Apesar de acompanhar Real Madrid e Barcelona pela Champions League, não costumo acompanha-los no Campeonato Espanhol, devido à baixa exigência que a competição oferece devido à estuporante diferença técnica da dupla para os demais clubes, em virtude da errônea política do país em negociar seus contratos.
Desta forma, poucos jogos, como o clássico deste sábado, são interessantes para uma análise mais profunda dos times. E pode-se dizer que o clássico Real Madrid x Barcelona não foi excepcional, pois ficou grande parte de seu tempo restrito à forte marcação exercida principalmente pelo Real Madrid, que usou uma tática de pressão na saída de bola para surpreender o Barcelona.
Mourinho muito que falou em mudança e inovação para o clássico, porém manteve a sua concepção tática de 4-2-3-1, colocando apenas Lass como companheiro de Xabi Alonso em detrimento de Khedira, o que aumentou a marcação no setor. Guardiola jogou quase que em sua totalidade em um 3-4-3 torto, pois tinha uma linha defensiva de três zagueiros com Puyol, Piqué e Abidal, adiantando Dani Alves para fazer a ponta direita, enquanto Busquets fechava como zagueiro e Xavi, Iniesta e Fábregas deslocavam-se no meio-campo, e a dupla Messi e Sanches em constante movimentação e troca de posição no ataque.
Neste jogo de xadrez, Mourinho soube usar melhor as suas peças no início da batalha e saiu em vantagem, logo aos 21 segundos, em uma saída errada de Valdés, que pegou toda a defesa marcada, e Di Maria conseguiu a conclusão mascada que sobrou para Benzema abrir o placar. O gol cedo, e a marcação adiantada de Mourinho não deixavam o meio-campo, principal setor do Barcelona, participar do jogo e dominar a posse de bola. Nos 25 primeiros minutos, o time catalão chegou apenas uma vez com Messi, em uma de suas arrancadas que exigiu uma grande defesa de Casillas.
O Real Madrid perdeu a chance de matar o jogo aos 24, quando em mais uma saída de errada da defesa do Barcelona, Benzema conseguiu lançar Cristiano Ronaldo, que livre de marcação na entrada da área errou o alvo. Era uma aula que Mourinho estava dando em Guardiola rumo a um recorde de 16 vitórias consecutivas na temporada, porém nem o treinador português e muito menos o Real Madrid imaginavam que haveria um baile surpresa, que interromperia a aula da pior forma possível.
E o baile, de forma tímida, começou aos 29 minutos de jogo, quando Messi conseguiria dar a sua segunda escapada na partida, acionando Sanchez que ganhou da zaga e desviou de Casillas para empatar. O Barcelona finalmente entrava na partida, e aos poucos começava a dominar a posse de bola e trocar passes à exaustão, como é de praxe. O Real ainda não se dava por morto, e esperava o final do primeiro tempo, que felizmente veio antes de um segundo gol catalão.
Mas logo aos 7 minutos do segundo tempo, quando o Real Madrid tentava equilibrar o jogo, o Barcelona conseguiu desiquilibrar. E, digamos que foi um feitiço contra o feiticeiro, visto que a zaga merengue iria sair mal com a bola e encontraria Xavi, que bateu de forma mascada e despretensiosa, porém a bola desviou em Marcelo e enganou Casillas, entrando sutilmente em seu canto direito.
Nem adiantou Mourinho colocar Kaká, que, diga-se de passagem, se esforçou, e poderia ter participado da jogada de dois gols, mas o Real Madrid estava totalmente batido, cedendo o espaço necessário para o Barcelona trabalhar a bola e chegar tranquilamente ao ataque. O time catalão marcou o terceiro com Fábregas aos 20, como poderia ter marcado mais gols e selado uma goleada histórica, porém o time de Guardiola soube se comportar, poupando-se para a desgastante viagem para disputar o Mundial de Clubes no Japão, além de evitar lesões, já que a cabeça dos jogadores merengues estava fritando, com entradas ríspidas e muito bate boca.
Como saldo da fatura, Mourinho tentou, buscou montar um esquema para parar o Barcelona assim como já havia feito nos outros confrontos, buscando adiantar a marcação e não deixar o meio catalão jogar. Deu certo por boa parte do primeiro tempo, quando anulou o Barcelona e ainda marcou um gol, tendo a chance de marcar o segundo com Cristiano Ronaldo e definir a partida. Porém a defesa vazou, e contra o Barcelona é fatal, e depois faltou força ofensiva para tentar reagir, restando aos comandados de Mourinho assistir ao baile proporcionado pelo Barcelona, sendo que este nem estava tão afim de fazer show.
Bola cheia para Messi, autor de uma assistência e co-autor da jogada do terceiro gol. Sanchez também fez uma grande partida, marcando o primeiro gol, enquanto Fábregas foi fundamental com a sua movimentação. De quebra, quebrou um recorde ao vencer de virada, que se perdurava desde 07/10/1989.
A defesa dá calafrios à Guardiola, porém o Real Madrid não a aproveitou o suficiente. Péssima partida de Cristiano Ronaldo, que praticamente inexistiu no jogo, perdendo duas grandes chances de marcar.
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