terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Brasil se rende ao carrossel Catalão


Depois da elástica vitória na final do Mundial de Clubes da FIFA, o Brasil se rendeu à concepção de futebol do Barcelona. De domingo para cá, não há um telejornal ou mesa de debate do rádio que não referencie a um estilo de jogo inovador, apesar de não ser tão novo assim, e que alguns já o consideram uma segunda versão do futebol, ou Futebol 2.0.

Para mim, e para quem lê o blog com frequência, o passeio do Barcelona sobre o Santos não foi nenhuma novidade e nenhuma coisa de outro mundo, apesar de muito renomado jornalista denomina-lo como um time de extraterrestres. Dou todos os méritos ao trabalho realizado pelo treinador Guardiola, que conseguiu dar uma metodologia de trabalho única, que faz do time imprevisível a cada jogo, porém não posso atribuir apenas ao time catalão todos os méritos da elástica vitória, que se fosse 8x0 não seria nenhum exagero, tamanhas foram as chances de gols do time catalão.

O Santos não jogou nestes últimos seis meses o mesmo futebol que deu-lhe o tricampeonato da Libertadores e a possibilidade de ser campeão mundial. Muricy Ramalho acabou se complicando com os novos reforços contratados pelo peixe em meio à temporada, ao tentar lhes arranjar um espaço e mudar a sua esquemática de jogo. No Brasileirão, o time jogou algumas partidas com três volantes, outras sem volantes de ofício e em outras com dois centroavantes de área, com a colocação de Alan Kardec. É evidente que teve o decréscimo de perder jogadores para a Seleção Brasileira, o que acabou complicando o andamento de seu conjunto.

Se levarmos em consideração apenas o Mundial, o Santos entrou com duas formações distintas em seus jogos, e que não tiveram um tempo grande de preparação. O aviso fôra dado contra o Kashiwa, e não tenho tanta convicção da classificação do Santos para a final se tivesse enfrentado o horroroso mas bem postado Al-Sadd do Qatar, que acabou em terceiro lugar. Contra o Barcelona, Muricy acabou desprotegendo o meio para aumentar o número de defensores, algo que vai de encontro à postura do Barcelona de movimentação e posse de bola no meio-campo, principalmente no campo ofensivo, transformando o que seria um antidoto em um veneno mortal. 


O Barcelona, ao contrário do que muitos imaginam, muda a esquemática jogo-a-jogo, o que proporciona surpresas ao time que o enfrenta. Nada de 3-7-0, pois o time jamais jogou neste esquema. Para esta temporada, Guardiola oficializou o esquema de 3 zagueiros e um volante de cabeça de área, que em momentos oportunos vira o quarto defensor, com Puyol fechando como lateral direito e Abidal como esquerdo.

Do meio para frente, o time é ainda mais polivalente, com os jogadores trocando sistematicamente de posição, em um esquema de rotação, que faz com que a defesa adversária fique desprotegida com a falta de cobertura, para assim o time catalão encontrar os espaços e marcar gols.  Praticamente todos os jogadores deste setor se movimentam, invertendo o posicionamento, mas sempre mantendo o esquema proposto para o jogo


Contra o Santos, Guardiola não tinha Villa e Sánchez. Preferiu não escalar de início Pedro, colocando Thiago Alcântara em seu lugar, e privilegiando as trocas de posições, já que Iniesta também já jogou na função em temporadas passadas. O 3-5-2 escondido atrás de um 3-4-3 visto contra o Al-Sadd deu lugar ao genuíno 3-4-3 contra o Santos, por onde as posições eram ocupadas pelas diferentes movimentações dos atletas. 


Guardiola apresentou a movimentação por triângulos, visto que os seis jogadores deste setor alternavam de posição dentro e fora de seu respectivo triangulo, mas sempre mantendo a esquemática 3-4-3 com as suas movimentações características. Um exemplo era a esquerda, que hora era ocupada por Thiago, Iniesta ou Fábregas. Na direita, não havia exatamente um triangulo, pois Xavi tendia a ficar pelo meio, apenas invertendo de posição com Messi e o craque argentino com Daniel Alves. 

