sexta-feira, 18 de abril de 2014

Atlético de Madrid está próximo de entrar para a história

Nesta sexta-feira, o Atlético de Madrid venceu o Elche por 2x0, gols de Miranda e Diego Costa. Os madrilenses chegaram aos 85 pontos com incríveis 27 vitórias, contra 79 pontos do Real Madrid e 78 do Barcelona, sendo que estes ainda jogarão na rodada. 

Restando quatro rodadas para o fim e tendo a vantagem nos critérios de desempate contra o Real, o Atlético está, na prática, a três vitórias de conquistar um histórico Campeonato Espanhol, marcado pela desigualdade de divisão de receitas de TV, e que valorizam ainda mais a conquista dos comandados por Simeone. Salvo se um desastre ocorrer, o Atlético de Madrid também quebrará uma sequencia de Campeão e Vice alternados de Real Madrid e Barcelona, que já perdura 5 temporadas consecutivas. E se levar apenas em conta o título, a hegemonia já chega a 9 temporadas, desde o título do Valência na temporada 2003/04.

O período de supremacia regula com a mudança na forma de distribuição dos direitos de TV, que passaram a ser negociados individualmente entre os clubes e que favoreceram a dupla mais popular da Espanha. O Real Madrid sempre foi o clube mais rico do país, enquanto o Barcelona ganhou um novo status a partir da era Cruyf e da revolução proporcionada no seu futebol, fazendo com que ambos tenham uma grandeza maior que os demais, mas sempre seguida de perto por outros times do país, como o La Coruña, Valência, Atlético de Madrid, Bétis e Sevilla. Se antes, estes clubes conseguiam rivalizar e até conquistar campeonatos, hoje disputam o troféu do 3º lugar, o que acaba canonizando a campanha que o Atlético está fazendo este ano.

No último dado que obtive pela internet, e que por ser de 2009/10 está desatualizado, Barcelona e Real Madrid faturavam 140 milhões de Euros anuais da TV enquanto Valencia 44, Atlético de Madrid 42, e assim por diante, sempre em valores menores, ao ponto que os times recém promovidos da segunda divisão chegavam a faturar 20 vezes menos que a dupla suprema. Levando em conta que a grandeza de Barcelona e Real Madrid faz com que os clubes ganhem outras receitas robustas, a desigualdade fica ainda maior, a ponto de o Estado espanhol agir, obrigando que os clubes a partir de 2015 voltem a negociar conjuntamente, o que trará benefícios para os clubes que hoje faturam menos.  

Só o fato de o Atlético de Madrid disputar até o fim o titulo espanhol, trouxe uma nova visibilidade à Liga, que estava enfraquecida e restrita aos dérbis entre Real Madrid e Barcelona. Um título do time de Simeone colocará o time na história, como um símbolo da resistência da competitividade (origem) do futebol, que o tornou tão popular como é hoje. É evidente que a globalização atinge o esporte, porém o espírito de competição precisa ser preservado.

O Atlético ainda tem a chance de ampliar o seu feito conquistando a Europa, pois o time duelará com o Chelsea pelas semifinais da Champions League. Não é o favorito para o confronto, porém tem um time com condições de bater os ingleses, e aí a final é apenas um jogo, o que facilita contra um Bayern ou Real Madrid. Dois títulos seria algo sensacional, para deixar o time nos livros de história para sempre ser lembrado, com um bom time montado e otimizado por Simeone, com inovações táticas e um espírito de competição diferente dos demais times europeus, mais próximo ao que vemos na Libertadores.

Ao final da temporada, veremos a dura realidade de um provável desmanche no Atlético de Madrid, que não tem condições de competir com os endinheirados clubes. Por isso, torço para que faça história e signifique um marco em busca da manutenção do espirito competitivo do esporte. 

Brasileirão inicia descentralizado e sem um grande time

Desde que comecei a acompanhar futebol pelo Blog (meados de 2009), já presenciei quatro edições do Campeonato Brasileiro desde a primeira rodada, e em nenhuma consegui acertar o campeão através da análise antes da competição começar, em virtude das características de sazonalidade do futebol brasileiro.

