quinta-feira, 10 de março de 2011

Grêmio conquista a Taça Piratini

Imortalidade! É este o termo que deve estar pensando a torcida gremista com o título da Taça Piratini conquistado nos pênaltis contra o Caxias, depois de sair perdendo por 2x0 no tempo normal, conseguindo o empate já aos 50 minutos da segunda etapa. Agora o Grêmio ganha tranquilidade para jogar a primeira fase da Libertadores, pois já está na final do Gauchão.

O primeiro tempo foi empolgante. Lisca postou um Caxias organizado taticamente e ousado, indo pra cima do Grêmio e tendo nos primeiros sete minutos três chances para marcar. Podia ali ter aberto o placar, porém o Grêmio conseguiu se encontrar, boa parte nas tentativas frustradas de finalizações, que acenderam um pouco o animo gremista. Porém era uma pressão desorganizada por parte do Grêmio, visto que o Caxias dominava o meio-campo, e mereceu abrir o placar com Itaqui cobrando falta no canto direito de Victor, que havia armado mal a barreira.

O gol fez a casa gremista ruir de vez, obrigando Renato Gaúcho a alterar a equipe com a entrada de Bruno Collaço no lugar de Carlos Alberto, que assim como Willian Magrão, eram figuras nulas no meio-campo gremista. A troca não mudou apenas a peça, e sim o esquema, que funcionava com um meio em formato de quadrado com dois volantes e dois meias, retornando ao tradicional losango. Collaço melhorou um pouco o Grêmio, e o tricolor começou a chegar mais perigosamente, colocando o goleiro André Sangalli para trabalhar.

Porém o Caxias não estava morto, e quando queria chegava com perigo na defensiva gremista, ampliando o placar aos 39 minutos com Gerley, tabelando com Everton, e contando com a contribuição de Victor que comeu mosca em seu chute cruzado. O primeiro tempo só não terminou de mal a pior para o Grêmio porque Willian Magrão acertou um chute da entrada da área, diminuindo o marcador e reacendendo as esperanças tricolores. Cada time ainda teve uma boa chance de marcar.

O Caxias voltou para a segunda etapa mais retraído, chamando o Grêmio para o seu campo e tentando explorar os contra-ataques. Teve algumas escapadas pela esquerda, porém o Grêmio começou a ter mais oportunidades de finalizações com Douglas e André Lima raspando o gol de Sangalli. Renato Gaúcho aumentou o poder ofensivo com a entrada de Lúcio no lugar do vaiado Gilson, e na sua primeira jogada achou Borges, que obrigou o goleiro caxiense a fazer outra grande defesa. Uma das explicações de tamanha superioridade gremista foi o Caxias, que acabou cansando e permitindo que o Grêmio trabalhasse mais a bola e até finalizasse mais.

Deu-se então um bombardeio gremista, com o goleiro André Sangalli praticando várias defesas, enquanto a defesa caxiense resistia como podia. O árbitro Márcio Chagas estava tendo boa atuação, anulando corretamente dois gols gremistas por impedimento, porém começou a macular a sua partida não expulsando Douglas, que pisou em Everton aos 20 minutos. O Grêmio pressionava, finalizava e errava, enquanto o Caxias se defendia como podia e saia eventualmente ao ataque, obrigando Willian Magrão salvar o que seria o terceiro gol ao fim do segundo tempo. O time da serra só não contava com os 8 minutos de acréscimo dados pelo árbitro, que viria a originar muita confusão.

Primeiro com a expulsão de Rodolfo, que acabou levando o zagueiro Marcelo Ramos junto. O zagueiro gremista naquela altura jogava como centroavante, enquanto a saída de Marcelo gerou um buraco na defesa caxiense, que aos 50 minutos, Rafael Marques aproveitaria para empatar. Decisão nos pênaltis, onde Borges, Douglas, Rochemback e Lúcio converteram pelo lado gremista, enquanto apenas Everton marcou pelo lado caxiense, com o goleiro Victor defendendo as cobranças de Dê e de Diogo. Título gremista que parecia já improvável, depois de estar perdendo por 2x0, conseguindo empate nos acréscimos e vitória nos pênaltis.

