sexta-feira, 11 de abril de 2014

Duelos Equilibrados pelas Semifinais da Champions League

Nesta sexta-feira, a UEFA sorteou os confrontos semifinais da Champions League. O Real Madrid pegará o Bayern de Munique, enquanto o Atlético de Madrid receberá o Chelsea. Os jogos serão dia 22, 23, 29 e 30 de abril.

O sorteio foi bom para o Atlético de Madrid, já que o time enfrenta um adversário levemente superior, porém sem a mesma qualidade de Bayern e Real. O time de Mourinho vinha de boa campanha e liderança tranquila na Premier League, até vacilar na reta final com derrotas contra o Aston Villa e o Crystal Palace, que deixaram os blues em desvantagem na liga inglesa e mostraram a irregularidade do time. Já na Champions League, a equipe inglesa enfrentou muitas dificuldades para bater o bom time do PSG nas quartas, só conseguindo em virtude o gol qualificado fora de casa e da tática ousada de Mourinho no jogo da volta no Stamford Bridge, empilhando atacantes e conseguindo o tento que faltava nos pés de Demba Ba. 

Como tem um grupo reduzido e disputa simultaneamente o titulo do Campeonato Espanhol e da Champions, o Atlético de Madrid já está no limite físico, o que dá ao Chelsea um certo favoritismo no confronto, apesar deste também enfrentar uma maratona neste fim de temporada com o acúmulo de jogos do Campeonato Inglês. Resta saber se Diego Costa e Arda Turan conseguirão recuperar-se plenamente, além de confirmar a presença do goleiro Courtois, que pertence ao Chelsea, e há um contrato que o impede de jogar sob pena de uma recompensação financeira elevada para os padrões do Atlético. A UEFA já se pronunciou sobre o caso, liberando a escalação do jogador por tornar nula proibições deste tipo, porém como os espanhóis possuem boa relação comercial com os ingleses, resta saber se irão se acertar neste sentido.

UEFA
Já o outro confronto entre Real Madrid e Bayern de Munique tem ares de final antecipada, já que reúne os dois melhores elencos da Europa atualmente. O Bayern dispensa comentários, já que é o atual campeão da competição e nesta temporada, sob o comando de Guardiola, estabeleceu-se como um predador no Campeonato Alemão, ganhando o titulo com várias rodadas de antecedência e hoje possui uma diferença de 20 pontos para o segundo, faltando cinco rodadas para o final. O treinador conseguiu implementar seu modelo de movimentação e domínio de posse de bola visto do Barcelona há algumas temporadas, aperfeiçoando ainda mais a equipe que é a favorita para o bicampeonato, algo que não acontece desde o Milan de 1988/89 e 1989/90.

O Real Madrid ainda é muito dependente de Cristiano Ronaldo, atual melhor jogador do mundo, e que tem convivido com problemas físicos. O time liderou boa parte da Liga Espanhola, porém perdeu os dois clássicos para o Barcelona e um para o Atlético de Madrid, o que lhe coloca em desvantagem na luta pelo título. O treinador Ancelotti sofre com as irregularidades de Di Maria, que caiu de produção nos últimos jogos, e de Isco, que começou bem a temporada, mas também caiu de rendimento. Para complicar, o lateral Marcelo também enfrenta problemas físicos o que diminuiu o poder de força do time nos últimos jogos, e que por pouco não se complicou no duelo contra o Borussia Dortmund pelas quartas-de-final. Para as semifinais, tudo dependerá da recuperação dos jogadores para que o time possa duelar de igual para igual com o Bayern, que hoje é favorito para o confronto.

Teremos dois grandes jogos pelas semifinais da Champions League, e apostaria em uma final entre Bayern e Atlético de Madrid no dia 23 de maio no Estádio da Luz em Lisboa. O retrospecto recente conta a favor do Atlético de Madrid, já que desde 2008, o time que eliminou o Barcelona na fase de mata-mata sagrou-se campeão (Manchester United, Internazionale, Chelsea e Bayern de Munique).