Entre 2010 e 2013, alguns times despontavam como favoritos e jogavam o melhor futebol do país no momento em que o Brasileirão iniciava, mas por estarem focados em outras competições (Libertadores) ou com desmanches (da janela de agosto) acabaram se esfacelando/patinando e não confirmando o favoritismo. Neste ano, sequer um time poderá ser elencado como favorito, pois não há um grande time que esteja jogando um futebol consistente, capaz de coloca-lo como favorito para a conquista da Libertadores ou até mesmo do Brasileirão, em virtude do fraco futebol que está sendo apresentado no país ao longo deste 1º semestre de 2014.

 O que temos hoje são times que podem arrancar na frente e que podem adquirir consistência para manter a vantagem inicial e caminhar rumo ao título.  Neste caso, relaciono os times que disputam a Libertadores (Cruzeiro, Atlético-MG e Grêmio), além de Internacional e Santos. São estes cinco times que me chamaram a atenção neste início de temporada, ou mostram potencial pela temporada passada para deslanchar, como é o caso do Galo. Grêmio e Santos eu coloco um asterisco, pois não sei até que ponto a perda do título estadual impactará na evolução dos times, já que ambos vinham bem até o momento decisivo, quando começaram a apresentar dificuldades. O Cruzeiro começou mal, porém aos poucos retoma o bom futebol de 2013, enquanto o Internacional apresentou um crescimento surpreendente nos últimos jogos, batendo com facilidade o Grêmio na final do Gaúchão.

O fato surpreendente é que, hoje, não há um grande time no eixo Rio-São Paulo, apesar de todo o alcance midiático dado aos clubes e a receita a mais que recebem da televisão. Nem o milionário Corinthians tem um time montado, e dependerá muito mais da entrada de Elias no time para conseguir crescimento, que não foi visto ao longo do Paulistão, onde o time foi eliminado na primeira fase. O Flamengo mostrou um planejamento ruim para esta temporada, que não foi capaz de driblar as dificuldades financeiras para montagem de um bom elenco, enquanto Palmeiras, São Paulo, Fluminense e Botafogo são verdadeiras incógnitas. Do eixo, apenas o Santos mostrou ao longo do Paulistão um futebol de qualidade, porém caiu muito de produção nas finais do paulista, e a derrota contra o Ituano deverá promover mudanças no time.

Se tivesse que apostar em dois times, estes seriam Cruzeiro e Internacional. Porém como não sou uma pessoa de arriscar perder meu dinheiro com apostas, além de ver uma grande parada para a Copa do Mundo sucedida pela janela de transferências, não descarto nenhum clube de São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul, pois poderão aproveitar muito bem a parada e janela de transferências para rumar ao título ou G4. Sinceramente não acredito em boa campanha vinda do Rio de Janeiro, em virtude dos graves problemas técnicos e financeiros que os clubes do estado estão convivendo.

Há um bom tempo, venho manifestando a preocupação com o nível técnico desta edição do Brasileirão, já que o futebol apresentado até agora nos Estaduais e Libertadores foi deprimente, além do fato de os brasileiros virem da pior campanha da história recente do país na principal competição sul-americana, com três eliminações na primeira fase, algo inédito. Por outro lado, escrevi ontem a preocupação com o extracampo, com um regulamento complexo que permite julgamentos dúbios e incita os clubes a irem à Justiça Comum em busca de seus direitos, além de arbitragens péssimas e falta de atualização tática dos treinadores.  

Vários clubes convivem com salários atrasados, em virtude do mau planejamento oriundo de temporadas anteriores, onde houve um incremento significativo de receita, e que fora pessimamente administrado pelos clubes. Muitos clubes aumentaram exponencialmente a folha de pagamento para a alegria dos empresários, e hoje, quando o dinheiro a mais acabou, convivem com elencos caros, ruins e inviáveis financeiramente. Com isso, a maioria dos clubes está literalmente quebrada, necessitando de novas receitas através de empréstimos ou adiantamentos da cota da TV, e deixando o futuro do futebol no país incerto, pois o número de transferências para o exterior deverá crescer a partir da próxima janela.

Para complicar, o calendário do campeonato foi muito mal formulado para agradar a grade da TV, e várias rodadas deverão ficar em segundo plano, devido à proximidade da Copa do Mundo. Muitos clubes não terão nem onde treinar a partir da 5ª rodada (Até a 9ª, quando para o campeonato), enquanto outros terão que mandar seus jogos em outros estádios, pois muitos destes servirão como campos de treinamentos, além das respectivas sedes, e também deverão ser entregues a FIFA com antecedência.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

De caso em caso, Futebol Brasileiro vai perdendo sua credibilidade

Nesta quinta-feira, a CBF conseguiu cassar a liminar que garantia a colocação do Icasa na Série A do Brasileirão, em virtude de um erro cometido pelo Figueirense pela escalação do jogador Luan em condições irregulares, e que fora ratificado pela própria CBF, mas não a tempo de o time cearense conseguir ingressar na esfera esportiva para exigir o seu direito. Com isso, o Icasa entrou na Justiça Comum e havia garantido a sua participação por meio de liminar, porém a CBF utilizou-se de sua força política para derrubar este direito, já que o caso é, em tese, oposto ao da Portuguesa, que foi punida com o rebaixamento por ter escalado um jogador irregular. 

Embora a decisão tenha uma fundamentação, ficou a impressão que a Confederação Brasileira de Futebol decide quem ela quer punir ou não, pois se baseia em regulamentos dúbios e complexos para mostrar a sua vontade. Isso ficou evidente nos casos Fluminense x Portuguesa e Figueirense x Icasa, teoricamente com decisões opostas. No primeiro, prevaleceu a lei do mais forte, enquanto que no segundo, com clubes que não têm grande clamor popular, ficou a ideia de deixar as coisas como estão e não bagunçar regulamento, tabelas do campeonato, logística e transmissões de TV. 

Os dois casos esbarram no mesmo problema. Não há um controle efetivo que dê (ou não dê) condições legais para um jogador atuar em uma partida, transformando a escalação de cada clube em um desafio para os seus respectivos departamentos jurídicos, além de se tornar uma casca de banana para prejudicar os desavisados. Com isso, há uma grande possibilidade de campeonatos serem resolvidos fora de campo, onde prevalece a política e a lei do mais forte.  

Esta triste constatação é apenas mais um agravante em um futebol marcado por erros de arbitragem, de planejamento dos clubes cuja maioria não consegue manter os salários em dia, além de baixa qualidade técnica e falta de inovação tática, que deixam os “milionários” clubes brasileiros na alça de mira de fracos, mas organizados times do continente na Libertadores.

As poucas ideias que surgem para tentar melhorar o futebol brasileiro são prontamente rechaçadas, como no caso do Bom Senso FC, enquanto os dirigentes dos clubes acabam legitimando uma estrutura arcaica, mas que atentem seus anseios quando necessário, sendo que estes, nem sempre são benéficos para os seus clubes pensando em um longo prazo. Há medo de represálias, perda de privilégios e que faz com que nada mude, e que a conta fique cada vez mais cara para o torcedor, que é efetivamente o único apaixonado e que mantém o esporte viável no país. 

Assim como aconteceu com o Governo Brasileiro, o Futebol teve um período econômico favorável, que se bem aproveitado com mudanças pontuais na estrutura, poderia recoloca-lo no caminho dos grandes campeonatos com visibilidade mundial. Porém não houve a preocupação com o legado, e agora, passado o período de visibilidade da Copa do Mundo, ficarão vultosas dívidas e constantes atrasos de salários para serem administrados, que farão com que o futebol brasileiro perca jogadores para outros mercados emergentes, já que a Europa está muito mais cautelosa para contratar jogadores brasileiros em virtude da crise econômica que ainda assola o continente e da queda do nível técnico do nosso futebol.

O Campeonato Brasileiro começará no próximo sábado e pouco se fala em favoritos e no próprio campeonato, a não ser nas chamadas das emissoras que transmitirão o torneio. Não há um mínimo de empolgação, que é retratado pela baixa audiência e ocupação dos estádios neste início de temporada, salvo raríssimas exceções como jogos pontuais da Libertadores e algumas decisões dos Estaduais. Hoje eu não apontaria nenhum favorito para o principal torneio nacional, apenas times que largam na frente (que escreverei em um próximo post).