O Caxias jogou o primeiro tempo como time grande, envolvendo o Grêmio e vencendo por 2x1. No segundo tempo faltou gás, porém o árbitro acabou criando confusão ao fim do jogo, prorrogando a partida até que o Grêmio conseguisse o empate. Há tempos não se via tanto acréscimo sem ter um grande motivo aparente. Teria Marcio Chagas da Silva dado todo este tempo com vitória gremista por 2x1? Essa questão ficará para ser respondida.

Que o título não coloque para debaixo do tapete os defeitos gremistas. A equipe teve grandes dificuldades contra o Caxias, sendo envolvida enquanto a equipe da serra teve gás. Boa parte pelas alas, nas costas dos laterais, com a zaga ainda carecendo de confiabilidade. O Caxias tem sim que reclamar da arbitragem, que deixou de expulsar Douglas, além de ter dado todo este tempo de acréscimo.

Metade do estado celebra a imortalidade, que deu a quantidade de minutos necessários para que o Grêmio pudesse reagir.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Empate sem gols e classificação do Tottenham

Em White Hart Lane, o Tottenham precisava apenas não levar gol para passar para as quartas de final da UEFA Champions League. E o dever foi bem executado pela defesa de Harry Redknapp, com poucos espaços cedidos ao Milan e classificação garantida.

Em campo, o treinador preferiu preservar o grande jogador Bale no banco de reservas, pois o mesmo vinha de longo tempo parado por lesão. Taticamente nenhuma invenção, com duas linhas de quatro jogadores, Van der Vaart mais à frente, buscando fazer companhia a Peter Crouch em um esquema 4-4-1-1. Já o Milan de Massimiliano Allegri promoveu uma variação tática interessante, com Seedorf como primeiro volante, tendo ao seu lado Boateng pela esquerda e Flamini pela esquerda, e o setor ofensivo com Robinho funcionando como meia de ligação e um ataque com Ibrahimovic e Pato, num esquema 4-3-1-2.

Este, alias, foi o jogo dos volantes. A marcação se sobrepôs à criação, com Seedorf se destacando pelo lado do Milan, enquanto Sandro foi um dos destaques do meio dos Spurs, cada vez mais se consolidando como titular na equipe de Londres. Como resultado desta característica, o jogo tornou-se amarrado na meia cancha, com poucas oportunidades de ambos os lados.

O Tottenham começou com uma pressão inicial, perdendo uma boa oportunidade com Van der Vaart logo a um minuto de jogo. O Milan neutralizou esta pressão, e ao longo da primeira etapa se destacou por manter mais a posse de bola, porém chegando pouco ao ataque. Ao todo foram duas chances de perigo, uma com Pato sendo lançado, passando por Gomes e cruzando para Robinho chutar mascado e o zagueiro Gallas salvar em cima da linha. No outro lance, o ex-colorado foi novamente lançado, porém esbarrou no goleiro brasileiro. O Tottenham abusava no chuveirinho para Crouch escorar para algum companheiro que se projetasse na área. Tal jogada foi ineficiente, com o grandalhão cometendo várias faltas de ataque.

O panorama do jogo não se alteraria na segunda etapa, com o Milan ficando mais com a bola, mas finalizando pouco, enquanto o Tottenham seguia no chuveirinho. Com um meio formado por Lennon, Sandro, Modric, Pienaar e Van der Vaart, jogadores bons e com habilidade, ficava até feio o jogo por parte dos Spurs. Redknapp tentou corrigir isso com a entrada de Bale e Jenas, buscando construir uma jogada forte pelos flancos, porém o jogo já estava se encaminhando ao fim, e o Milan tratou de pressionar e encurralar o Tottenham em seu campo. Porém os rossoneros só conseguiram duas chances, uma com Pato que chutou pela rede pelo lado de fora, e outro com Robinho já aos descontos.

