Em clima universitário, os meninos da Vila Belmiro foram até o Japão passar pela sabatina de final de curso, precisando apresentar a monografia para a banca de rígidos avaliadores, cujo principal já é ha dois anos considerado o melhor professor do mundo.
O trabalho, que fora elogiado com maestria no Brasil e na América Latina, despontava a curiosidade de todos pelos pontos principais e a repercussão que vinha da América, porém ninguém havia se interessado em lê-lo previamente, além deste ter se mostrado inconsistente no Workshop anterior ao da banca, não empolgando a ninguém no velho continente e na terra do sol nascente.
Então chegou a grande hora, e viu-se outro trabalho, feito às pressas, sem embasamento e no desespero, mostrando toda a fragilidade de pesquisa e ensino, que de uma forma abrupta tentou impressionar mundialmente falando, porém saiu como motivo de deboche, levando uma aula de explicação por parte da banca. Quem não gosta de literatura e, diga-se de passagem, pobre, peço desculpas pelos três parágrafos, mas tentei ilustrar de uma forma criativa o chocolate aplicado pelo Barcelona no Santos.
Muricy Ramalho e o time comandado por Neymar pareciam desconhecer que o Barcelona era o melhor time do mundo. Confesso que não entendi o que o treinador tentou fazer ao escalar o time com três zagueiros, em um esquema 3-5-2. A tão contestada defesa do jogo contra o Kashiwa Raysol acabou se tornando uma referência positiva, tendo em vista a piora no setor, que não achava de maneira alguma a movimentação dos falsos atacantes Daniel Alves, Messi e Thiago Alcântara.
Além de comprometer defensivamente, a inesperada mudança acabou afetando o sistema ofensivo do Santos, tida como a principal esperança do time em um enfrentamento contra o Barcelona. Neymar e Ganso pareciam crianças em meio a um elevado número de marmanjões catalães. Nas poucas vezes pela qual se notava a existência de um jogo de futebol envolvendo duas equipes, notavam-se erros primários e de fundamentos por parte de ambos, perdoáveis no futebol brasileiro e sul-americano, porém frustrantes para quem os elencavam como alguns dos melhores do mundo.
Porém, com todos estes erros, não foi o Santos que perdeu, e sim o Barcelona que venceu por mostrar-se absurdamente superior à equipe brasileira. A equipe de Guardiola conseguiu realizar uma partida tranquila e sem correr riscos do inicio ao fim da partida. Em alguns momentos, chegou perto de ter impressionantes 80% da posse de bola. Para se ter uma ideia, contabilizei os primeiros 34 minutos com 76% de posse catalã, o que significava 26 destes minutos com a bola nos pés de algum jogador do Barcelona.
Além de tocar a bola, o time catalão chegava com a maior facilidade ao ataque, tanto que criou inúmeras chances e fez do goleiro Rafael a melhor peça santista do jogo. Mesmo levando quatro gols, o goleiro santista saiu com saldo positivo, pois evitou pelo menos outros quatro, na que poderia ter sido uma humilhação sem precedentes, pois o time catalão ainda havia acertado duas bolas na trave.
De gols, tivemos três na primeira etapa. O primeiro com Messi, recebendo de Xavi e contando com uma grotesca falha de posicionamento e tempo de bola de Bruno Rodrigo para encobrir Rafael e mostrar o que estava por vir, logo aos 16 minutos de jogo. Aos 23 saiu o segundo, desta vez com Xavi, que apareceu com liberdade na meia-lua e recebeu um cruzamento da Dani Alves da linha de fundo e para trás, que constrangedoramente não fora interceptado por Durval e que o meia ganhou na jogada de corpo de Bruno Rodrigo, para chutar rasteiro para as redes.
O terceiro veio aos 44, em uma jogada envolvendo Dani Alves, Thiago Alcântara e Messi, onde o argentino deu uma passe de calcanhar para o lateral brasileiro que cruzou para Thiago Alcântara exigir uma grande defesa de Rafael, mas vão, pois Fábregas pegou o rebote para marcar. Neste meio tempo, o espanhol autor do terceiro gol já havia acertado a trave aos 28, e Muricy já havia feito a sua primeira substituição, sacando o lesionado Danilo para a entrada de Elano aos 30.
Veio o segundo tempo, e nada de jogo. Apenas o Barcelona jogava, e Rafael evitava um vexame maior. Guardiola se deu ao luxo de poupar o zagueiro Piqué, colocando Mascherano em seu lugar, que juntamente com Puyol, já eram suficientes para meter medo em Neymar e Ganso. Foram poucas as vezes que os “meninos” levaram vantagem, tendo apenas duas ou três oportunidades para arrematar.
Já o Barcelona, quando quis, jogou. Acertou pela segunda vez a trave com Daniel Alves aos 34 e marcou o quarto, novamente com Messi, que recebeu de Daniel Alves em velocidade, driblou com categoria Rafael e tocou no canto do goleiro. Não havia mais nada a fazer pelo lado do Santos desde o primeiro tempo, a não ser ver de posição privilegiada o toque de bola catalão, além de ver Guardiola colocar Pedro e o novato Fontás, em mais uma atitude de preservação na defesa catalã, que terminou com Fontás, Mascherano e Abidal, peças muito mais do que suficientes para deter os amedrontados Neymar, Borges e Ganso.
Fim de jogo ou de aula, com um expressivo 4x0 a favor do Barcelona. O time espanhol mostrou a diferença oceânica que separam o futebol de ambos os países. Não há como se ter parâmetros de análise, visto que qualquer argumento que se utilize para atenuar a jornada do Santos, acabaria menosprezando a goleada achocolatada que ocorreu nesta noite japonesa.
Espera-se que os ufanistas nacionalistas que ainda tinham o Brasil como melhor futebol do Mundo se curvem definitivamente ao futebol Espanhol, este sim, depois de anos e anos de planejamento, é sim o melhor do mundo, com o Brasil estando há milhas e milhas de distância. Diante de tamanho vexame, seria melhor nem ter ido.
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