Nesta quinta-feira, o Atlético-MG empatou em 1x1 contra o
Atlético Nacional da Colômbia e acabou eliminado da Libertadores, deixando
apenas o Cruzeiro como representante único do país na competição.
Dos seis representantes do país, três ficaram na fase de
grupos e dois nas oitavas-de-final, e agora, assim como foi com o Santos em
2011, o Brasil terá apenas um representante nas quartas-de-finais, o que é um
verdadeiro vexame se compararmos a diferença econômica dos clubes brasileiros
para com os latinos, como já abordei extensamente neste post (clique aqui) e
que não convém ser repetido, mas que caracteriza a obrigação de vitória dos
representantes do país na competição.
É em função desta discrepância econômica que dá aos
brasileiros um poderio incomparável em montar elencos qualificados em relação
aos demais latinos que aponto o Cruzeiro como favorito para esta Libertadores, pois
é tecnicamente o melhor time que ainda disputa a competição. Eu sei que somente
técnica não ganha jogo, mas se olharmos a tradição dos times que restaram na
competição, seus orçamentos, seu estádios acanhados, vemos que pega mal o fato
de dirigentes dos clubes brasileiros valorizarem demasiadamente seus
adversários, que tecnicamente regulam aos interioranos que vemos nos estaduais,
com técnicos mais bem qualificados e maior disposição para brigar pelas vitórias.
O futebol brasileiro necessita de uma reciclagem urgente,
pois as negociações de jogadores e treinadores atingiram um círculo que não
leva a lugar nenhum. É só olharmos as últimas transferências, de relegados de
um clube que surgem como solução para outro, e que muitas vezes acabam
atrapalhando ascensão de garotos, que se bem trabalhados poderiam dar melhor
resposta e gerar dividendos futuros. A mesma coisa falo com relação aos
treinadores, já que não vemos muitas revelações surgindo, com os clubes sempre
procurando recorrer aos “dinossauros” para tentar justificar planejamentos
ruins e ganhar respaldo através de seus títulos passados.
Qual a chance de surgir um Simeone (atual técnico do
Atlético de Madrid) no Brasil? Antes de atingir o sucesso como treinador,
Simeone desenvolveu a sua carreira no futebol argentino para depois treinar o modesto
Catania. Qual treinador brasileiro aceitaria treinar o Catania para ampliar seu
conhecimento? Muitos vão falar que o
problema é a língua, mas e em Portugal, porque não vemos treinadores
brasileiros lá?
Eu acompanho o futebol europeu e vejo as tendências táticas
que os clubes tomam para ter um padrão de jogo consistente, além de aperfeiçoar
tecnicamente os jogadores. Atualmente vemos uma salada de números como o
4-2-3-1, 4-1-4-1, 4-3-3, 4-4-2, dentre outros. Cada treinador opta pelo esquema
que otimiza seu plantel, porém em todos vemos compactação, intensidade para
atacar bem como uma recomposição rápida. Porém isso não acontece no Brasil,
onde os times já entram pensando no anti-jogo, em um ritmo lento, truncado, e
cujos percentuais de bola rolando não atingem o mínimo recomendado pela
FIFA. Todos os times são espaçados, por
onde se criam oportunidades em virtude dos erros individuais, sempre com a
predisposição do jogador em praticar o anti-jogo, isto é, cair para simular
falta.
Essa mentalidade técnica dos jogadores e falta de
aperfeiçoamento tático dos treinadores deixam o futebol brasileiro mais pobre,
além das tradicionais transferências dos melhores jogadores e do amadorismo dos
dirigentes, que viraram reféns dos empresários que detém o poder de colocar
jogadores nos clubes em troca de uma ajuda quase sempre necessária em tempos
difíceis, quando o clube não tem dinheiro e precisa dos profissionais para
montar elencos. Isso não é um privilégio dos times brasileiros, e acontece até
com maior força no futebol latino, porém ainda não vemos essa interdependência
no futebol Europeu.
Quando o Brasil fracassa na Libertadores não há nem como
atribuir o mérito aos times latinos, pois os vizinhos tem muitas dificuldades
para montar equipes minimamente competitivas com seus orçamentos modestos Basta
ver os jogos das oitavas-de-finais, com os 16 times teoricamente mais fortes.
Quantos estádios eram acanhados similares aos vistos nos nossos Estaduais? E a folha de
pagamento dos clubes? Não estamos falando em metade ou um terço do orçamento brasileiro, mas em 30 a 50 vezes menor.
Nas quatro ultimas edições do Mundial de Clubes, o
representante africano bateu o sul-americano duas vezes, o que gera
questionamentos quanto a justiça do representante da Libertadores começar nas
semifinais, juntamente com o representante europeu. Os títulos do país na
competição foram totalmente circunstanciais, pois nossos representantes pegaram
times europeus desmobilizados com a importância da competição, além de
enfrentar desfalques e estarem focados em outras competições prioritárias. Para
um Europeu, o Mundial tem o peso de um Estadual, isto é, tem importância, porém
não é o foco.
Eu acredito que se o Brasil valorizasse mais suas competições nacionais locais, profissionalizando a gestão dos campeonatos e principalmente a dos clubes, surgiria uma liga de referência para a América Latina e que poderia atingir a Europa e Ásia, em virtude dos horários diferenciados. Os resultados mostram que não basta apenas se vangloriar dizendo que é o melhor do continente, já que o futebol dos outros centros cresce. Porém é cultura no país utilizar o pensamento de um vira-lata, procurando compara-lo à mesmice.
Eu acredito que se o Brasil valorizasse mais suas competições nacionais locais, profissionalizando a gestão dos campeonatos e principalmente a dos clubes, surgiria uma liga de referência para a América Latina e que poderia atingir a Europa e Ásia, em virtude dos horários diferenciados. Os resultados mostram que não basta apenas se vangloriar dizendo que é o melhor do continente, já que o futebol dos outros centros cresce. Porém é cultura no país utilizar o pensamento de um vira-lata, procurando compara-lo à mesmice.
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