Com o posse de bola incessante no meio-campo, o Barcelona acabou desarmando ofensivamente o Santos, que era o principal setor do time brasileiro e único capaz de desiquilibrar. Ganso e Neymar pouco tocavam na bola, enquanto defensivamente os três zagueiros santistas bateram cabeça, tanto que Muricy realinhou o esquema para um 4-4-2 ainda na primeira etapa, quando o time já corria atrás no placar.

Ficaram duas lições do jogo para o Santos e para o futebol Brasileiro: A primeira é que os treinadores brasileiros inventam demais, muitas vezes indo a desafiar a obviedade tática do futebol. Como o futebol sul-americano é muito nivelado, passa batido e muitas vezes funcionam contra sistemas não tão organizados, mas contra o Barcelona ou qualquer outro grande europeu, acabaria neste desastre. A segunda é que jogadores como Ganso e Neymar, tidos como craques mundiais, ainda estão verdes para esta concepção.  No Brasil desequilibram, porém ainda estão em um nível de promessa para o futebol mundial, não justificando salários milionários como o que Neymar ganha no Santos.

Já em relação ao Barcelona, é imprescindível a todos os fanáticos pelo esporte assistir aos seus jogos. Nem sempre o Campeonato Espanhol passa na TV Fechada, porém a maioria de seus jogos pela UEFA Champions League passa inclusive na TV Aberta, ficando acessível à maioria dos brasileiros. O time evolui a cada partida, estando em um patamar que a função de praticamente todos os titulares se desprendem de sua posição, similar a da laranja mecânica na década de 70 e que serviu de inspiração para este Barcelona. 

Mas fica uma ressalva: Nem sempre as goleadas do time catalão podem ser explicadas única e exclusivamente pelos méritos da equipe de Guardiola. Há grandes desméritos de adversários que facilitam as coisas, literalmente entrando no jogo do Barcelona. Guardo referências do Mundial de Clubes de 2009, quando o Barcelona conseguiu apenas bater o Estudiantes de la Plata na prorrogação, após estar perdendo durante praticamente todo o tempo regulamentar. O time era praticamente o mesmo de hoje, com: Valdés; Daniel Alves, Puyol, Piqué e Abidal; Busquets (Yaya Touré); Xavi e Keita (Pedro); Messi, Ibrahimovic e Henry (Jeffren).

domingo, 18 de dezembro de 2011

Reprovação sumária com nota constrangedora

Em clima universitário, os meninos da Vila Belmiro foram até o Japão passar pela sabatina de final de curso, precisando apresentar a monografia para a banca de rígidos avaliadores, cujo principal já é ha dois anos considerado o melhor professor do mundo.

O trabalho, que fora elogiado com maestria no Brasil e na América Latina, despontava a curiosidade de todos pelos pontos principais e a repercussão que vinha da América, porém ninguém havia se interessado em lê-lo previamente, além deste ter se mostrado inconsistente no Workshop anterior ao da banca, não empolgando a ninguém no velho continente e na terra do sol nascente. 

Então chegou a grande hora, e viu-se outro trabalho, feito às pressas, sem embasamento e no desespero, mostrando toda a fragilidade de pesquisa e ensino, que de uma forma abrupta tentou impressionar mundialmente falando, porém saiu como motivo de deboche, levando uma aula de explicação por parte da banca. Quem não gosta de literatura e, diga-se de passagem, pobre, peço desculpas pelos três parágrafos, mas tentei ilustrar de uma forma criativa o chocolate aplicado pelo Barcelona no Santos.

Muricy Ramalho e o time comandado por Neymar pareciam desconhecer que o Barcelona era o melhor time do mundo. Confesso que não entendi o que o treinador tentou fazer ao escalar o time com três zagueiros, em um esquema 3-5-2. A tão contestada defesa do jogo contra o Kashiwa Raysol acabou se tornando uma referência positiva, tendo em vista a piora no setor, que não achava de maneira alguma a movimentação dos falsos atacantes Daniel Alves, Messi e Thiago Alcântara.

Além de comprometer defensivamente, a inesperada mudança acabou afetando o sistema ofensivo do Santos, tida como a principal esperança do time em um enfrentamento contra o Barcelona. Neymar e Ganso pareciam crianças em meio a um elevado número de marmanjões catalães. Nas poucas vezes pela qual se notava a existência de um jogo de futebol envolvendo duas equipes, notavam-se erros primários e de fundamentos por parte de ambos, perdoáveis no futebol brasileiro e sul-americano, porém frustrantes para quem os elencavam como alguns dos melhores do mundo. 

