segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Grêmio principal vence com naturalidade na estreia

Neste domingo, pela terceira rodada do Campeonato Gaúcho, o Grêmio estreou oficialmente em 2014 e goleou por 4x0 o Aimoré na Arena. Os gols foram marcados por Barcos, Bressan, Edinho e Kléber.

Jogando em casa contra um dos mais fracos times do Gauchão, que tem como melhor campanha o Time B do Internacional com 100% de aproveitamento, Grêmio mostrou a sua cara de time para 2014, agora sob o comando de Enderson Moreira. E a primeira impressão foi positiva, com características bem diferentes da equipe treinada por Renato Gaúcho em 2013, apesar do time-base continuar o mesmo. 

O time titular não foi o definitivo, pois o zagueiro Geromel e o meia Alan Ruíz ainda não tinham condições de jogo, enquanto que Zé Roberto e Souza ainda resolvem suas permanências no tricolor. Mas foi possível visualizar que Enderson escalará o time em um 4-2-3-1, com Maxi Rodríguez e Kléber como wingers na direita e esquerda respectivamente, enquanto um camisa 10 ficará centralizado na articulação, algo que excepcionalmente não foi possível neste confronto, devido aos desfalques de Zé Roberto e Alan Ruíz, e o fato de Riveros não ter esta característica, o que deixou o time com praticamente 3 volantes e parecido com o 4-3-3 utilizado em boa parte da temporada anterior, já que Kléber e Maxi tiveram vocações mais ofensivas, em uma variação que poderá ser utilizada.

Quanto ao comportamento em campo, o Grêmio de Enderson visou trabalhar com a posse de bola, trocando muitos passes. O time apresentou principalmente na primeira etapa muita movimentação, intensidade e aproximação, que somado com a velocidade permitiu que o tricolor fizesse o escore com facilidade. Outra característica foi o fato de o Grêmio fazer várias inversões, que tiravam a previsibilidade do time na evolução das jogadas. 

O Aimoré foi ofensivamente inofensivo, o que não permitiu melhores observações em relação ao sistema defensivo tricolor. Quando chegou, Marcelo Grohe mostrou-se bem posicionado, efetuando pelo menos duas defesas difíceis. A fragilidade do adversário também não permitiu maiores observações a respeito da transição do meio-campo para o ataque, já que sem um meia típico de articulação, a tendência é de dificuldades de articulação contra uma equipe mais forte.

Diante do jogo, pode-se concluir, em uma primeira impressão, que a equipe do Grêmio é promissora e foca o jogo coletivo. Porém foi um teste que mais serviu para ver o comportamento do time do que a sua força para a temporada, já que apenas no GreNal será possível uma melhor observação do potencial tricolor para a temporada e suas principais competições.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Dupla Grenal paga o preço pelos excêntricos e irresponsáveis gastos

Ao que tudo indica na movimentação do mercado gaúcho, tanto Internacional quanto Grêmio iniciarão 2014 com um grupo menos qualificado em relação ao do ano anterior. Ambos terminaram seus anos com altos déficits, que exigiram a saída de jogadores para tapar o buraco financeiro, seja com o dinheiro da venda de promissores atletas ou até menos deixando de pagar altos salários de seus medalhões.

A renovação de grupos do Internacional foi mais expressiva, com diversas saídas como Gabriel, Kleber, Airton, Ronaldo Alves, Leandro Damião e, provavelmente, Scocco e Forlán. Chegaram Dida, Gilberto, Paulão, Ernando, Alan, Aranguíz e Wellington Paulista, aumentando o nível de incertezas em relação ao potencial que estes jogadores poderão efetivamente contribuir ao clube. Como já havia escrito, considero apenas Dida, Ernando e Aranguíz como jogadores que já entram em condições de titularidade, sem serem considerados apostas.

