quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Futebol brasileiro precisa urgente de uma revisão de conceitos

Assisti nesta quarta-feira à semifinal do Mundial de Clubes FIFA, onde o Atlético-MG saiu derrotado contra o anfitrião Raja Casablanca, que em virtude de ser o campeão nacional do país sede da competição, acabou ganhando a vaga para disputa-la. 

O time marroquino foi melhor na partida e mereceu a vitória, pois dominou as ações durante 75% do jogo. Perdeu gols no primeiro tempo e abriu o placar logo na segunda etapa, somente sendo ameaçando após o gol de empate na metade da segunda etapa, em uma cobrança de falta sensacional de Ronaldinho Gaúcho. No final da partida, quando o jogo estava aberto, o time mineiro acabou cometendo um pênalti com Réver, permitindo o segundo do Raja Casablanca. O terceiro surgiu já nos acréscimos, quando as favas já estavam contadas.

Desde o início da partida, o Galo mostrou-se apático e apresentou muitos problemas no seu sistema defensivo, que começava com um meio-campo desligado e que nem se aproximava daquele que levou a equipe mineira ao título da Libertadores. Cuca optou por Josué ao lado de Pierre como volante, preterindo Leandro Donizete, que só foi lembrado na segunda etapa.  A defesa nem lembrava o grande sistema de referência, com dois bons laterais e zagueiros. Os maiores lances de perigo do adversário saiam nas costas de Marcos Rocha e Lucas. Ambos acabaram sendo substituídos ao longo do jogo, com o lateral direito chegando a xingar o treinador em um momento extremo de indisciplina.

Ronaldinho Gaúcho, apesar do golaço marcado, mostrou a apatia reconhecida de outros momentos de decisão, onde o craque acabou sucumbindo. R10 foi o jogador que mais errou passes na partida, contribuindo para os contra-ataques gerados pelo adversário. A transição defensiva foi ineficiente, com muitos erros na saída de bola, que motivaram o crescimento do time da casa, que sabia das suas limitações e postou-se defensivamente, com a pretensão de explorar os contra-ataques. 

A impressão que fiquei é que o Galo estava sem ritmo de jogo, contra um adversário que já havia atuado duas vezes na competição. Sinceramente não conheço o calendário marroquino, mas o Raja Casablanca estava mais bem preparado que o time brasileiro. Em todos os mundiais pós 2005, o representante brasileiro sempre teve dificuldades na estreia e isso pode ser motivado por uma preparação deficiente, que não inclui um planejamento com amistosos e jogos-treino em solo europeu ou asiático, além de todo um descompromisso do time após a conquista do titulo continental. 

O calendário brasileiro dificulta um melhor planejamento, porém seria possível que uma equipe classificada ao mundial pudesse planejar um segundo semestre diferenciado, com um período de recondicionamento físico e programar amistosos na Europa/Ásia antes do torneio.  Para isso, escalaria um time Sub-23 por algumas rodadas no Brasileirão, e depois, já com a equipe principal, buscaria a maior pontuação possível para viajar antes para a Europa/Ásia em busca de amistosos. Na Europa, seriam possíveis confrontos contra equipes precipitadamente eliminadas das Copas nacionais.  

O Bom Senso FC ganhou mais um argumento em busca de seus ideais de uma melhor organização do futebol brasileiro. Com exceção da Seleção Brasileira, formada basicamente por jogadores que atuam na Europa, o futebol brasileiro vem definhando em termos globais. Ainda consegue supremacia na América Latina em virtude da situação econômica favorável que se encontra o Brasil, onde é possível contratar revelações latinas, enquanto que outras rumam diretamente a Europa. 

Com a derrota do Galo, que se iguala ao Internacional como únicas equipes da América Latina / Europa que não chegaram a tão esperada final entre os representantes de ambos os continentes na competição. Pior ainda para o futebol brasileiro é o fato do Brasileirão ser discutido na justiça, além de brigas entre as torcidas organizadas que geram noticias de proporções internacionais, já que o país sediará a Copa em pouco mais de seis meses. 

Ainda há o aspecto financeiro dos clubes, cuja maioria está com dividas e alguns clubes tiveram dificuldades para honrar seus salários, o que provocará uma queda de orçamentos e de uma piora técnica no curto prazo, tendo em vista que revelações não surgem da noite para o dia, e jogadores medianos preferirão atuar em outros locais. 

Enfim, tudo que está ruim poderá piorar....

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