A tarde desta segunda-feira foi uma das mais tensas da história recente do Internacional. Roberto Siegmann e Paulo Roberto Falcão, antigos vice-presidente e treinador respectivamente, proferiram seus discursos finais, deixando de lado a “ética futebolística” para exteriorizar um pouco do que vinha acontecendo nesta conturbada administração colorada, e cujo estopim se deu após a derrota ao natural por 3x0 diante do São Paulo em pleno Beira-Rio.
Em suma, Siegmann e Falcão tiveram um alvo, que foi a figura do presidente Giovanni Luigi, admitindo o racha de ambos com presidente, em um tumultuado relacionamento profissional, em um discurso desfecho no formato de um terremoto, que abalou as estruturas do Beira-Rio.
Siegmann foi menos enfático em seu discurso, abordando as dificuldades financeiras pela qual o clube enfrenta, mostrando-se de mãos-atadas à escassez de recursos, pela qual era incapaz de contratar. Ratificou a sua entrevista dada após o jogo, por onde foi sincero com o torcedor, para que este não se iludisse com a possibilidade de recursos de peso, devido ao alto déficit em que se encontra o Colorado. O então vice-presidente, responsável direto pela eleição de Luigi, ainda cutucou o presidente ao afirmar que este é lento em suas decisões.
Já Falcão tirou o seu profissionalismo futebolístico e de homem da comunicação de campo, e deixou que a emoção tomasse conta em sua entrevista final como treinador do clube, não poupando críticas à figura de Luigi, na que talvez tenha sido a entrevista mais enfática da história do clube. Mostrou-se inconformado, triste e frustrado, pelo presidente não ter lhe dado os reforços prometidos no momento de sua contratação, além de afirmar que não havia nenhum tipo de relação com Luigi, e que fora contratado contra a vontade do presidente, acusando-o de tentar interferir na escalação e cutucando-o com uma ironia em relação a possibilidade de contratação de reforços logo após a sua saída.
Por último, Falcão ainda mostrou-se inconformado com a sua situação do clube, por onde se sentia intensamente cobrado e na condição de prestar esclarecimentos para cada movimento, procurando não ampliar ainda mais a sua antipatia com Luigi com um “Não vou analisar a figura do presidente. Não vamos perder tempo com isso”, deixando uma mensagem em relação ao presidente: “Quatro dias atrás o Inter era, pela própria pessoa que me demitiu, autor de um grande jogo contra o Corinthians. Não pode mudar em quatro dias. Mas enfim, ele faz o que quiser. Só que o torcedor tem que estar atento as coisas que estão sendo feitas aqui”.
A pesada declaração de Falcão destruiu o Beira-Rio como o impacto de terremoto de 9 graus na escala Richter. Luigi ficou totalmente desmoralizado perante o torcedor, que o elencou como o único grande culpado pelo momento em que vive o clube. O presidente ficou sozinho, apenas respaldado pelos seus demais vice-presidentes, mostrando uma rachadura total na politica do clube.
O presidente terá que mostrar serviço em um clube altamente endividado e sem recursos, buscando encontrar soluções que viabilizem a contratação de reforços. Também terá que conseguir se livrar de jogadores que não corresponderam às expectativas, mas que ganham acima da média, além de medalhões que já encerraram seu ciclo no clube, mas que pelos extensos contratos de altos valores, não podem ser dispensados com tanta facilidade como querem os torcedores.
Porém esta limitação acaba formando um círculo vicioso de entradas e saídas de treinadores, mas com todos tendo que se submeter a escalar os mesmos sete ou oito jogadores, que formam o esqueleto do time há pelo menos três anos. Um esqueleto na memoria do torcedor por toda a sua história, porém que está com osteoporose devido à idade, mas que onera a folha de pagamento e impede o clube de contratar outros jogadores qualificados.
Jogadores que formam um time bom, que está entre os melhores da competição quando completo, mas que não fica nem entre os 10 primeiros devido à necessidade que a competição exige de grupo de jogadores, na qual o Inter fica devendo. Esta crise se refletirá em campo, com os duelos diante do Avaí e do Atlético-GO se tornando decisões, para que a equipe não desça ladeira abaixo e fique ameaçada do rebaixamento.
A precária situação financeira do clube exigirá vendas, para cobrir o déficit que se arrasta de anos anteriores, acobertado pela venda de jogadores. Só neste ano, chegou à praticamente 22 milhões, que deverão aumentar ainda mais até o fim do ano, exigindo a venda de um ou dois jogadores. Renovar contrato de jogadores como Damião, não garante a sua permanência, servindo apenas para que o clube possa pleitear valores mais altos.
Espera-se que o clube consiga reverter a sua situação politica e financeira, de modo que o clube continue lutado pelos títulos, sem ter que se apequenar.
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