Classificação dos Spurs merecida pelo primeiro jogo, onde fizeram uma partida beirando a perfeição no San Siro. Porém fica a impressão deste jogo da volta, onde a equipe parecia irreconhecível. A jogada aérea com Crouch é um dos pontos positivos dos Spurs, porém Redknapp possui um meio-campo habilidoso e com opções no banco para variação, com capacidade para criar jogadas de aproximação e movimentação. Boa partida da defesa, que não deixou o Milan criar grandes chances.

Já ao Milan, que tinha como ingrata uma recuperação, fica como alento a variação tática promovida por Allegri, centralizando Seedorf na volância, e o tornando a saída de bola mais qualificada. Porém como preocupação fica o setor ofensivo, que não funcionou com Robinho jogando na ligação, e com Pato como companheiro de Ibrahimovic. O ex-colorado parece estar perdendo espaço no Rossonero, pois no Calcio há a opção do bom jogador Cassano para o ataque. Robinho periga perder o seu lugar, sendo que até Mano Menezes o esqueceu na última convocação da Seleção Brasileira.

terça-feira, 8 de março de 2011

Vitória e classificação do Barça; futebol ofensivo agradece

Se a vitória de virada no jogo de ida já fora histórica para o Arsenal, uma classificação em pleno Camp Nou seria um feito ainda mais grandioso, além de ser inédito. Wenger tinha a missão de tentar parar a maquina de jogar futebol chamada Barcelona. Quase havia conseguido na temporada passada, porém foi só levar um gol, que transformou o confronto em um salão de festas para o Barcelona.

Se Wenger pode contar com Van Persie, Fabregas e Koscielny, que eram dúvidas por se ressentirem de lesões, Guardiola não pode contar com a zaga titular de Puyol e Piqué, improvisando Busquets e Abidal no setor. Um 4-4-1-1 para o Arsenal, com Rosicky, Diaby, Willshere e Nasri formando uma linha de quatro da esquerda para a direita, com Fábregas mais projetado à frente, servindo Van Persie, o único atacante dos gunners. Guardiola não inventou, promovendo a entrada de Mascherano no meio, juntamente com Iniesta e Xavi, e tendo o setor ofensivo formado por Pedro, Villa e Messi, que flutuava em campo.

O esquema proposto pelo técnico francês do Arsenal funcionou no primeiro terço da partida, não oferecendo espaços para o Barcelona tramar as jogadas, porém com eficiência ofensiva nula. A equipe inglesa ainda contou com a infelicidade do jovem goleiro Szczesny, que se machucou sozinho a sua mão ao encaixar uma falta cobrada por Dani Alves, cedendo lugar a Almunia.

Já o Barcelona começou a achar e
spaços em infiltrações pelos flancos ou através de jogadas individuais, aparecendo as finalizações que teve uma bola na trave com Adriano chutando da intermediária esquerda sem ângulo. Os ânimos ficaram quentes, com principio de confusão entre os jogadores dos dois times e pouco futebol. Porém nos descontos, em um lançamento sublime de Iniesta e mais uma genialidade de Messi, o craque argentino recebeu, driblando Almunia com um meio-chapéu e completando para o gol.

A desvantagem no placar e no confronto deveria fazer com quem o Arsenal começasse o segundo tempo atacando. Porém isso não foi visto, enquanto o Barcelona atacava mais e perdia chances. O jogo estava tão desigual, com 70% de posse de bola do Barcelona, que foi a própria equipe catalã que apimentou o jogo, em um fogo amigo de Busquets, cabeceando contra seu próprio gol após escanteio cobrado por Rosicky. Agora era o Arsenal que estava se classificando, com o Barcelona precisando fazer mais um gol para a prorrogação e dois para se classificar.

