Neste domingo, Inter e Fluminense fizeram uma decisão, na qual em caso de vitória de qualquer um dos times, praticamente definiria o destino de ambos no Campeonato. Como o objetivo deste post não é repetir as informações do jogo (aqui para quem não leu), o Inter acabou saindo com derrota, o que praticamente inviabilizou qualquer chance para a próxima edição da Libertadores.
Há quem ainda acredite no milagre da multiplicação dos pontos, de forma que o time consiga descontar a desvantagem de quatro pontos dos quinze a disputar, sendo que três jogos serão fora de casa e um dos outros dois em casa é o clássico Grenal. Para atingir tal feito, o time teria que conquistar as cinco improváveis vitórias, adjetivo colocado devido ao Inter não dar mostras ao longo do Campeonato que poderá atingir tal feito, e o que o leva a entrar em um processo de reflexão, para planejar devidamente a temporada de 2012.
Dentre os maiores fatos a serem refletidos, encontra-se o grupo de jogadores e as opções do treinador, sendo que uma coisa está efetivamente ligada à outra, o que servirá de atenuante ao treinador Dorival Júnior em relação a sua continuidade para a próxima temporada.
A direção bem que tentou despistar em relação à qualidade do elenco, ao pedir a cabeça de Falcão e utilizar três treinadores ao longo do Brasileiro. O discurso do ex-treinador Colorado foi o estopim para a sua conturbada saída, cuja contestada passagem fôra criticada desde antes de sua chegada, o que configura-se a sua passagem como um equivoco diretivo. Mas Falcão deixou uma ideia plantada, de insuficiência de grupo, que fôra ofuscada por uma eliminação da Libertadores classificada como um acidente, enquanto a conquista do Gauchão foi supervalorizada, como se o rival tivesse se transformado em um grande europeu como o Real Madrid ou Barcelona.
Porém a trajetória no Campeonato Brasileiro, somada com a melhor contratação de técnico que o clube poderia ter feito ao longo da temporada, continuou desnudando problemas crônicos de elenco, que fizeram com que Dorival Jr. optasse por escalar em algumas situações um time sem atacantes, que se configura em um 4-6-0. O principal setor deficiente foi o ataque, cujos segundos atacantes foram dizimados ao longo destes últimos anos, devido à preferência do então treinador Celso Roth em utilizar o esquema 4-5-1, que Dorival acabou tendo que utilizar por falta de opção.
O treinador conseguiu implementar uma interessante variação tática, mas que na prática só funciona contra times de defesa fraca, e que por isso estão na parte debaixo da tabela, o que pode ser caracterizado como um esquema "Robin Hood reverso". Tanto no esquema 4-2-3-1 quanto no 4-6-0, a equipe fica com 4 jogadores em uma linha ofensiva quando está no campo de ataque, o que a deixa em um falso 4-2-4. Um exemplo pode ser visto na figura acima, no gol de Oscar contra o Fluminense, onde Damião está na direita para fazer o cruzamento, o meia goleador aparece na esquerda, enquanto D’Alessandro e Andrezinho estão centralizados.
É exatamente esse o problema, pois tanto D’Alessandro quanto Andrezinho dificilmente ganhariam em um lance de bola aérea ou levariam vantagem em um pivô de costas para o adversário, o que acaba deixando o ataque refém de Damião, e com muitas conclusões desperdiçadas. Somente contra o Fluminense, Oscar teve três grandes chances, sendo que aproveitou apenas uma. Tal esquemática exigiria jogadores de movimentação e que também conseguissem arrancar vantagem no jogo aéreo, como Diego Souza e Thiago Neves, ou melhor ainda seria com o preenchimento por atacantes, com um 4-4-2 genuíno, que faria com que os meias abrissem para as posições laterais, trazendo uma maior eficácia ao esquema.
Além da parte tática, outro fator que vem complicado Dorival é a constante opção por Tinga e Ilsinho, que entram em praticamente todos os jogos como soluções ofensivas. Os dois quase sempre são aproveitados na linha dos três meias, porém têm um índice de contribuição nulo. Como meias, Tinga é um bom volante enquanto Ilsinho é um ótimo lateral direito, apesar de um amigo levantar a tese que este teria exigido de forma documentada que não gostaria de jogar em sua posição de origem. Custa-me a acreditar que um clube com a grandeza do Inter se submeta a tal exigência, a não ser que sua própria direção não tenha noção do que tem em mãos.
Mal chegou novembro, e o Inter já entra em clima de réveillon. Será que seria a comemoração por 2011 que ainda não teria começado na cabeça dos dirigentes?
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