O Beira Rio, patrimônio do Internacional e um dos orgulhos da torcida Colorada, esta virando motivo de pesadelos em relação ao seu futuro. Isto porque o processo de sua remodelação, visando a Copa de 2014, não é tão simples assim como fora vendido pela antiga direção, e com a atual, que convenhamos fazia parte da gestão Píffero, vendo-se sem saída, fazendo-a ligar o sinal vermelho e entregando o futuro da casa do clube ao Conselho Deliberativo.
A gestão Píffero sempre tratava com ressalvas o assunto, escondendo-o a sete chaves da imprensa, torcida e até mesmo do Conselho Deliberativo. Em relação à obra, limitava-se a dizer que ela seria feita em módulos, 100% com recursos do próprio Inter, sempre aproveitando para alfinetar o rival, que pretende construir uma Arena através de uma parceria com a OAS. Enquanto isso, as obras eram empurradas com a barriga, mesmo já se sabendo da escolha do Beira Rio como sede para a Copa em Porto Alegre.
Veio a gestão de Giovani Luigi, que se deu então conta que nada estava saindo como planejado, e a pressão por parte da FIFA o fez ligar o sinal vermelho. Nesta altura, parte da arquibancada inferior já havia sido removida, deixando-o sem saída, pois a desejada reforma passou a ser necessária. A direção tornou público o assunto, entregando-o nas mãos do Conselho Deliberativo, para que este decida qual (melhor) caminho tomar. Há dois caminhos, sendo o primeiro através de autofinanciamento e o segundo através de uma parceria.
O autofinanciamento seria um investimento de risco feito pelo clube, que iria montar a receita necessária para a obra através de recursos próprios, contraídos de projeções de receitas através de camarotes/vendas de jogadores, além de empréstimos. Sem o apoio do BNDES, um empréstimo teria que ser feito em uma instituição privada, a juros de mercado, portanto, altíssimos. Isso já foi tentado pelo ex-presidente em várias instituições, sendo-lhe negado.
Outra parte do dinheiro viria da locação antecipada de suítes/camarotes, que ainda nem foram construídos. Neste caso, haveria uma projeção de receitas, que poderia ou não realizar-se, fazendo com que o clube tenha que utilizar recursos de outros setores para compensar eventuais falhas nesta área. Enfim, algo complexo, que dificilmente a FIFA aceitaria as garantias e que provavelmente endividaria o Inter num futuro próximo, com este tendo que negociar jogadores como forma de conseguir receitas extraordinárias para tapar este buraco, vindo a enfraquecer demasiadamente o time e a saúde financeira do clube.
A outra solução seria uma parceria. Ontem foi entregue ao Conselho Deliberativo a proposta da construtora Andrade Gutierrez, que além de reformar o Gigante, faria todo o complexo (com edifício garagem, campos de futebol para treino e etc.) em troca de exploração de todas as receitas providas dos camarotes, cadeiras VIP, shows e lojas pelo período de 20 anos. Ao clube, restariam as placas de publicidades, bilheterias, patrocínios e vendas de jogadores. A meu ver, a proposta seria extremamente rentável à parceira, que ficaria com os setores que retornam o maior valor num estádio. Com ela, o Inter praticamente entregaria seu complexo para a construtora por 20 anos, em troca da reforma.
Neste caso, seria favorável à construção de um novo estádio, nos moldes Grêmio/OAS, visto que em 20 anos o Inter teria um estádio seminovo para administrar. Com a reforma, não sei se daqui a 20 anos o Beira Rio não necessitará de outra grande reforma, deixando-o refém de nova parceria. Não achei uma proposta boa, e dificilmente irá surgir alguma melhor, pois se trata agora de um clube desesperado, sob pena de perder a sede da copa, além de já ter parte do estádio destruído fruto de uma ação impensada e irresponsável para quem ainda não tinha definido como iria reformar.
Como pode ser visto é um caminho sem saída. Não dá para abdicar da Copa em virtude de tudo que fora acordado com FIFA, CBF, Governo Federal, Estadual e Municipal. Seria mais uma atitude irresponsável e que certamente traria graves consequências. Isto porque já estão sendo feitas obras públicas nas imediações do estádio, e uma saída pela tangente poderia implicar em custos estratosféricos, além de perder os benefícios de isenções fiscais. Se optar pela parceria, o Inter abdicaria de faturar com seu estádio por 20 anos, e se fizer o autofinanciamento periga a falir em virtude dos altos juros que isto implicaria, fora o enfraquecimento do clube como time de futebol.
Serão 20 dias para o Conselho Deliberativo decidir o futuro do Inter. A situação não é mais nada favorável, com o clube saindo como perdedor em ambas, seja qual for a decisão a ser tomada. Deve ser escolhida a solução que traga menores prejuízos ao clube a médio e longo prazo.
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