Van Persie fez questão, logo depois do gol, de retribuir a gentileza, forjando uma expulsão ao concluir uma jogada depois do árbitro Massimo Busacca ter invalidado o lance, levando o seu segundo cartão amarelo na partida. O Arsenal teria cerca de 35 minutos para montar um script de um filme de drama e superação pessoal ao tentar segurar o Barcelona. A equipe catalã fazia o seu jogo, girando o jogo, trocando passes, jogando pelos flancos e promovendo infiltrações, com os jogadores se jogando por cima da bola e com Almunia fazendo o possível e o impossível para bloquear as finalizações catalãs.

Porém não durou 15 minutos para a casa do Arsenal ruir, com dois gols catalães em três minutos. Aos 22, Iniesta faz uma jogada monstruosa no meio campo passando pelos marcadores, tocando para Pedro que achou Xavi, que se projetou na entrada da área e só desviou de Almunia. Aos 25, em outra grande jogada rápida e de troca de passes, Pedro foi derrubado por Koscielny, em pênalti convertido por Messi e colocando a vantagem a favor do Barcelona.

Wenger tentou reagir com as entradas de Arshavin e Bendtner nos lugares de Rosicky e do insosso Fábregas, O meia espanhol do Arsenal, que fora criado na base do Barcelona, fez uma partida muito apática, bem abaixo da média, o que acabou comprometendo o setor ofensivo do Arsenal. Bendtner ainda teria uma grande chance de empatar a partida, recebendo livre um passe de Arshavin dentro da área, porém acabou sendo brecado por Masherano ao tentar desviar de Valdés. Já o Barcelona teve a chance de matar a partida, porém perdeu várias chances de gols, porém que não fizeram falta para a classificação catalã.

Vitória do futebol ofensivo e do individualismo. O Arsenal saiu de campo sem conseguir dar uma única finalização ao gol de Valdés. O Barcelona além de dominar a posse de bola, criou um bombardeio para cima da defesa inglesa, merecendo a classificação para as quartas de finais. Que isso sirva de lição para Wenger e para a maioria dos técnicos brasileiros, que pensam que somente se defender é o que conta. O Barcelona e a Seleção Espanhola (que tem a base do Barcelona) estão ai para contrariar esta regra do futebol.

domingo, 6 de março de 2011

Liverpool vence clássico histórico e complica vida do Manchester

Um clássico inesquecível. É assim que consigo descrever resumidamente o clássico deste domingo entre Liverpool e Manchester. Um jogo cheio de emoções, com hat-trick, golaço, confusão, violência e só não teve expulsão devido à ruindade do arbitro Phill Dowd. Os torcedores do Liverpool, que sempre cantam de forma entusiasmante a canção/lema “You'll Never Walk Alone”, saíram ainda mais entusiasmados com a vitória e atuação da equipe, que complicou seu rival histórico na Premier League.

Liverpool e Manchester é um clássico histórico, de uma rivalidade entre duas cidades próximas e com poderio de potencias, que sempre disputavam a supremacia regional da Inglaterra desde a época da Revolução Industrial. Essa rivalidade chegou ao futebol, com os dois times somando 36 títulos ingleses, sendo 18 para cada lado. Se por um lado o Liverpool não vence um campeonato desde 1990, o Manchester acumula títulos, empatando com o rival histórico, e estando na eminencia de quebrar esta hegemonia nesta temporada. Tal fato ainda temperou ainda mais o clássico, ainda mais após um resultado negativo dos “Diabos Vermelhos” frente ao Chelsea, terça-feira passada e que segurou o Manchester na tabela.

Em campo, Fergusson resolveu manter o mesmo esquema utilizado contra o Chelsea, apenas trocando Javier Hernández por Berbatov, e promovendo a entrada de Giggs como titular. Como não tenho visto jogos do Liverpool na temporada, não sei o seu histórico de escalações e esquemas, mas hoje jogou com o 4-2-3-1 que vinha apresentando nos tempos de Rafa Benitez, com Suarez fixado no ataque, uma linha de três meias formada por Maxi Rodriguez, Raul Meireles e Kuyt. De inicio, pressão natural do time de Anfield, por jogar em casa e necessitar da vitória, mas foi o Manchester que assustou primeiro em uma pegada sem pulo da entrada da área de Berbatov, que acertou a trave de Reina.

O Liverpool detinha maior posse de bola, porém não conseguia encaixar nenhuma jogada aguda pelas pontas, demorando a chegar com perigo. Para complicar, um dos principais jogadores neste tipo de jogada, o lateral brasileiro Fábio Aurelio, se lesionou, necessitando ser substituído. Foi preciso uma grande mudança no sistema defensivo dos “Reds” para colocar Kyrgiakos em campo, deslocando Carregher para a lateral direita e Johnson para a lateral esquerda. E foi a entrada do grego que movimentaria o jogo, pois foi de Kyrgiakos o passe para Suarez marcar um dos gols mais empolgantes da temporada até então.

O uruguaio, que ficou conhecido por defender um chute de Gana pela Copa do Mundo, se livrou de cinco jogadores do Manchester para encontrar Kuyt livre para apenas encostar para o gol. No caminho, além de Evra e Smalling que foram superados pela jogada, Suarez passou brilhantemente por Rafael, Carrick e Brown. Este não iria ser o único presente ganho pelo holandês, que minutos depois ganharia uma assistência “amiga” de Nani, que interceptou de cabeça para trás um cruzamento de ataque dos Reds, e a bola sobrando na cabeça de Kuyt, que livre, só teve o trabalho de balançar as redes.

O jogo deu então uma trégua, descambando para a violência e a confusão típica de um clássico desta magnitude. Tudo começou com uma entrada criminosa de Carregher em Nani, o tirando de campo e levando apenas amarelo do árbitro Phill Dowd. Na jogada seguinte, o lateral Rafael tentou dar o troco em Lucas, ocasionando em uma confusão geral entre os dois times e com o arbitro encerrando o primeiro tempo logo depois para tentar esfriar os ânimos.

Para o espetáculo a parada foi boa, pois os dois times voltaram com vontade de jogo. O Manchester tentava apertar, porém errava nas finalizações. Rooney foi muito bem marcado, aparecendo pouco, com o Chicharito que entrara no lugar de Nani protagonizando os melhores lances ofensivos do United. Porém foi o Liverpool que viria a marcar o terceiro, novamente com Kuyt, aproveitando uma vacilada de Van der Sar que afastou mal uma falta cobrada por Suarez, e o holandês apenas tendo o trabalho para empurrar para as redes. Suarez ainda protagonizaria outro grande lance, deixando Evra no chão, passando uam meia-lua em Brown, mas errando na conclusão. Ainda deu tempo de Chicharito descontar de cabeça nos acréscimos após cruzamento de Giggs.

Vitória maiúscula do Liverpool, com grande atuação coletiva e individual de alguns jogadores. Suarez foi o grande destaque do time, pelas grandes jogadas e participação na vitória, assim como a estrela de Kuyt em estar no lugar e hora certa para marcar os gols. Pelo lado do Manchester, segunda derrota consecutiva em clássicos, onde ambos foram na casa do inimigo. A equipe mantém-se na liderança pela incompetência do Arsenal, que come mosca nos momentos decisivos como no empate em 0x0 contra o Sunderland no Emirates neste sábado. São três pontos atrás do United, porém com um jogo a menos e o clássico em Emirates contra os “Red Devils” na rodada 35. Porém pesa contra a fama de quem fica no quase desde o titulo invicto da liga na temporada 2003/2004.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Brasileiros decepcionam até agora na Libertadores

Vi praticamente todos os confrontos com brasileiros até agora na Libertadores, e o que tem me chamado a atenção é a baixa qualidade técnica dos times brasileiros, com exceção do Cruzeiro nos seus jogos em casa. Alguns placares dilatados por parte das demais equipes, mas com atuações aquém destes elásticos resultados.

