O amistoso da ultima quarta-feira contra a Alemanha em Stuttgart ligou o sinal de alerta para a Seleção Brasileira. O sinal amarelo já está se transformando em vermelho, com o placar de 3x2 soando com uma vitória, perto da diferença entre os dois times.
Pode-se dizer que foi uma aula tática e de renovação que os alemães deram ao Brasil, mostrando o quanto atrasado e fracassado anda o planejamento do país para a Copa de 2014. Enquanto Mano Menezes apresentava Ralf (27 anos) e Fernandinho (26 anos) como titulares, em um processo de “renovação”, Joachim Löw apresentava jogadores jovens, que jogam no país, tanto em quantidade e qualidade como: Hummels, Träsch, Gotze, Schürrle, além de outros que já tem uma Copa do Mundo na bagagem como Kroos, Badstuber, Neuer, Müller. Löw se deu ao luxo de não contar com Khedira e Özil do Real Madrid, a pedido do clube espanhol.
Como comparação, entre os 21 convocados por Mano que se apresentaram, apenas seis possuem até 23 anos, casos de Alexandre Pato, Neymar, Robinho, Dedé, Renato Augusto, Ganso e Lucas. Já Löw convocou 11 jogadores da mesma faixa etária, que seriam 12 caso Özil tivesse sido convocado, e o que corresponde à meia seleção. Foi todo um trabalho de preparação da Alemanha, que começou em 2005, quando Klinsmann era o técnico, tendo justamente Joachim Löw como auxiliar, e que viraria técnico a partir de 2007, permanecendo após a Copa de 2010 em dois ciclos de Copa do Mundo e de Eurocopa.
Joachim Löw implantou uma eficiente formação tática, que utiliza o esquema 4-5-1, e que pode ser desmembrado em um 4-2-3-1 ou um 4-1-4-1 (caso do jogo contra o Brasil), conforme o adversário. Contra o Brasil, o 4-1-4-1 serviu para marcar a saída de bola da Seleção Brasileira, que acabou transformando o losango de meio-campo em um tripé com três volantes, como forma de conter as jogadas pelos lados da Alemanha.
O treinador alemão fixou o lateral direito Träsch mais posicionado na defensiva, liberando Lahn para atacar pela esquerda. A linha vertical de meio-campo foi formada da esquerda para a direita por Podolski, Kross, Gotze e Müller. Schweinsteiger ficava entre a linha defensiva e a de meio-campo, enquanto Mario Gomez ficava como a referencia ofensiva, completando o 4-1-4-1 como pode ser visto na figura do Analisador Tático.
A armação era composta por Gotze, que tinha liberdade para se movimentar, enquanto Kroos ficava mais posicionado, buscando efetuar a cobertura de Lahm, além de surgir como um homem surpresa para finalizar de fora da área. Löw conseguiu implantar um padrão de jogo, com a equipe trocando passes pela intermediária até abrir espaços para armar uma jogada mais aguda ou finalizar de fora da área. A equipe chegou a ter expressivos 81% de posse de bola, o que caracteriza a eficiência da metodologia do treinador, mas que teve pouca continuidade devido a eficiente marcação da meia cancha brasileira.
Pelo lado Brasileiro, Mano Menezes escalou uma Seleção Brasileira “retrancada” para os padrões do futebol no país, com uma recuada escalação de três volantes, buscando neutralizar o poderio ofensivo do adversário. Por isso, abriu mão de um padrão tático que vinha utilizando e que havia fracassado na Copa América, além de subutilizar Paulo Henrique Ganso, que desta vez ficou no banco de reservas.
A equipe tinha basicamente o contra-ataque, puxado por Robinho, Neymar e Daniel Alves, que tinha toda a liberdade pela direita. Mas foram poucas oportunidades, com a equipe ficando pouco com a bola. Ramires e Fernandinho acabaram se juntando a Ralf como volantes, conseguindo desarmar as jogadas de ataque, porém pouco produtivos ofensivamente.
Não foi atoa que depois deste confronto, que a CBF deverá adiar confrontos mais fortes contra a Itália e Espanha para 2012, deixando para este ano confrontos contra Egito, Costa Rica, México, Gabão e Suiça ou Inglaterra, além dos dois jogos contra a Argentina, que na minha visão, deverá selar a continuidade ou não de Mano Menezes, apesar de todo o suporte que o treinador vem ganhando da CBF e da Rede Globo.
O Brasil mostra estar em uma entressafra de jogadores, com aqueles que deveriam comandá-la estar em má fase, como Kaká, Robinho e Adriano, e com Ronaldinho Gaúcho reerguendo o seu futebol, apesar de ser uma incógnita em relação aos padrões internacionais. Soma-se a isso, a inexperiência de Ganso, Neymar e Lucas, que vivem em uma nova realidade nacional, dotada pelo tietismo da mídia e pelo enriquecimento rápido, que acaba afetando suas pretensões de carreira e de Seleção. Para complicar, o nível técnico dos jogadores no país caiu vertiginosamente, apesar dos recursos terem aumentado exponencialmente.
É hora do pais aprender e rever conceitos, pois as atuações e os resultados demonstram que o futebol praticado no país está obsoleto. Dinheiro não falta, porém falta estrutura e organização, para se adequar às mudanças do esporte, que tomaram um rumo inevitável na qual quem deseja disputar uma competição para ganhar deve tomar. Talvez o país tenha acordado tarde demais para 2014, porém há de se pensar no futuro, para que o Brasil volte a ser o Melhor Futebol do Mundo, algo que não é há um bom tempo.
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