Em um jogo que poderia ter sido bem melhor do que efetivamente foi, a Internazionale conseguiu se segurar defensivamente mesmo perdendo um jogador aos 27 minutos de jogo, levou um gol que poderia levar e é o adversário do Bayern Munich na grande final do dia 22 de maio em Madrid. Mourinho mais uma vez surpreendeu, dando um nó tático em Guardiola, conseguindo a proeza de parar a máquina de jogar futebol chamada Barcelona.O jogo começou com surpresa na escalação de ambos os lados. Guardiola preteriu um lateral esquerdo de oficio, utilizando Yaya Toure no meio junto com Busquets, Keita e Xavi, e exigindo um maior comprometimento tático da equipe para não deixar o setor livre. Já Mourinho, resolveu colocar Chivu no meio, fazendo uma espécie de sombra de Zanetti no setor esquerdo defensivo, bem onde estava Messi.
O Barcelona começou atacando logo aos 2 minutos, com Pedro fazendo grande jogada na esquerda passando por Maicon, e chutou cruzado perto do gol, e mostrando que o Barcelona viria com força. Porém esse lance foi isolado, já que o esquema defensivo em forma de “árvore de natal” (que pretendo ilustrar no Analisador Tático) idealizado por Mourinho, trouxe dificuldades para o Barcelona, que aproximadamente 80% de posse de bola, trocava passes, porém pouco conseguia criar no setor ofensivo. A equipe só conseguiria chegar novamente com perigo aos 21, quando Dani Alves cruzou e Pedro apareceu no meio da zaga Nerazurri, e de primeira chutou ao lado do gol.
Aos 27 minutos, aconteceria um lance que mudaria a história da partida. Thiago Motta, que já havia levado o cartão amarelo anteriormente, se estranhou com Busquets, colocando a mão no rosto do jogador catalão, sendo punido com cartão vermelho direto pelo árbitro. A expulsão obrigou Mourinho a abdicar do ataque, colocando Milito para fechar a direita, Eto´o sendo deslocado para a esquerda e Chuvu fazendo a função que era de Thiago Motta, num esquema que poderia ser considerado um 4-5-0. O Barcelona ainda teria a sua melhor chance no jogo até então, com Messi recebendo e em velocidade passando pelos marcadores na entrada da área e chutando no canto rasteiro para uma excepcional defesa de Júlio César. Já ao fim do tempo, Ibrahimovic teria a última chance catalã para sair na frente no placar em uma cobrança de falta na intermediária, cobrando forte por cima do gol.Para a segunda etapa, Guardiola tirou o zagueiro Gabriel Milito e colocou Maxwell para compor o trio defensivo com Dani Alves e Piqué, com Toure recuando e fazendo vias de zagueiro. A equipe catalã foi toda para o ataque, porém girava o jogo e não conseguia criar chances. Tal inoperância ofensiva fez Guardiola fazer uma modificação dupla aos 17 minutos, com as entradas de Bojan e Jeffren nos lugares de Ibrahimovic e Busquets.
Naquela altura, já não havia mais esquema em jogo, sendo basicamente a defesa da Inter contra o ataque catalão. O Barcelona detinha posse absoluta da bola, ciscava de um lado, de outro, alçava bolas na área da Inter, porém não conseguia criar nada. Mourinho deixou a Internazionale ainda mais defensiva, com as entradas de Muntari e depois de Córdoba e Mariga nos lugares Sneijder, Diego Milito e Eto´o respectivamente.O Barcelona continuava tentando, porém nada efetivo. Guardiola queimou sua última ficha, colocando Piqué, seu único zagueiro, como centroavante. O Barcelona ainda perdeu uma grande chance com Bojan, que recebeu um cruzamento de Messi na cabeça, desviando para o lado do gol, porém aos 38, Xavi deu um passe açucarado para Piqué, que recebeu livre e com categoria limpou Córdoba e Júlio César no mesmo lance, marcando o gol catalão.
O Barcelona tinha então 10 minutos para fazer o seu segundo gol, que lhe daria a classificação. A equipe foi com tudo para o ataque, obrigou duas defesas de Júlio César em chutes de Xavi e Messi aos 41. A equipe ainda teria um gol anulado de Bojan aos 46, que recebeu livre após pequena confusão na meia lua, onde o árbitro Frank de Bleeckere assinalou toque de mão de Toure na jogada. Na minha visão, o apito do juiz foi precipitado, pois a bola nem tocou na mão do jogador, e mesmo que tocasse seria uma bola na mão, não caracterizando a infração. A equipe catalã ainda pressionou, porém não conseguiu criar nenhuma grande chance até o apito final do árbitro belga.Vitória da marcação, superação e do anti-futebol de Mourinho. O treinador português da Inter foi predisposto para apenas se defender, fato que ficou ainda mais acentuado após a expulsão de Thiago Motta. Como feitos, anulou quase que completamente o jogo do Barcelona, que só conseguia tocar a bola, porém não conseguia praticamente nada de objetividade. A equipe catalã teve poucas chances de marcar gols em todo o jogo, fato que determinou sua derrocada. O treinador se credencia ao titulo de melhor técnico do mundo, sendo capaz de criar sistemas super ofensivos ou super defensivos para anular o adversário, e assim se sobressair. Mourinho é o grande craque da Internazionale, uma equipe aplicada taticamente e com soluções técnicas que possibilitaram seu avanço na competição e deixariam o título europeu em muito boas mãos. É capaz de fazer dois atacantes virarem meio-campistas defensivos, e colaborarem integralmente para o bom resultado de seu time.
Em relação ao Barcelona, é com pena que trato a sua eliminação da competição. Sou um admirador do futebol bonito, da técnica, dos dribles e do espetáculo. Porém sei que o futebol não se restringe a apenas isso, tendo a tática fundamentação importante na construção de um grande time. Cada técnico monta seu esquema conforme as peças que tem a disposição. E nesse jogo de xadrez, Mourinho levou a melhor sobre Guardiola, mesmo possuindo uma equipe inferior tecnicamente, porém muito aplicada taticamente. Meu receio é que vitórias como essa contribuam para o fim da técnica em detrimento da tática e de jogadores “robôs” de esquema. O Barcelona conseguiu desmitificar isso, assim como o Santos tem feito no Brasil, porém com esta derrocada, há a preocupação para que novamente na Copa do Mundo, uma seleção pratique o anti-futebol e se sobressaia em relação às outras.
Fiz minhas anotações das táticas utilizadas por ambos os times enquanto teve tática efetivamente. Vou tentar ainda hoje colocar o Analisador Tático em ação, porém não garando, já que há noite haverá a Libertadores, e concentrarei minhas atenções nos jogos.

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