sábado, 6 de março de 2010

Futebol inglês: O outro lado da moeda

Na maior liga de futebol nacional do mundo, praticamente todos os clubes das primeiras divisões foram transformados em empresa, tendo suas ações colocadas na bolsa, com um acionista majoritário e visando lucros. Este modelo de negócio acabou enriquecendo ainda mais os clubes, enchendo os estádios de torcedores fanáticos e com poder de consumo, transformando a Premier League em um grande espetáculo.

O crescimento exponencial da liga possibilitou a vinda de bilionários do mundo afora, viabilizando ótima oportunidade para aumentarem seus lucros ao tomar conta das potencias esportivas. Em equipes grandes, a tática tem grandes chances de dar certo, pois com o potencial futebolístico e financeiro dos clubes, as chances de retorno são grandes.

Porém há casos como os do Chelsea, comprado por Roman Abramovich e mais recentemente o Manchester City, comprado por bin Zayed al-Nayan, onde houve um grande impulso financeiro na contratação de jogadores milionários, causando um grande déficit. Outro caso parecido é o do Liverpool, comandado por Tom Hicks, que gastou vários milhões nas ultimas temporadas para a aquisição de vários jogadores, buscando resultados sem se preocupar com o balanço do clube.

O fato é que após a recessão econômica, que culminou na grande crise financeira mundial, ajudou a abarrotar os clubes de dívidas, deixando-os bem no vermelho. Segundo estudos, o bolo de dívidas das equipes inglesas está aproximadamente é quatro bilhões de euros. Só o Manchester United, adquirido em 2003 por Malcolm Glazer, possui dívidas que atingem 1,1 bilhões de euros. Tal fato foi uma facada no peito do orgulhoso torcedor “red devil”, pois mesmo com a venda milionária de Cristiano Ronaldo na temporada passada vê o clube com uma dívida inimaginável, aonde até o Old Trafford vem sendo especulado como negócio para amortização dos saldos negativos.

Além disso, há sempre o receio destes magnatas “abandonarem o barco” quando tiverem enormes prejuízos, praticamente levando o seu ex-clube à falência. Nas grandes equipes, tal fato não é tão preocupante visto que sempre há a possibilidade de grandes negócios, com outro magnata assumindo o lugar, porém nas equipes médias e pequenas, onde não há tantos atrativos, esse fato pode se tornar fatal.

Um destes casos é o Portsmouth, que ascendeu na temporada 2002/03 para a primeira divisão inglesa, após longínquas 44 temporadas perambulando entre segunda, terceira e quarta divisões. Após volta discreta, brigando contra o rebaixamento, a equipe teve o upgrade necessário com a sua aquisição por Alexandre Gaydamak, além da contratação do manager Harry Redknapp, Vieram bons jogadores, que contribuíram no titulo da FA Cup, na temporada 2007/08 contra o Cardiff City. Porém a grande ambição trouxe um esforço financeiro grande, não havendo o retorno esperado, a levando para o fundo do poço.

Somente nesta temporada, o Portsmouth teve quatro donos diferentes. Sem aval financeiro, a crise repercute em campo, com uma equipe muito fraca e que ostenta a lanterna da Barclays Premier League, há 4 pontos do penúltimo colocado, o Burnley. Para piorar, o clube entrou em uma espécie de concordata, que lhe fará perder 9 pontos, sacramentando o rebaixamento para segunda divisão inglesa. Terá que achar um novo dono que arque com as altas dívidas, além de buscar melhor material humano para o time.

Dos grandes clubes, apenas o Arsenal ainda não se tentou com as ofertas milionárias dos magnatas, permanecendo um clube-empresa administrável com seus próprios recursos, que ficaram mais escassos após a construção do Emirates Stadium.

Esse é o outro lado da moeda da maior liga nacional de clubes do mundo: Há mega clubes, glamour, estádios cheios, muito dinheiro e magnatas, porém se o lucro não aparece, e em seu lugar vem o prejuízo, a equipe é passada de mão para a tristeza de suas torcidas fanáticas.

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