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Futebol Brasileiro tem a pior campanha da história recente da Libertadores

Na última rodada da fase de grupos da Libertadores, os representantes brasileiros confirmaram a minha desconfiança sobre o futuro dos times brasileiros na competição e na temporada (aqui e aqui). Pela primeira vez desde quando o país teve direito a mais representantes no torneio, o Brasil teve 3 times eliminados na primeira fase, ultrapassando a marca de 2002, quando dois times foram eliminados.

E por pouco não foram quatro times, já que o Cruzeiro deu um Sprint final nos seus dois últimos jogos, vencendo com facilidade e mostrando o bom futebol que o levou ao titulo Brasileiro em 2013. Se confirmar a boa fase, o time mineiro entrará como um dos favoritos para a conquista do título, já que potencialmente a Raposa é o melhor time brasileiro, apesar de ainda estar irregular na campanha como um todo e perder na prática para o Grêmio, que foi o melhor representante do país nesta primeira fase.  

Nesta noite Grêmio e Atlético Mineiro, já classificados, entrarão em campo para confirmar as duas melhores campanhas do país, onde provavelmente o Grêmio ficará com a 2ª ou 3ª melhor campanha no geral, enquanto o Galo deverá garantir a 4ª melhor campanha. O Grêmio, como já havia escrito, é o time brasileiro que mostrou melhor futebol até agora, enquanto que o Galo ainda precisa provar que as mudanças para esta temporada deram certo, principalmente com a contratação de Paulo Autuori como treinador. O time ainda está bastante instável e é o único brasileiro que não deposito confiança para o mata-mata, pois precisa evoluir para chegar mais longe.

 Eu já projetava a eliminação do Atlético-PR, já que o time enfraqueceu sensivelmente em relação a 2013, tanto no elenco, quanto no comando técnico, já que Vágner Mancini deixou o cargo. O time já entrou com duas derrotas contabilizadas para Vélez e Strongest fora de casa em razão das circunstâncias (pressão na Argentina e altitude na Bolívia), porém o que definiu a sua eliminação foi a derrota diante dos argentinos em casa, onde escancarou a diferença técnica entre ambos os times. 

AI Cruzeiro
Já o caso dos cariocas era uma tragédia anunciada, em virtude de ambos os times apresentarem um futebol pobre e desorganizado, sem inovações táticas e com poucos valores individuais. Apesar de todas estas dificuldades, os times ainda perderam em casa suas classificações, quando o Botafogo perdeu para o Unión Española, enquanto o Flamengo perdeu para o León e tropeçou contra o Bolivar no Maracanã. O futebol do RJ está muito pobre, pelo que pude constatar nos jogos do Estadual e dos representantes da Libertadores. O rebaixamento do Vasco em 2013, o quase de Fluminense (salvo fora de campo) e Flamengo não foi por acaso. Já o Botafogo enfraqueceu em relação a 2013, além de ter problemas com o pagamento dos salários.

Os jogos de ontem serviram apenas para confirmar a incompetência destes times em contratar um treinador experiente e montar um grupo forte com o aporte financeiro. Flamengo perdeu Elias, motorzinho do time, e achou que Elano seria uma reposição a altura. Ontem, o meia ex-gremista foi escalado sem condições físicas para tal, enquanto o time rubro-negro dependia excessivamente da velocidade e movimentação de Éverton e Paulinho. A defesa falhou e o bom time do León venceu em um Maracanã lotado. O caso do Botafogo foi mais emblemático, pois o time sequer lutou. O Fogão foi preparado apenas para segurar o empate, e levou pressão o jogo inteiro do San Lorenzo. Em um chute desviado, o time argentino abriu o placar, e nem a desvantagem que eliminava o time carioca o fez mudar de postura. No fim, o time argentino conseguiu marcar os três gols de diferença que precisava para se classificar. 

Prevejo muitas dificuldades para os times brasileiros remanescentes na competição. O futebol brasileiro está à beira do caos técnico e tático, permitindo que equipes com orçamento infinitamente inferior consigam competir em igualdade de condições. O salário de um jogador titular de qualquer uma das equipes brasileiras (com exceção, talvez, do Atlético-PR por não ser do eixo RJ/SP/MG/RS) paga todo o elenco da maioria dos times latinos, com exceção de times argentinos e mexicanos, o que mostra a desigualdade econômica que fez com que desde 2005 o Brasil tenha pelo menos um representante na final da Competição. Isso ajuda a explicar o motivo que a Libertadores tem um nível técnico inferior. 

Não há como não encarar estes tropeços como fiasco. O Futebol Brasileiro é muito mais rico que o resto do continente e quando esta superioridade econômica não é correspondida em campo, é muito mais em virtude de deméritos dos nossos times do que méritos dos adversários, que muitas vezes montam bons times, mas mesmo assim, inferiores tecnicamente aos brasileiros. Acho que chegou a hora do país encarar a Libertadores como uma competição secundária, privilegiando a disputa do Brasileirão e com os times buscando medir forças, para quem sabe melhorar o nível do nosso futebol. 

Também projeto esta dificuldade para o Campeonato Brasileiro, onde provavelmente veremos a pior edição dos últimos anos no que se refere a qualidade técnica e tática. No ano passado, com exceção da maioria dos jogos do Cruzeiro, já foi difícil de assistir. Os times classificados mostram que o nível fraco do ano passado não foi apenas uma critica de corneta. A impressão é que a maioria das equipes piorou em relação ao ano passado, o que deixa o Brasileirão aberto para equipes mais organizadas e com alguns valores técnicos, como Grêmio, Santos, Internacional e agora o Cruzeiro estão mostrando.

O que dificulta um pouco as previsões para o restante da temporada é a parada para a Copa do Mundo a partir da 9ª rodada do Brasileirão, o que poderá fazer com que um time mude totalmente e possa disputar o titulo ou deixar a disputa. Imagino que os times de São Paulo irão crescer e disputar títulos, mas agora não há como negar que os times de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, além do Santos, estão em um melhor momento. 

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Grêmio mostra que Gre-Nal serviu de lição

O Grêmio mostrou na vitória que garantiu a classificação no Grupo 6 contra o Atlético Nacional na Colômbia, que tem poder de superação emocional, além de mostrar aos pessimistas que não virou do dia para a noite o pior time do mundo, por ter perdido na Arena o clássico Gre-Nal.

O Gre-Nal serviu para mostrar para o lado gremista que o time era mortal, e tem deficiências que podem custar pontos. Mostrou a falta de maturidade dos jovens jogadores tratando-se de decisões e até do treinador Enderson Moreira, que preferiu ser conservador em um momento decisivo e abreviou a chance de reagir. Já para o lado Colorado, mostrou potencial de crescimento, que poderá se sustentar se Abel fizer a coisa certa, substituindo jogadores que não estão contribuindo com o time, além de uma mudança de formação que favoreça a característica dos jogadores, como foi feito na segunda etapa. 

É bem verdade que o Atlético Nacional não tem a qualidade do Internacional (assim como a grande maioria dos times latinos), porém o Grêmio mostrou mais uma vez ter um bom time, bem treinado por Enderson Moreira e que se configura como o melhor brasileiro na competição, tanto nos resultados, quanto nas atuações. É, atualmente, o único brasileiro que faz valer o maior poderio econômico e se impõe contra os adversários. 

O time gremista se caracteriza pela solidez do sistema defensivo, que levou apenas um gol e mantém o time invicto. A zaga ainda apresenta problemas com a irregularidade de Werley, porém Marcelo Grohe tem dado conta, e mostrado que a atual e anterior direção subestimou-o ao deixa-lo tanto tempo no banco. 

Do meio para frente, o time ainda apresenta inconstâncias, como a de não conseguir manter a posse de bola no campo de ataque nos jogos fora de casa, muito em função de não ter um camisa 10, desde a lesão de Zé Roberto. Essa falta de uma referência também atrapalha nos jogos em casa, deixando o time muito dependente da individualidade dos velozes Dudu e Luan, que por serem jovens ainda são irregulares.