Há quem defenda que Libertadores é assim, com a raça e a expiração se sobressaindo à técnica e inspiração, porém este ano está demais, com os Brasileiros se nivelando por baixo à média sul-americana, conhecida pela falta de técnica e que compensa com a garra e as táticas defensivas.

Dos cinco brasileiros restantes, o Cruzeiro é o que mostra o melhor futebol, e não é atoa que é colocado como um dos favoritos. Cuca está fazendo o simples, esquema com dois volantes, dois meias e dois atacantes, conseguindo inclusive encaixar Gilberto, Roger e Montillo no mesmo time, deslocando o primeiro para a lateral esquerda, sua posição de origem. A lesão de Gilberto inclusive quebrou um pouco o esquema celeste, que não mostrou fora de casa contra o Tolima o mesmo futebol que apresentara contra Estudiantes e Guarany (PAR), quando marcou nove gols sem sofrer nenhum. Tal fruto desta superioridade deve-se, em parte, a preparação mais bem planejada, com o Mineirão começando depois dos demais estaduais, assim com o Internacional começou o Gauchão com Time B.

Depois vem o Inter, que no papel talvez seja superior ao Cruzeiro, porém em campo apresenta-se inferior. Vale ressaltar que tanto Inter quanto Grêmio estão em grupos mais fracos, e isso os farão ter vantagens na próxima fase. Por isso é imprescindível vencer em casa e essencial vencer fora. Dentre os dois, vejo o Inter na frente, por mostrar-se com maiores recursos para decidir uma partida, além de ter um grupo superior. Porém o que entrava o Inter é o esquema utilizado por Roth e suas preferencias, que fazem o Inter jogar menos do que poderia jogar potencialmente. Já o Grêmio tem um esquema com meio em formato losango que me agrada, porém não está sendo aperfeiçoado e suas deficiências são visíveis, mas não são sanadas. Isso poderá ser crucial no mata-mata.

Já em relação aos campeões nacionais de 2010, vejo o Santos com remotas chances de classificação. Olhando na tabela, a equipe da baixada não está mal e o grupo está equilibrado, porém não mostrou em campo o potencial que mostra nas competições nacionais para ser considerada favorita. É um time leve, com muita técnica, porém sem a força necessária para uma Libertadores, deixando o time sem sal na competição. Já o Fluminense vejo como carta fora do baralho, restando saber em qual rodada da primeira fase estará matematicamente eliminada. Muricy confirma ser um técnico de segundo semestre, e complicado com brigas internas com dirigentes e contratações que deixaram o clube como uma clínica geriátrica, faltam opções e futebol para conseguir o milagre de três vitorias para se classificar.

Dos brasileiros, aposto em Inter e Cruzeiro. São os times que se prepararam para a competição e estão mostrando em campo esta preparação. O Grêmio corre por fora, possuindo um nível de favoritismo menor, porém estando na luta. Vejo que grande parte destas dificuldades estão no habito da arbitragem brasileira de marcar falta em qualquer coisa, com os jogadores acostumando-se a se atirar e o juiz marcar. Isto se vê muito nos times do Eixo, fora que são sempre beneficiados com erros de arbitragem. Com isso há muito caí-caí e pouco embate, que é algo imprescindível nesta competição.

Grêmio joga pouco e vence peruanos na bola parada

Nesta quinta-feira, o Grêmio fez mais um jogo pragmático, tendo dificuldades contra o esquema do Léon de Huanuco, porém conseguiu vencer o adversário peruano em dois lances de bola parada e agora é líder de sua chave.

Ainda sem Lúcio, machucado, Renato Gaúcho escalou o seu 12º titular Adilson no meio, mantendo seu esquema tradicional de losango. A equipe peruana parecia uma cópia defensiva do Oriente Petrolero, que trouxe enorme dificuldades na estreia gremista na Libertadores. Com quatro defensores altos, compactando o espaço com o meio-campo, composto por 5 jogadores e tendo apenas Vigil no ataque, ao contrário do Oriente que jogava em um 4-4-2 clássico inglês.

