Depois de cinco anos de hegemonia europeia no Mundial de Clubes, o Corinthians finalmente foi capaz de quebrar a tendência europeia de titulo após titulo em Mundiais de Clubes com direito a uma invasão impressionante da sua torcida no Japão.
E não foi qualquer vitória, pois além de se defender impecavelmente, o time jogou de igual para igual contra o Chelsea, mostrando muita organização tática, além da tradicional vontade que todo time sul-americano tem em ganhar a competição, e que compensa a discrepância técnica, quando o time tem um esquema de jogo bem definido e trabalhado.
Desde o primeiro tempo, o Corinthians mostrou para o Chelsea que não iria apenas se defender. O time criou mais jogadas ofensivas, porém pecou nas finalizações, em grande parte afobadas e sem direção a gol, tanto que apenas uma contou efetivamente como chance de gol. O Chelsea teve maior posse bola, porém chegou pouco, mas de forma perigosa nas raras chances.
O goleiro corinthiano Cássio já sairia como o melhor da partida na primeira etapa, pois fez pelo menos três grandes defesas, sendo uma um milagre em uma dupla tentativa de Cahill, que mesmo caído conseguiu salvar em cima da linha. No segundo tempo, Cássio seguiu se destacando, conseguindo interceptar um lance mano-a-mano com Fernando Torres, que estava livre para marcar, além de estar sempre presente quando foi necessário. Não fosse o goleiro, o Chelsea provavelmente seria campeão.
Na frente, o Corinthians tinha um Émerson apático e sem explosão, pois estava vindo de lesão, enquanto seu companheiro Guerrero compensava no ataque a ausência futebolística do Sheik. Coube ao questionado peruano o gol da vitória e do título do Corinthians, respaldando a escolha do treinador Tite, apesar das criticas e da desconfiança da crítica brasileira e da própria torcida. Guerrero foi um guerreiro, e junto com Cássio foram os melhores jogadores do Timão na decisão.
O Chelsea mostrou um pouco da sua má fase, que foi responsável pela primeira eliminação de um time campeão do ano anterior na fase de grupos da UEFA Champions League, além de estar em ladeira abaixo na Premier League. O contestado treinador Rafa Benítez deixou Oscar no banco para promover a entrada de Moses, que nada fez na partida. Além disso, Rafa também desguarneceu seu setor defensivo ao colocar o veterano Lampard como primeiro volante e obrigando Ramires a ficar mais na contenção, o que fez o sistema ofensivo inglês perder bastante. Mesmo assim, chegou e poderia ter vencido, não fosse a jornada iluminada de Cássio.
O titulo corinthiano, na forma como aconteceu, significará uma nova era ao futebol brasileiro, pois desde 2005, quando o Mundial FIFA emplacou efetivamente, é a primeira vez que um time sul-americano joga de igual para igual com um time europeu. Em 2007 o Boca Juniors tentou, porém levou 4x2 do Milan, e em 2009 o Estudiantes começou bem, porém acabou o gás e teve que recorrer a retranca, não conseguindo evitar a virada do Barcelona.
Tirando Real Madrid e Barcelona, que são times de outro planeta futebolístico, as demais equipes europeias podem ser dueladas pelos times brasileiros, desde que estes apresentem um esquema tático definido e bem estruturado. O brasileiro tem fama de cachorro vira-lata, porém a diferença do futebol Europeu para o Brasileiro não é os 4x0 do Barcelona para o Santos. O time catalão geralmente aplica este escore em outros grandes times europeus.
O jogo também deixará lições para os demais treinadores brasileiros. Tite mostrou com seu time bem montado, esquema estruturado e funções bem definidas, que é possível jogar no ataque e buscando o duelo contra os europeus. Se tivesse tomado uma postura covarde, provavelmente teria perdido este titulo e estaria na vala comum dos treinadores brasileiros.
E o futebol brasileiro termina 2012 com um saldo positivo. Faturou todas as competições sul-americanas de clubes e o campeonato mundial. O futebol paulista mostrou força, com todos os times faturando competições nacionais ou internacionais. O único título nacional que acabou com um “intruso” foi o Brasileirão com o Fluminense, mostrando uma hegemonia paulista depois dos novos acordos com a Televisão (cotas), que privilegiaram financeiramente os times do estado.
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