, França e Espanha, o futebol brasileiro seria engolido e teria um investimento de futebol semiamador. 

Até o final do ano, veremos o rebaixamento da Portuguesa na esfera esportiva na sessão do dia 27, além da confirmação de alguns reforços modestos. Porém quanto a estrutura, planejamento e mudanças de rumo, provavelmente nada ouviremos.   

domingo, 22 de dezembro de 2013

Inter assusta seu torcedor para 2014

O Natal está se aproximando e o torcedor Colorado ainda não tem nenhum motivo para comemorar. Quinze dias se passaram do emblemático confronto contra a Ponte Preta pela 38ª Rodada do Campeonato, onde o clube tinha chances de ser rebaixado e, até o momento, muito pouco foi feito para planejar um 2014 melhor.

Neste período, o clube conseguiu negociar para um rival brasileiro o centroavante Leandro Damião, que apesar de não estar em boa fase, era o melhor atacante do time, enquanto que nenhum reforço ainda foi formado, apenas a provável contratação do zagueiro Hernando, que estava no Goiás. Fora das quatro linhas, a política do clube está fragmentada, o que fez a direção continuar praticamente a mesma, com exceção da saída de César Souto de Moura do departamento de futebol, enquanto que Abel Braga foi contratado como treinador, contratação mais do que esperada e que só não ocorreu ao longo do Campeonato Brasileiro por opção (e prevenção) do próprio treinador.

No elenco de jogadores, o clube preferiu renovar com o veterano zagueiro Índio, que já há algum tempo não consegue ter uma sequencia de jogos em virtude de uma série de lesões devido a sua idade, enquanto que Gabriel e Kléber não tiveram o contrato renovado. No mais, somente especulações. Nomes como o centroavante Wellington Paulista, o goleiro Dida, o lateral direito Sueliton e os volantes Ibson e Araguíz.

Na prática, a diretoria acredita que o fator Beira-Rio e o retorno de Abel Braga serão suficientes para que o clube dê a volta por cima e comece a lutar por títulos, já que o grupo de jogadores é, atualmente, mais fraco em relação a aquele que estava em queda livre no Campeonato Brasileiro de 2013. No entanto, sabe-se que o estádio não poderá ser usado pelo clube por um bom tempo, devido a FIFA requisitá-lo com antecedência para o Mundial, enquanto que a contratação do treinador não passa de um saudosismo em virtude dos títulos da Libertadores e Mundial de 2006, já que Abel retornou ao clube em 2007-08 sem conquistar nenhum titulo.

O mercado brasileiro acordou para os altos salários dos jogadores, cuja ausência de custo x benefício ultrapassou o aceitável e alguns clubes já enfrentam problemas para quitar salários. No entanto, em virtude da política de contratos longos e sem ter tido um planejamento adequado, o clube seguirá amarrado a vários jogadores com salários altíssimos, e que oneram a folha de pagamento. A tendência é que o grupo do Inter não se renove para a próxima temporada, ficando com aqueles jogadores inegociáveis, isto é, aqueles que o mercado não deseja em virtude da baixa relação custo x benefício.

Serve de alento para o clube o titulo do time Sub-20 no Brasileiro da categoria, que revelou alguns valores como PV, Andrigo, Alex Santana e Leandro.  Porém, pelas primeiras declarações da diretoria, nenhum será aproveitado de imediato no time principal.

O fim de ano está chegando e com ele o início da temporada 2014, e até agora, o Inter assusta o seu torcedor, pois poderá começar o próximo ano mais enfraquecido que em 2013. A contar pelas especulações, nenhum nome empolga. O clube seguirá a política ineficiente de contratar apostas com pouco ou nenhum destaque em clubes grandes, além de revestir-se ex-personalidades campeãs.  

Ainda há tempo para uma grande revolução, mas sinceramente não acredito, em virtude da forma de gestão da atual direção. Sem capacidade de se reinventar e de pelo menos reconhecer os erros de gestão nos últimos anos, hoje é fácil afirmar que: O Internacional entra como um dos postulantes ao Rebaixamento para a Série B em 2014.

Atualização (24/12/2013 - 12:30)
A imprensa chilena e o próprio Universidad de Chile apontam o volante Aránguiz como reforço do Inter, embora a direção continue negando. Uma vez confirmada, a contratação já daria uma nova cara ao meio-campo do Inter.

Atualização (26/12/2013 - 13:00)
O Internacional anunciou em seu site oficial as contratações do atacante Wellington Paulista, atacante de 30 anos, e do goleiro Dida, 40 anos. Dida acrescentará em relação a Muriel, porém um contrato por 2 anos é temerário, já que este se findará quando o jogador estiver prestes a completar 43 anos. Já Wellington Paulista é uma mera aposta para o lugar de Damião. 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Hora de rever conceitos [parte 2]

A derrota do Galo na estreia do Mundial de Clubes no Marrocos contra o anfitrião Raja Casablanca é tão emblemática, que me forçou a escrever uma continuação do post anterior, pois continuei pensando a respeito e cheguei à conclusão que não escrevi tudo o que queria.