Enquanto os torcedores se aventuram a ir aos jogos aqui no Brasil em busca da sorte em ver um bom jogo, algo raro e que depende muito mais das falhas defensivas do que do mérito dos atacantes, temos seguidamente grandes partidas pelos nacionais europeus, além das ligas do continente. Hoje, um jogo da Champions League possui audiência expressiva na TV Aberta, enquanto que alguns confrontos de campeonatos nacionais europeus batem audiência de canais abertos, mesmo sendo restritos (TV Paga).  Se as direções das emissoras concorrentes tivessem a visão de investir nos campeonatos europeus, que contém os melhores jogadores, conquistaria um nicho cada vez maior de público que está insatisfeito com o futebol nacional.

O futebol brasileiro precisa se modernizar tanto dentro de campo quanto fora. É inegável que o maior acesso à TV Paga e à Internet fará com que os brasileiros passem a preferir um produto mais atrativo, vindo a reduzir ainda mais a importância do futebol brasileiro em um médio/longo prazo. 

domingo, 13 de abril de 2014

Inter é tetracampeão Gaúcho com sobras

Neste domingo no Estádio Centenário em Caxias, já que o Beira-Rio não foi liberado, o Internacional goleou o Grêmio por 4x1 e conquistou seu 43º titulo gaúcho, sendo o quarto consecutivo. Foi um título incontestável, já que o Internacional foi superior em ambos os jogos cuja soma dos jogos ficou em 6x2 para o Inter. 

Abel procurou manter o time do segundo tempo do primeiro Gre-Nal da decisão, que trouxe outra dinâmica ao time e reverteu a derrota parcial na primeira partida. Méritos do treinador, que teve tempo para aperfeiçoar a escalação na sua formação desejada, e colocou um time bem postado defensivamente e técnico para, capaz de entrar na área do adversário trocando passes. 

O Inter esperou o Grêmio no início do clássico, já que a equipe estava com vantagem confortável e o rival precisava tomara a iniciativa. O tricolor tentava pressionar, porém não conseguiu um lance sequer de perigo, e ainda facilitou a vida do Inter, com um erro defensivo de Werley, que permitiu que Rafael Moura protegesse a bola até encontrar D’Alessandro para concluir no canto de Grohe: 1x0. 

O gol destruiu o pouco de mobilização que o Grêmio tinha para tentar reverter o placar. O Inter passou a controlar o jogo e teve chance para ampliar ainda no primeiro tempo, porém foi na segunda etapa que o Colorado transformaria em goleada. 

Tudo começou com a alteração de Enderson Moreira no intervalo para dar maior ofensividade ao time, com a entrada de Maxi Rodriguez no lugar de Edinho. A modificação foi um total desastre, pois na prática não aumentou o poderio ofensivo do time, além de escancará-lo para que o Inter trabalhasse a bola e matasse a partida. Aos 4, Alex aproveitou uma finalização desviada de Alan Patrick e marcou o segundo. Aos 11, Alan Patrick marcou de pênalti, que fora sofrida por D’Alessandro e aos 13, Alex marcou seu segundo e o quarto do Inter após linda jogada coletiva envolvendo Alan Patrick e Rafael Moura na Esquerda. O Grêmio ainda descontou com gol contra de Ernando, depois de jogada de Dudu na direita, em um momento que o tricolor havia melhorado na partida em virtude do remédio de Enderson, que escalou Léo Gago no lugar de Alan Ruíz.

AI Inter
Mas já era tarde, a derrota e a perda do titulo já estava consumada. Restou o Inter administrar o restante da partida, e levantar a taça após o apito final do árbitro Márcio Chagas, que não fez uma má arbitragem, e procurou controlar o jogo disciplinarmente ao expulsar Pará e Williams que se envolveram em confusão. No lance, se tivesse expulsado apenas o jogador gremista, o arbitro não teria errado, pois não vi nada que o volante colorado pudesse ter feito para também ser expulso, a não ser o critério de tranquilizar o clássico com uma expulsão para cada lado.

