sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Vem ai Barcelona e Real Madrid do Brasil

Fragmento do texto publicado nesta última quinta-feira, pelo colunista do Portal Exame, Ricardo Araujo. Para ler todo, clique aqui.

A Espanha de hoje é o Brasil de amanhã ?

Ricardo Araújo

No momento em que sua seleção atravessa o momento mais brilhante de sua história, o futebol espanhol caminha célere para a bancarrota.

A Espanha é o grande paradoxo do futebol moderno. Escrevi um post há poucas semanas atrás, em que o presidente do Sevilha, Del Nido, antes mesmo da Liga começar, referia-se à mesma como “Liga de mierda”. Essa semana, após o cartão de visitas do que será essa enfadonha Liga, com goleadas arrasadoras dos dois papões, o presidente do Villareal, Francisco Roig, foi duro nas declarações e reafirmou que o futuro do futebol espanhol é sombrio.

Com efeito, o futebol espanhol possui a divisão de recursos mais madrasta do futebol mundial. Enquanto Real e Barça juntos abocanham 300 milhões de euros em direitos de transmissão, 8 dos 20 clubes recebem de 12 a 17 milhões cada. Um abismo colossal. O poder de fogo dos outros participantes são balas de borracha contra as bazucas dos 2 gigantes. A consequência, é que no afã de lutar contra massacres previsíveis e montar times minimamente competitivos, os rivais tomam empréstimos e assumem dívidas imensas para, pelo menos, tentar evitar goleadas humilhantes. No decorrer de alguns anos, tornaram-se totalmente inadimplentes, não apenas com fornecedores e com o fisco, mas principalmente com os próprios jogadores, que em muitos desses clubes chegam a estar de 3 a 4 meses sem receber salários.

(...)

Aqui no Brasil, o modelo espanhol já está sendo montado. Em 5 anos, Corinthians e Flamengo poderão receber em aportes de TV algo em tôrno de 300/350 milhões de reais a mais que vários outros “grandes”. O abismo estará sendo irremediávelmente escavado. Alguns argumentam que é assim mesmo, livre concorrência, seleção natural dos mais fortes, e blá blá blá. Não acredito que um modelo que alije do mercado milhões de torcedores de clubes “grandes” no presente, e meros coadjuvantes no futuro, seja benéfico para o mercado esportivo brasileiro.

Mas,é claro, sempre existem os “satisfeitos”. Perguntado sobre o que pensava sobre as queixas (que aqui no Brasil seriam chamadas de “chororô”) do presidente do Sevilha, o jogador Sérgio Ramos do Real Madrid e da seleção espanhola, disparou:
“Se ele não está satisfeito com essa Liga, que trate de procurar outra !”.

Na testa, e à queima roupa. Tomara que algum dia ele não precise jogar no Levante.
Não é de hoje que o blog se atenta com este novo caminho em que o país adere quanto à distribuição das quotas de TV no futebol. Desde o eminente esvaziamento do clube dos 13, pela qual os clubes passaram a negociar individualmente as quotas de TV, que me preocupo com o rumo com que o esporte tomará no país.

Em alguns anos, teremos Flamengo e Corinthians com verdadeiras seleções nacionais, enquanto os outros times (grandes) se contentarão com vagas para as competições sul-americanas ou permanecer na primeira divisão. Haverá uma tamanha disparidade, que poderá acabar com a graça e reduzir os níveis de audiência entre o futebol de clubes no país.

Para ver o estudo que fiz em relação aos direitos de TV nos principais centros da Europa, clique aqui.

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