Argentina e Brasil estrearam na Copa América em seus grupos A e B respectivamente, com ambas devendo para seus torcedores, com atuações e resultados abaixo da crítica.
O pouco tempo de treinamento e a época de fim de temporada contribuíram para a queda técnica e física das Seleções, Porém ainda há outro grande fator, que de certa forma, contribuiu para problemas táticos de ambas as equipes. Tanto Sergio Batista quanto Mano Menezes, buscaram “copiar” ideias de esquemas, para que desta forma “assentassem” seus melhores jogadores.
Argentina Barcelona?
Entre as duas Seleções comentadas neste post, a que mais se descaracterizou, comparado a alguns jogos atrás, foi a Argentina, que após a Copa de 2010, venceu a Espanha, Brasil Portugal, Venezuela e Paraguai em amistosos.
Porém para esta Copa América, Batista teve pela primeira vez chance de reunir a sua seleção para treinamentos, buscando centralizar as ações em Messi, assim como é feito no Barcelona. Batista colocou em campo contra a Bolívia uma cópia-esquema do Barcelona, por onde Messi vira o falso centroavante, com dois ponteiros buscando lhe servir, e tendo atrás dois volantes que fazem o vai e vem, como Xavi e Iniesta fazem na equipe catalã.
A defesa, ponto fraco dessa geração argentina, teve maiores cuidados, com Batista atrasando Mascherano como um libero, podendo então liberar Zanetti e Rojo para o ataque. Tudo maravilhoso na teoria, porém péssimo na pratica. As características dos jogadores em nada fizeram a Argentina parecer o Barcelona, com a equipe ficando engessada e mostrando-se insuficiente para driblar a retranca armada pelos bolivianos.
Enquanto Tévez e Lavezzi se esforçavam para proporcionar a movimentação que Villa e Pedro ofereciam respectivamente no ataque, a bola pouco chegava a eles, fruto de um buraco entre o setor defensivo com os três atacantes, por onde a Bolívia controlava o jogo e não corria grandes riscos. As maiores chances foram em jogadas individuais iniciadas por Messi, que driblava dois ou mais marcadores e criava espaços para as infiltrações de Tévez e Lavezzi.
Cambiasso e Banega não conseguiram dar o suporte ofensivo, enquanto os alas pouco atacavam, com o veterano Zanetti se tornando o defensor mais eficiente no apoio, porém na segunda etapa, quando as peças e o esquema já não era o mesmo.
Ao que tudo indica, Batista deverá abdicar deste esquema, colocando um meia de ligação, que pode ser Pastore ou Di Maria, enquanto Agüero deverá ganhar a vaga de Lavezzi. O jogo contra a Colômbia será decisivo para colocar a casa no lugar.
Brasil para espetáculo de audiência
Se Batista não tem vida fácil, quem dirá de Mano Menezes, pressionado pela opinião publica em colocar no mesmo time Robinho, Ganso e Neymar. O trio jogou junto na campanha vitoriosa do Santos na Copa do Brasil, quando Dorival Júnior montou um esquema 4-3-3, que no final das contas deu certo e o transformou em um time com futebol objetivo e bonito. Porém ontem não houve o esperado encaixe, com o Brasil tornando-se previsível em campo, zerando no placar e sendo apenas comemorado pela audiência gerada de 29 pontos no ibope.
Mano Menezes gosta do esquema 4-5-1, ou o esmiuçado 4-2-3-1. Adaptou o Brasil a seu esquema e à realidade de ter que escalar os “três craques”, que atraem mais atenções comerciais do que futebolísticas propriamente ditas. Também não estou os chamando de “pernas-de-pau”, porém Robinho há tempos está definhando tecnicamente, enquanto Ganso e Neymar ainda não estão prontos para agarrar a camisa da Seleção e se tornarem referências técnicas, algo que não ocorreu nem com Kaká e Robinho em seus tempos, pois ambos entraram aos poucos na Seleção.
Os problemas do Brasil também não se restringem a esquema. A movimentação também é deficiente, fruto de alguns jogadores que não estão em bom momento e outros com deficiência técnica para serem titulares. André Santos é um lateral da confiança de Mano Menezes, porém está muito abaixo do necessário para a função, enquanto outros jogadores poderiam aumentar a movimentação no setor, como o reserva Adriano e Marcelo do Real Madrid. Ramires está em má fase, mostrando-se ser um jogador de clube, porém para a Seleção não passa de um bom reserva. Tem menos futebol que Elano, Hernanes e Arouca, sendo que estes poderiam compor um meio-campo interessante.
Outro problema do Brasil é a série de jogadores que voltaram de lesão, como os casos de Pato, Ganso e Robinho. Além de interferir tecnicamente, também acaba influindo taticamente, deixando a seleção previsível e engessada. Considero que o melhor para o Brasil seja alterar o esquema, adiantando Neymar e substituindo Robinho e Ramires por Lucas e Elano, para que haja uma reação a tempo de evitar um vexame.
A batata de Mano Menezes começa a assar, com este tendo uma maior complacência por parte da opinião pública, cujo maior veículo o defenderá até o possível, em detrimento do antecessor, que paga todos os pecados por não ter concedido regalias, como entrevistas exclusivas, no período da Copa do Mundo.
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