Já no Grêmio o caso é mais emblemático, já que, até agora, praticamente só ocorreram saídas. Dida, Alex Telles, Elano e Vargas já deixaram o clube, enquanto vieram Alan Ruíz, Geromel e Edinho. Com um déficit de quase 90 milhões na última temporada, o tricolor gaúcho utiliza a criatividade para manter a competitividade do seu grupo de jogadores, trazendo jogadores alternativos e teoricamente mais baratos, além de se esforçar para manter o maior número possível de jogadores titulares da temporada passada para a disputa da Libertadores de 2014.

O problema de ambos os clubes é o mesmo: Dinheiro, ou melhor, a falta dele. E a razão é pelo fato de ambas as gestões serem amadoras, incapazes de racionalizar os gastos que são maiores a cada ano. 

Na década passada, a dupla descobriu a “roda” ao investir na fidelidade de seus fanáticos torcedores através do programa sócio torcedor. Junto com a paixão e o apoio, entraram milhões de reais nas contas da dupla, que não souberam utilizar corretamente estes recursos. Tanto Inter quanto Grêmio passaram a contratar vários jogadores caros, muitas vezes sem critérios, onerando suas folhas de pagamento e perdendo este diferencial de arrecadação em jogadores que, muitas vezes, acabaram treinando em separado por não servirem mais aos clubes.

Nos últimos anos, os demais grandes clubes notaram que este promissor programa era a saída para um acréscimo de arrecadação, e aos poucos chegam aos patamares de valores arrecadados pela dupla, enquanto que em receitas de televisionamento ou de patrocínios ganham no mínimo valor igual ao de Inter e Grêmio.

Apesar de a dupla estar enfrentando problemas com seus estádios que acabam respingando nas finanças, os problemas financeiros são explicados pela defasagem administrativa, cuja gestão é ainda tratada com amadorismo, o que fez com que os clubes contratassem jogadores por salários cada vez maiores, levando-os ao caos financeiro.

A defasagem também chega ao patrimônio da dupla, visto que, com exceção de seus belíssimos estádios, ambos possuem uma estrutura insuficiente. Inter e Grêmio não têm um centro de treinamentos condizente com a realidade do futebol brasileiro, enquanto que outros clubes como Atlético-PR, São Paulo, Cruzeiro e Atlético-MG possuem CTs destacados internacionalmente pela estrutura oferecida, e que acomodarão Seleções para a Copa do Mundo. Uma prova desta discrepância é o fato de nenhuma seleção sequer especular Porto Alegre como sede para seus treinamentos para a Copa.

Para complicar, a Base dos clubes enfrenta problemas que acabam respingando no Profissional. O Grêmio possui uma estrutura física insuficiente, alvo de criticas por parte da imprensa e dos próprios gremistas, que a consideram sucateada e que revela poucos jogadores à categoria profissional. Uma prova foi o pacotão feito com o Juventude no início de 2013, que trouxe jogadores como Alex Telles, Paulinho, Bressan, Ramiro, Deretti e Follmann.

Já o Internacional possui uma melhor categoria de base no quesito estrutura, porém a gestão não é a mais adequada. Há uma lacuna entre o Profissional e a Base chamada de Time B, que é atualmente denominada Sub23. O clube tem uma política de insistir em jogadores que já saíram da idade júnior para tentar aproveitá-los no grupo principal, fazendo com que jogadores com 21, 22 e até 23 anos fiquem à frente da fila em relação a promessas, o que dificulta a ascensão de promessas para o profissional. Isso acaba também onerando a folha de pagamento do clube, tendo em vista que a quase totalidade destes jogadores acaba não vingando, deixando o clube amarrado em contratos longos.

A dupla Grenal está sucumbindo em função de suas gestões ineficientes e de suas estruturas obsoletas. Sem dinheiro, ambos perderão qualidade neste primeiro momento e só voltarão a ser competitivos se valorizarem as suas categorias de base, além de racionalizarem suas contratações e controlar gastos.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Inter começa 2014 de forma preocupante

O ano de 2014 já começou para o Internacional, que treina em Gramado para a disputa das competições da temporada. Sem Libertadores e apenas com o Gauchão neste primeiro trimestre, o clube resolveu privilegiar a preparação e disputará os primeiros jogos da temporada com o seu time Sub23, comandado por Clemer.

No entanto, as atenções estão voltadas ao grupo principal, comandado por Abel Braga, que busca se redimir da péssima temporada anterior, onde o clube correu até a última rodada risco de Rebaixamento para a Série B. O grupo sofreu uma pequena reformulação, com as saídas de Gabriel, Kléber, Airton, Bolatti, Leandro Damião e possivelmente de Scocco, que pediu para ser negociado. Até o momento, foram contratados o goleiro Dida, os laterais Gilberto e Alan, os zagueiros Ernando e Paulão, o volante Aranguíz e o atacante Wellington Paulista.

Dos nomes contratados, apenas as contratações de Dida, Ernando e Aranguíz mostram um acréscimo em relação ao elenco da temporada anterior. Os demais entram no chamado rol de apostas, política deste grupo que dirige o Inter desde 2002 e que tem fracassado nos últimos anos. Além de contratar poucos jogadores para a titularidade, o clube erra no tempo de duração dos contratos de pelo menos dois deles. O goleiro Dida assinou um contrato de dois anos. Isso representa que no final de 2015 o goleiro estará com 42 anos. Já o chileno Aranguíz veio com contrato até Agosto, momento na qual o ritmo das principais competições da temporada (Brasileirão e Copa do Brasil) se acentua.

O time-base será basicamente o mesmo de 2013, projetado no 4-2-3-1 com Dida, Gilberto, Ernando, Juan, Fabrício, Williams, Aranguiz, Alex (Jorge Henrique), Forlán (Otávinho), D’Alessandro e Rafael Moura (Wellington Paulista/ Forlán). A aposta mesmo será em Abel Braga, que buscará repetir seu vitorioso ano de 2006.

Fora de campo, o clube também está efetuando mudanças. Tão logo a temporada de 2013 terminou, Luís César Souto de Moura saiu do departamento de futebol, deixando Marcelo Medeiros como ficha 1 do futebol Colorado na vice-presidência. Medeiros ganhou o apoio dos diretores Roberto Melo e Eduardo Lacher e nesta semana anunciou os desligamentos do assessor de imprensa Nobrinho e do diretor executivo Newton Drummond, o Chumbinho, cuja atuação era questionada por grande parte da torcida.

Chumbinho estava com o grupo de jogadores em Gramado, quando recebeu a notificação de Medeiros para ir a Porto Alegre, onde recebeu a noticia do desligamento sob a alegação de necessidade de restruturação do futebol do clube. O vice-presidente anunciou Jorge Macedo, então coordenador geral das categorias de base, para o carco de Gerente de Futebol, que na prática poderá representar um retrocesso do clube em prol da profissionalização, já que o Diretor Executivo era um cargo remunerado e em muitos clubes é utilizado como a principal função do futebol, responsável por gerenciar o grupo de jogadores, negociações e logística do futebol do clube.

O que me espanta é que esta atitude tenha sido tomada em vias de iniciar os jogos da temporada, o que mostra uma total falta de planejamento. Mesmo que no Internacional as principais funções do departamento recaiam sobre o vice-presidente, uma mudança de estrutura depois de um período de mais 30 dias de recesso não é um bom sinal, e mostra que o clube não está aprendendo com seus erros recentes.

Imagino que o clube ainda conte com a contratação de reforços, principalmente depois que o potencial do grupo for colocado à prova nos jogos oficiais. Abel Braga é capaz de melhorar o fraco futebol de 2013, porém a esperada revolução do plantel que poderia trazer uma nova perspectiva ao Inter em 2014 ainda não veio e, pelo jeito, não virá.