O último treino livre para o GP da Austrália já havia cantado a pedra do favoritismo das McLarens e a Mercedes, além das dificuldades da Red Bull e do carro assustadoramente ruim que fora montado pela Ferrari para esta temporada. Mas como era treino livre, muitos ainda acreditavam que tinha gente escondendo o jogo.
Então veio o treino oficial, que confirmou a nova classificação dos times pelo menos para este início de temporada, com as McLarens levemente superiores, seguidas pela Mercedes e também pela Lotus de Grosjean, já que Raikkonen mostrou que os dois anos fora do grid faz a diferença, ainda mais em uma época onde os treinos são raros, e ainda não se acertou com o carro.
Button e Hamilton travaram um duelo particular ao longo do final de semana para ver quem começaria na frente, com Button mais rápido na sexta-feira, enquanto que Hamilton já havia sido o mais rápido no terceiro treino livre, e confirmou a sua soberania inicial com a pole position. Ainda não se sabe o quão rápidos são estes novos pupilos de Martin Whitmarsh estão em relação aos demais, porém seus carros com um design mais baixo e progressivo, escapando do horripilante degrau no bico do carro, mostram que havia outra saída aerodinâmica mais elegante para as novas regras da FIA, que limitam a altura do bico em 55cm do chão.
E a RBR? A escuderia de Horner e Newey foi uma mera coadjuvante dos treinos livres, e confirmou a queda de soberania com os quinto e sexto tempos de Webber e Vettel respectivamente. O time parece ter sentido a regra que baniu o uso dos difusores soprados, que utilizavam gases canalizados do escapamento do motor para dar um melhor arraste aerodinâmico. O time até poderá ser competitivo na corrida de amanhã, mas já é um fato que não tem a mesma soberania das duas últimas temporadas, e terá que trabalhar muito se quiser acompanhar a McLaren, já que ficou meio segundo atrás.
Já a Ferrari é um caso a parte. A proibição diretiva a entrevistas de Alonso e Massa ao longo da pré-temporada era um indicio que tinha muita água no chope de Maranello. Massa fez um treino conservador e ficou apenas em 16º, na frente apenas de Raikonen, Perez e dos seis pilotos dos times nanicos, enquanto que Alonso brigou tanto com o carro, que acabou rodando na última tentativa no Q2 e ficou em 12º, mas sem muitas esperanças em figurar entre os melhores. A realidade da Ferrari para este início de temporada deverá ser a luta pelos pontos, no pelotão intermediário.
A Lotus entrou para ocupar o lugar ferrarista no G4 dos times, com Grosjean largando em terceiro, após ter sido destaque nos treinos livres. Se tivesse optado por outro piloto ao invés de Raikkonen, o time provavelmente colocaria seus dois carros entre os cinco primeiros, já que o modelo E20 é bem nascido, e marca a redenção ao piloto franco-suíço, de fraca passagem na categoria em 2009, mas que voltou à GP2 e levou o titulo do ano passado, e agora parece estar efetivamente maduro para ocupar uma vaga na categoria máxima.
O time disputará o posto de segunda ou terceira força com a Mercedes, que tem um segredo no assoalho que fez Schumacher parecer uma criança atrás de um brinquedo quando evitava, de todas as formas, que o assoalho ficasse visível, enquanto seu carro estava sendo carregado pelo guincho, após sair da pista e ter ficado preso na brita durante o treino livre. Outro componente da escuderia de Ross Brown que vem causando polêmica é a asa traseira, que usa uma espécie de duto de ar, que foi aprovada pela FIA, mas que equipes como Lotus e Red Bull choram e não aceitam a decisão.
Já o Bruno Senna terá que mostrar muito trabalho e agressividade para poder acompanhar Maldonado, que fechou com o oitavo tempo no Q1. O brasileiro ficou em 13º, mostrando a evolução da Williams para esta temporada, principalmente com a troca para o motor Renault. Outro destaque positivo deste início de temporada é a Toro Rosso, que largará em 10º e 11º com Ricciardo e Vergne, este um jovem francês na qual se deposita muita expectativa, até para ser um eventual substituto de Webber na equipe principal dos Touros Vermelhos.
A corrida promete, pois deveremos ter briga pela liderança, pódio e também nas posições intermediárias por pontos. Não há nenhum bicho-papão e nem deverá haver, pois a limitação dos treinos deixa a evolução dos times lenta.
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