Em um esporte regido pela paixão e emoção, nem sempre o resultado final de jogo acaba sendo levado em conta. Como é uma ciência exata pelos resultados em número e inexata pela forma como estes são obtidos, transformam-no em um conjunto de paradoxos, por onde um empate em 2x2 pode ser transformado em uma goleada moral.
E foi exatamente isso que ocorreu nesta tarde em Córdoba. Um empate em 2x2, conquistado nos últimos minutos após a Seleção ter levado uma virada, formado por gols de dois jogadores com discutível convocação, que foram selecionados a dedo pelo treinador Mano Menezes, e que por uma ironia do destino, viriam libertar o Brasil em pleno dia da independência argentina.
Silogismos a parte, estou sendo irônico nestas minhas colocações, pois o Brasil marcou dois gols em um total de quatro chutes a gol em todo o jogo. No mais, assistiu de camarote a não mais do que esforçada Seleção Paraguaia, que parecia um Golias, enquanto o Brasil parecia um Davi. Foi um jogo ruim tecnicamente, onde a maior beleza veio de fora, com a presença da exuberante Larissa Riquelme.
Desde o inicio da partida, a equipe treinada pelo argentino Gerardo Martino mostrou-se superior, pressionando o Brasil e perdendo uma grande chance com Roque Santa Cruz aos 2 minutos. A equipe detinha maior posse de bola, explorava o ataque pelos flancos e alçava bolas na área brasileira, porém seu ataque era composto por jogadores baixos, o que frustrava as investidas.
Eis que o Paraguai mudou de tática, passando a se retrair e explorar os contra-ataques, dando uma falsa esperança de melhora na Seleção Brasileira. O Brasil reverteu a desvantagem no tempo de posse de bola, conseguia trocar passes naturalmente pela intermediária, porém quando chegava perto da área paraguaia, acabava sendo desarmado. A seleção conseguiu apenas duas finalizações em toda a primeira etapa, com Alexandre Pato livre não conseguindo desviar do goleiro Villar. Já na segunda, Jadson encontrou espaços no meio-campo e arriscou o arremate, que acabou acertando o cantinho do goleiro paraguaio para abrir o placar.
O jogo parecia sob controle para a Seleção Brasileira, pois estava vencendo mesmo sem convencer, enquanto o adversário parecia desarmado, pois precisava atacar mas na sabia como. Eis que a defesa brasileira aparece para dar uma “ajudinha camarada” ao ataque paraguaio, com Estigarribia ganhando de Daniel Alves e Ramires na esquerda e cruzando para Roque Santa Cruz livre empatar a partida. Estava feita a justiça no placar, devido à injustiça causada pelo gol brasileiro, e que só um imprevisível esporte como o futebol para celebrar
Não satisfeito com o empate, Daniel Alves vacilou, deixando Riveros lhe tomar a bola e cruzar para a área, onde estava Haedo Valdez que chutou prensado com Lúcio, com a bola batendo em seu peito e montando o segundo gol paraguaio. ASeleção Brasileira literalmente entrou em tilt, não conseguindo criar nenhuma chance e dependendo das bolas paradas para tentar atacar.
Mano Menezes colocou Elano e Lucas e Fred nos lugares de Jadson, Ramires e Neymar. O meia santista acabou tendo uma grande chance de empatar em cobrança de falta aos 40, porém quando todos já estavam conformados com a derrota, Ganso genialmente acha Fred em meio aos zagueiros paraguaios, e o centroavante do Fluminense com um giro se livra da defesa e chuta no canto de Villar, empatando a partida.
No fim das contas, o empate caiu bem, ficou como uma goleada na concepção de atual torcida e opinião publica. Há alguns anos, este resultado seria "arrasa quarteirão", caindo a casa, porém são novos tempos, onde o Money e a audiência contam.
Futebol em campo e resultados é um mero detalhe. Até quando será assim?
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