Em 2010, quando o Internacional perdeu para o Mazembe, imaginou-se que seria um retumbante fracasso isolado, na base da soberba e da má preparação, e que dificilmente seria repetido. No entanto, em 2013 o Galo repetiu a façanha do Inter e perdeu para outro time africano, o que reacende a polêmica de qual o valor atual do futebol brasileiro no cenário mundial, afinal já são duas eliminações nas semifinais nas últimas quatro competições, onde sempre se projeta uma final entre o representante europeu com o sul-americano.

A partir de 2011, em função do fator Copa do Mundo e de uma política de negociação individual de quotas de TV com a principal emissora do país, os grandes clubes da Série A jamais ganharam tanto recurso de forma abundante, que permitisse a manutenção dos grandes jogadores e melhorasse a estrutura dos clubes. Projetou-se um grande Campeonato Brasileiro pelo menos até a Copa, com revelações como Neymar permanecendo no país e outros “Neymares” surgindo para que o futebol brasileiro começasse a ganhar maior relevância no exterior. 

O ano de 2013 ficará marcado como aquele na qual os clubes tiveram os maiores orçamentos da história, porém nota-se que o nível técnico do futebol brasileiro não acompanhou o ganho exponencial de faturamento dos clubes, o que já acende o sinal vermelho em quem se dispôs a investir milhões nos clubes, pois tivemos 95% dos jogos da temporada com nível técnico sofrível, o que faz a audiência de quem transmite cair em virtude do desinteresse pela mesmice.

O fato de os clubes terem os maiores orçamentos da história ainda não é tudo, tendo em vista que grande parte dos clubes, em virtude de suas gestões amadoras, extrapolou a quantidade orçada e terminará a temporada em déficit, o que exigirá uma nova política orçamentária já para 2014, com razoáveis cortes de gasto.  Os clubes chegaram a conclusão que os jogadores estavam recebendo muito para a pouca qualidade mostrada em campo, porém esta nova política de cortes de gastos farão com que jogadores com razoável qualidade técnica acabem saindo do país para outros centros, como o futebol mexicano, dos Emirados Árabes, do asiático e do leste europeu. 

O futebol brasileiro têm, atualmente, vícios desde a formação dos jogadores até a escalação dos times titulares. Nas categorias de base, há uma preferência por jogadores com maior vigor físico e que, em tese, seriam prediletos pelo futebol europeu.  No entanto, o futebol brasileiro nunca foi abastecido por brutamontes, cuja maioria tem limitações técnicas, e que somado com a falta de cultura tática do nosso futebol, deixa a maioria dos jogadores sem serventia para o futebol europeu, por não ter a técnica e tática esperada, além de deixar o futebol brasileiro feio. 

Outro “fator problema” das categorias de base é a necessidade de conquistar competições, o que faz com que esquemas mais defensivos e que não desenvolvem todo o potencial dos jogadores sejam utilizados, o que faz com que hoje haja muitas posições com problemas de reposição, como as laterais, o famoso camisa 10 e o segundo atacante. Já no profissional, há todo um descritério dos clubes em subir jogadores, além da política de contratações que muitas vezes não contemplam o melhor jogador em qualidade técnica, cuja responsabilidade está na relação dos dirigentes com os empresários de jogadores. 

No quesito tático, o futebol brasileiro não evolui muito em função do endeusamento dos treinadores brasileiros, que se sentem a vontade para sair de um clube e assumir imediatamente outro, sem passar por um processo de readaptação. Há a necessidade de conscientização dos treinadores em passar por um intercâmbio na Europa, em busca de atualização profissional. O futebol brasileiro parece ter parado nos conceitos dos anos 80 e 90, e somente resumir-se a tratar esquemas como números (4-4-2, 4-2-3-1, 4-1-4-1) não resulta em mudanças significativas.  Os clubes continuam sem grandes soluções para a transição defensiva  ofensiva, além da falta de compactação, que deixa um futebol mais espaçado permite uma quantidade maior de erros, além de deixar os jogos lentos. 

Para piorar ainda mais a lambança do futebol nacional, há um descritério em relação ao calendário, formado por muitos jogos desinteressantes para agradar Federações e a grade de programação das TVs. As autoridades do país privam pela quantidade e não pela qualidade. Há ainda toda uma desorganização fora das quatro linhas, com clubes financiando torcidas organizadas e que estão maculando o futebol pela violência através da guerra de interesses e que não é coibida pela segurança pública, além de sucessivamente campeonatos acabarem nos tribunais. 

O título do Corinthians em 2012 era um alento ao futebol brasileiro, porém um ano depois, pode-se afirmar que por tudo que aconteceu neste final de temporada, pode-se afirmar que o futebol disputado no Brasil chegou ao fundo do poço, clamando por providências urgentes para não perder o que ainda detêm, como a supremacia técnica e econômica na América Latina. Com um produto cada vez pior, a audiência e a procura de anunciantes será menor e como consequência teremos um futebol cada vez mais fraco no país. 