Porém, com todos estes erros, não foi o Santos que perdeu, e sim o Barcelona que venceu por mostrar-se absurdamente superior à equipe brasileira. A equipe de Guardiola conseguiu realizar uma partida tranquila e sem correr riscos do inicio ao fim da partida. Em alguns momentos, chegou perto de ter impressionantes 80% da posse de bola. Para se ter uma ideia, contabilizei os primeiros 34 minutos com 76% de posse catalã, o que significava 26 destes minutos com a bola nos pés de algum jogador do Barcelona.

Além de tocar a bola, o time catalão chegava com a maior facilidade ao ataque, tanto que criou inúmeras chances e fez do goleiro Rafael a melhor peça santista do jogo. Mesmo levando quatro gols, o goleiro santista saiu com saldo positivo, pois evitou pelo menos outros quatro, na que poderia ter sido uma humilhação sem precedentes, pois o time catalão ainda havia acertado duas bolas na trave. 

De gols, tivemos três na primeira etapa. O primeiro com Messi, recebendo de Xavi e contando com uma grotesca falha de posicionamento e tempo de bola de Bruno Rodrigo para encobrir Rafael e mostrar o que estava por vir, logo aos 16 minutos de jogo. Aos 23 saiu o segundo, desta vez com Xavi, que apareceu com liberdade na meia-lua e recebeu um cruzamento da Dani Alves da linha de fundo e para trás, que constrangedoramente não fora interceptado por Durval e que o meia ganhou na jogada de corpo de Bruno Rodrigo, para chutar rasteiro para as redes. 

O terceiro veio aos 44, em uma jogada envolvendo Dani Alves, Thiago Alcântara e Messi, onde o argentino deu uma passe de calcanhar para o lateral brasileiro que cruzou para Thiago Alcântara exigir uma grande defesa de Rafael, mas vão, pois Fábregas pegou o rebote para marcar. Neste meio tempo, o espanhol autor do terceiro gol já havia acertado a trave aos 28, e Muricy já havia feito a sua primeira substituição, sacando o lesionado Danilo para a entrada de Elano aos 30. 

Veio o segundo tempo, e nada de jogo. Apenas o Barcelona jogava, e Rafael evitava um vexame maior. Guardiola se deu ao luxo de poupar o zagueiro Piqué, colocando Mascherano em seu lugar, que juntamente com Puyol, já eram suficientes para meter medo em Neymar e Ganso. Foram poucas as vezes que os “meninos” levaram vantagem, tendo apenas duas ou três oportunidades para arrematar. 

Já o Barcelona, quando quis, jogou. Acertou pela segunda vez a trave com Daniel Alves aos 34 e marcou o quarto, novamente com Messi, que recebeu de Daniel Alves em velocidade, driblou com categoria Rafael e tocou no canto do goleiro. Não havia mais nada a fazer pelo lado do Santos desde o primeiro tempo, a não ser ver de posição privilegiada o toque de bola catalão, além de ver Guardiola colocar Pedro e o novato Fontás, em mais uma atitude de preservação na defesa catalã, que terminou com Fontás, Mascherano e Abidal, peças muito mais do que suficientes para deter os amedrontados Neymar, Borges e Ganso.

Fim de jogo ou de aula, com um expressivo 4x0 a favor do Barcelona. O time espanhol mostrou a diferença oceânica que separam o futebol de ambos os países. Não há como se ter parâmetros de análise, visto que qualquer argumento que se utilize para atenuar a jornada do Santos, acabaria menosprezando a goleada achocolatada que ocorreu nesta noite japonesa. 



Espera-se que os ufanistas nacionalistas que ainda tinham o Brasil como melhor futebol do Mundo se curvem definitivamente ao futebol Espanhol, este sim, depois de anos e anos de planejamento, é sim o melhor do mundo, com o Brasil estando há milhas e milhas de distância. Diante de tamanho vexame, seria melhor nem ter ido. 

sábado, 17 de dezembro de 2011

Cinco anos de uma partida perfeita


Neste dia 17 de dezembro, o torcedor santista não consegue conter a ansiedade pela final do Mundial de Clubes da FIFA contra o Barcelona, às 08h30min do próximo domingo. Não muito tempo distante, o Internacional conseguiu o que o torcedor santista e a maioria do povo brasileiro amante do esporte também esperam do peixe.