O time se garantirá com uma das melhores campanhas de primeiro lugar da fase de grupos da Libertadores, o que lhe dará vantagem no mata-mata. Vencendo o Nacional e chegando aos 14 pontos, a perspectiva de pegar um brasileiro que consiga se classificar com 10 pontos no segundo lugar de seu grupo é muito grande. Aí, mais uma vez, será testado o poder de decisão do time, que falhou no seu primeiro teste, o Gre-Nal.

O Grêmio precisa mostrar maturidade e poder de aprendizado neste aspecto, para que possa ir longe na Libertadores, já que possui um time capaz, e que hoje teria como adversários fortes somente o Santos Laguna, Vélez, Newell’s Old Boys e o Atlético-MG, se este mostrar evolução.

Para o Campeonato Brasileiro as perspectivas também são animadoras, e hoje apenas Grêmio, Inter e Santos mostram potencial para disputar o titulo. É bem verdade que Cruzeiro e Atlético-MG poderão evoluir, e haverá a parada para a Copa do Mundo juntamente com a janela de transferências, porém se o tricolor conseguir conciliar a Libertadores e o Brasileirão nestas 9 primeiras rodadas do certame nacional, conseguirá uma pontuação capaz de lhe deixar em vantagem para a volta da parada, suficiente para disputar o titulo brasileiro. 

domingo, 30 de março de 2014

Gre-Nal 400 com vitória do Inter e lição para os técnicos

O clássico Gre-Nal deste domingo foi muito mais do que apenas o 1º jogo da final do Campeonato Gaúcho. Além de ser o 400º clássico, foi a primeira vitória na Arena, que acabou ficando com o Internacional, já que os dois primeiros clássicos terminaram empatado.

O jogo teve dois tempos distintos, muito em função das opções de escalação e formação de Abel Braga para o clássico, e que confirmaram a minha opinião de irregularidade do time que poderá render muitos pontos perdidos se não for sanada. No post anterior, escrevi sobre o assunto, porém repito: No primeiro tempo, que foi basicamente a escalação utilizada por Abel Braga, o Inter teve problemas defensivos com as falhas individuais constantes do zagueiro Paulão, além de falta de cobertura na marcação, onde Williams tinha que marcar sozinho, e falta de velocidade ofensiva, o que dificultava a criação de jogadas, bem como ajudava no desarme adversário.

No primeiro tempo, o Grêmio teve uma pequena superioridade, muito em função do gol aos 14 minutos com Barcos, quando Pará acertou um cruzamento na cabeça do atacante, que teve méritos de se antecipar à zaga colorada e escolher o canto.  Antes do gol, o jogo era parelho, com chances para ambos os lados e uma vantagem na posse de bola para o lado tricolor. Após o tento, o time gremista explorou mais os problemas colorados, porém não fez uma grande partida a ponto de merecer um placar maior no primeiro tempo, já que as figuras de destaque do time Luan e Dudu não fizeram uma boa partida. O Inter terminou o primeiro tempo com maior posse de bola (62%), mas não era nada produtiva.

No intervalo para o segundo tempo, Abel alterou a escalação com as entradas de Alan Patrick e Ernando nos lugares de Jorge Henrique e Juan. A troca de zagueiros foi em função de lesão, porém Jorge Henrique já merecia há algumas partidas ser sacado, em virtude de pouco contribuir para o time. Na formação, o treinador colorado soltou Aránguiz para atacar, já que o chileno foi ao longo da primeira etapa um volante, que não conseguia ajudar Williams e que não tinha a possibilidade de contribuir ofensivamente, onde tem sido destaque e formando um esquema 4-1-4-1.

Crédito: UOL
Com as mudanças, o Inter cresceu na volta para a segunda etapa e logo chegou ao empate com Rafael Moura, depois de jogada de Alex para Aránguiz na direita, que cruzou na cabeça do He-Man. O Grêmio sentiu o gol e não conseguiu reagir, enquanto o Inter cresceu na partida e passou a chegar com facilidade na área gremista. O Inter passou a acumular conclusões e só teve dificuldades para ampliar o marcador em virtude de Marcelo Grohe, que fez intervenções importantes e foi um dos destaques da partida. 

O jogo pedia mudanças no time do Grêmio, e Enderson mostrou conservadorismo ao tirar Dudu para a entrada de Alan Ruíz. É bem verdade que o meia não fazia boa partida, porém diante das circunstâncias era esperado que o treinador tirasse um dos volantes para ampliar o poderio ofensivo do time. Pouco depois da escolha de Enderson, o Grêmio acabou levando a virada mais uma vez através de Rafael Moura, que desta vez recebeu um cruzamento de Fabrício pela esquerda.  Enderson então colocou Maxi Rodríguez e Jean Deretti, porém o time já estava entregue animicamente e fisicamente, e pouco conseguiu produzir. 

O placar, que praticamente dá o tetracampeonato ao Inter, deixa lições para ambos os lados. Mostra que, apesar de bem montado, o time gremista ainda é verde, sentindo nos momentos decisivos, além de Enderson Moreira, que acabou abrindo mão de escolhas mais ousadas e mostrou pragmatismo na hora de buscar soluções para o time, mostrando ainda não estar ambientado com grandes decisões. Eu acho o time do Grêmio muito promissor e deverá fazer um bom Campeonato Brasileiro, porém antes do clássico já tinha minhas dúvidas em relação ao comportamento do time em decisões. Precisará ganhar maior maturidade, senão sofrerá bastante na fase final da Libertadores.

Já para o Internacional, queimei a minha língua com a escalação de Rafael Moura, já que achava temerária a sua escalação em detrimento a Wellington Paulista, que entrou bem e marcou gols na sua oportunidade. Porém o primeiro tempo escancarou os problemas do time Colorado, e Abel mostrou com a mudança na escalação e de atitude na segunda etapa que diagnosticou e tratou os problemas, que mostraram um promissor potencial ao time na segunda etapa, e que poderá se consolidar como um dos melhores times do Brasil se Abel tiver humildade em rever conceitos e definir a nova escalação.  

O segundo tempo do Internacional foi muito superior ao primeiro do Grêmio, o que dá justiça à vitória Colorada. Foi um grande Gre-Nal que mostrou que a dupla tem condições para fazer um bom Campeonato Brasileiro. 

quinta-feira, 27 de março de 2014

Inter evolui, mas segue irregular

Nesta quarta-feira, o Internacional bateu o Caxias por 3x0 no Estádio do Vale e se classificou para pegar o Grêmio na final do Gauchão, depois do rival bater o Brasil de Pelotas por 2x1 na Arena. Final esperada e que colocará a prova a evolução do Inter, bem como confirmará o poder de decisão do bom time gremista montado por Enderson Moreira. 

Do lado gremista, já escrevi sobre a consistência do time (este post), classificando-o como melhor brasileiro da Fase de Grupos da Libertadores. O time gremista joga ao lado do Santos o melhor futebol neste início de temporada no Brasil, porém ainda tenho minhas dúvidas sobre o poder decisório do time em um mata-mata ou em uma final, devido à juventude do time.

Mas o tema do post é o Inter, que está apresentando uma evolução no seu futebol, muito em função de Abel passar a utilizar o time titular com maior frequência. O time começou bem a temporada, porém decaiu (leia este post), deixando muitas dúvidas sobre o real potencial do time. Porém com a sequencia dos últimos jogos, o Inter mostra que tem potencial para chegar longe nas competições nacionais, até em função de não ter hoje sequer um grande time consolidado, restando apenas promessas (Santos e Grêmio) e interrogações (Cruzeiro, Atlético-MG). 

