Neste domingo, enquanto estava atento ao Campeonato Brasileiro, o River Plate decidia a sua vida no Argentino, na Promoción, em um confronto contra o Belgrano, que acabaria decretando seu primeiro descenso da história diante de sua fanática torcida.
Se no Brasil, uma sucessão de pequenos grandes equívocos podem levar um clube ao descenso, na Argentina a relação é ainda pior, pois a cada fim de temporada o descenso é calculado sobre uma média pontos/jogos das três últimas temporadas, ou o tempo em que as equipes que recém se promoveram encontram-se na primeira divisão. Pior ainda é o fato de haver uma segunda chance para a 18º pior equipe em média, que disputaria a Promoción contra a 3ª equipe da Primeira Nacional B, com o segundo jogo em casa e vantagem de resultados iguais.
Dentro de tal cenário, o rótulo de incompetência soaria como um elogio para uma equipe grande cair, porém neste caso específico, o River Plate pagou um preço caro pelas más campanhas nas temporadas anteriores, quando dissolveu seu time em negócios obscuros, vendendo jogadores a preço de banana e marcando em campo poucos pontos.
Nesta temporada, o presidente Daniel Passarella trouxe alguns reforços interessantes como os atacantes Caruso e Pavone, além do zagueiro Maidana e do goleiro Carrizo. A campanha não era ruim, com a equipe ocupando a vice-liderança por algumas rodadas mirando o então líder Vélez Sársfield, porém quando surgiu a possibilidade de descenso, a equipe caiu drasticamente de produção, levando-a ao rebaixamento.
Em nível de comparação, das 19 rodadas do Clausura, na 12ª o River estava na segunda posição, há dois pontos do líder Vélez. Porém surgiu a ameaça, e a equipe sentiu, com jogadores vacilando em momentos vitais, o que fez a equipe somar apenas 4 pontos nos 7 jogos restantes, terminando em 9º o clausula e em 18º no sistema de pontos do rebaixamento, ainda tendo a chance de defender a sua vaga na Promoción, por onde levou 2x0 do Belgrano na primeira partida e empatou em 1x1 neste domingo no Monumental.
Mas nem a Promoción salvou. O River está rebaixado pela primeira vez em seus 110 anos de história. As autoridades ligadas à segurança ventilavam essa possibilidade, limitando em 45mil ingressos destinados à venda. Porém o estádio superlotou, com um publico próximo à 60mil, que transformaram um clima de angustia e sofrimento em uma guerra mesmo antes do apito final, depredando o estádio e arrancando qualquer pedaço que pudesse ser transformado em arma para atirar em direção aos jogadores, que atônitos, ficaram um tempo retidos no centro do gramado com alta proteção policial.
Se a segurança funcionou com os jogadores, falhou nos camarotes, por onde irados torcedores tentavam invadir espaços ocupados por personalidades históricas do clube e que contribuíram para esta derrocada. Nas imagens transmitidas pela TV, alguns chegaram a acertar uma senhora com um pedaço de pau, quando esta tentava defender um alvo dos ataques. De dentro do campo, a segurança atirava agua gelada em um ambiente de 10 graus, para esfriar a cabeça dos torcedores que queriam a todo custo invadir o gramado para chegar até os jogadores.
Não satisfeitos, os torcedores depredavam tudo que vinham pela frente, como o museu do clube e outros patrimônios, transformando as ruas de Buenos Aires em uma praça de guerra. Ato de selvageria, onde mais de 70 pessoas se feriram neste inconcebível incidente. Os torcedores visitantes levaram mais de 3 horas para terem liberada as suas saídas do estádio.
Como saldo, o Monumental de Nuñez ficou parcialmente destruído, com a Argentina correndo contra o tempo para deixa-lo em condições de sediar a final da Copa América no dia 24 de julho.
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