Na época o blog nem existia e eu também não tinha discernimento entre paixão e esporte, o que acabava me classificando como um simples e apaixonado torcedor. Talvez por ver o meu time ganhar um monte de títulos, aos poucos fui deixando de lado a paixão de torcedor, para virar um amante do esporte, mas sem deixar de torcer pelo meu time do coração.

Dentre as comemorações dos cinco anos da conquista do Mundial pelo Inter, fui ao meu acervo de jogos gravados e revi Barcelona 0 x 1 Internacional para tentar extrair informações técnicas que fizeram o Internacional bater o melhor time da época, e que indiretamente acaba servindo de lição para que o Santos também possa fazer o mesmo.


Em 2006, o Barcelona estava em um final de ciclo que o levou de volta ao roll dos vencedores. O time vinha de várias temporadas no ostracismo, perdendo espaço para equipes como La Coruña, Valência, tendo dificuldades para se classificar para a Champions League e chegando a ficar de fora na temporada 2003/04. Foram cinco temporadas em jejum de títulos entre a 15ª conquista da liga espanhola em 1998/99 para a 16ª em 2004/05. A contratação de Ronaldinho na pior temporada da equipe (2003/04) neste ciclo fez efeito imediato, pois na temporada seguinte o time conquistava novamente a liga espanhola. Não é atoa que o craque brasileiro é considerado o ícone deste “novo Barcelona”.

A “era” Ronaldinho foi marcada por duas conquistas da liga espanhola, duas supercopas da Espanha e uma Champions League. Individualmente o craque abocanhou dois títulos de melhor do mundo (2004 e 2005), e o ano de 2006 marcava o início da decadência do craque, que ficou até o fim da temporada 2007/08, quando perdeu espaço e se transferiu para o Milan. O meia Deco e o treinador Frank Rijkaard também saíram nesta janela, marcando o fim definitivo deste ciclo.

Em 2006 o Internacional marcava o início de seu ciclo vitorioso, que quase começou em 2005, caso não houvesse a “Máfia do Apito”, que acabou anulando jogos e sonegando um título brasileiro do time para o Corinthians/MSI. A manutenção da base vice-campeã brasileira foi determinante para as conquistas de 2006, que começou com a conquista inédita da Copa Libertadores e a chance de disputar o primeiro mundial interclubes da FIFA em sua história.

A tarefa colorada ficaria menos impossível com as lesões de Messi e Eto´o dias antes, que impediram as suas participações na competição. Naquela altura, Messi era uma revelação, um menino prodígio, enquanto Eto´o era o principal atacante da esquadra de Rijkaard. Sobraram para o treinador as opções do francês Giuly e de Gudjohnsen, este um islandês que recém havia sido contratado do Chelsea e que por falta de opção acabou disputando o Mundial de Clubes, já que o treinador tinha apenas Ezquerro como opção alternativa.


Na decisão, o Barcelona jogou em um esquema 4-3-3, e foi formado por Valdés; Zambrotta, Rafa Marquez, Puyol e Gio (van Bronckhorst); Thiago Motta, Iniesta e Deco; Giuly, Ronaldinho e Giuly. O jogo pelos flancos era a principal característica do time, principalmente buscando a categoria de Ronaldinho Gaúcho na ponta esquerda, com o atacante tendo a liberdade para se movimentar para o meio e buscar tabelamentos com Deco. Os laterais Zambrotta e Gio eram fracos no apoio, tanto que o treinador colocou Beletti na segunda etapa como lateral direito. 


Outra grande característica do time era a marcação sob pressão no campo do adversário, com Ronaldinho e Gudjohnsen recuando e formando uma linha de quadro elementos com Iniesta e Deco, deixando a formação em um 4-1-4-1 quando o time não detinha a posse de bola, o que facilitava a retomada e jogadas rápidas de ataque. Os constantes apoios de Iniesta pela esquerda e Deco pela direita, faziam o Barcelona atacar pelo menos com cinco jogadores, fora os raros avanços dos laterais.