Abel Braga conta com o bom momento de seus laterais, Gilberto e Fabrício, que oferecem jogo pelos flancos, principalmente pela direita onde Aránguiz e D’Alessandro tornam-se opções para o tabelamento, além do oportunismo dos centroavantes Rafael Moura e Wellington Paulista, que estão conseguindo marcar gols.  O sistema defensivo tem se mostrado mais seguro, após a chegada de Dida e com a consolidação de Juan, enquanto que Alex está conseguindo evoluir, após desempenhos muito ruins ao lado de Jorge Henrique. 

Porém o Inter ainda continua irregular, apresentando problemas no meio-campo e vacilos defensivos oriundos de erros individuais do zagueiro Paulão. O defensor, já conhecido por atuar no Grêmio há algumas temporadas, é estabanado, e com isso comete muitas faltas, além de estar sempre sujeito a cometer pênaltis, tendo em vista que com o novo entendimento de bola na mão, basta que o jogador esteja com a mão em um movimento não natural para caracterizar a infração. 

AI Inter
No meio-campo Williams está sozinho na marcação, já que Alex não consegue ser um companheiro a altura e Aránguiz está sendo muito mais útil na armação, deixando um buraco no setor, por onde os adversários conseguem trabalhar com certa tranquilidade. Para complicar, Jorge Henrique também não consegue produzir, deixando o time com praticamente dois jogadores a menos no setor. Contra o Caxias, Alex fez um bom segundo tempo, principalmente após marcar um gol (no 1º tempo) e ganhar tranquilidade. Mas ainda não consigo entender a insistência de Abel Braga pela dupla, já que há jovens pedindo passagem e também a possibilidade de escalar Ygor, dando maior liberdade ao chileno. 

O Inter tem muito potencial para crescer e se consolidar como um dos principais times de 2014, porém é necessário que Abel Braga se atente aos problemas do time e promova soluções, mudando a formação e alterando peças. O técnico teve mérito ao acreditar em Fabrício, recuperando o jogador, bem como apostar nos centroavantes que não entusiasmavam o torcedor Colorado, porém a impressão que fica é que com esta formação e escalação o Inter chegou ao limite, que ainda é insuficiente, e ainda pode evoluir com as peças que possui no elenco, bastando efetuar trocas. 

Para o Gre-nal, não descartaria a troca de Jorge Henrique por Ygor. O volante melhoraria a contenção em um setor problemático, além de liberar Aránguiz e Alex para produzir mais perto do gol. Muitos me perguntam: Por que Jorge Henrique e não Alex? Eu respondo pela produção em números, levantados pelo repórter da Band-RS Bruno Ravazzolli e já atualizados com os números de ontem. Enquanto ao servir Wellington Paulista no terceiro gol do Inter Jorge Henrique chegou a sua 1ª assistência na temporada (ainda não marcou gols), Alex marcou seu 2º gol e já contribuiu com 4 assistências, além de ter a qualidade no arremate de longa distância. 

Ainda não estou totalmente convencido com Alex, que rende muito menos em relação a sua última passagem, porém acho inadmissível que a dupla continue atuando no time titular e sem sofrer contestações. Pelo menos um já mereceria ser sacado de imediato. 

quinta-feira, 20 de março de 2014

Grêmio é o Brasileiro mais consistente da Libertadores

Hoje se encerra a quarta rodada da fase de grupos da Libertadores. Como os estaduais não são parâmetros neste início de temporada, somente o avanço da competição sul-americana serve para avaliar os times brasileiros e projetar forças para a fase de mata-mata, que é onde efetivamente a competição inicia. 

Desde o início da competição, não esperava muita coisa do Atlético-PR. Sem um grande poder de investimento, o Furacão praticamente perdeu a base do ano anterior, além da saída do treinador Vagner Mancini. O time está em um grupo relativamente fraco, pois The Strongest e Universitário nunca meteram medo e basicamente vivem da altitude. Mesmo assim, o time paranaense tem dificuldades e decidirá hoje e na próxima semana a classificação nos jogos em casa. O time deverá se classificar mais em virtude da falta de representatividade do grupo (salvo, é claro, a presença do Vélez).

Os demais clubes, por comporem o G12 dos grandes clubes brasileiros, eu já tinha uma maior projeção, em virtude da capacidade de seus investimentos. Tinha Cruzeiro e Atlético-MG como favoritos ao título, enquanto que Botafogo, Flamengo e Grêmio corriam por fora, até em virtude das grandes mudanças que este trio passou para 2014.

O que acontece até esta quarta rodada é que os times mineiros não engrenaram ainda neste ano, e apresentam dificuldades em seus respectivos grupos. O Galo até lidera o Grupo 4 com Nacional(PAR), Santa Fe(COL) e Zamora (VEN), porém não empolga contra adversários de pouca representatividade. Agora treinado por Paulo Autuori, o Galo perdeu a versatilidade apresentada na Libertadores 2013 e em parte do Brasileirão, tornando-se um time previsível, a ponto de empatar em casa contra o Nacional do Paraguai. O mesmo diagnóstico de falta de versatilidade eu tenho para o Cruzeiro, que encontra ainda maiores dificuldades no Grupo 5 e hoje estaria eliminado em um grupo com Universidad de Chile, Defensor (URU) e Real Garcilaso (PER). O time perdeu a dinamicidade que o levou com facilidade ao titulo brasileiro, e se não vencer o Defensor hoje, estará seriamente ameaçado em ser eliminado na 1ª fase.

O Botafogo lidera o seu grupo (G2), porém ainda não fez partida de encher os olhos do seu torcedor. O time carioca deverá se classificar com tranquilidade e perdeu o seu único jogo até então em situações atípicas (2 expulsões), porém ainda não me convence que possa chegar com força na luta pelo titulo, já que possui um time tecnicamente limitado e não tem um histórico no campeonato que me permita acreditar em titulo, a menos que o time evolua e ganhe maior consistência.

Crédito: Terra
O Flamengo está com grande probabilidade de ser o único brasileiro eliminado. Se Cruzeiro e Atlético-PR podem se complicar, o mesmo não pode ser dito do Flamengo, já que o time fez apenas 1 ponto contra o fraco Bolívar nos dois confrontos, e agora terá que se manter vivo no Equador no duelo contra o Emelec, onde uma derrota significa eliminação antecipada. O time perdeu por falta de grana Elias, seu melhor jogador em 2013, e repôs o meio com Elano e Éverton. Além de não apresentar um futebol satisfatório (que também não vi no Botafogo), o time ainda tropeçou nos resultados, e dificilmente passará para a segunda fase.

Por fim, me restou falar do Grêmio. Depois de um desmanche de um time medalhão comandado por Luxemburgo, e que ainda teve um último suspiro no Campeonato Brasileiro, o Grêmio mudou sensivelmente para 2014 ao apostar em Enderson Moreira e na contratação de jovens jogadores, que prometeram (e cumpriram até então) dar dinâmica ao time. Com uma folha de pagamento menos pesada, o time tricolor conseguiu impor-se no Grupo 6, tido como mais difícil por ter times tradicionais como Newell’s Old Boys (ARG), Nacional (URU) e Atlético Nacional (COL), e provavelmente garantirá classificação como primeiro no grupo. 

Crédito: Terra
Apesar de ainda apresentar deficiências, principalmente nos jogos do Gauchão, o Grêmio mostra na Libertadores um sistema defensivo consistente, que levou apenas um gol nos quatro primeiros jogos, enquanto que o ataque tem funcionado. Ainda olho com ressalvas a lateral direita com Pará e o meio-campo, que apesar de versátil, ainda desperta os meus questionamentos se irá conseguir manter a regularidade. Ainda vejo possibilidade de evolução nestes setores. Outra característica do time é a preparação física, que está nas mãos do competente Fábio Mahseredjian. 

