Pode parecer redundância falar que quem vence o Brasileirão é de fato a melhor equipe. Porém, na pratica, isso não é uma certeza, visto que há muitos desvios ao longo do caminho que fazem a melhor equipe perder pontos, sejam por lesões, questões de arbitragem, queda técnica ou extracampo. Devido a isso, a equipe mais bem equilibrada é quase sempre a que vence este campeonato de perde e ganha, protagonizado por equipes que na realidade são meras coadjuvantes.
Por isso não fiquei surpreso com o titulo do Fluminense, equipe que se mostrou mais bem preparada para levantar o caneco e sair da longínqua fila de 26 anos. A equipe teve um inicio de temporada sofrível com o técnico Cuca, que protagonizou o milagre de escapar do rebaixamento no ano anterior, porém não conseguiu emplacar a equipe com voos maiores, pretendidos pela direção e pelo patrocinador.
A grande guinada foi trazer Muricy, então em baixa após passagem catastrófica pelo Palmeiras. Tinha em mãos um time razoável, com grandes valores individuais como Conca e Fred. Em meio à parada proporcionada pela Copa do Mundo, promoveu o retorno de Washington, e trouxe o sheik Emerson, além de Deco e Belletti do Chelsea. Com maiores opções, sempre esteve brigando ponto a ponto com o Corinthians pela ponta, porém um fato sacramentou este final feliz para os fluminenses: a recusa de Muricy Ramalho para ser o novo técnico da Seleção Brasileira e com Mano Menezes do Corinthians aceitando esse desafio de formar o Brasil de 2014. O Corinthians passou a ter uma queda técnica, e não teve condições de acompanhar o Fluminense a altura.
É bem verdade que a equipe carioca passou por dificuldades em virtude de lesões, perdendo pontos importantes e contando com a falta de gols de seus atacantes. Porém estava escrito que o título deste ano seria tricolor carioca, coroando Muricy Ramalho com seu quarto titulo nos últimos cinco anos. O técnico mostra ser de fato o mago dos pontos corridos, devendo ser requisitado por aquelas equipes que estão há anos na fila para resolver este dilema.
No mais, foram 71 pontos para o campeão, seguindo a regra de baixo aproveitamento proporcionada pelo nivelamento por baixo dos times. Faltam craques, que já estão na Europa ganhando dinheiro, porém faltam bons jogadores também. A safra nova não é tão qualificada como a que estávamos acostumados a ver, porém sobram esboços de qualidades em alguns jogadores, que são capazes de fazerem a diferença. A competitividade é grande, principalmente devido ao preparo físico, o que fazem das equipes brasileiras competitivas internacionalmente.
Nas outras decisões, méritos para o Atlético Goianiense que conseguiu segurar o Vitória na Bahia, mantendo-se na primeira divisão na próxima temporada e rebaixado os baianos, que agora verão o rival Bahia retornar à primeira divisão. Já o Grêmio levou a melhor sobre o Botafogo e ainda tem esperanças de garantir a última vaga brasileira para a Libertadores. A equipe foi a melhor do segundo turno, e acabou a sua participação com uma goleada sobre o Botafogo. Tivesse arrumado a casa rodadas antes, estaria disputando o titulo com o Fluminense, Corinthians e Cruzeiro.
Ainda faltam três jogos envolvendo brasileiros e enfim a temporada 2010 se encerra. É torcer para que Goiás e Internacional tragam mais dois títulos internacionais para o Brasil.
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