Já o Internacional jogava em um 4-4-2 (4-3-1-2), e que poderia ser considerado um falso 4-3-3 formado por: Clemer; Ceará, Índio, Fabiano Eller e Rubens Cardoso; Edinho, Wellington Monteiro, Alex e Fernandão; Iarley e Alexandre Pato. Tudo porque Fernandão compunha o vértice mais agudo de um losango, porém se projetava como centroavante quando o time estava com posse de bola no campo de ataque. Pato e Iarley jogavam mais abertos, quase em linha com os laterais do Barcelona, o que facilitava a penetração de Fernandão.


Como o Barcelona tinha mais qualidade técnica, o time catalão ficava com maior posse de bola, restando ao Inter explorar os contra-ataques. Na formação inicial, apenas Rubens Cardoso atacava com maior frequência, enquanto Ceará, Wellington Monteiro e Alex tinham maiores incumbências defensivas, e eventualmente partiam ao ataque. Destes, Ceará marcava individualmente Ronaldinho Gaúcho, conseguindo brilhantemente anulá-lo, porém foi praticamente nulo ofensivamente. Monteiro conseguiu umas arrancadas, além de chutar a gol na primeira etapa, enquanto Alex estava mal no jogo, e foi substituído por Vargas no Intervalo.


O gol que deu o titulo ao Inter veio após um chutão de Índio ao campo de ataque e duas cabeceadas posteriores de Gabiru e Luiz Adriano, que encontraram Iarley que individualmente soube se livrar da marcação e esperar o “time” da jogada, pois ganhou a companhia dos companheiros que participaram ativamente do jogo aéreo no meio-campo para servirem de opções para o arremate. Gabiru apareceu na esquerda e Luiz Adriano na direita, com Iarley preferindo o primeiro que saiu na cara do gol e desviou de Valdés. Um contra-ataque perfeito, com três jogadores colorados contra quatro do Barcelona e que valeu o Mundial de Clubes daquele ano.


Um jogo que entrou para a história do futebol brasileiro e que servirá como exemplo para o Santos. Naquela noite japonesa, tudo deu certo defensivamente ao Inter, enquanto o time soube aproveitar uma das poucas jogadas de ataque que teve ao longo do jogo. O Barcelona 2011 é superior ao de 2006, bem como o Santos é superior tecnicamente ao que foi o Inter. O time de Neymar e Ganso deverá ter algumas chances de gols e necessitará de um grande aproveitamento. Por outro lado, a inconstante defesa santista terá que fazer uma jornada perfeita, pois uma chance para Messi é mais de meio gol.  

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Definidos os confrontos das oitavas-de-final


Nesta sexta-feira, a UEFA sorteou os confrontos das oitavas-de-final da Champions League, que serão realizados entre os meses de fevereiro e março. Como é de praxe na competição, o sorteio é válido apenas para esta fase, não formando um chaveamento, que se formará somente a partir do sorteio que antecederá às quartas-de-final.

Seguindo as regras, o sorteio foi dirigido, visto que equipes que estavam no mesmo grupo na fase de classificação ou pertencentes ao mesmo país não poderiam se enfrentar, o que diminuiu bastante o leque de possibilidades de enfrentamentos.



O sorteio foi satisfatório para praticamente todas as equipes, visto que poucas equipes de maior tradição se classificaram no segundo lugar do grupo, abrindo espaços para surpresas como o Basel e o Zenit. Real Madrid e Barcelona pegarão CSKA e Bayer Leverkusen respectivamente, o que exigirá um cuidado especial dos times espanhóis, mas não o suficiente para tirar o sono, visto que a dupla está pelo menos dois degraus acima dos demais em qualidade,  necessitando que a zebra ande solta para que um dos times sejam eliminados.

Bayern München e Lyon deram-se por satisfeitos, pois pegarão os confrontos de maior disparidade técnica desta fase. A equipe francesa, que apanhou “de relho” do Real Madrid na fase de grupos, pegará a maior surpresa da fase de grupos, e que a meu ver, já foi longe demais na competição e deverá ser facilmente batida. O Bayern, terceira força da fase de grupos, também tem motivos de sobras para sorrir, pois enfrentará outro time que foi longe demais na competição e cujo sólido esquema defensivo não deverá conseguir conter o grande sistema ofensivo do time Alemão.