O clássico mostrou que o Inter achou seu caminho e está crescendo, a ponto de ser uma das forças do Campeonato Brasileiro. Abel conseguiu dar segurança à defesa, que é mais dinâmica com Ernando ao lado de Paulão. No meio-campo, Alan Patrick ganhou a titularidade e participou da maioria dos lances de perigo do time, além de ser uma opção para o tabelamento com Aránguiz, Alex e D’Alessandro, algo que Jorge Henrique não conseguia fazer. Alex foi outro que cresceu nos últimos jogos, principalmente com a entrada de Alan Patrick, e foi um dos destaques dos dois jogos da final, marcando dois gols na decisão. Rafael Moura não marcou, mas participou das jogadas do primeiro e do quarto gols.

Após o jogo, a direção colorada sinalizou com a contratação de reforços. Pelo clima na coletiva do treinador Abel, pelo menos um já está acertado, o que é bom para qualificar o elenco, principalmente porque Aránguiz está com contrato por se encerrar, além do chileno ter que abandonar o grupo colorado para servir à seleção chilena na preparação para a Copa do Mundo.  Serão necessárias peças de reposição para que o time brigue pelo tão esperado tetracampeonato brasileiro.

Já pelo lado gremista, surgem indefinições e questionamentos quanto ao treinador Enderson Moreira, de bom trabalho neste início de temporada, mas que foi muito mal na disputa do Gauchão. O treinador montou um Grêmio promissor com peças jovens, que virou um dos destaques da Libertadores ao passar por cima de um grupo teoricamente difícil, com Nacional do Uruguai, Newell’s Old Boys da Argentina e Atlético Nacional da Colômbia. Não me atrevo a chamar de grupo da morte, em função de os times adversários não terem jogadores tão qualificados e que honrem com a história de suas camisas, porém é inegável dizer que o treinador fazia um trabalho irreparável até medir forças com o Internacional.

UOL
Tenho minhas restrições quanto aos times da Libertadores, em função do abismo financeiro existente entre os times latinos e os brasileiros (com exceção dos mexicanos), e que fazem com que os times brasileiros sejam obrigados a fazerem boas campanhas tamanho o investimento e mobilização para o torneio. Porém o Inter foi, até agora, a equipe mais forte que o Grêmio enfrentou na temporada, e em uma decisão, mostrou que o time tricolor ainda não está preparado para decidir, e nem o técnico Enderson Moreira, já que o comandante gremista errou nos dois clássicos, no primeiro por omissão, ao demorar para detectar os problemas do time, enquanto no segundo foi por ação equivocada, que abriu o time para sofrer uma goleada para o Internacional.

O treinador teve mérito de remediar o grande problema que causou antes de transformar o clássico em uma vitória histórica do Inter, que provavelmente lhe derrubaria do cargo, porém a má atuação do treinador nos clássicos ficará guardada para ser somada a uma eventual desclassificação da Libertadores, o que lhe derrubaria do cargo, por mais promissor que Enderson Moreira seja. Além da inexperiência do grupo e do treinador, ficou evidente a falta de opções do grupo gremista, que depende basicamente de Jean Deretti, Alan Ruíz e Maxi Rodríguez para mudar a história dos confrontos. Se Barcos se machucar ou ficar impedido de jogar, não teria reposição, enquanto que Werley e Pará estão tendo atuações em nível crítico, porém Bressan foi preterido e sumiu, enquanto não há um lateral direito capaz de desbancar Pará. 

Muitas questões e outras afirmações ocorreram com a final do Gauchão. Porém sigo dizendo que a dupla Gre-Nal entrará forte no Brasileiro, tendo como adversário o Santos e os times mineiros, principalmente o Cruzeiro, que voltou a mostrar um bom futebol.  E que venha o Brasileiro... 

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Duelos Equilibrados pelas Semifinais da Champions League

Nesta sexta-feira, a UEFA sorteou os confrontos semifinais da Champions League. O Real Madrid pegará o Bayern de Munique, enquanto o Atlético de Madrid receberá o Chelsea. Os jogos serão dia 22, 23, 29 e 30 de abril.

O sorteio foi bom para o Atlético de Madrid, já que o time enfrenta um adversário levemente superior, porém sem a mesma qualidade de Bayern e Real. O time de Mourinho vinha de boa campanha e liderança tranquila na Premier League, até vacilar na reta final com derrotas contra o Aston Villa e o Crystal Palace, que deixaram os blues em desvantagem na liga inglesa e mostraram a irregularidade do time. Já na Champions League, a equipe inglesa enfrentou muitas dificuldades para bater o bom time do PSG nas quartas, só conseguindo em virtude o gol qualificado fora de casa e da tática ousada de Mourinho no jogo da volta no Stamford Bridge, empilhando atacantes e conseguindo o tento que faltava nos pés de Demba Ba. 

Como tem um grupo reduzido e disputa simultaneamente o titulo do Campeonato Espanhol e da Champions, o Atlético de Madrid já está no limite físico, o que dá ao Chelsea um certo favoritismo no confronto, apesar deste também enfrentar uma maratona neste fim de temporada com o acúmulo de jogos do Campeonato Inglês. Resta saber se Diego Costa e Arda Turan conseguirão recuperar-se plenamente, além de confirmar a presença do goleiro Courtois, que pertence ao Chelsea, e há um contrato que o impede de jogar sob pena de uma recompensação financeira elevada para os padrões do Atlético. A UEFA já se pronunciou sobre o caso, liberando a escalação do jogador por tornar nula proibições deste tipo, porém como os espanhóis possuem boa relação comercial com os ingleses, resta saber se irão se acertar neste sentido.

UEFA
Já o outro confronto entre Real Madrid e Bayern de Munique tem ares de final antecipada, já que reúne os dois melhores elencos da Europa atualmente. O Bayern dispensa comentários, já que é o atual campeão da competição e nesta temporada, sob o comando de Guardiola, estabeleceu-se como um predador no Campeonato Alemão, ganhando o titulo com várias rodadas de antecedência e hoje possui uma diferença de 20 pontos para o segundo, faltando cinco rodadas para o final. O treinador conseguiu implementar seu modelo de movimentação e domínio de posse de bola visto do Barcelona há algumas temporadas, aperfeiçoando ainda mais a equipe que é a favorita para o bicampeonato, algo que não acontece desde o Milan de 1988/89 e 1989/90.

O Real Madrid ainda é muito dependente de Cristiano Ronaldo, atual melhor jogador do mundo, e que tem convivido com problemas físicos. O time liderou boa parte da Liga Espanhola, porém perdeu os dois clássicos para o Barcelona e um para o Atlético de Madrid, o que lhe coloca em desvantagem na luta pelo título. O treinador Ancelotti sofre com as irregularidades de Di Maria, que caiu de produção nos últimos jogos, e de Isco, que começou bem a temporada, mas também caiu de rendimento. Para complicar, o lateral Marcelo também enfrenta problemas físicos o que diminuiu o poder de força do time nos últimos jogos, e que por pouco não se complicou no duelo contra o Borussia Dortmund pelas quartas-de-final. Para as semifinais, tudo dependerá da recuperação dos jogadores para que o time possa duelar de igual para igual com o Bayern, que hoje é favorito para o confronto.

Teremos dois grandes jogos pelas semifinais da Champions League, e apostaria em uma final entre Bayern e Atlético de Madrid no dia 23 de maio no Estádio da Luz em Lisboa. O retrospecto recente conta a favor do Atlético de Madrid, já que desde 2008, o time que eliminou o Barcelona na fase de mata-mata sagrou-se campeão (Manchester United, Internazionale, Chelsea e Bayern de Munique).

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Futebol Brasileiro tem a pior campanha da história recente da Libertadores

Na última rodada da fase de grupos da Libertadores, os representantes brasileiros confirmaram a minha desconfiança sobre o futuro dos times brasileiros na competição e na temporada (aqui e aqui). Pela primeira vez desde quando o país teve direito a mais representantes no torneio, o Brasil teve 3 times eliminados na primeira fase, ultrapassando a marca de 2002, quando dois times foram eliminados.

E por pouco não foram quatro times, já que o Cruzeiro deu um Sprint final nos seus dois últimos jogos, vencendo com facilidade e mostrando o bom futebol que o levou ao titulo Brasileiro em 2013. Se confirmar a boa fase, o time mineiro entrará como um dos favoritos para a conquista do título, já que potencialmente a Raposa é o melhor time brasileiro, apesar de ainda estar irregular na campanha como um todo e perder na prática para o Grêmio, que foi o melhor representante do país nesta primeira fase.  

Nesta noite Grêmio e Atlético Mineiro, já classificados, entrarão em campo para confirmar as duas melhores campanhas do país, onde provavelmente o Grêmio ficará com a 2ª ou 3ª melhor campanha no geral, enquanto o Galo deverá garantir a 4ª melhor campanha. O Grêmio, como já havia escrito, é o time brasileiro que mostrou melhor futebol até agora, enquanto que o Galo ainda precisa provar que as mudanças para esta temporada deram certo, principalmente com a contratação de Paulo Autuori como treinador. O time ainda está bastante instável e é o único brasileiro que não deposito confiança para o mata-mata, pois precisa evoluir para chegar mais longe.

 Eu já projetava a eliminação do Atlético-PR, já que o time enfraqueceu sensivelmente em relação a 2013, tanto no elenco, quanto no comando técnico, já que Vágner Mancini deixou o cargo. O time já entrou com duas derrotas contabilizadas para Vélez e Strongest fora de casa em razão das circunstâncias (pressão na Argentina e altitude na Bolívia), porém o que definiu a sua eliminação foi a derrota diante dos argentinos em casa, onde escancarou a diferença técnica entre ambos os times. 

AI Cruzeiro
Já o caso dos cariocas era uma tragédia anunciada, em virtude de ambos os times apresentarem um futebol pobre e desorganizado, sem inovações táticas e com poucos valores individuais. Apesar de todas estas dificuldades, os times ainda perderam em casa suas classificações, quando o Botafogo perdeu para o Unión Española, enquanto o Flamengo perdeu para o León e tropeçou contra o Bolivar no Maracanã. O futebol do RJ está muito pobre, pelo que pude constatar nos jogos do Estadual e dos representantes da Libertadores. O rebaixamento do Vasco em 2013, o quase de Fluminense (salvo fora de campo) e Flamengo não foi por acaso. Já o Botafogo enfraqueceu em relação a 2013, além de ter problemas com o pagamento dos salários.

Os jogos de ontem serviram apenas para confirmar a incompetência destes times em contratar um treinador experiente e montar um grupo forte com o aporte financeiro. Flamengo perdeu Elias, motorzinho do time, e achou que Elano seria uma reposição a altura. Ontem, o meia ex-gremista foi escalado sem condições físicas para tal, enquanto o time rubro-negro dependia excessivamente da velocidade e movimentação de Éverton e Paulinho. A defesa falhou e o bom time do León venceu em um Maracanã lotado. O caso do Botafogo foi mais emblemático, pois o time sequer lutou. O Fogão foi preparado apenas para segurar o empate, e levou pressão o jogo inteiro do San Lorenzo. Em um chute desviado, o time argentino abriu o placar, e nem a desvantagem que eliminava o time carioca o fez mudar de postura. No fim, o time argentino conseguiu marcar os três gols de diferença que precisava para se classificar. 

Prevejo muitas dificuldades para os times brasileiros remanescentes na competição. O futebol brasileiro está à beira do caos técnico e tático, permitindo que equipes com orçamento infinitamente inferior consigam competir em igualdade de condições. O salário de um jogador titular de qualquer uma das equipes brasileiras (com exceção, talvez, do Atlético-PR por não ser do eixo RJ/SP/MG/RS) paga todo o elenco da maioria dos times latinos, com exceção de times argentinos e mexicanos, o que mostra a desigualdade econômica que fez com que desde 2005 o Brasil tenha pelo menos um representante na final da Competição. Isso ajuda a explicar o motivo que a Libertadores tem um nível técnico inferior. 

Não há como não encarar estes tropeços como fiasco. O Futebol Brasileiro é muito mais rico que o resto do continente e quando esta superioridade econômica não é correspondida em campo, é muito mais em virtude de deméritos dos nossos times do que méritos dos adversários, que muitas vezes montam bons times, mas mesmo assim, inferiores tecnicamente aos brasileiros. Acho que chegou a hora do país encarar a Libertadores como uma competição secundária, privilegiando a disputa do Brasileirão e com os times buscando medir forças, para quem sabe melhorar o nível do nosso futebol. 

Também projeto esta dificuldade para o Campeonato Brasileiro, onde provavelmente veremos a pior edição dos últimos anos no que se refere a qualidade técnica e tática. No ano passado, com exceção da maioria dos jogos do Cruzeiro, já foi difícil de assistir. Os times classificados mostram que o nível fraco do ano passado não foi apenas uma critica de corneta. A impressão é que a maioria das equipes piorou em relação ao ano passado, o que deixa o Brasileirão aberto para equipes mais organizadas e com alguns valores técnicos, como Grêmio, Santos, Internacional e agora o Cruzeiro estão mostrando.

O que dificulta um pouco as previsões para o restante da temporada é a parada para a Copa do Mundo a partir da 9ª rodada do Brasileirão, o que poderá fazer com que um time mude totalmente e possa disputar o titulo ou deixar a disputa. Imagino que os times de São Paulo irão crescer e disputar títulos, mas agora não há como negar que os times de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, além do Santos, estão em um melhor momento. 

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Grêmio mostra que Gre-Nal serviu de lição

O Grêmio mostrou na vitória que garantiu a classificação no Grupo 6 contra o Atlético Nacional na Colômbia, que tem poder de superação emocional, além de mostrar aos pessimistas que não virou do dia para a noite o pior time do mundo, por ter perdido na Arena o clássico Gre-Nal.

O Gre-Nal serviu para mostrar para o lado gremista que o time era mortal, e tem deficiências que podem custar pontos. Mostrou a falta de maturidade dos jovens jogadores tratando-se de decisões e até do treinador Enderson Moreira, que preferiu ser conservador em um momento decisivo e abreviou a chance de reagir. Já para o lado Colorado, mostrou potencial de crescimento, que poderá se sustentar se Abel fizer a coisa certa, substituindo jogadores que não estão contribuindo com o time, além de uma mudança de formação que favoreça a característica dos jogadores, como foi feito na segunda etapa. 

É bem verdade que o Atlético Nacional não tem a qualidade do Internacional (assim como a grande maioria dos times latinos), porém o Grêmio mostrou mais uma vez ter um bom time, bem treinado por Enderson Moreira e que se configura como o melhor brasileiro na competição, tanto nos resultados, quanto nas atuações. É, atualmente, o único brasileiro que faz valer o maior poderio econômico e se impõe contra os adversários. 

O time gremista se caracteriza pela solidez do sistema defensivo, que levou apenas um gol e mantém o time invicto. A zaga ainda apresenta problemas com a irregularidade de Werley, porém Marcelo Grohe tem dado conta, e mostrado que a atual e anterior direção subestimou-o ao deixa-lo tanto tempo no banco. 

Do meio para frente, o time ainda apresenta inconstâncias, como a de não conseguir manter a posse de bola no campo de ataque nos jogos fora de casa, muito em função de não ter um camisa 10, desde a lesão de Zé Roberto. Essa falta de uma referência também atrapalha nos jogos em casa, deixando o time muito dependente da individualidade dos velozes Dudu e Luan, que por serem jovens ainda são irregulares.

O time se garantirá com uma das melhores campanhas de primeiro lugar da fase de grupos da Libertadores, o que lhe dará vantagem no mata-mata. Vencendo o Nacional e chegando aos 14 pontos, a perspectiva de pegar um brasileiro que consiga se classificar com 10 pontos no segundo lugar de seu grupo é muito grande. Aí, mais uma vez, será testado o poder de decisão do time, que falhou no seu primeiro teste, o Gre-Nal.

O Grêmio precisa mostrar maturidade e poder de aprendizado neste aspecto, para que possa ir longe na Libertadores, já que possui um time capaz, e que hoje teria como adversários fortes somente o Santos Laguna, Vélez, Newell’s Old Boys e o Atlético-MG, se este mostrar evolução.

Para o Campeonato Brasileiro as perspectivas também são animadoras, e hoje apenas Grêmio, Inter e Santos mostram potencial para disputar o titulo. É bem verdade que Cruzeiro e Atlético-MG poderão evoluir, e haverá a parada para a Copa do Mundo juntamente com a janela de transferências, porém se o tricolor conseguir conciliar a Libertadores e o Brasileirão nestas 9 primeiras rodadas do certame nacional, conseguirá uma pontuação capaz de lhe deixar em vantagem para a volta da parada, suficiente para disputar o titulo brasileiro.