A variação com um meio ainda mais povoado que a equipe boliviana trouxe as mesmas dificuldades para o Grêmio, que sem um atacante veloz, não conseguia passar pelo ferrolho defensivo e não conseguia finalizações. O Léon explorava os contra-ataques, e teve com Orejuela a sua grande chance do primeiro tempo, recebendo livre, mas com Victor fechando os espaços e conseguindo abafar. O Grêmio até então se limitava a alçar bolas na área, sem perigo contra a alta defesa peruana.

O Léon conseguia controlar ofensivamente o Grêmio, que sem ao menos arriscar chutes de fora da área, somente através de um lance de bola parada poderia salvá-lo no primeiro tempo. E este lance ocorreu aos 41 minutos, em uma falta na intermediária direita, que Douglas levantou e André Lima desviou abrindo o placar. Uma vez aberto o placar, esperava-se que a equipe peruana se abrisse e oferecesse espaços ao Grêmio.

Tal perspectiva não ocorreu, com o Léon mantendo sua composição tática e oferecendo dificuldades ao Grêmio, que não jogava bem. Para sair outro gol, só em lance de bola parada, chute de fora da área ou erro do juiz. Aos 9 minutos, lançamento para a área peruana e André Lima cai, supostamente segurado por um defensor peruano. Eu vi e revi os replays e não me convenci que aconteceu alguma coisa. É o típico de lance que é só marcado no Brasil e que na América Latina e na Europa o arbitro manda seguir. Borges, que não tinha nada a ver com isso, bateu com categoria para marcar o segundo gol gremista.

A partir daí o jogo seguiu enrolado, com o Grêmio errando muitos passes e chegando pouco. Deu tempo de Gilson escapar pela esquerda e cruzar, com a bola encobrindo o goleiro Flores e sobrando pra André Lima, livre, escorar para fora. O Grêmio chegaria apenas mais uma vez, com Collaço já nos acréscimos chutando cruzado perto do gol. O Léon, apesar de suas limitações técnicas, chegou algumas vezes, obrigando Victor fazer uma grande defesa em cabeçada de Zegarra aos 19 minutos.

Vitória gremista com gols de bola parada, fundamento importante no equilibrado futebol atual. Mais uma vez atuação abaixo da média da equipe, sobretudo do meio-campo. Carlos Alberto não se achou no esquema, sendo deslocado pra esquerda e para a direita do losango e sem corresponder, parecendo uma barata tonta sem saber o que fazer em campo. Mais uma vez viu-se a necessidade de um atacante rápido para quebrar o esquema peruano, que foi parecido com o que o Oriente Petrolero já havia apresentado no Olímpico. Como o adversário não tinha poder de fogo, o Grêmio acabou garantindo os três pontos que serão importantes para definir o chaveamento para a próxima fase, porém sem convencer o torcedor ainda.

Conselho Deliberativo do Inter em apuros por Beira Rio 2014

O Beira Rio, patrimônio do Internacional e um dos orgulhos da torcida Colorada, esta virando motivo de pesadelos em relação ao seu futuro. Isto porque o processo de sua remodelação, visando a Copa de 2014, não é tão simples assim como fora vendido pela antiga direção, e com a atual, que convenhamos fazia parte da gestão Píffero, vendo-se sem saída, fazendo-a ligar o sinal vermelho e entregando o futuro da casa do clube ao Conselho Deliberativo.

A gestão Píffero sempre tratava com ressalvas o assunto, escondendo-o a sete chaves da imprensa, torcida e até mesmo do Conselho Deliberativo. Em relação à obra, limitava-se a dizer que ela seria feita em módulos, 100% com recursos do próprio Inter, sempre aproveitando para alfinetar o rival, que pretende construir uma Arena através de uma parceria com a OAS. Enquanto isso, as obras eram empurradas com a barriga, mesmo já se sabendo da escolha do Beira Rio como sede para a Copa em Porto Alegre.