Os grandes confrontos da fase ficam por conta dos confrontos entre italianos e ingleses. O ascendente Chelsea de Villas-Boas enfrentará o organizado Napoli, que acabou eliminando o grande time da Inglaterra no momento, o Manchester City, que curiosamente perdeu de virada para o Chelsea na última Rodada da Premier League. O Chelsea tem mais time, porém a defesa não é nada confiável para enfrentar o trio Hamšík, Lavezzi e Cavani, podendo este ser um fator determinante no confronto, pois o time num todo do Napoli é “arrumadinho”. Villas-Boas terá que otimizar o trabalho do intensivão de fim de ano da Premier League e da janela de Janeiro para qualificar o time.

Já o outro confronto é entre Milan e Arsenal. No início da temporada, não levava fé em nenhum dos dois times, porém evoluíram ao longo dos meses e agora estão com cara de time. O Milan não teve qualidade suficiente para bater o Barcelona, porém complicou o time de Guardiola. O Arsenal superou a perda de Chichy e Nasri e trouxe Arteta, que comanda o meio-campo do time, fora a fase estupenda de Van Persie. O Milan tem maior qualidade individual e camisa, e isso poderá pesar a favor do time de Allegri. 

Já a outra equipe italiana, a Internazionale, terá um duelo incógnito contra os franceses do Olympique de Marseille. Ambos vêm de péssimas campanhas em seus respectivos campeonatos nacionais, apesar de conseguirem a classificação para a próxima fase. Dentro de campo, não há como colocar um favorito, porém utilizando-se de fundamentos históricos e do potencial no papel, a Internazionale sai levemente favorita, porém uma classificação do Marseille não seria considerada surpresa.  

No último confronto que faltava ser ilustrado, defrontam-se os portugueses do Benfica contra os russos do Zenit. Quem acompanha o blog, sabe da minha descrença com o time russo que, diga-se de passagem, mostra muita disposição e boa campanha nos jogos em casa. O Benfica tem um grande time e classificou-se com relativa tranquilidade para a segunda fase. Aposto no time português. 

Movimentação variada em um padrão tático uniforme

Nesta quinta-feira, o Barcelona nem precisou fazer um grande jogo no ponto de vista técnico para bater com tranquilidade o Al-Sadd por 4x0, com direito a três gols brasileiros. Guardiola se deu ao luxo de trocar metade do time que começou contra o Real Madrid, sem sofrer grandes prejuízos técnicos, devido ao seu padrão tático uniforme.

Contra o time do Qatar, apenas Valdés, Puyol, Abidal, Iniesta e Messi haviam começado a partida diante do Real Madrid. Daniel Alves, Piqué, Busquets, Xavi, Fábregas e Sánchez deram lugar a Adriano, Mascherano, Keita, Thaigo Ancântara, Pedro e Villa, cuja maioria nem pode ser considerada reserva, pois até pouco tempo figuravam no time ideal, e seguem um processo natural de rotatividade do elenco, normal no cenário europeu, e que visa preservar a integridade física dos jogadores ao poupá-los do excesso de partidas.

Porém Guardiola mantém o esqueleto do time, formado pelo goleiro Valdés, um zagueiro, que neste caso foi Puyol, um lateral-zagueiro (Abidal), um meio-campista (Iniesta) e Messi, que é fominha e joga praticamente todas as partidas. Devido ao adversário e a característica dos jogadores que entraram, Guardiola proporciona variações em seu esquema, mas que sempre acabam no seu 3-4-3, implementado como esquema tático oficial do Barcelona para a temporada 2011/12.


A primeira vez que notei claramente o esquema foi na estreia do time catalão contra o Villareal. Na época o treinador não tinha Dani Alves, e optou por escalar um 3-4-3 genuíno, com os três zagueiros que nem geralmente não são todos originalmente da posição, enquanto o meio utiliza um losango, e os três atacantes, sendo dois pontas e, geralmente, Messi centralizado. 



O esquema foi projetado para aproveitar os avanços qualificados de Daniel Alves, que há muito tempo não pode ser considerado lateral direito, chegando a ser utilizado como ponta no clássico espanhol. Com isso, Abidal ganhou a condição de titular no time, por ser mais eficiente nas questões defensivas e poder fechar o trio de zagueiros com Puyol e Piqué, apesar de Mascherano e Busquets já terem sido utilizados no setor devido à falta de zagueiros reservas no elenco. O treinador até utiliza essa característica dos substitutos para recuá-los conforme a necessidade, formando uma linha de quatro defensores com a abertura de Puyol na direita e Abidal na esquerda, como foi no jogo contra o Real Madrid.




