Os confrontos entre Real Madrid e Barcelona vão bem além da imensa rivalidade entre as duas equipes, que atualmente ostentam o titulo de melhores do mundo, ou para os mais céticos em rótulos, que pelo menos jogam o melhor futebol do mundo. É presenciar o paradoxo entre um futebol bonito, plástico que e que enche os olhos do torcedor, com outro futebol longe de ser feio, porém sem brilho e de certa forma chato, voltado à tática, mas eficiente e que trás resultados.
Não vi ao vivo o confronto em sua totalidade, pois estava vendo a Premier League, e me liguei apenas no terço final do tempo regulamentar além da prorrogação, chegando a tempo, portanto, de presenciar o gol de Cristiano Ronaldo que deu o titulo ao Real Madrid da Copa do Rei, que não leva à Champions League, porém não deixa de ser importante por toda a sua história e histórico de rivalidades.
Depois de um 1x1 no confronto pelo Espanhol, e muito criticado por gente importante do meio do futebol pelo defensivismo excessivo, Mourinho revolucionou ainda mais na decisão da Copa do Rei. Não abriu mão da sua linha ofensiva Di Maria, Özil e Cristiano Ronaldo, e para manter Pepe no cangote de Messi, abriu mão do homem da referencia, jogando num imaginável 4-3-3-0, ou 4-6-0. Sem atacantes de oficio, porém com ataque, visto que a sua linha mais adiantada não deixava de atacar, e tendo em Cristiano Ronaldo o homem mais agudo, relembrando seus tempos de Manchester onde jogava como atacante em algumas oportunidades.
Imagina-se uma equipe sem atacantes como aquela em que só tem a tarefa de se defender, mal passando do meio-campo. Porém Mourinho fez desta equipe equilibrada, com ofensividade principalmente na primeira etapa, indo para cima do Barcelona e dominando o jogo neste período. O Barcelona foi só encontrar mais espaços na segunda etapa, quando de certa forma, o Real Madrid já não havia mais tanto folego pela extrema dedicação tática, além de estar se preservando para a prorrogação, pois tinha o Barcelona sob controle. Depois o resultado todo mundo sabe, com gol de Cristiano Ronaldo de cabeça em jogada de Di Maria.
Mas o que tem de diferente nisso? Para muitos é um conglomerado defensivo como aquele que o treinador português se viu obrigado a colocar contra o Barcelona em 2010, quando estava na casamata da Internazionale, conseguindo a brilhante tarefa de segurar o Barcelona com um jogador a menos e usar a vantagem que tinha a favor para colocar o regulamento debaixo do braço e se classificar para as finais da Champions League.
Porém para os mais observadores, trata-se de um novo caminho, alternativo, e que teria a incrível função de abolir o atacante de oficio, ganhando mais homens no meio-campo, e nem por isso deixando de atacar. É algo arriscado, que dificilmente outro treinador que não fosse Mourinho conseguiria colocar em prática em pouco tempo, mesmo tendo em mãos alguns dos melhores jogadores do mundo. O português a cada dia dá mostras que é o melhor treinador do mundo, capaz de tirar coelhos da cartola e cada vez mais afirmar a imprevisibilidade do esporte, que está longe de ser uma ciência exata.
É algo que certamente deverá ser experimentado no Brasil, porém com um resultado final que não gostaria nem de imaginar. Não há cultura tática no país para este esquema, que aqui será efetivamente um 4-6-0 literalmente sem ataque, pois vai demorar ainda para que grande parte dos boleiros tupiniquins consigam assimilar funções táticas pré-definidas e respeitá-las na integridade. Alguns têm esta capacidade e acabam tendo sucesso na Europa, porém ainda são raras exceções.
Portanto, Alo treinadores! Não inventem! No Brasil é 4-4-2 e pronto.
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