quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Internacional goleia sem convencer

Na noite desta quarta-feira, o Internacional fez a sua estreia no Beira-Rio pela Libertadores. Quem viu só o placar, pode ter achado que o Internacional deu um show, se impondo do inicio ao fim e vencendo indiscutivelmente a partida. Até vejo merecimento na vitória, porém não foram em tais circunstancias descritas acima. A partida foi paradoxal, pois a equipe aproveitou praticamente todas as conclusões que teve em gols, goleando o adversário e fazendo saldo em seu grupo na competição, apesar de ter tido um baixo volume de jogo e o adversário ter um tempo maior de posse de bola e domínio da meia-cancha.

Desfalques e preferências fizeram Roth manter o esquema com três volantes utilizado na estreia contra o Emelec. Zé Roberto compôs o meio-campo, tendo-lhe atribuída a função de único articulador da equipe, cuja função é servir os dois atacantes Damião e Cavenaghi. Os problemas de articulação previstos na teoria foram postos na prática, em parte pelo esquema montado pela equipe mexicana, um 3-5-2, que na prática era um 5-3-2, traduzindo-se em um ferrolho defensivo.

Zé Roberto fez uma boa partida, e quando acionado, sempre buscava o enfrentamento diante dos defensores adversários e servindo aos atacantes, porém o problema era que a bola dificilmente chegava a seus pés. Isto obrigava os volantes a saírem mais, errando passes e servindo o contra-ataque adversário. O Jaguares tinha uma saída rápida ao ataque, porém não tinha nenhuma jogada ofensiva aguda, apenas ciscando na entrada da área e esporadicamente concluindo de media distancia.

Porém o dia era de Bolatti, que em duas idas ao ataque em jogadas de bola parada faria dois gols. O primeiro foi aos 19, quando recebeu um rebote oriundo de uma bola alçada na área, tendo a liberdade para chutar e contar com o desvio no caminho de um defensor mexicano. O segundo aos 43, após desvio de Índio e ajeitada de Cavenaghi, marcando de cabeça. Entre este período, nenhuma outra conclusão importante ao gol, e dificuldades para armar jogadas ofensivas.

O panorama seguiu no segundo tempo, com os mexicanos dominando a posse de bola e tendo liberdade no meio-campo para armar jogadas. O Jaguares não ousava passar da intermediária, talvez por não ter qualidade suficiente para isso, porém cercava e tenta alguns chutes de fora da área. Tal fato irritava o torcedor colorado, que começava a ensaiar os primeiros gritos de protestos contra o treinador Colorado. Gritos abafados aos 20 minutos, quando após mais uma jogada de bola parada cobrada por Zé Roberto, Cavenaghi pegou o rebote do goleiro colocando na trave e no complemento da jogada, Damião apareceu livre e fez o terceiro.

O técnico colorado fez modificações no ataque com as entradas de Oscar e Alecsandro nos lugares de Damião e Cavenaghi, ainda promovendo a entrada de Andrezinho. Em campo, O Inter continuava em marcha lenta administrando o placar, porém ainda houve tempo de Oscar em jogada individual fazer um belo gol, chutando da intermediaria no canto esquerdo do gol mexicano e fechando o placar.

Um placar de 4x0, goleada, porém muitas incertezas no Beira Rio. O único setor que jogou bem foi a defesa, que soube conter as jogadas ofensivas do Jaguares. Bolatti mostrou estrela de goleador ao marcar três gols nos dois primeiros jogos da equipe na competição. Porém Guiñazu parecia uma barata tonta nesta função mais liberada incubida por Roth. Bolatti não se mostrava a vontade com a função de segundo volante, perdendo algumas bolas no meio, enquanto o ataque com Damião e Cavenaghi não funcionou, boa parte por falta de munição e também por faltar um homem com características de velocidade e de jogada nos flancos.

O Inter foi competente e aproveitou as chances que teve. Foi praticamente 100% de acertos nas finalizações, fato incomum no futebol. Porém os problemas de sempre ficaram visíveis contra o adversário que é lanterna no campeonato de seu país. Espero que o Inter não use o placar para explicar uma reação de Roth e colocar debaixo do tapete os problemas técnicos e táticos que vem demonstrando em função das escolhas do treinador em relação a jogadores e ao esquema. Haverá um bom tempo de trabalho até o próximo jogo, contra o Jorge Wilstermann na Bolívia dia 16 de março.

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