O Campeonato Brasileiro está chegando à reta final e ainda
promete algumas disputas quanto ao G4 (que poderá ser G3 ou G5) para a
Libertadores e o Z4, a temida zona de descenso.
O titulo já tem dono desde o início do segundo turno, com a
arrancada do Cruzeiro sem que houvesse outro time capaz de acompanha-lo, e
provavelmente será confirmado matematicamente nas próximas 2 rodadas, já que
não descartaria um insucesso do time contra o bom Vitória para fazer festa em
casa diante da Ponte Preta.
Além do Cruzeiro, o Náutico também destoou, só que de forma
negativa, já decretando com muita antecedência o seu descenso. No mais, apenas
destacaria o Atlético Paranaense. A campanha do time é diferenciada e se não
fosse uma má jornada no início do campeonato, provavelmente já teria assegurado
o vice-campeonato com uma vantagem mais folgada do que está hoje, mas sem conseguir
acompanhar o Cruzeiro por ser tecnicamente inferior ao time mineiro.
No mais, o campeonato reserva muito perde e ganha, o que lhe
faz nivelado por baixo. Uma prova é o terceiro colocado (Grêmio) ter apenas
54,5% de aproveitamento enquanto que o 16º (Vasco) tem 37%.
Grêmio e Botafogo ainda estão na zona da Libertadores, isto
se contabilizarmo-la como G4, já que o
Brasil colocará uma equipe na final da Copa Sul-Americana, cujo campeão ganhará
uma vaga para a Libertadores e tirará uma vaga do Brasileirão. Por outro lado,
o Atlético-PR está na final da Copa do Brasil, e caso seja campeão, abrirá uma
vaga via Campeonato Brasileiro para a Libertadores.
A dupla só ainda está em 3º e 4º respectivamente devido a gordura
acumulada ao longo do primeiro turno, que fez com que outros clubes tenham
chegado, mas ainda sem conseguir ultrapassá-los. Enquanto Botafogo e Grêmio
fizeram 36 e 34 pontos no primeiro turno em 2º e 3º lugares respectivamente,
ambos fazem apenas campanhas modestas neste segundo turno, onde o Grêmio é o 9º
com 20 pontos e o Botafogo é o 11º com 17 pontos. Para efeito de comparação,
Vitória e Goiás marcaram 27 e 28 pontos nestes últimos 14 jogos, reduzindo a
distancia que parecia definida entre os times que formavam o G4.
Vários são os motivos para explicar a queda drástica dos
times. No Botafogo posso elencar como o acúmulo de jogos, que fez o elenco
pouco numeroso do time carioca sentir com as lesões, suspensões e saídas, além
do desgaste dos seus principais jogadores. O Grêmio teve uma impressionante ascensão
com o esquema de três zagueiros de Renato Portaluppi, porém o esquema-surpresa
tinha validade, e ao invés de aperfeiçoá-lo, o treinador acabou modificando
constantemente o seu esquema de jogo para acomodar Vargas, e hoje vê o seu time
em crise técnica e sem um esquema definido que possa convencer nesta reta final
de campeonato. O time perdeu a consistência defensiva e não marca gols, e se
não conseguir um fato novo, acabará apenas esquentando a vaga para outra
equipe.
Vitória e Goiás me surpreenderam com as campanhas deste
segundo turno, pois não botava fé nos seus times. O time baiano até começou
surpreendendo, porém caiu drasticamente de produção e chegou e ficar perto da
zona de descenso. Porém faz um grande segundo turno e está na luta para a vaga
na Libertadores, apesar de considerar mínimas as suas chances. Já o Goiás eu tenho
uma maior convicção que possa conquistar o feito. O time conseguiu
desenvolver-se tendo o gorducho Walter como referência. O jogador se machucou,
e a sua ausência impactou negativamente ao time nas semifinais da Copa do
Brasil, onde o clube foi eliminado pelo Flamengo com duas derrotas. Não sei
sobre as condições físicas do atacante, mas o seu retorno é imprescindível para
que o time possa ultrapassar Grêmio e Botafogo.
Na luta contra o rebaixamento, temos sete equipes tentando
fugir das três vagas para a série B. Coritiba, Portuguesa, Bahia, Vasco,
Criciúma, Fluminense e Ponte Preta deverão lutar até o final para escapar da
queda. O time de campinas parece estar condenado, sobrando duas vagas onde
Fluminense e Vasco tentam evitar o maior fiasco da história do futebol carioca,
com dois clubes grandes rebaixados no mesmo campeonato. A tarefa é dura para
ambos, porém Criciúma, Bahia e Portuguesa poderão facilitar a permanência dos
cariocas. Eu sinceramente não acredito em uma queda do Coritiba, apesar do time
paranaense estar próximo ao olho do furacão.
Em função do esvaziamento da Copa Sul-Americana e tendo a Libertadores
e Copa do Brasil como concorrentes nas etapas inicial e final respectivamente, somado
com a paralisação em virtude da Copa das Confederações, o Campeonato Brasileiro
não gerou a mesma empolgação pelos admiradores do futebol e ficou relegado a um
segundo plano, fato que pode ser comprovado pelas baixas audiências, apesar da
emissora detentora dos direitos de transmissão focá-lo em Corinthians e
Flamengo como os protagonistas.
Vejo a fórmula dos pontos corridos como consolidada, não
sendo o real motivo pelo desinteresse. O que está acontecendo é que quem
comanda o futebol brasileiro (CBF e emissoras de TV) ainda não conseguiram
transformá-lo em produto que traga retorno financeiro a todos, maximizando a
arrecadação potencial, audiência e presença de público nos estádios. O Brasileirão sofre por estar em meio a outros
campeonatos, sem ter um ritmo de evolução definido. Se começasse em Fevereiro
ou Março, com uma melhor distribuição dos outros campeonatos, não haveria a
polarização em outros campeonatos, o que acabaria valorizando o nacional
brasileiro.
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