domingo, 29 de maio de 2011

Universo anormal em uma vitória normal

Poucas vezes, uma imagem ilustra tanto o valor de uma vitória como também o de uma derrota. No meio de um manancial de catalães comemorando seu terceiro titulo europeu em seis temporadas, o que o cabisbaixo multicampeão Ryan Giggs estaria matutando?


A resposta é fácil para quem viu o jogo, e previsível para quem não viu, mas que gosta e está atualizado com o futebol praticado na Europa. Simplesmente temos uma equipe extraterreste, anormal, aniquiladora e que é praticamente imbatível e invencível. Como parar o Barcelona? Quem pode parar o Barcelona?

Ao final dos 90 minutos, os pouco mais de 90 mil torcedores presentes do lendário e repaginado Wembley, fanáticos pelo Barcelona ou somente admiradores do futebol arte, estavam atônitos, com um sentimento de ter recém-acordado de um sonho, de ter presenciado de tão perto algo irreal, inimaginável para os padrões atuais do futebol, cada vez mais encaminhado como um esporte marcado pelo pragmatismo, em nem por isso, vendido por milhões e milhões de euros como um espetáculo.

Todos os treinadores das equipes recentes que enfrentaram o Barcelona mudaram seu jeito de jogar, retraindo suas equipes, de forma que se encontrasse um método pega-ratão para tentar desarmar a armadilha de jogar futebol chamado Barcelona. Alex Fergusson tentou fazer isso em 2009 e se deu mal, e sábio e experiente que é, tentou não cair na armadilha proposta por Guardiola novamente. Colocou em campo uma equipe com vocação ofensiva, marcando sob pressão e de forma adiantada, buscando manter a posse de bola no campo defensivo do Barcelona, para quiçá em uma jogada marcar um gol e ter o universo a seu favor.

Tal esquemática funcionou por pouco mais de 10 minutos, encurralando o Barcelona e não lhe oferecendo alternativas para seu jogo de passes curtos, nem sempre objetivos, porém sempre em direção à linha de fundo adversária. O Barça ficava com a bola, porém não sabia o que fazer com ela, até que conseguiu encaixar o seu meio-campo com Xavi e Iniesta, e criou alternativas ofensivas com as movimentações incessantes de Messi e Villa.

O Resultado não se tardou para aparecer, com Xavi conseguindo aos 26 minutos um passe milimétrico para o apagado Pedro, que dominou e chutou cruzado no contrapé de Van der Sar para abrir o marcador. O Manchester não encontrava reação, e seus jogadores praticamente estagnados, viam o Barcelona trocar passes e chegar com a maior facilidade na intermediaria ofensiva dos “red devils”. O bonito gol de Rooney aos 33, que tabelou com um adiantado Giggs para chutar com raiva no ângulo de Valdés e empatar, não simbolizava o que era o jogo até então, mascarando através de uma injustiça futebolística a imensa superioridade técnica do Barcelona.

Porém quem é imensamente superior, hora ou outrora, iria se sobressair. E tal fato ficou reservado para a segunda etapa, onde a Liga dos Campeões presenciou um dos maiores massacres da história. Tal adjetivo pode não ser representado no placar, que seria adicionado para um 3x1 pró Barcelona, com gols de Messi e Villa, porém a volúpia ofensiva catalã era tão imensa, que eu parecia estar presenciando um jogo de videogame, onde o Barcelona jogava com sua força máxima, enquanto o Manchester foi configurado com a força mínima.

Poderia ter sido uma goleada sim, só não ocorreu por um desatino do destino, que quis poupar a massa apaixonada de Manchester, além de oferecer uma despedida digna dos gramados para Van der Sar, figura emblemática, colecionador de faixas e que deixou o futebol profissional como o melhor do seu time, evitando mais gols de Messi e Cia LTDA.

O argentino foi coroado como um novo rei do futebol, algo que antes era referenciado ao nome de Pelé e, talvez, ao de Maradona. Messi “pintou e bordou” nesta noite em Londres. Fez gol, deu assistência, exigiu grandes defesas de Van der Sar, criou jogadas e por pouco não foi coroado com um gol da altura de seu futebol e de sua atuação, quando tentou marcar de letra um cruzamento rasteiro de Dani Alves, e que fora tirado por Vidic quase que em cima da linha.

Barcelona anormal, torcida sensacional, Messi fenomenal e partida normal. Quem pode parar o Barcelona? e Messi? A resposta ficará para a próxima temporada, pois nesta ninguém conseguiu.

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