O sinal amarelo, acesso nas precoces eliminações das equipes de Manchester na primeira fase da Champions League, ganhou coloração vermelha, após a constrangedora goleada de 4x0 aplicada pelo Milan no Arsenal no jogo de ida, e que virtualmente sacramentou o confronto.
Na primeira fase, a dupla de Manchester havia ficado pelo caminho, com o United mostrando incompetência no Grupo C ao perder a vaga para o Benfica (Portugal) e o Basel (Suíça), enquanto que o rival City mostrou imaturidade na competição ao ficar pelo caminho no Grupo A, contra o bom time alemão do Bayern Munich e os italianos do Napoli, coincidentemente o adversário do Chelsea nas oitavas-de-final, que é o único inglês ainda virtualmente vivo, e que tem grandes chances de ficar pelo caminho.
Mas foi a humilhante derrota do Arsenal que transformou o que seria um fato isolado em um choque de realidade, mostrando uma tendência de regressão técnica por parte do futebol inglês, que pela primeira vez, desde a temporada 1995/96, tem chances reais de não ter nenhum representante entre os oito melhores, quando na época apenas o campeão nacional (Blackburn) participou por uma questão de regulamento, sendo eliminado na fase de grupos.
Entre as edições 2006/07 e 2008/09, o país colocou três entre os quatro semifinalistas, chegando a protagonizar a final de 2007/2008 em Moscou com Manchester United e Chelsea. Porém nas duas edições seguintes, apenas o Manchester United conseguiu ir longe, chegando ao vice-campeonato da edição 2010/11.
Paralelo a isso, a Seleção Inglesa não conseguiu se classificar para a Eurocopa 2008, e quando parecia estar arrumando a casa com classificações para o Mundial 2010 e Euro 2012 com facilidade, além de vencer amistosos importantes, viu a saída do técnico Fabio Capello, depois de perder a queda de braço com o então capital Terry. Apesar de crescer com Capello, a Seleção continua não empolgando, ainda mais com a má fase de Gerrard e Lampard, que encaminham-se para o fim de suas carreiras sem que hajam nomes prontos para substituí-los no posto de referência técnica.
Em meio a uma grave crise econômica no continente, os clubes mostram-se incapazes para buscar soluções criativas, tendo que recorrer à pausa da Major League Soccer para buscar nomes como Donovan, Robbie Keane e Henry, além de o Manchester United chegar a “desaposentar” (perdão da palavra) o meia Paul Scholes, no lugar de contratar outro jogador para a função.
Dos elencos, os times de Manchester mostram pela vantagem na ponta da tabela da Premier Legue um poderio técnico maior, porém na competição europeia não conseguiram se sobressair a adversários que não apresentavam um histórico vencedor recente na liga. O City tem tecnicamente o melhor elenco da Inglaterra, porém ainda tem um time sem sal, dependente das individualidades de Agüero e David Silva, enquanto que o United está em uma fase de envelhecimento acentuado do elenco, precisando contratar jogadores prontos para vestir imediatamente a camisa titular e cobrir a lacuna da geração Giggs/Scholes, que ainda é muito útil tamanha a situação, além de ter substitutos a altura de Ferdinand e Vidic, que estão fadados as lesões.
O Chelsea apresenta um desgaste de elenco, que fora “galáticamente” montado por Abramovich no meio da década passada, e que hoje necessita renovação. O time alterna altos e baixos na temporada, com o trinador André Villas-Boas não justificando os 15 milhões de euros depositados ao Porto para a rescisão de seu contrato junto ao clube português, para treinar o Chelsea. Os blues perderam a identidade de Mourinho, e só uma volta do treinador português poderia retomar o rumo de crescimento que o clube vinha tendo, e que fora paralisado pela falta de paciência de Abramovich.
Já para o Arsenal, a solução mesmo seria terminar o casamento de mais de 15 anos com o treinador Arséne Wenger. A direção dá aval para o treinador contratar, porém Wenger prefere nomes ainda pouco conhecidos no cenário internacional, servindo como uma espécie de barriga de aluguel de jogadores, desenvolvendo-os para que estes quando estiverem no auge, resolvam deixar o clube em busca de títulos, salário e maior prestígio internacional. A tática vem reduzindo a cada ano o poderio do Arsenal, que chegou a ser campeão invicto da Premier League em 2003/04.
O Tottenham surge como a grande surpresa do futebol local, porém não conseguiu se classificar para esta edição da Champions, e provavelmente garantirá uma vaga para a fase de grupos da próxima temporada. Os Spurs têm um time equilibrado e um elenco numeroso, e se não perder o treinador Harry Redknapp e o craque Gareth Bale ao fim da temporada, poderão fazer um belo papel na próxima edição do torneio continental.
Neste cenário atual, será difícil ver alguma equipe inglesa conquistar a Liga pelos próximos anos, visto que a diferença para Real Madrid e Barcelona é absurda, além de no continente haver outros times mais organizados, como Milan e Bayern Munich, que pela grandeza em seus países, poderão manter a base, ao contrário do Napoli, que parece estar apenas em uma grande fase. Ou os ingleses se reciclam, revendo conceitos e procurarem montar times em condições de vencer um torneio europeu, ou a fila será longa para os times do país do futebol.
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