sábado, 16 de janeiro de 2010

Equilíbrio do futebol brasileiro sob-risco

Neste último mês, as duas equipes de maior torcida no Brasil anunciaram volumosos patrocínios que lhe trarão milhões de reais para ter o direito de estampar suas propagandas nas camisas de Flamengo e Corinthians.

Primeiro foi o Flamengo, que anunciou um patrocínio na casa dos R$ 28 mi anuais com a Batavo como quota máster de publicidade, e nesta semana foi a vez do Corinthians anunciar o maior patrocínio da história de um clube brasileiro: R$ 37 milhões por todos os seus espaços na camiseta durante o ano de 2010. Para se ter uma ideia, o clube mais vitorioso do país atualmente possuía no ano de 2009 um patrocínio na casa dos R$ 18 milhões anuais com a LG. Recentemente, o São Paulo anunciou que não continuará com a parceria com a empresa de eletrodomésticos, pois visa uma quota de R$ 30 milhões, contra os R$ 24 oferecidos pela companhia.

Chegando ao Rio Grande do Sul, a dupla Grenal renovou em 2009 o patrocínio com o Banrisul, subindo dos cerca 3,6 milhões anuais para em torno de 7 milhões por ano cada um. Além de ser um valor baixo para os padrões nacionais, o contrato ainda tem uma fidelidade de cerca de três anos, que deixará no final deste período o valor ainda mais defasado em relação ao dos outros clubes. É sabido que o estado, por estar um pouco deslocado do grande eixo econômico brasileiro, sendo considerado regional, além de questões culturais, tem uma desvalorização de exposição comparada a São Paulo, coração da economia brasileira. Porém falta aos dirigentes gaúchos projetarem um sistema que atraia investidores a estampar a sua marca, sem ter necessariamente que patrocinar os dois clubes ao mesmo tempo, e por consequência, dividindo os recursos auferidos.

Porém o motivo do post mostrar o que a tamanha diferença entre clubes do eixo Rio/São Paulo contra equipes de outros eixos em nível de captação de recursos pode representar em médio prazo para o nosso futebol.

Conhecidos pela forma desorganizada em administrar, os clubes ditos “grandes” acabam tropeçando financeiramente e mesmo com maiores recursos, conseguem a proeza de aumentar as dívidas. Com uma administração sólida, eles abrirão uma lacuna a nível econômico jamais vista no país, sendo comparada a dos países europeus, que se caracterizam por duas, três ou no máximo quatro equipes disputarem todo o ano o título do campeonato de sua nação.

Atualmente, os clubes do Norte desapareceram a nível nacional, enquanto os nordestinos estão sendo dizimados da divisão principal. Apenas os clubes de Minas Gerais (neste caso o Cruzeiro) e a dupla Grenal ainda consegue um bom nível de competitividade contra aos clubes do eixo, que são queridinhos pela mídia nacional. A dupla Grenal possui os recursos contraídos pelo programa Sócio Torcedor, onde os torcedores pagam uma mensalidade em troca de preferência na aquisição de ingressos, direito de voto nas eleições presidenciais e descontos em lojas conveniadas, além de negociarem atletas para compor o orçamento. O Cruzeiro possui uma ótima administração, e com constantes vendas de atletas consegue ter uma razoável competitividade.

Os clubes do eixo começaram seus programas Sócios Torcedor, e logo arrecadarão um valor igual ou superior ao da dupla Grenal,e somado ao valor infinitamente maior de patrocínio, terão um orçamento incomparável às equipes gaúchas, já que esta era a grande vantagem da dupla Grenal para competir razoavelmente com as equipes do eixo Rio/São Paulo.

Aos poucos o torcedor brasileiro começa a sentir os efeitos da Globalização no futebol, somado ao fato da emissora que transmite os torneios nacionais ter uma covarde preferência pelas equipes do grande eixo, criando um vício pelo fato delas serem mercadologicamente mais atrativas e por questões de audiência, aumentando cada vez mais as suas torcidas e menosprezando as equipes que não pertencem ao grande eixo. Cada vez mais os mesmos times vão ganhar os campeonatos importantes, sobrando para o torcedor "ribeirinho" comemorar os famigerados estaduais, que será motivo de um post futuramente.

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