quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A conta chegou, exigindo criatividade do Grêmio

O Grêmio alterou a sua estratégia de montagem do elenco para 2014, abrindo mão dos chamados “medalhões” e seus altos salários para abrir espaço para jovens revelações da base ou contratações de jogadores promissores, com alto potencial de revenda. 

Até agora, o time treinado por Enderson Moreira anima, pois proporciona um jogo intenso e ofensivo com jovens e velozes jogadores, além de recuperar o futebol dos poucos “medalhões” remanescentes como o caso de Barcos, que voltou a marcar gols e ser importante.  O treinador conseguiu montar uma base formada por jogadores experientes como Rodolpho, Edinho, Zé Roberto e Barcos, além da afirmação de jovens jogadores. Como destaques, temos o lateral esquerdo Wendell, que herdou a posição do negociado Alex Telles, além de Ramiro no meio e Luan no ataque, além das entradas de Dudu e Alan Ruíz, que têm se mostrado úteis. 

É um time mais barato que o de 2013 porém mais promissor, pois este encaixou e não se assustou com os adversários do Grupo 6 da Libertadores, tido com o grupo da morte. Até agora, o Grêmio venceu seus dois jogos e lidera o grupo, encaminhando uma classificação como primeiro e com uma ótima pontuação, já que na competição os times que mais pontuam tem vantagem de decidir em casa nos jogos mata-mata. 

Se dentro de campo o Grêmio anima o torcedor em busca de um grande titulo que não vem há praticamente 13 anos, fora dele preocupa, pois a direção está quebrando a cabeça para honrar seus compromissos financeiros e por isso está negociando parte ou a totalidade dos direitos econômicos de alguns de seus jogadores, como forma de conseguir fazer caixa, porém mantendo-os até o final da disputa na Libertadores pelo menos. Neste ano, o presidente Fábio Koff negociou parte dos direitos econômicos do zagueiro Bressan e de Ramiro, além de anunciar a venda do lateral esquerdo Wendell. 

Os valores obtidos deverão cobrir o déficit que ainda persegue o clube, garantindo o pagamento dos salários até o final da disputa da Libertadores, porém de certa forma preocupam, pois logo adiante o clube precisará negociar outros jogadores para continuar mantendo a sua saúde financeira, o que dá a ideia de um novo desmanche. Porém merece ser saudada a equipe de olheiros, que buscou jogadores de grande potencial e que poderão ser futuramente negociados, além de tornarem-se úteis ao time enquanto estiverem no clube.

Essa estratégia/necessidade de vender jogadores é em função do rombo provado pela montagem do time de 2013, baseado em renomados e, por consequência, caros jogadores, que oneraram a folha de pagamento e não deram a resposta esperada. Além do grupo de jogadores, o contrato com a OAS onde o clube não recebe nada da arrecadação dos jogos, além de ter que pagar um valor anual à construtora mostrou-se danoso ao clube, que terminou 2013 com um déficit próximo aos R$ 90 milhões, e que foi amenizado com a venda imediata de Alex Telles. 

Eu até escrevi em uma publicação que não acreditava na perversidade deste contrato, pois o clube estava tendo gastos excêntricos e não imaginava que o maior presidente da história do clube pudesse ser irresponsável a ponto de inviabilizá-lo financeiramente. Porém errei e tenho que reconhecer isso, mas também tenho que reconhecer a capacidade do presidente gremista em montar uma equipe de profissionais competentes em busca de superar estas dificuldades, que poderiam exterminar com o clube. 

Resta saber como estas notícias de negociações irão impactar na campanha do time na Libertadores. O torcedor fica desmotivado e os jogadores podem perder o foco, tendo em vista que começam a pensar sobre o futuro e perder rendimento. 

Inter mostra deficiências, apesar da pouca amostragem

Nesta quarta-feira, o Internacional bateu o Brasil de Pelotas por 1x0, gol de Wellington Paulista, no segundo evento-teste do Beira-Rio válido pelo Gauchão.  Vitória que valeu pelos três pontos mas que não pode ser efetivamente comemorada, pois o time não jogou bem e mostrou deficiências que preocupam na projeção contra adversários mais qualificados.

