domingo, 25 de março de 2012

Teria Vuaden se entregado?


Já aos cerca de 52 minutos do segundo tempo, quando o jogo estava paralisado em meio a uma confusão originada por uma penalidade do zagueiro  Léo do Cruzeiro, que imprudentemente aumentou a área de ação de seu braço e por onde foi desviado uma tentativa de finalização de Moreno, um jogador do Cruzeiro que não me recordo o nome, teve uma fala captada pelo som ambiente, falando que o árbitro Leandro Pedro Vuaden teria se entregado

Imagino que a indignação do jogador do Cruzeiro, bem como todo o ambiente de time e torcida era para com a reação do arbitro, que depois de consultar o bandeirinha, marcou com uma fisionomia de satisfação o pênalti, que eu também marcaria, ocorrido aos 50 minutos do segundo tempo, dentro de um excessivo e incompreensível período de seis minutos de acréscimo, já que não ocorreram grandes paralisações na partida que justificasse tamanho tempo a ser recompensado. 

Tamanha era a ira do time do Cruzeiro, que foi necessária a presença da PM, que acabou absurdamente utilizando spray de pimenta em um jogador do Cruzeiro, que apesar de toda a insatisfação, não deu nenhum sinal que cometeria violência contra o árbitro. Tão logo o pênalti foi batido, e o arbitro encerrou o jogo, sem ao menos compensar os cerca de dois minutos que ainda faltavam para os seus seis minutos de acréscimo, o que acabou ficando injusto para o Cruzeiro, já que o acréscimo parecia infinito até que o Grêmio marcasse o gol da vitória.

Neste jogo especificamente, o Cruzeiro conseguiu fazer um jogo de igual para igual com o Grêmio. Sofreu um gol de falta no início da partida, em uma bela cobrança do gremista Fernando, porém poderia ter se recuperado na mesma moeda, se não fosse a trave, e depois Victor. O time não se abateu e conseguiu a reação no segundo tempo, mostrando um volume de jogo suficiente para lhe dar a vitória, quando o final de jogo chegou e o Grêmio tentou desesperadamente a busca pela vitória, quando ocorreram os fatos enumerados nos primeiros parágrafos deste texto. 

Muitos vão me chamar de parcial por ser Colorado, porém há tempos tenho presenciado injustiças tanto neste esporte quanto em outros, e não falo apenas de Grêmio, Corinthians ou Flamengo, já que a França se classificou para a última Copa do Mundo com uma mão de Henry, enquanto que até na Europa equipes menores têm jogadores expulsos ou acabam sofrendo com outros tipos de injustiças contra equipes maiores e endinheiradas, e hoje mesmo, na Formula 1, supõe-se que a Sauber, parceira da Ferrari, teria sido recomendada pela escuderia de Maranello a ordenar o mexicano Pérez que “pegasse leve” e guardasse o segundo lugar, abrindo espaço para a vitória de Alonso, quando a sua Sauber era mais rápida e a ultrapassagem era questão de momento. 

Enfim, o post tem mais cara de desabafo, pois a cada dia os esportes mais populares movimentam uma quantidade imensurável de recursos, mas também têm mostrado uma faceta obscura, que muitas vezes se mostra injusta e antidesportiva. O erro é inerente ao ser humano, porém uma série de erros a favor ou contra determinado lado torna-se uma conspiração, que só é explicável por algum interesse externo. Entra neste caso o termo dois pesos e duas medidas, que tem sido seguidamente comentado no segmento esportivo.

Você nunca se perguntou “Por que sempre os mesmos ganham, mesmo quando não merecem ganhar?” Eu me pergunto, e de forma seguida, porém nem todos tem esta ideia, visto que é conveniente a quem vê seu lado beneficiado aquietar-se e comemorar como se fosse uma vitória indiscutível em termos morais. Porém é fato que o esporte de alto rendimento e popular vem tornando-se menos importante do ponto de vista esportivo, para tornar-se fundamental do ponto de vista econômico.

Quanto mais popular é um lado, mais investimento recebe, para que seus investidores tenham ainda mais retorno. E não é apenas dentro de campo, gera mais audiência para que a televisão que transmita possa faturar a publicidade necessária para fazer do seu produto rentável. É uma cadeia, que segue os princípios do Capitalismo, o que faz com que haja a polarização em dois lados fortes para que se tenha uma competição, porém nada mais do que isso, visto que não há um interesse em repartir e tornar ainda mais incerto a possibilidade de retorno de investimento. Desta forma surgem os protagonistas, já que campeonatos giram em torno deles. 

Hoje não se imagina o futebol espanhol sem Real Madrid e Barcelona, o brasileiro sem Corinthians e Flamengo, o gaúcho sem Grêmio e Inter e a Formula 1 sem a Ferrari. Por isso, que ano após ano, cada um destes citados é cada vez maior em seus territórios dominantes, para que possa movimentar toda esta estrutura capitalista do esporte.

A paixão por torcer por algum esporte está dando lugar à satisfação de ver o time ou a equipe campeã, não importando os motivos e o nível de merecimento que a fizeram chegar lá. E seria justamente o telespectador apaixonado pelo esporte que poderia mudar esta conjuntura, porém a paixão e importância de um lado é sempre maior que a de um todo.  

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