Para que esta tendência não se torne uma realidade, é imprescindível que todos envolvidos no futebol nacional abram mão de seus interesses particulares e pensem num melhor futebol brasileiro, que em um curto ou longo prazo será bom para todos, inclusive para aqueles que ganham dinheiro com ele.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Futebol brasileiro precisa urgente de uma revisão de conceitos

Assisti nesta quarta-feira à semifinal do Mundial de Clubes FIFA, onde o Atlético-MG saiu derrotado contra o anfitrião Raja Casablanca, que em virtude de ser o campeão nacional do país sede da competição, acabou ganhando a vaga para disputa-la. 

O time marroquino foi melhor na partida e mereceu a vitória, pois dominou as ações durante 75% do jogo. Perdeu gols no primeiro tempo e abriu o placar logo na segunda etapa, somente sendo ameaçando após o gol de empate na metade da segunda etapa, em uma cobrança de falta sensacional de Ronaldinho Gaúcho. No final da partida, quando o jogo estava aberto, o time mineiro acabou cometendo um pênalti com Réver, permitindo o segundo do Raja Casablanca. O terceiro surgiu já nos acréscimos, quando as favas já estavam contadas.

Desde o início da partida, o Galo mostrou-se apático e apresentou muitos problemas no seu sistema defensivo, que começava com um meio-campo desligado e que nem se aproximava daquele que levou a equipe mineira ao título da Libertadores. Cuca optou por Josué ao lado de Pierre como volante, preterindo Leandro Donizete, que só foi lembrado na segunda etapa.  A defesa nem lembrava o grande sistema de referência, com dois bons laterais e zagueiros. Os maiores lances de perigo do adversário saiam nas costas de Marcos Rocha e Lucas. Ambos acabaram sendo substituídos ao longo do jogo, com o lateral direito chegando a xingar o treinador em um momento extremo de indisciplina.

Ronaldinho Gaúcho, apesar do golaço marcado, mostrou a apatia reconhecida de outros momentos de decisão, onde o craque acabou sucumbindo. R10 foi o jogador que mais errou passes na partida, contribuindo para os contra-ataques gerados pelo adversário. A transição defensiva foi ineficiente, com muitos erros na saída de bola, que motivaram o crescimento do time da casa, que sabia das suas limitações e postou-se defensivamente, com a pretensão de explorar os contra-ataques. 

A impressão que fiquei é que o Galo estava sem ritmo de jogo, contra um adversário que já havia atuado duas vezes na competição. Sinceramente não conheço o calendário marroquino, mas o Raja Casablanca estava mais bem preparado que o time brasileiro. Em todos os mundiais pós 2005, o representante brasileiro sempre teve dificuldades na estreia e isso pode ser motivado por uma preparação deficiente, que não inclui um planejamento com amistosos e jogos-treino em solo europeu ou asiático, além de todo um descompromisso do time após a conquista do titulo continental. 

O calendário brasileiro dificulta um melhor planejamento, porém seria possível que uma equipe classificada ao mundial pudesse planejar um segundo semestre diferenciado, com um período de recondicionamento físico e programar amistosos na Europa/Ásia antes do torneio.  Para isso, escalaria um time Sub-23 por algumas rodadas no Brasileirão, e depois, já com a equipe principal, buscaria a maior pontuação possível para viajar antes para a Europa/Ásia em busca de amistosos. Na Europa, seriam possíveis confrontos contra equipes precipitadamente eliminadas das Copas nacionais.  

O Bom Senso FC ganhou mais um argumento em busca de seus ideais de uma melhor organização do futebol brasileiro. Com exceção da Seleção Brasileira, formada basicamente por jogadores que atuam na Europa, o futebol brasileiro vem definhando em termos globais. Ainda consegue supremacia na América Latina em virtude da situação econômica favorável que se encontra o Brasil, onde é possível contratar revelações latinas, enquanto que outras rumam diretamente a Europa. 

Com a derrota do Galo, que se iguala ao Internacional como únicas equipes da América Latina / Europa que não chegaram a tão esperada final entre os representantes de ambos os continentes na competição. Pior ainda para o futebol brasileiro é o fato do Brasileirão ser discutido na justiça, além de brigas entre as torcidas organizadas que geram noticias de proporções internacionais, já que o país sediará a Copa em pouco mais de seis meses. 

Ainda há o aspecto financeiro dos clubes, cuja maioria está com dividas e alguns clubes tiveram dificuldades para honrar seus salários, o que provocará uma queda de orçamentos e de uma piora técnica no curto prazo, tendo em vista que revelações não surgem da noite para o dia, e jogadores medianos preferirão atuar em outros locais. 

Enfim, tudo que está ruim poderá piorar....