segunda-feira, 26 de maio de 2014

Grupo deficiente e apego a projeções que não funcionam

A derrota para o Cruzeiro deixou a impressão que o Inter não possui bala na agulha para disputar o título. Embora haja a justificativa dos desfalques, o time perdeu muito desempenho com a saída de alguns titulares, e que somado com a estratégia de projetar resultados, fez com que o time caísse da liderança para o oitavo lugar em poucas rodadas.

Sobre o grupo de jogadores, já escrevi ontem (leia aqui). Em síntese, o Colorado possui um time titular razoável, longe da perfeição, mas que conseguiria disputar a ponta de um Campeonato formado por clubes imperfeitos. Nas primeiras rodadas, que se realizaram de forma semanal, o time já apresentou problemas na transição ofensiva pela falta de um atacante veloz, um meio lento e burocrático e a ausência de qualidade dos laterais. A zaga mostrou-se segura nos jogos com Ernando e Paulão, porém começou a decair de rendimento com a volta do titular Juan.

Nas últimas semanas, o Inter começou a ter uma maratona de jogos quartas/domingos em virtude dos confrontos pela Copa do Brasil e do Brasileiro, mostrando a fragilidade física dos atletas, que somada com as convocações para a seleção e as suspensões, deixaram o time com apenas dois titulares no segundo tempo contra o Coritiba. Não sou especialista em preparação física nem em fisiologia, porém não acho normal tantas lesões em tão pouco tempo. O fato de o Inter ter muitos trintões contribui para o acúmulo de desfalques, porém a situação fica ainda pior com outro fato de o Inter ser um dos clubes da Série A que menos utilizaram seu time principal na temporada. Se analisarmos adversários, cuja maioria jogou mais vezes, não veremos tantas lesões.  
  
Fotos: AI Inter
O fato é que os substitutos não estão no mesmo nível que os titulares e reduziram consideravelmente o poder de fogo do time em jogos decisivos, como contra o Cruzeiro, que também contava com alguns desfalques. Abel escalou o que tinha de melhor, porém não foi o bastante. Mais uma vez o time se viu dependente de jogadores como Wellington Paulista e Jorge Henrique, que em nada acrescentaram ao time. No jogo contra o Coritiba, o quarentão Índio sequer aguentou os 90 minutos, enquanto que Dida começa a mostrar através de sucessivas falhas que não possui o mesmo reflexo de antigamente, e mostra segurança apenas nas bolas defensáveis. 

Tomo cuidado em poupar jovens como Otávio e o lateral Diogo, pois poderão evoluir. Mas quanto aos reforços, não vou poupar criticas, pois é resultante da política de contratações do clube nas últimas rodadas, que aposta em jogadores com algum renome, mas que em função de estarem na fase descendente da carreira, já são dispensáveis pelos clubes onde passaram. Entram ai Dida, Juan, Wellington Paulista, Jorge Henrique, Alex, Rafael Moura, Forlán, Cavenaghi, dentre outros. Alguns já deixaram o clube, enquanto Abel Braga teve méritos em recuperar Alex e Rafael Moura, porém a grande maioria joga o que se espera deles pelo histórico recente em outros clubes: nada. E em um campeonato longo como o Brasileirão, pensar apenas no time titular é uma heresia, tendo em vista que há a necessidade de usar o grupo.

Mesmo com todos esses problemas, o Internacional poderia estar melhor na tabela, talvez até na liderança ou segundo lugar. Aí entra o segundo problema, que é o apego às projeções. Após o jogo contra o Atlético-PR que deixou o Inter em uma liderança circunstancial, em virtude de ter jogado 3 dos 4 jogos em casa contra adversários mais fracos, Abel projetou 10 pontos nos cinco jogos restantes (15 pontos). Só conseguiu 2 até então, podendo chegar a 8 se vencer a Chapecoense em Caxias e o Fluminense no Rio de Janeiro. Porém em uma visão realista, chegará a apenas 5 ou 6, já que uma vitória contra o Fluminense no Rio de Janeiro seria muito improvável.. 

Sei da importância da matemática, por ter formação na área das exatas, porém vejo que o Inter a utiliza de forma errada, pois coloca a projeção dentro de campo para formular resultados, enquanto que estes números deveriam servir apenas como uma análise ulterior aos confrontos. Um clube com ambições não pode entrar em campo para empatar somente pelo fato de jogar fora de casa, procurando manter o aproveitamento de 66% (vitória em casa e empate fora, 4 pontos a cada 6 jogos). Admito apenas a exceção de utilizar estes números em uma eventual decisão de seis pontos contra um concorrente ao titulo fora de casa, por onde o empate se tornaria interessante caso o time esteja em vantagem em relação ao concorrente.

Se tivesse um pouco mais de ambição, provavelmente o Inter conseguiria segurar a vitória contra Botafogo e Coritiba, além de buscar a vitória contra o Criciúma. Hoje, mesmo com a derrota contra o Cruzeiro, o time estaria na liderança, apesar de todos os problemas que está enfrentando com lesões. 

Porém, mesmo assim, seria uma liderança enganosa, já que o time enfrentou apenas dois adversários que está entre os 10 primeiros e tem um maior número de jogos em casa (4) do que fora de casa (3). O Inter terá ao longo de 12 rodadas restantes do 1º turno sete confrontos mais difíceis, e hoje já está aquém do esperado para que termine o primeiro turno no G4. Para complicar, o time em função da sua errônea projeção, está com um saldo de gols mínimo e já perde no número de vitórias para a maioria de seus concorrentes, pois é um dos times que mais empataram até agora (Só perde para o Santos, que está embaixo na tabela.)

A tendência é que o time caia ainda mais na tabela, ficando ainda mais longe de uma eventual briga pelo G4, já que o titulo eu já acho praticamente impossível, em virtude dos tropeços contra times mais fracos. Vejo Cruzeiro e Fluminense com times mais fortes e grupos amis consistentes, e ainda colocaria o Corinthians na possibilidade de brigar pelo título, em função dos reforços que o clube terá na volta da Copa. Já para o G4 há uma possibilidade, porém o time já começa a ficar atrás de Grêmio e São Paulo não só na pontuação, como nos critérios de desempate e na relação de jogos da tabela.

Para que o Inter reverta essa tendência, precisará rever conceitos e qualificar o elenco na parada da Copa. 

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