Contra o Al-Sadd, Puyol não precisou virar lateral direito, enquanto Adriano foi um ponta direito genuíno, assim como Daniel Alves havia sido contra a equipe Merengue.  Como Pedro e Villa estavam escalados e ocupavam respectivamente a ponta esquerda e o comando de ataque, sobrou para Messi jogar na posição de armador.



Como o Barcelona detinha mais de 70% da posse de bola, o reposicionamento do time catalão ficava disponível a poucos momentos. Neles, Adriano fechava o meio campo, formando uma linha com Thiago e Iniesta, enquanto Messi caia como ponta direita. Uma vez retomada a bola, Adriano avançava para a ponta, enquanto o craque argentino centraliza-se na armação, participando ativamente do terceiro gol, onde assistiu a Keita, que apareceu como homem surpresa para marcar. 

Ter um padrão tático é um dos grandes trunfos do Barcelona versão Guardiola, que a cada temporada busca se aperfeiçoar como treinador, implementando suas novas descobertas no time Catalão. Como o time joga junto ha pelo menos duas temporadas, é fácil ao treinador aperfeiçoar o seu esquema, deixando-o transparente para todo o grupo, que sabe o que fazer em campo, de acordo com a sua designação. 

Tenho curiosidade para ver como Muricy trabalhará o Santos para a decisão. A expectativa é que o treinador utilize a mesma postura mostrada contra o Kashiwa, onde o peixe “entregou” a bola ao adversário. Como o Barcelona já tem por tradição um alto tempo de posse de bola, resta saber se o treinador conseguirá consertar os problemas defensivos apresentados contra os japoneses. Uma chance dada para Messi e companhia deverá ser fatal. 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Facebook disponibiliza linha cronológica dos usuários


Nesta quinta-feira, o Facebook disponibilizou, ainda que facultativamente, a possibilidade de utilização de uma linha do tempo (timeline) atrelada ao perfil de cada usuário, pela qual será possível visualizar todo o histórico de um determinado usuário ao longo de seu tempo de utilização.

O novo recurso servirá para que o usuário possa registar e destacar seus melhores momentos, bem como mostrar toda a evolução de suas postagens e do próprio perfil ao longo do tempo, onde a data de acontecimentos como o nascimento, formatura, casamento, dentre outros, podem ser registrados com um melhor detalhamento, possibilitando a inclusão de foto. 

Para poder ilustrar o recurso, habilitei a timeline em minha conta do Facebook. Para habilitá-lo, basta acessar a URL do aplicativo (https://www.facebook.com/about/timeline),  clicando no botão verde chamado “Get timeline”.

Uma vez habilitada, a timeline ficará disponível no perfil do usuário, que acabou ganhando uma nova aparência e layout para receber o recurso. É possível escolher ou carregar uma foto como capa, que ocupará um generoso espaço de 850px de largura por 315px de altura, enquanto abaixo ficarão todos os detalhes do perfil, como dados acadêmicos e profissionais, além da lista de amigos, atividades e as atualizações, sendo que estas já respeitarão organizadamente à ordem cronológica.



No canto superior direito está a timeline propriamente dita, onde aparecerão os anos pelas quais há eventos importantes. Começa com o nascimento, indo até os dias atuais. Como listei a formatura do meu curso de graduação, ela apareceu como 2008, enquanto de 2009 em diante é o período de utilização do Facebook.  Como por exemplo, pude ver que terminei 2009 com 21 amigos adicionados, visto que pouco ligava para a rede de Mark Zuckerberg e apenas aceitava quem me mandava convite. 



As propriedades da timeline podem ser filtradas de acordo com as opções disponíveis pelo Facebook. Por exemplo, se seleciono “Suas Publicações”, aparecerá na timeline apenas as minhas publicações ao longo do tempo, ficando mais fácil a localização do evento desejado, para que possam ser aplicadas as configurações de privacidade e de exibição na timeline. 




