segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Temporada 2012 começa com sensação de Déjà vu


O mês de Janeiro encaminha-se para a segunda quinzena, e traz consigo o início da Temporada 2012 do Futebol Brasileiro, apresentada inicialmente pelos famigerados estaduais, além da Libertadores da América e da Copa do Brasil para os clubes que não conseguiram se classificar para a principal competição sul-americana de clubes.

Dos cerca de dez anos na qual acompanho com maior proximidade o futebol brasileiro, é a primeira vez que vejo um início de temporada com poucas mudanças e novidades entre os grandes clubes, o que dá a impressão de que nos próximos dias vivenciaremos a continuidade da temporada 2011, após um breve período de recesso.

Ocorre no país uma espécie de planejamento não planejado.  Tal paradoxo é explicado pela baixa movimentação do mercado europeu, influenciada pela forte crise financeira no continente e que respingou nos milionários clubes europeus, deixando-os sem a liquidez convencional para investir em apostas, com alguns clubes usando a criatividade e investindo apenas em contratações cirúrgicas. Não há como negar que os jogadores que atuam no país são considerados como meras apostas para o mercado europeu, não valendo o risco de um investimento significativo. 
  
Outro fator preponderante é o “milagre econômico” que o futebol nacional está vivendo, explicado pelo crescimento econômico do país no cenário internacional, aliado com o aumento das quotas da TV, que inflacionaram e supervalorizaram os salários e os direitos econômicos/federativos dos atletas, alijando-os da rota de transferências internacionais e locais, visto que no país não há um planejamento estratégico para transações significativas entre clubes locais, a não ser que haja a anuência de algum clube em liberar algum jogador, que geralmente não faz parte dos planos, seja por deficiência técnica como por desgaste com o grupo, treinador ou torcida.

Em uma visão geral, o clube que melhor contratou quantitativa e qualitativamente foi o Grêmio, ao buscar nomes como Marcelo Moreno (Shakhtar Donetsk), Kléber (Palmeiras) e Léo Gago (Coritiba), além de trocar o comando técnico com a chegada de Caio Júnior e buscar outras aquisições importantes para complementar o elenco, como Carlos Eduardo  e Giuliano. Outro que precisava de reforços e contratou bem foi o São Paulo, recorrendo ao mercado nacional e garantindo o lateral esquerdo Cortês (ex-Botafogo), o volante Fabrício (Cruzeiro), o zagueiro Paulo Miranda (Bahia) e os destaques do Figueirense Edson Silva (zagueiro) e Maicon (meio-campo). Para comandar o meio-campo do time de Leão veio o selecionável Jadson vindo do Shakhtar Donetsk. Ambos os tricolores pintam como favoritos para a Copa do Brasil, isso se seus treinadores consigam entrosar o time com os novos reforços ao longo dos estaduais e das fases preliminares da Copa do Brasil.

Para a Libertadores, Corinthians e Santos mantiveram seus principais jogadores. O Timão pôde dar-se ao luxo de escalar no amistoso deste domingo contra o Flamengo o mesmo time que foi pentacampeão Brasileiro na temporada passada, além de qualificar o elenco com as chegadas do atacante Elton (Vasco) e do meia Victor Júnior (Atlético-GO). Elton foi a grande defecção do elenco cruzmaltino, que até agora ganhou apenas Thiago Feltri (Atlético-GO), Rodolfo (Grêmio) e o desconhecido argentino Matías Abelairas (River Plate) como reforços. 

O Internacional perdeu apenas algumas opções questionáveis de grupo e ainda trouxe Marcos Aurélio e Dagoberto, enquanto o Flamengo perderá Thiago Neves para o Fluminense, além de conviver com a falta de dinheiro para reforços e do atraso salarial de cinco meses de Ronaldinho, que ameaça deixar o clube. Em contrapartida o Fluminense aparece ao lado do Santos como  o brasileiro mais forte para a  competição sul-americana, pois manteve os principais jogadores e ainda contratou o ex-cruzeirense Wagner para o meio-campo e Jean (São Paulo) para o meio ou lateral direita. Basta ao time de Abel Braga manter a regularidade que lhe deu a melhor campanha do segundo turno e o terceiro lugar no campeonato.

Para a temporada, alguns grandes clubes preocupam, como os mineiros Atlético-MG e Cruzeiro, que foram salvos do rebaixamento em 2011 pelo gongo, além do Palmeiras e Botafogo. Outros clubes de fora do eixo RJ/SP/MG/RS como Coritiba, Atlético-GO e  Figueirense sofreram com desmanches em seus elencos, e necessitam da criatividade de seus dirigentes para repetir as boas campanhas de 2011. 

No geral, a temporada 2012 será marcada pela continuidade, tanto do elenco quanto dos treinadores. Aos poucos os clubes caem na real que o país está mal servido de bons treinadores, pensando milhares de vezes antes de terminar com um trabalho, gastar milhões em rescisões para continuar da mesma forma com outro nome. Poucos treinadores tem um curriculun vencedor e dificilmente são liberados pelos seus atuais clubes. Na questão grupo, os dirigentes começam a se dar conta que um elenco numeroso não necessariamente o torna qualificado. Os clubes começam a enxugar seus elencos, buscando otimizá-los para aumentar a qualidade sem comprometer a folha de pagamento. É o primeiro passo para tenta a europeização, ainda que esta esteja do outro lado do oceano em distância. 

E lá vamos nós para mais um ano de futebol brasileiro...

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