domingo, 30 de outubro de 2011

Virada dos sonhos contra o maior desafeto



Sabia-se desde antes do apito inicial do árbitro Evandro Rogério Roman que o duelo entre Grêmio e Flamengo seria centrado em uma figura. Alguém capaz de transformar um não interessante jogo, em uma decisão, onde o prêmio seria um sentimento de vingança, capaz de levar 44.781 gremistas ao Olímpico, mesmo com o tricolor gaúcho estando em uma posição coadjuvante na tabela.

Devido a este sentimento de dupla traição, a atmosfera criada foi a de uma guerra entre Grêmio e Ronaldinho, com o jogador elevado à condição de Judas ao levar uma das maiores vaias dos 57 anos de história do mítico estádio. Toda a raiva e ódio se transformaram em apreensão com o apito inicial do árbitro, já que perder o embate e ainda correr o risco de ver o seu inimigo comemorando geraria um imensurável sentimento de decepção.

O time gremista acabou absorvendo por osmose todo sentimento negativo vindo das arquibancadas, mostrando demasiadamente nervoso no início da partida, o que lhe fez errar ofensivamente ao não ser capaz de criar e concluir, além da parte defensiva, que sofreu com falhas individuais que culminava em contra-ataques rápidos e gols perdidos de Deivid e Thomás. Ronaldinho Gaúcho também dava mostras que não sofria com o desprezo de quem o criou, ao elaborar jogadas plásticas e acertar a trave de Victor em uma cobrança de falta nos primeiros minutos de jogo.

O Grêmio, que só tinha chegado duas vezes com Douglas em conclusões defendidas por Felipe, errou também defensivamente, com o zagueiro Rafael Marques perdendo uma bola no meio, que gerou um contra-ataque puxado por Thiago Neves e que culminou no gol de Deivid aos 23. Aos 35, Thiago Neves ampliou em chute da entrada da área, contando com o desvio de Fernando e que enganou Victor. Os gols poderiam ter virado três ou quatro, se Victor não estivesse em uma jornada inspirada em uma espécie de massacre rubro-negro contra os incrédulos jogadores e quietos torcedores gremistas, que sentiam-se impotentes ao presenciar o seu desafeto comemorar com vontade os gols de seu time como se estes tivessem sido seus.

Porém um gol na primeira etapa poderia mudar tudo, e André Lima pôs fogo no jogo ao receber uma assistência de parede de Mário Fernandes, descontando o jogo aos 42. Melhor ainda seria no início da segunda etapa, quando o centroavante receberia de Douglas e em uma jogada individual do contestado atacante gremista, que serviu para mudar de lado o comando do jogo, tanto que Luxemburgo teve que sacar o promissor Thomás para reforçar a marcação com Muralha.

O Flamengo sentiu o baque, e viu o Grêmio começar a atacar incessantemente, com Escudero conseguindo perder um gol incrível ao receber livre após um erro de Léo Moura, driblar Felipe, porém perder o tempo da jogada e com o gol vazio chutar para fora. Roth acabou sacando o jogador para a entrada do outro argentino Miralles.

Em seu primeiro minuto, pode ver de perto Douglas fazer uma bela jogada individual que culminou na virada do time gaúcho aos 34, e ele mesmo viria a fazer o quarto gremista, no que seria o gol mais bonito da partida ao acertar um chute de fora da área no ângulo de Felipe, que incrédulo, assim como todo o time do Flamengo, inclusive Ronaldinho Gaúchos, assistiam atônitos e em posição privilegiada a reação tricolor que terminou em revanche contra o seu desafeto.

Pode-se dizer que com esta vitória, o Grêmio termina bem a temporada 2011, já que o nono lugar e a distante pontuação em relação aos ponteiros lhe impede sonhar com zona de Libertadores. Porém essa impotência fica relegada a um segundo plano, visto que uma das maiores aflições e decepções dessa última década pôde finalmente começar a ser cicatrizada depois de uma alegria comparável a um titulo.

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