O gol da vitória saiu nos minutos finais da partida, quando D'Alessandro fez um lançamento sensacional para Fabrício na esquerda, que levou vantagem e cruzou para o centroavante, que recém havia entrado na partida. É possível afirmar que foi um gol achado, tendo em vista que o time apresentou baixa produção ao longo do jogo, sendo pressionado pelo Brasil de Pelotas ao longo da segunda etapa.

O treinador do time Xavante Rogério Zimermann anulou o time do Inter ao conseguir marcar os gringos D’Alessandro e Aránguiz, que eram responsáveis pelas principais jogadas de movimentação do time nos jogos anteriores. Com a dupla neutralizada, os laterais tiveram dificuldades para apoiar, o que exigiu mais do meio, que mostrou-se lento e previsível na transição ofensiva. Jorge Henrique e Alex são jogadores mais experientes, assim como D’Alessandro, e tendem a cadenciar mais a bola ao invés de movimentar-se com mais intensidade. Com isso, Rafael Moura ficou isolado e pouco produziu na partida, além do time concluir pouco ao gol. 

O Brasil de Pelotas conseguia controlar os avanços do Inter, que tinha o controle do jogo por ter maior qualidade técnica, porém era uma posse de bola improdutiva, na intermediária. Na segunda etapa, o Xavante conseguiu avançar a sua marcação e passou a ameaçar o Inter, perdendo algumas chances de gols e exigindo providencias de Abel Braga, que sacou Jorge Henrique e Alex para as entradas de Otávio e Alan Patrick, e mais tarde, Wellington Paulista no lugar do lateral Gilberto.

A nova dupla de meias trouxe uma maior dinâmica ao setor, permitindo que o time pudesse atacar com maior intensidade, porém em nenhum momento da partida o Internacional conseguiu exercer pressão sobre o adversário. No fim das contas, o gol do centroavante Colorado acabou servindo como um castigo para o Brasil, que fez uma boa partida.

Wellington Paulista teve uma partida não muito diferente das anteriores, mas salvou-se pelo gol, típico de centroavante, o que lhe dará um crédito pra continuar atuando. Porém continuo com a ideia de que o jogador é insuficiente para o Inter. Impressiona-me o fato do atacante não conseguir se impor contra os fracos times do interior gaúcho e mal conseguir tocar na bola, apesar de entrar em praticamente todos os jogos da equipe titular e jogar o tempo todo nos jogos do time reserva.  

A equipe principal do Internacional atuou pouco na temporada, o que me impede de transformar impressões em convicções. O time terá que atuar mais vezes, de forma que seja possível analisar eventuais deficiências técnicas/táticas e a necessidade de reforços, porém a pouca amostra apresentada mostrou que o time continua com um dos seus grandes problemas de 2013, que foi a lentidão na transição ofensiva. Defensivamente o time até não foi muito exigido, porém o zagueiro Paulão falhou em alguns lances que poderiam gerar situação clara de gol para o adversário. 

O Inter 2014 de Abel Braga mostra, até agora, dependência nas figuras de D’Alessandro e Aránguiz. Quando ambos não puderem atuar ou não estiver em boa partida, o time mostrou-se previsível e sem soluções, pois grande parte de suas virtudes, como o jogo pelas pontas, desaparece. Falta uma maior noção de jogo coletivo, que somente poderá ser avaliada quando o time atuar de forma frequente com o time principal.

O Gauchão não é parâmetro para avaliar a qualidade de um time em função da baixa qualidade das equipes adversárias do interior gaúcho, porém todas as dificuldades necessitam de um estudo mais aprofundado, pois contra adversários mais fortes, os problemas serão acentuados.    

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Gre-Nal 399 termina empatado em 1x1

Finalmente hoje, 09 de fevereiro, Grêmio e Inter mostraram a que vieram para a temporada 2014 no primeiro grande jogo de cada um, logo em um clássico Gre-nal. Em termos gerais, a primeira impressão de cada time não é boa, tendo em vista que o clássico foi um jogo fraco, com poucas chances de gols e centrado no meio campo.

Na primeira etapa, o Grêmio tomou a iniciativa e chegou a criar uma blitz contra a defesa Colorada nos primeiros minutos de jogo. Com marcação adiantada, facilitando a retomada no campo de ataque e com intensidade de movimentação, o tricolor teve duas chances claras de gol, uma com Barcos e outra com Edinho. Muriel foi bem em ambos os lances. O Inter praticamente só se defendia, pois tinha dificuldades na saída de bola e a transição ofensiva era muito lenta.  

O panorama do jogo mudou após a parada técnica para reidratação dos jogadores. Abel Braga consertou o time e o Inter começou a preencher mais o campo ofensivo, valorizando a posse de bola e ficando mais próximo do gol. O time até não chegou a criar chances claras, salvo o gol de Fabrício, oriundo de um passe de Williams que teve um corta-luz desajeitado de Jorge Henrique e que sobrou para o lateral esquerdo livre de marcação nas costas de Pará para desviar de Grohe.

O Inter voltou melhor na segunda etapa, controlando o jogo nos primeiros minutos. Rafael Moura teve a chances de ampliar de cabeça, obrigando uma grande defesa de Marcelo Grohe. Com o Inter superior e o Grêmio em desvantagem no placar, Enderson sacou Luan e Ramiro para as entradas de Maxi Rodríguez e Jean Deretti. O Grêmio chegou mais ao ataque, porém só conseguiria empatar em um lance confuso envolvendo o zagueiro colorado Paulão, com a bola batendo em sua mão. O árbitro Leandro Vuaden assinalou a penalidade e Barcos empatou.  Empate justo, já que em cada tempo um foi melhor e no fim das contas nenhuma equipe fez jus a um destino melhor. 

Como destaques no clássico, o Grêmio teve o goleiro Marcelo Grohe, o zagueiro Rodolfo, o lateral esquerdo Wendel e o atacante Barcos, enquanto que o Inter teve o goleiro Muriel, o volante Aranguíz e o meia Jorge Henrique. 

O Grêmio teve o atacante Kleber como desfalque, e promoveu a entrada do jovem Luan, que até chegou a se destacar no início da partida, porém caiu de produção e foi substituído no segundo tempo. No meio, Riveros ganhou a vaga de Maxi por motivos técnicos e táticos, já que o uruguaio não vinha bem e o paraguaio poderia dar maior poder de marcação, deixando o time com praticamente três volantes. O time foi melhor no primeiro tempo, mostrando a intensidade na transição e marcação sob pressão que lhe deram o bom escore contra o Aimoré, porém acabou sucumbindo após o gol do Inter e não mostrou muita organização para reagir, sendo premiado com o pênalti.

Já o Inter começou mal, porém conseguiu se impor na partida, mostrando o característico toque de bola desejado por Abel. O time teve maior posse de bola na partida (53%) e trocou mais passes, tendo 93% de eficácia, o que é um número interessante. No entanto, foram apenas 13 arremates na partida, o que mostra que o time tem problemas ofensivos, já que Rafael Moura praticamente não tocou na bola e a transição ofensiva é lenta, já que D’Alessandro, Jorge Henrique e Alex não tem muita velocidade. O time melhorou, pois a presença dos laterais Gilberto e Fabrício e de Aranguíz se tornou mais frequente no campo ofensivo, oferecendo possibilidades no desenvolvimento do time. Ainda acho necessária a entrada de Otávio como titular, para melhorar esta transição, já que sem o apoio dos laterais, o Inter mostrou-se ofensivamente previsível e lento.  

Para finalizar o clássico, não achei pênalti no lance da primeira etapa envolvendo Fabrício e Pará, porém respaldado pelas novas recomendações da FIFA para a marcação de mão na bola (ver link com vídeo do ex-árbitro Sálvio Espindola explicando), considerei pênalti de Paulão, pois o zagueiro, embora não tendo a intensão de colocar a mão na bola, estava com o braço estendido e deliberou para que a trajetória da bola fosse alterada, o que é caracterizado como um lance não natural e que deve ser assinalada a infração, no caso a penalidade. De acordo com Sálvio, o fato de ter ou não ter intenção é irrelevante, já que é considerado se a movimentação dos braços é ou não necessária para que o atleta consiga disputar a bola, sem que aumente a projeção do seu corpo. 

Na próxima semana, o Grêmio iniciará sua campanha na Libertadores, enquanto o Inter ainda esperará pelo início da Copa do Brasil. O Grêmio terá a possibilidade de testar seu nível e evoluir contra adversários mais fortes, enquanto que o Inter terá que esperar as finais do Estadual em um eventual novo clássico ou até a fase quente da Copa do Brasil e início do Brasileirão para mostrar suas forças. 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Primeiras impressões do Inter 2014 de Abel

Deixei para escrever nesta segunda-feira sobre a estreia da equipe principal do Internacional, que foi ontem no Estádio do Vale contra o Cruzeiro de Porto Alegre. O time comandado por Abel Braga venceu o Cruzeiro por 4x1 e mostrou suas principais características de time para a temporada.

O treinador Colorado conseguiu por em campo praticamente todo o seu time considerado ideal. Apenas Dida não pôde atuar em virtude de lesão, dando lugar a Muriel. O time foi composto por Muriel, Gilberto, Paulão, Juan, Fabrício, Williams, Aranguíz, Alex, Jorge Henrique, D’Alessandro e Rafael Moura. 

Na formação, um 4-3-2-1, uma tentativa de reeditar o esquema utilizado em 2006 (4-3-3) com as características do elenco atual, com Alex se posicionando mais atrás pelo lado esquerdo. Contra o Cruzeirinho o time jogou bastante pelas pontas, tanto que três gols foram oriundos de cruzamentos na linha de fundo.  No primeiro tempo, o time teve maiores dificuldades e mostrou um meio-campo apático, porém o jogo fluiu na segunda etapa e o time esteve mais equilibrado. Surgiram jogadas de aproximação, triangulações, possibilitando a chegada à linha de fundo.  O calor de quase 40 graus impediu-me de analisar a intensidade do time, pois o jogo foi mais lento em função das paradas técnicas. Porém acho necessária a entrada de Otávio no time titular, para dar maior velocidade ao time. 

Os destaques da goleada ficaram por conta do lateral direito Gilberto, que mostrou-se uma boa opção ofensiva e capaz de ir até a linha de fundo e terminar a sua estreia em jogos oficiais no Internacional com um gol e um cruzamento que terminou em gol. O volante Aranguíz mostrou muita movimentação e tornou-se opção para as jogadas ofensivas, pois tem facilidade para ir à frente. O meia D’Alessandro mais uma vez comandou o time, marcando seu 60º gol com a camisa Colorada, o que não é pouca coisa. 

Até os contestados Fabrício e Rafael Moura também se destacaram no confronto, com cada jogador terminando com um gol e uma assistência. O lateral esteve mal na primeira etapa, porém se soltou na segunda, criando opções para a ponta esquerda juntamente com Alex, já que o time trabalhava basicamente pela ponta direita na primeira etapa. Já o “He-man” participou do primeiro gol, desviando como um pivô o cruzamento de Gilberto para o gol de D’Alessandro, porém sucessivos erros de passe na segunda etapa tiraram a paciência do torcedor que começou a vaiar o atacante. Rafael Moura acabou marcando o segundo gol do Inter na partida, mas ao invés de tentar uma aproximação com o torcedor acabou fazendo um gesto de silêncio, o que irritou cada vez mais a torcida. Foi preciso uma intervenção de D’Alessandro e depois de Abel Braga para que os Colorados dessem trégua ao atacante e ao time do Inter. 

Será preciso muita paciência por parte do jogador para aguentar as criticas, já que estas se dão em função do custo de sua contratação e de sua pouca resposta em campo ao longo da sua trajetória de um ano e meio no clube. He-man é homem de confiança de Abel Braga, porém está errado ao confrontar-se com o torcedor, já que toda a relação de atrito tende a ser maléfica ao clube. Wellington Paulista é a opção para a reserva, porém fora de forma e sem ritmo de jogo ainda não conseguiu aproveitar a sua chance. Neste esquema de Abel, a função do centroavante é de grande importância, o que fará com que o treinador aposte na dupla até quando for possível. 

Eu particularmente não gosto do futebol da dupla e já projeto a necessidade de uma contratação de maior peso para a função, ou Abel tendo que alterar o seu esquema de jogo, abdicando da figura do centroavante e colocando um outro meia. Contra os fracos times do interior gaúcho R. Moura e W. Paulista funcionarão, porém não prevejo muitas vantagens contra adversários mais fortes da Série A do Campeonato Brasileiro.

Seguindo a mesma linha de raciocínio da estreia do Grêmio, o jogo de ontem não pode servir como parâmetro para se ter noção do grau de qualidade e competitividade do time Colorado. É possível apenas analisar o que Abel quis do time e como ele se comporta. Porém eventuais problemas devem ser anotados, pois estes deverão ser intensificados nos confrontos contra equipes mais qualificadas.

O clássico Gre-nal do próximo domingo irá encaminhar uma análise mais profunda das equipes de Grêmio e Internacional para 2014. Até agora, a primeira impressão de ambos os times é boa, porém falhas e problemas já foram detectados e devem ser corrigidos. Outros problemas aparecerão com a maior exigência, e assim teremos noção do que a dupla reservará para esta  temporada. 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Grêmio principal vence com naturalidade na estreia

Neste domingo, pela terceira rodada do Campeonato Gaúcho, o Grêmio estreou oficialmente em 2014 e goleou por 4x0 o Aimoré na Arena. Os gols foram marcados por Barcos, Bressan, Edinho e Kléber.

Jogando em casa contra um dos mais fracos times do Gauchão, que tem como melhor campanha o Time B do Internacional com 100% de aproveitamento, Grêmio mostrou a sua cara de time para 2014, agora sob o comando de Enderson Moreira. E a primeira impressão foi positiva, com características bem diferentes da equipe treinada por Renato Gaúcho em 2013, apesar do time-base continuar o mesmo. 

O time titular não foi o definitivo, pois o zagueiro Geromel e o meia Alan Ruíz ainda não tinham condições de jogo, enquanto que Zé Roberto e Souza ainda resolvem suas permanências no tricolor. Mas foi possível visualizar que Enderson escalará o time em um 4-2-3-1, com Maxi Rodríguez e Kléber como wingers na direita e esquerda respectivamente, enquanto um camisa 10 ficará centralizado na articulação, algo que excepcionalmente não foi possível neste confronto, devido aos desfalques de Zé Roberto e Alan Ruíz, e o fato de Riveros não ter esta característica, o que deixou o time com praticamente 3 volantes e parecido com o 4-3-3 utilizado em boa parte da temporada anterior, já que Kléber e Maxi tiveram vocações mais ofensivas, em uma variação que poderá ser utilizada.

Quanto ao comportamento em campo, o Grêmio de Enderson visou trabalhar com a posse de bola, trocando muitos passes. O time apresentou principalmente na primeira etapa muita movimentação, intensidade e aproximação, que somado com a velocidade permitiu que o tricolor fizesse o escore com facilidade. Outra característica foi o fato de o Grêmio fazer várias inversões, que tiravam a previsibilidade do time na evolução das jogadas. 

O Aimoré foi ofensivamente inofensivo, o que não permitiu melhores observações em relação ao sistema defensivo tricolor. Quando chegou, Marcelo Grohe mostrou-se bem posicionado, efetuando pelo menos duas defesas difíceis. A fragilidade do adversário também não permitiu maiores observações a respeito da transição do meio-campo para o ataque, já que sem um meia típico de articulação, a tendência é de dificuldades de articulação contra uma equipe mais forte.

Diante do jogo, pode-se concluir, em uma primeira impressão, que a equipe do Grêmio é promissora e foca o jogo coletivo. Porém foi um teste que mais serviu para ver o comportamento do time do que a sua força para a temporada, já que apenas no GreNal será possível uma melhor observação do potencial tricolor para a temporada e suas principais competições.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Dupla Grenal paga o preço pelos excêntricos e irresponsáveis gastos

Ao que tudo indica na movimentação do mercado gaúcho, tanto Internacional quanto Grêmio iniciarão 2014 com um grupo menos qualificado em relação ao do ano anterior. Ambos terminaram seus anos com altos déficits, que exigiram a saída de jogadores para tapar o buraco financeiro, seja com o dinheiro da venda de promissores atletas ou até menos deixando de pagar altos salários de seus medalhões.

A renovação de grupos do Internacional foi mais expressiva, com diversas saídas como Gabriel, Kleber, Airton, Ronaldo Alves, Leandro Damião e, provavelmente, Scocco e Forlán. Chegaram Dida, Gilberto, Paulão, Ernando, Alan, Aranguíz e Wellington Paulista, aumentando o nível de incertezas em relação ao potencial que estes jogadores poderão efetivamente contribuir ao clube. Como já havia escrito, considero apenas Dida, Ernando e Aranguíz como jogadores que já entram em condições de titularidade, sem serem considerados apostas.

Já no Grêmio o caso é mais emblemático, já que, até agora, praticamente só ocorreram saídas. Dida, Alex Telles, Elano e Vargas já deixaram o clube, enquanto vieram Alan Ruíz, Geromel e Edinho. Com um déficit de quase 90 milhões na última temporada, o tricolor gaúcho utiliza a criatividade para manter a competitividade do seu grupo de jogadores, trazendo jogadores alternativos e teoricamente mais baratos, além de se esforçar para manter o maior número possível de jogadores titulares da temporada passada para a disputa da Libertadores de 2014.

O problema de ambos os clubes é o mesmo: Dinheiro, ou melhor, a falta dele. E a razão é pelo fato de ambas as gestões serem amadoras, incapazes de racionalizar os gastos que são maiores a cada ano. 

Na década passada, a dupla descobriu a “roda” ao investir na fidelidade de seus fanáticos torcedores através do programa sócio torcedor. Junto com a paixão e o apoio, entraram milhões de reais nas contas da dupla, que não souberam utilizar corretamente estes recursos. Tanto Inter quanto Grêmio passaram a contratar vários jogadores caros, muitas vezes sem critérios, onerando suas folhas de pagamento e perdendo este diferencial de arrecadação em jogadores que, muitas vezes, acabaram treinando em separado por não servirem mais aos clubes.

Nos últimos anos, os demais grandes clubes notaram que este promissor programa era a saída para um acréscimo de arrecadação, e aos poucos chegam aos patamares de valores arrecadados pela dupla, enquanto que em receitas de televisionamento ou de patrocínios ganham no mínimo valor igual ao de Inter e Grêmio.

Apesar de a dupla estar enfrentando problemas com seus estádios que acabam respingando nas finanças, os problemas financeiros são explicados pela defasagem administrativa, cuja gestão é ainda tratada com amadorismo, o que fez com que os clubes contratassem jogadores por salários cada vez maiores, levando-os ao caos financeiro.

A defasagem também chega ao patrimônio da dupla, visto que, com exceção de seus belíssimos estádios, ambos possuem uma estrutura insuficiente. Inter e Grêmio não têm um centro de treinamentos condizente com a realidade do futebol brasileiro, enquanto que outros clubes como Atlético-PR, São Paulo, Cruzeiro e Atlético-MG possuem CTs destacados internacionalmente pela estrutura oferecida, e que acomodarão Seleções para a Copa do Mundo. Uma prova desta discrepância é o fato de nenhuma seleção sequer especular Porto Alegre como sede para seus treinamentos para a Copa.

Para complicar, a Base dos clubes enfrenta problemas que acabam respingando no Profissional. O Grêmio possui uma estrutura física insuficiente, alvo de criticas por parte da imprensa e dos próprios gremistas, que a consideram sucateada e que revela poucos jogadores à categoria profissional. Uma prova foi o pacotão feito com o Juventude no início de 2013, que trouxe jogadores como Alex Telles, Paulinho, Bressan, Ramiro, Deretti e Follmann.

Já o Internacional possui uma melhor categoria de base no quesito estrutura, porém a gestão não é a mais adequada. Há uma lacuna entre o Profissional e a Base chamada de Time B, que é atualmente denominada Sub23. O clube tem uma política de insistir em jogadores que já saíram da idade júnior para tentar aproveitá-los no grupo principal, fazendo com que jogadores com 21, 22 e até 23 anos fiquem à frente da fila em relação a promessas, o que dificulta a ascensão de promessas para o profissional. Isso acaba também onerando a folha de pagamento do clube, tendo em vista que a quase totalidade destes jogadores acaba não vingando, deixando o clube amarrado em contratos longos.

