quinta-feira, 1 de maio de 2014

Grêmio foi eliminado da Libertadores. E agora?

Nesta quarta-feira, o Grêmio perdeu nos pênaltis a vaga para as quartas-de-final da Libertadores, deixando prematuramente a competição e encerrando o projeto de 2014, que era basicamente focado na competição sul-americana. 

Eliminação de certa forma merecida, pois o time argentino jogou melhor, e sofreu o gol em uma de suas poucas falhas defensivas. O Grêmio não conseguiu superar as adversidades, e mostrou que falta qualidade ao time e opções ao elenco, dependendo muito mais da individualidade dos jogadores. A eliminação também pode ser explicada por motivos táticos, já que o Grêmio apresentava pouca variação e movimentação, buscando quase sempre centralizar as jogadas e que facilitava a defesa do San Lorenzo.

Enderson Moreira não errou na escalação, pois tirou Ramiro e promoveu a volta de Luan, deixando o time mais ofensivo. Porém Luan e Zé Roberto não foram bem, e acabaram sacados na segunda etapa por Rodriguinho e Maxi Rodrigues, que melhoraram um pouco o time, mas não o suficiente para reverter o escore nos 90 minutos. Ao longo do primeiro tempo e de parte do segundo, o tricolor dependeu quase que exclusivamente da movimentação de Dudu e da vantagem individual de Barcos sobre a defesa argentina, já que o argentino teve duas chances de gol na primeira etapa.

No mais, o Grêmio tinha muitos problemas na saída de bola e na aproximação dos jogadores, já que apenas o lado esquerdo funcionava com a chegada de Wendell e da movimentação de Dudu. O time argentino se defendia bem no 4-4-2 com as famosas e ortodoxas duas linhas de quatro jogadores, o que exigia movimentação e alternativas da parte gremista para driblar o esquema e surpreender o adversário, o que não aconteceu.

No segundo tempo, o nervosismo foi tomando conta do Grêmio, o que deixava o San Lorenzo ainda mais à vontade para adiantar a marcação e manter a posse de bola no campo de ataque. No início, o time argentino conseguia recompor-se agilmente quando necessário, chegando até a ter uma grande chance para matar o confronto, porém foi cansando ao longo do jogo, e foi em um lance de falta de recomposição que o Grêmio encontrou espaços na direita com Rodriguinho, que cruzou para Dudu marcar o gol que levava o jogo pelo menos para os pênaltis.    

AI Grêmio
Naquela altura, resolver o jogo nos 90 minutos era melhor negócio para o Grêmio, já que o adversário estava inferior fisicamente, porém o time argentino conseguiu levar aos pênaltis, onde prevaleceu a competência nas cobranças, já que todos os jogadores do San Lorenzo converteram, enquanto que Barcos e Maxi desperdiçaram para o Grêmio, em grande atuação do goleiro Torrico. Ficou a impressão que o Grêmio não se preparou para a disputa das penalidades, pois os jogadores não estavam concentrados, a ponto de Barcos, cobrador oficial, bater mal e errar.

Nesta quinta, é dia da pílula do dia seguinte no vestiário gremista. Enderson Moreira continuará juntamente com o departamento de futebol? A tendência é de saída, após o clima de despedida que fora revelado após a partida, nos poucos discursos melancólicos do pós-jogo.  E no grupo? Há muitas criticas para Pará e Barcos. O primeiro vem comprometendo sistematicamente e mostra ser um lateral insuficiente, enquanto que o pirata é marcado pelo seu alto salário, e mesmo fazendo uma boa partida, sendo um dos melhores do time, ficou marcado pelo pênalti perdido e pelo seu péssimo 2013. 

Impressionou-me a passividade na qual o staff gremista aceitou a eliminação precoce, responsabilizando o fato de ter dado atenção ao Gauchão. Em 2013 eu lembro que o fato de não ter dado importância ao estadual Gaúcho foi uma das desculpas para a má campanha, já que a equipe titular havia jogado pouco, então a contradição de argumentação de um ano para o outro não me serve, até porque o último titulo oficial do Grêmio já vem do longínquo 2010, o que é muita coisa para um clube da grandeza do tricolor gaúcho.

O Grêmio mostra que planejou mal ou que superestimou seu 2014, tendo em vista que o grupo no início da temporada era modesto e Enderson conseguiu montar um time. O treinador mostrou ontem e nos Gre-Nais que ainda não está preparado para enfrentar decisões com a cobrança de um time grande, já que vacilou principalmente nos Gre-Nais nas suas escolhas de escalação. Ontem sua responsabilidade foi a de não conseguir encontrar soluções para surpreender o adversário, porém esta precisa ser solidária com a direção gremista, que se planejava um 2014 vitorioso, necessitava fornecer maior qualidade no elenco, algo que faltou nos momentos decisivos e que exime a exclusiva responsabilidade do treinador.  

O Grêmio enfrenta dificuldades financeiras desde a migração para a Arena em virtude de um perverso contrato, que toma tempo e forças de seus dirigentes. Há informação de direitos de imagem (complemento salarial) atrasados, o que facilmente tira o foco dos jogadores. Por outro lado, há uma torcida que não vê o time ganhar um titulo importante há 13 anos, e que vive da esperança de um próximo ano melhor, depois de boas campanhas no Campeonato Brasileiro que levam o time para a Libertadores. Não seria melhor o time encarar a realidade e tentar recuperar a supremacia do Inter no Gauchão e focar na Copa do Brasil? Os torcedores precisam de títulos e não de promessas.

Para o restante de 2014, o Grêmio já tem certa a saída de jogadores, como Wendell, Ramiro e Bressan. Resta saber se precisará se livrar de mais alguns jogadores, mas precisará de reforços em praticamente todos os setores, já que o que mostrou até agora é insuficiente para uma competição longa como o Brasileirão, que precisa de opções no elenco para driblar os constantes desfalques. 

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