A Libertadores tem ficado em mãos brasileiras desde 2010, e neste momento o Grêmio aparece como o time mais consistente, o que ainda não é conclusivo quanto ao favoritismo, tendo em vista que no mata-mata as coisas mudam e a juventude do time gremista poderá contar contra. Porém o fato de estar em um melhor momento em relação aos adversários e pertencer ao país favorito é um bom prenúncio para o lado azul do Rio Grande do Sul. 

quinta-feira, 6 de março de 2014

Inter continua sem convencer em 2014

Apesar da alta pontuação e classificação garantida à segunda fase com a maior pontuação, o que dá a vantagem de jogar em casa, o Internacional ainda não convence como um time que possa brigar por maiores ambições na temporada além do certame regional. 

Nesta quarta-feira, no Estádio do Vale, o Colorado recebeu o São José e empatou em 1x1, mostrando muitos problemas que assustam para a disputa da Copa do Brasil e Brasileirão.  O time apresentou a morosidade de sempre, cedendo espaços para o adversário e saindo justamente atrás no placar, tendo que correr atrás para não sair derrotado na partida.

Sem Aránguiz, Abel Braga apostou em Alan Patrick, que fez uma boa partida, porém sem a combatividade  e dinamicidade do chileno, que se movimenta por todos os setores e consegue marcar e atacar com qualidade. Com isso, Williams ficou isolado na marcação, o que deixou a defesa vulnerável, já que o volante erra muitos passes e não tinha a parceria necessária para proteger a defesa. Alex e Jorge Henrique também não conseguiram dar esta dinâmica, e mostraram-se muito burocráticos e atrapalharam a transição do time. 

Na primeira etapa, o Inter dominou a posse de bola, porém trocava passes no setor improdutivo, na intermediária longe do gol. O Zequinha foi mais perigoso, e em um lance de falha da zaga Colorada, que estava em linha, o centroavante Franciel se projetou e recebeu um lançamento na cara do gol, abrindo o placar. Para complicar, minutos antes do tento adversário, o Colorado perdeu D’Alessandro em virtude de uma lesão, e Abel Braga tentou corrigir o problema do meio-campo com a entrada de João Afonso.  

A modificação melhorou o meio-campo, porém em nenhum momento da partida o time Colorado conseguiu se impor, uma característica que já havia constatado em outros jogos contra adversários inferiores, e que preocupa contra os grandes times da Série A do Brasileirão. O time parece não ter força física para levar a melhor sobre os adversários, o que dá mostras que a formação do meio-campo com jogadores mais experientes, lentos e com menor estatura, não terá futuro.

Na segunda etapa, Abel acabou colocando Wellington Paulista e Eduardo Sasha nos lugares de Gilberto e Jorge Henrique. Totalmente aberto e desorganizado, o time tentou fazer uma pressão na base do abafa, mas foi em um lance de pivô de Wellington Paulista para Rafael Moura que o Inter conseguiria empatar a partida, nos pés do He-Man.  Depois, ambos os times tiveram chances para marcar, o que mostra a dificuldade do time Colorado em impor a sua melhor qualidade técnica.

O time titular do Inter continua jogando pouco e ganha folgas demasiadas. A primeira fase do Campeonato Gaúcho está chegando ao fim, e até agora o Inter não tem um time confiável para a temporada. Abel Braga insiste em jogadores mais experientes e que não têm a mesma combatividade, deixando o time lerdo e previsível. 

O time colorado está involuindo, pois até as jogadas pelas laterais que eu tanto elogiei nas primeiras partidas tornaram-se escassas, o que mostra a dificuldade do time titular. Para piorar, sem Aránguiz e D’Alessandro o empate aconteceu na base da superação, o que mostra a fragilidade do Inter em 2014. O chileno é a grande novidade do time em comparação ao ano passado, e a sua ausência deixa o time do mesmo nível do final do ano passado, quando correu riscos de rebaixamento. 

O Inter renovou seu plantel com reservas de outros times, ao invés de socorrer-se da base, onde os jogadores precisam trilhar um longo e árduo caminho até ganhar uma chance do time principal.