quarta-feira, 7 de julho de 2010

A copa e a sua quebra de paradigmas

Depois de um longo e tenebroso inverno sem posts, me animei a postar novamente. O assunto não poderia ser diferente do que está reinando na mídia: A Copa do Mundo. Neste tempo sem postar, continuei alienado no mundo esportivo, principalmente na Copa.

Seria praticamente impossível poder falar em um post sobre tudo aquilo que me chamou atenção durante este mundial, então hoje falarei sobre esta final, imprevisível pelo ponto de vista histórico, porém previsível pelo ponto de vista técnico.

O vencedor da final entre Holanda e Espanha será pela primeira vez campeão mundial, redefinindo um estilo de jogo, que parecia ter sido abandonado e desacreditado após o titulo italiano de 2006, que tinha uma vocação altamente defensiva. A Itália 2006 proporcionou uma tendência, acompanhada pela maioria dos clubes das principais ligas, onde o setor defensivo sobressaia-se em relação ao ofensivo, deixando o jogo truncado e definível basicamente em lances de bola parada, chutes a meia e longa distância e jogadas trabalhadas.

Imaginava-se que seria um caminho sem volta, com as equipes cada vez mais priorizando o setor defensivo em detrimento à vontade de atacar, porém esta copa do mundo mostrou que ainda há espaço para o futebol ofensivo, desde que esteja taticamente bem montado. Holanda e, principalmente, a Espanha, tem seus maiores destaques do meio para frente, buscando explorá-los da melhor forma, isto é, atacando.

Ambas as equipes foram moldadas em um esquema 4-5-1, que pode ser transformado em um 4-3-3 em função das características dos jogadores de ambas as seleções. Ainda não há um padrão de posicionamento, com a variação entre o 4-2-3-1 e o 4-1-4-1 entre as equipes. A ofensividade das duas seleções, que utilizam apenas um atacante fixo, está em função dos jogadores do meio, que aproximam-se e juntam-se ao atacante. Há a volta dos pontas, modernizados em meio-campistas. Tais jogadores, basicamente atacantes, compõem o meio enquanto a equipe está sendo defendida, abrindo-se quando a equipe ataca. Desta forma, há a possibilidade de trabalhar jogadas, triangulações e jogadas nas pontas para criar situações de gols.

Das finalistas, a Espanha joga o futebol mais ofensivo, próximo daquele que enche os olhos dos admiradores de um futebol bem jogado e aberto. A Fúria “desconcertou” nesta quarta o esquema robotizado da Alemanha, provando que a técnica ainda destrói esquemas de jogos e prevalece sobre a força. É evidente que é uma técnica organizada, assim como a Alemanha tem uma força organizada. A Espanha jogou praticamente o tempo todo no ataque, merecendo a vaga na final, contra uma seleção que basicamente só se defendia. A Alemanha jogava um futebol vistoso e empolgante, até perder Thomas Muller suspenso para as semifinais. O treinador Joachim Löw acabou modificando o esquema e a forma alemã de jogar com a entrada de Trochowski. O gol de cabeça de Puyol foi uma dádiva dos deuses de futebol, que deram a chance da Espanha disputar sua primeira final na história, acabando com a hegemonia de Alemanha, Argentina, Brasil e Itália em finais.

Na decisão de domingo, tudo poderá acontecer. A Holanda tem um futebol ofensivo mais cadenciado, mais próximo à normalidade do que ao ofensivíssimo clássico. Já a Espanha lembra os tempos antigos, onde a preocupação maior era em fazer os gols e não em evita-los. Nesta final torço pela Espanha, que, no que depender de mim, entrará no rol de campeões.

Espero poder fazer mais posts sobre a copa do mundo, dentre eles sobre o Brasil e seu fracasso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário