Paulo Roberto Falcão já é motivo para elogios, e aos poucos encaminha a sua afirmação como treinador de futebol. Dono de uma idéia tática, Falcão mal assumiu o comando técnico do Inter e implantou um esquema clássico na Inglaterra, porém não muito utilizado na cultura brasileira. Suas convicções e coerências deixaram o Inter seguro defensivamente, além de possibilitar um crescimento do potencial ofensivo, mesmo com apenas três jogos, que foram três decisões.
O segredo deste sucesso inicial é a coerência. Falcão não inventa, faz o que deveria fazer e que a maioria em seu lugar faria. Sua única inovação foi postar a equipe em duas linhas de quatro, em um 4-4-2, com as movimentações que o esquema oferece, além de ter critérios para escalar e alterar o time ao longo do jogo.
Seu esquema ainda está carente, fruto do pequeno tempo para treinamento, porém na medida em que os treinamentos e jogos acontecerem, aumentará o ritmo de jogo e a intimidade dos atletas com o novo padrão tático e suas variações, tornando-se homogêneo defensivamente e ofensivamente. Aparecerão alternativas de jogadas e de movimentação dos atletas, com a possibilidade de surpreender o adversário e deixar o Colorado mais perigoso do que já é.
O treinador também terá um problema que todos os seus outros colegas de profissão gostariam: o acúmulo de opções para escalar. D’Alessandro, Oscar e Andrezinho brigarão por duas vagas, e Tinga se credencia a disputar posição com Bolatti e Guiñazu. A zaga se acertou com Bolívar e Rodrigo. O ex-capitão colorado fez hoje contra o Juventude a sua melhor atuação no ano com a camisa do Inter. As laterais continuam problemáticas, e talvez a prática de treinamento possa oferecer melhorias.
Porém o ataque continua sendo um setor carente. Sóbis continua sem corresponder, e não considero Zé Roberto uma boa opção no ataque. O treinador teria o jovem Ricardo Goulart ou Cavenaghi para utilizar, com o argentino formando um ataque com dois centroavantes, algo comum nas equipes inglesas com menor qualidade técnica e com relativa resposta. Já Goulart poderia ser mais bem trabalhado, visto que sempre que entrou, ofereceu boa resposta.
Vida de técnico no Brasil é complicada, pois pode estar em alta em um dia, como pode ficar em baixa em outro, porém se mantiver a coerência e as convicções, Falcão tem totais condições de ser um dos grandes treinadores do futebol brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário