Neste Sábado, inicia-se a 43ª edição do Campeonato Brasileiro, sendo a 11ª de pontos corridos. Como em todos os anos, há a necessidade de elencar favoritos para o título, mas ao contrário das ligas europeias, dificilmente haverá uma paridade entre a lista de favoritos elaborada no inicio do campeonato com a classificação final do certame.
Clichês como existir ao menos 12 favoritos ao título não colam mais, funcionando apenas como um discurso em cima do muro e para o torcedor, tendo em vista que nas 10 edições do campeonato no sistema de pontos corridos tivemos seis clubes campeões, sendo que cinco destes pertencem ao eixo Rio-São Paulo. Somente o Cruzeiro na primeira edição (2003) fugiu a regra, e consolida-se como o único campeão brasileiro neste sistema que é fora do eixo RJ-SP.
Um dos fatores que mascara um pouco isso eram as competições paralelas (Copa do Brasil e Libertadores), que estavam em momentos decisivos e que tirava o foco de alguns clubes tidos como favoritos, por optarem pelas competições e atuando nas primeiras rodadas do Brasileirão com reservas, e cujos pontos perdidos faziam falta no final. Porém para esta temporada, a Copa do Brasil já não é mais desculpa, tendo em vista que foi alongada ao longo do ano, enquanto que Libertadoes conta apenas com dois clubes brasileiros, tendo em vista e incompetência dos demais em prosseguir na competição.
Apesar da mudança no calendário, não se pode afirmar que teremos um campeonato competitivo de início ao fim, tendo em vista que haverá após a quinta rodada uma parada para a Copa das Confederações, que fará com que muitos clubes devam perder pontos importantes nestes primeiros jogos, tendo em vista que jogarão desfalcados e com a possibilidade de muitas transferências para o exterior na janela de Agosto.
A negociação individual entre televisão e clubes está proporcionando uma disparidade econômica jamais vista no futebol nacional, e que atinge a competitividade do campeonato, tendo em vista que este premia a regularidade e quem tem maior poderio econômico consegue montar um grupo mais forte e coeso, e com isso está mais preparado para enfrentar uma competição de 38 rodadas.
Hoje: Corinthians, Fluminense e Atlético-MG pintam como favoritos, porém apenas o primeiro poderá se dedicar exclusivamente a competição, já que as equipes carioca e mineira ainda estão na disputa da Libertadores. Pior para estes clubes será a perda de jogadores importantes para a Copa das Confederações a partir da segunda rodada, que trará um decréscimo técnico. Outros clubes como Grêmio, Internacional, Cruzeiro, São Paulo e Santos aparecem como coadjuvantes e, se nada de diferente ocorrer, deverão lutar por vaga a Libertadores. Porém muita coisa irá se alterar até a 6ª rodada, e deverão surgir mudanças nesta lista.
Estou desanimado com o início deste campeonato, assim como grande parte dos torcedores e da mídia também deve estar, tendo em vista que este só deveria começar após a Copa das Confederações. Na realidade, sou a favor da mudança do calendário do Futebol Brasileiro para atender-se à necessidade global e não enfraquecer o futebol local como um produto, que hoje conta com transferências em meio ao campeonato e que o desvalorizam. Mas estou resignado que isto dificilmente ocorrerá, tendo em vista que nem os famigerados estaduais tiveram a sua inoportunidade constatada pelos cartolas.
Dentro de campo, vemos salários milionários, porém sem muita evolução técnica/tática. O futebol nacional minguou, e hoje temos poucos jogadores capazes de fazer a diferença, além de poucos técnicos que teriam condições de montar times capazes de surpreender. Como não há uma gestão profissional na maioria dos clubes, o aumento exponencial da arrecadação destes serviu apenas para cobrir o aumento exponencial dos salários dos atletas, que antes se contentavam com um salário “x” e hoje só admitem um salário “x+y”, sem oferecer nada a mais em troca, contando somente com a benevolência dos irresponsáveis cartolas brasileiros.
A liga brasileira já é a sexta em arrecadação no mundo, porém a fama de cachorro vira-lata permanece no futebol brasileiro, que somado com a esperteza dos intermediadores e incompetência dos cartolas ajudam a levá-la cada vez mais próximo ao fundo do poço. Em breve, jogadores vão negociar os seus salários na casa dos milhões mensais, enquanto que a dívida dos clubes só aumenta, apesar da arrecadação destes ser cada vez maior. A paixão dos torcedores é lembrada no preço dos ingressos, cada vez maior, o que dificulta uma maior taxa de ocupação nos estádios, enquanto que a TV tem preferência pelos clubes de maior torcida e que trazem maior audiência em um circulo vicioso. (TV Aberta -> Necessidade de Audiência -> Clubes de Massa -: Maiores Patrocínios).
A curiosidade recai sobre o nível deste campeonato, e se começará na primeira ou na sexta rodada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário