Se nada de relevante ocorrer nos próximos dias, esse deve ser o último post de 2013. O tema em questão é a projeção do futebol brasileiro para 2014, já que os clubes prometem uma nova realidade de salários mais baixos e as contratações tenderão ser modestas.
Com altos e milionários salários, os campeonatos em 2013 mostraram um baixíssimo nível técnico, que comprovam o atraso do futebol brasileiro em relação a outros mercados, e até servindo de explicação para o fracasso do Atlético-MG no mundial de clubes contra o Raja Casablanca. Chegou-se a conclusão que nem com aporte financeiro o futebol brasileiro evoluiu.
Já é de domínio público que os melhores jogadores atuam na Europa, porém nestes últimos anos o fator Copa de 2014 trouxe significativos investimentos da televisão e investidores em busca de fortalecer o futebol no país, com transferências em nível europeu como a de Alexandre Pato, além de postergar a saída de Neymar para o exterior, algo que fatalmente ocorreu no meio desta temporada.
Os clubes não souberam gerir o recurso a mais que receberam, e acabaram gastando fortunas em jogadores medianos e que acabaram valorizando-se expressivamente e inflacionando o mercado, algo que foi irresponsavelmente aceito pelos dirigentes. O fato é que a conta não fechou e a maioria dos clubes terminou 2013 altamente endividados, o que exigiu uma política imediata de retração para a próxima temporada.
Para 2014 a média de salários deverá cair, bem como os valores das transferências. A primeira reação já está acontecendo nestes últimos dias de 2013, com os clubes negociando contratações modestas, enquanto que aqueles jogadores com mercado no exterior estão sendo negociados para cobrir os rombos. A única exceção é o Santos, que está amparado pelo obscuro fundo de investimentos chamado Doyen Sports.
Para a sorte do telespectador e o azar dos clubes, a janela de Janeiro é modesta no futebol europeu, já que são efetuadas apenas contratações pontuais, pois os campeonatos do velho continente estão na sua metade. A tendência mesmo é a de transferências internas com jogadores que não vingaram em seus clubes indo para outros por valores menores, ou aqueles com baixo custo x benefício e cujos clubes não desejaram suas permanências.
Nesta tarde, assisti na ESPN Brasil o confronto entre Alemanha 3 x 4 Itália pelas semifinais da Copa de 1970. Foi um grande confronto, com 5 gols nos 30 minutos da prorrogação, onde os jogadores estavam extenuados e havia muitos espaços. No entanto, o que me chamou a atenção foi a lentidão da partida desde o início, algo que já pude constatar em jogos de outras copas (58, 62, 66 e 70) que havia assistido previamente. Era outro futebol e torna impossível uma comparação entre jogadores daquela época com os da atualidade. Só em simulações de computadores, seria possível estimar como seriam confrontos de seleções atuais com as de tempos passados.
Porém o que me chamou a atenção nestes jogos era a lentidão da partida, comparado aos tempos atuais, apesar de ser algo que ainda vemos no futebol brasileiro. Há mudanças táticas e diferenças, como maior vigor físico e menor qualidade técnica, mas a intensidade é basicamente a mesma. Se olharmos atualmente um jogo de Champions League ou confrontos entre grandes seleções, podemos notar a diferença de intensidade, que dá a impressão de estar se jogando uma versão 2.0 do futebol.
Para piorar, além da abissal diferença em campo, há uma profunda desorganização do futebol tupiniquim, com o Campeonato acabando no tribunal, além de brigas entre torcidas que acabam sendo noticiadas no mundo todo. O campeonato nunca conseguiu chamar a atenção de expectadores estrangeiros, e talvez esta tenha sido a última grande oportunidade para mudar este cenário. Eu sinceramente acreditei que a Copa iria deixar um bom legado no nosso futebol, porém o tempo tratou de minimizar qualquer possibilidade de melhoria, pois não há conscientização dos comandantes que um campeonato forte se faz com clubes e uma marca forte.
Para que o Brasileirão 2014 não seja tão inferior ao dos últimos anos, os clubes na figura de seus dirigentes terão que se reinventar e assumir as dificuldades que o esporte está passando no país. A Seleção Brasileira é favorita ao Mundial, porém é basicamente um time europeu, enquanto que o futebol no Brasil continua precário essa dificuldade precisa ser assumida para haver uma assimilação que vise melhorá-lo.
O Campeonato Brasileiro está perdendo até o rótulo de mais disputado, que fora forçadamente utilizado para a publicidade em detrimento do melhor campeonato do mundo, algo que há muito tempo fugia da realidade. Porém é só olhar a tabela de classificação da Premier League, e se vê Liverpool e Arsenal com 36 pontos, Manchester City com 35 e Chelsea e Everton com 34. Qual foi a última vez que o Brasileirão mostrou tanto equilíbrio, sem ser nivelado por baixo?
O futebol brasileiro ainda tem uma reserva de mercado (nacional) em virtude das emissoras de TVs abertas pouco explorarem o futebol europeu, salvo a Champions League. Ainda há a possibilidade de fomentar o fanatismo que muitas vezes cega os torcedores, e talvez essa seja a salvação do futebol brasileiro, pois se houvesse um livre mercado de transmissões do futebol europeu, sobretudo a Premier League, Bundesliga e os grandes clubes da Itália, França e Espanha, o futebol brasileiro seria engolido e teria um investimento de futebol semiamador.
Até o final do ano, veremos o rebaixamento da Portuguesa na esfera esportiva na sessão do dia 27, além da confirmação de alguns reforços modestos. Porém quanto a estrutura, planejamento e mudanças de rumo, provavelmente nada ouviremos.
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