Veio a gestão de Giovani Luigi, que se deu então conta que nada estava saindo como planejado, e a pressão por parte da FIFA o fez ligar o sinal vermelho. Nesta altura, parte da arquibancada inferior já havia sido removida, deixando-o sem saída, pois a desejada reforma passou a ser necessária. A direção tornou público o assunto, entregando-o nas mãos do Conselho Deliberativo, para que este decida qual (melhor) caminho tomar. Há dois caminhos, sendo o primeiro através de autofinanciamento e o segundo através de uma parceria.

O autofinanciamento seria um investimento de risco feito pelo clube, que iria montar a receita necessária para a obra através de recursos próprios, contraídos de projeções de receitas através de camarotes/vendas de jogadores, além de empréstimos. Sem o apoio do BNDES, um empréstimo teria que ser feito em uma instituição privada, a juros de mercado, portanto, altíssimos. Isso já foi tentado pelo ex-presidente em várias instituições, sendo-lhe negado.

Outra parte do dinheiro viria da locação antecipada de suítes/camarotes, que ainda nem foram construídos. Neste caso, haveria uma projeção de receitas, que poderia ou não realizar-se, fazendo com que o clube tenha que utilizar recursos de outros setores para compensar eventuais falhas nesta área. Enfim, algo complexo, que dificilmente a FIFA aceitaria as garantias e que provavelmente endividaria o Inter num futuro próximo, com este tendo que negociar jogadores como forma de conseguir receitas extraordinárias para tapar este buraco, vindo a enfraquecer demasiadamente o time e a saúde financeira do clube.

A outra solução seria uma parceria. Ontem foi entregue ao Conselho Deliberativo a proposta da construtora Andrade Gutierrez, que além de reformar o Gigante, faria todo o complexo (com edifício garagem, campos de futebol para treino e etc.) em troca de exploração de todas as receitas providas dos camarotes, cadeiras VIP, shows e lojas pelo período de 20 anos. Ao clube, restariam as placas de publicidades, bilheterias, patrocínios e vendas de jogadores. A meu ver, a proposta seria extremamente rentável à parceira, que ficaria com os setores que retornam o maior valor num estádio. Com ela, o Inter praticamente entregaria seu complexo para a construtora por 20 anos, em troca da reforma.

Neste caso, seria favorável à construção de um novo estádio, nos moldes Grêmio/OAS, visto que em 20 anos o Inter teria um estádio seminovo para administrar. Com a reforma, não sei se daqui a 20 anos o Beira Rio não necessitará de outra grande reforma, deixando-o refém de nova parceria. Não achei uma proposta boa, e dificilmente irá surgir alguma melhor, pois se trata agora de um clube desesperado, sob pena de perder a sede da copa, além de já ter parte do estádio destruído fruto de uma ação impensada e irresponsável para quem ainda não tinha definido como iria reformar.

Como pode ser visto é um caminho sem saída. Não dá para abdicar da Copa em virtude de tudo que fora acordado com FIFA, CBF, Governo Federal, Estadual e Municipal. Seria mais uma atitude irresponsável e que certamente traria graves consequências. Isto porque já estão sendo feitas obras públicas nas imediações do estádio, e uma saída pela tangente poderia implicar em custos estratosféricos, além de perder os benefícios de isenções fiscais. Se optar pela parceria, o Inter abdicaria de faturar com seu estádio por 20 anos, e se fizer o autofinanciamento periga a falir em virtude dos altos juros que isto implicaria, fora o enfraquecimento do clube como time de futebol.

Serão 20 dias para o Conselho Deliberativo decidir o futuro do Inter. A situação não é mais nada favorável, com o clube saindo como perdedor em ambas, seja qual for a decisão a ser tomada. Deve ser escolhida a solução que traga menores prejuízos ao clube a médio e longo prazo.