A questão de privacidade segue igual, possibilitando ao usuário deixar uma informação de forma pública, apenas para os amigos, apenas para o contato, ou personalizar para um determinado grupo ou lista de usuários. O Facebook também implementou a configuração da timeline, onde é possível escalonar as publicações de acordo com a sua importância. É possível destaca-lo ou removê-lo da linha do tempo. Em alguns elementos, também é possível adicionar informações complementares como corrigir datas ou adicionar locais.




Para quem quiser se aventurar desde já neste novo recurso, o Facebook deixou-o configurável até o dia 22 de dezembro, quando deverá ser publicado em todas as contas. Até lá, dá para o usuário ir selecionando o que gostaria de mostrar na timeline, além de configurar a privacidade das informações. Caso já queira publicá-la, há uma opção para publicar desde já chamada “Publicar Agora”.

Eu particularmente achei uma grande ideia do Facebook implementar o recurso timeline, pois ficará muito mais fácil achar as minhas informações, bem como as informações disponíveis de outros usuários, quando houver necessidade.  

Porém fica a dica: Cuidado com o que for postar na rede!

Entediante brincadeira de criança


Nesta quinta-feira, o Barcelona nem de um mínimo esforço para passear contra o Al-Sadd e se classificar para a final do Mundial de Clubes da FIFA.  Ao contrário, a equipe de Guardiola teve apenas lapsos de seriedade, tratando o jogo como um grande treinamento e literalmente colocando o time do Qatar na roda.

Jogando contra o time da mesma nacionalidade da fundação que o patrocina, Guardiola escalou um Barcelona alternativo, com apenas cinco jogadores da equipe considerada ideal e que enfrentou o Real Madrid, se é que o treinador tem este conceito, já que possui tanto material humano em mãos que pode ter 15 a 16 titulares, e pode se dar ao luxo de utilizar um sistema de escalação rotativa, preservando o esqueleto do time e a formação de jogo, esta sim, imprescindível. 

O treinador Jorge Fossati postou seu Al-Sadd em uma retranca de dar inveja a treinadores considerados retranqueiros como Celso Roth, chegando a ficar com uma linha de cinco defensores e quatro meio campistas durante o tempo (praticamente absoluto) em que ficou sem a bola. Tinha apenas Niang, no ataque, porém foi de Keita vindo de trás em um rápido contra-ataque a única grande chance do jogo, em um total de duas conclusões que o time teve em todo o jogo.

Para complicar a vida dos qatarenses e de Fossati, a defesa falhou e foi em erros defensivos do Al-Sadd que o Barcelona construiu o escore. Primeiro aos 23, em uma atrasada inconsequente do experiente Belhadj para o goleiro Mohamed, que não sabia o que fazer com a bola e quando tentou dar o chutão, acertou pateticamente Adriano, originando no primeiro gol catalão. O segundo veio aos 43 novamente em um erro defensivo do time do Qatar, que sobrou para Thiago Alcântara que lançou Adriano, e que desta vez teve o trabalho de desviar do goleiro, acertando o canto.

No mais, o Barcelona tocava a bola incansavelmente, chegando a ultrapassar os 70% de posse de bola, onde a maior parte do tempo foi no campo ofensivo. O time literalmente chegava a cansar o telespectador e a se entediar, visto que em determinados momentos ligava o botão “Jogar Sério” e tramava jogadas de aproximação e triangulações. Mesmo neste ritmo de marcha lenta, o time teve 19 conclusões ao longo do jogo.

Mais dois gols catalães ainda ocorreriam na segunda etapa, primeiro com Keita recebendo um passe açucarado de Messi na entrada da área para desviar do goleiro para marcar o terceiro, enquanto o quarto saiu em uma assistência de Thiago Alcântara para Maxwell, que havia entrado no lugar de Abidal, para se projetar na esquerda e chutar rasteiro no contrapé de Mohamed, fechando a conta.

Não há como se ter uma melhor análise do Barcelona no jogo, pois o time catalão não teve um adversário que lhe exigisse o mínimo possível, tamanha a disparidade técnica.  Messi nem precisou fazer uma partida ao nível de melhor do mundo, apesar de ter tentado sem sucesso marcar de letra e de bicicleta. Porém o confronto contra o time do Qatar deixou um legado de lesões ao Barcelona, visto que Villa saiu com uma fratura na tíbia e ficará seis meses fora, enquanto Sánchez, Puyol e Mascherano saíram ressentindo-se de lesões e preocupam para a final do mundial.