O Grêmio sucumbiu diante dos colombianos do Independiente Santa Fe e deu adeus a Libertadores 2013. O gol de Medina acabou com o grande projeto da temporada do clube, que pretendia o título da competição sul-americana para iniciar uma nova era de títulos ao comando de seu presidente mais vencedor da história: Fábio Koff.
Motivações não faltaram para um 2013 diferente. Primeiro foi toda a apoteose criada pela nova casa, uma moderna Arena que pretendia uma nova forma de relação entre torcedor e o jogo do seu clube. Depois, a vitória de Fábio Koff nas eleições presidenciais, que esteve no comando do clube durante as conquistas das duas Libertadores do clube, um mundial, além de vários títulos nacionais. Por último, um elenco milionário montado pelo presidente e sua direção, que se aproveitou de negócios de ocasião e montou um time caro e invejável no papel, devido à trajetória mundial de vários jogadores como André Santos, Cris, Vargas, Welliton, etc...
Apesar da vontade em ter Felipão no comando técnico, Koff manteve Luxemburgo, respaldado por 99,9% dos gremistas que queriam a permanência do treinador, após uma boa campanha no Brasileirão do ano anterior, e que renovou o contrato por dois anos com uma razoável valorização salarial.
Tamanho esforço fez o mandatário gremista adiantar receitas e proporcionar um temerário endividamento que, somado com as obrigações relativas a Arena, chegou aos R$ 28 milhões no primeiro trimestre. Tudo era válido para ver o clube conquistar um título relevante depois de 12 anos.
Porém nem tudo saiu como planejado. Uma série de questões internas e externas impediu que o tricolor pudesse ir longe ao seu principal objetivo da temporada. Começou com a dificuldade de transição para a Arena, que além de ser inaugurada antes do tempo, não teve todas as questões contratuais devidamente esclarecidas no momento do acordo, e cujos vultosos valores envolvidos e não devidamente planejados até hoje exige trabalho de negociação do clube, e que contribuiu para tirar o foco do time na competição. Depois entrou no futebol quando o atacante Marcelo Moreno foi preterido pelo treinador e, por meio de seu pai, não poupou críticas ao clube.
Neste meio tempo, o clube havia preterido o Campeonato Gaúcho em detrimento de uma preparação total para a Libertadores. Durante praticamente todo o campeonato regional, o Grêmio não utilizou força máxima, chegando a escalar um time reserva em todo o primeiro turno da competição, quando as esparsas datas da Libertadores permitiam a escalação do time titular para ganhar entrosamento e ritmo de jogo.
Luxemburgo não aproveitou como deveria todo o tempo que teve a disposição para treinar o time, pois o Grêmio não evoluía em campo. Tirando os confrontos contra o Fluminense e o Caracas na primeira fase, o time gremista jogou apenas o suficiente para não ser eliminado, tanto que por pouco não ficou na pré-Libertadores além de ter terminado a fase de grupos com a 15ª melhor campanha entre os 16 classificados.
A eliminação para o Juventude na Taça Farroupilha e, por consequência no campeonato, foi sentida, apesar deste não ser prioridade, e o clube se despediu da competição sem chegar a uma final de turno, algo inédito no formato do campeonato. O presidente gremista chegou a utilizar o seu prestigio perante os dirigentes da Conmebol para adiar o segundo jogo das oitavas-de-final contra o Santa Fé para que o clube pudesse disputar a final da competição gaúcha em um provável Gre-nal, além de recuperar jogadores lesionados.
Diante da eliminação sumária no Gauchão, a direção fez todo um planejamento para o jogo da volta, onde o grupo ficou por oito dias em Bogotá para se ambientar com os 2600 metros de altitude da cidade. Mas o esforço foi em vão, pois o time entrou medroso, querendo desde o primeiro minuto que o jogo acabasse 0x0.
O Grêmio pouco produziu e não foi capaz de suportar a forte pressão do tímido ataque colombiano, que de tão pobre tecnicamente, precisava de falhas explicitas da defesa gremista para ter chances reais de gol. De tanto insistir, o Santa Fe acabou chegando ao seu gol com Medina, após passar com facilidade por Werley e Bressan para apenas deslocar de Dida. Mesmo com 15 minutos para tentar fazer alguma coisa e com alterações que lhe tornaria mais ofensivo, o Grêmio aceitou a derrota e pouco lutou em campo.
Os jogadores mostraram um total descomprometimento, cujo lance mais flagrante foi a isolada de Vargas, que estava livre na pequena área e com o goleiro batido, terminando com qualquer chance gremista. Descomprometimento é a palavra que define o time gremista na temporada, algo totalmente diferente do que a história impôs como filosofia para o clube nos seus momentos de glória.
Foi-se o sonho e aparece uma realidade cheia de dívidas e problemas para serem resolvidos. A questão de parceria com a OAS ainda é tema de discussão, e o futuro é muito nebuloso para o clube em termos financeiros. Luxemburgo está a perigo, e o que lhe salva são as minguadas opções do mercado e a sua milionária multa, que se especula atingir os R$ 7 milhões em caso de rescisão. Alguns jogadores vieram com contratos curtos e é provável que deixem o clube no meio do ano, até como forma de aliviar a folha de pagamento.
Os fracassos só se acumulam no clube, que não sabe mais o que é levantar uma taça. Não há mais uma identidade e o único elo do torcedor com o clube vitorioso está em Fábio Koff, um senhor de 82 anos e que mostra as fragilidades oriundas de sua idade avançada. Koff está fazendo o possível e o impossível para reconduzir o clube aos tempos de glória, porém até agora todo o esforço está sendo em vão.
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