A dupla Grenal está sucumbindo em função de suas gestões ineficientes e de suas estruturas obsoletas. Sem dinheiro, ambos perderão qualidade neste primeiro momento e só voltarão a ser competitivos se valorizarem as suas categorias de base, além de racionalizarem suas contratações e controlar gastos.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Inter começa 2014 de forma preocupante

O ano de 2014 já começou para o Internacional, que treina em Gramado para a disputa das competições da temporada. Sem Libertadores e apenas com o Gauchão neste primeiro trimestre, o clube resolveu privilegiar a preparação e disputará os primeiros jogos da temporada com o seu time Sub23, comandado por Clemer.

No entanto, as atenções estão voltadas ao grupo principal, comandado por Abel Braga, que busca se redimir da péssima temporada anterior, onde o clube correu até a última rodada risco de Rebaixamento para a Série B. O grupo sofreu uma pequena reformulação, com as saídas de Gabriel, Kléber, Airton, Bolatti, Leandro Damião e possivelmente de Scocco, que pediu para ser negociado. Até o momento, foram contratados o goleiro Dida, os laterais Gilberto e Alan, os zagueiros Ernando e Paulão, o volante Aranguíz e o atacante Wellington Paulista.

Dos nomes contratados, apenas as contratações de Dida, Ernando e Aranguíz mostram um acréscimo em relação ao elenco da temporada anterior. Os demais entram no chamado rol de apostas, política deste grupo que dirige o Inter desde 2002 e que tem fracassado nos últimos anos. Além de contratar poucos jogadores para a titularidade, o clube erra no tempo de duração dos contratos de pelo menos dois deles. O goleiro Dida assinou um contrato de dois anos. Isso representa que no final de 2015 o goleiro estará com 42 anos. Já o chileno Aranguíz veio com contrato até Agosto, momento na qual o ritmo das principais competições da temporada (Brasileirão e Copa do Brasil) se acentua.

O time-base será basicamente o mesmo de 2013, projetado no 4-2-3-1 com Dida, Gilberto, Ernando, Juan, Fabrício, Williams, Aranguiz, Alex (Jorge Henrique), Forlán (Otávinho), D’Alessandro e Rafael Moura (Wellington Paulista/ Forlán). A aposta mesmo será em Abel Braga, que buscará repetir seu vitorioso ano de 2006.

Fora de campo, o clube também está efetuando mudanças. Tão logo a temporada de 2013 terminou, Luís César Souto de Moura saiu do departamento de futebol, deixando Marcelo Medeiros como ficha 1 do futebol Colorado na vice-presidência. Medeiros ganhou o apoio dos diretores Roberto Melo e Eduardo Lacher e nesta semana anunciou os desligamentos do assessor de imprensa Nobrinho e do diretor executivo Newton Drummond, o Chumbinho, cuja atuação era questionada por grande parte da torcida.

Chumbinho estava com o grupo de jogadores em Gramado, quando recebeu a notificação de Medeiros para ir a Porto Alegre, onde recebeu a noticia do desligamento sob a alegação de necessidade de restruturação do futebol do clube. O vice-presidente anunciou Jorge Macedo, então coordenador geral das categorias de base, para o carco de Gerente de Futebol, que na prática poderá representar um retrocesso do clube em prol da profissionalização, já que o Diretor Executivo era um cargo remunerado e em muitos clubes é utilizado como a principal função do futebol, responsável por gerenciar o grupo de jogadores, negociações e logística do futebol do clube.

O que me espanta é que esta atitude tenha sido tomada em vias de iniciar os jogos da temporada, o que mostra uma total falta de planejamento. Mesmo que no Internacional as principais funções do departamento recaiam sobre o vice-presidente, uma mudança de estrutura depois de um período de mais 30 dias de recesso não é um bom sinal, e mostra que o clube não está aprendendo com seus erros recentes.

Imagino que o clube ainda conte com a contratação de reforços, principalmente depois que o potencial do grupo for colocado à prova nos jogos oficiais. Abel Braga é capaz de melhorar o fraco futebol de 2013, porém a esperada revolução do plantel que poderia trazer uma nova perspectiva ao Inter em 2014 ainda não veio e, pelo jeito, não virá.